Eletrobras salta 10%, BB dispara 8% e Petrobras avança 6%: a disparada do mercado com a condenação de Lula

Confira os destaques da bolsa nesta quarta-feira (24)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O dia foi de fortes ganhos para o Ibovespa, de 3,72%, renovando máxima histórica após os três desembargadores do TRF-4 confirmarem a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, elevando sua pena para doze anos e um mês.  

Apenas três ações registraram queda acima de 1% no Ibovespa: a Fibria (FIBR3, R$ 53,23, -3,43%), Suzano (SUZB3, R$ 20,61, -2,28%) registraram baixa após fortes ganhos e também seguindo a queda do dólar, com o contrato futuro com vencimento em fevereiro em baixa de 2,81%, a R$ 3,150. Além dessas, Ambev (ABEV3, R$ 21,89, -0,05%) e Cielo (CIEL3, R$ 26,86, -1,43%) tiveram baixa. Confira os destaques do mercado: 

Estatais

As estatais como a Eletrobras e a Petrobras registraram fortes ganhos nesta sessão de olho no julgamento do ex-presidente Lula. As estatais costumam ser sensíveis ao cenário político – e o petista é visto como um dos maiores riscos no cenário eleitoral dada as suas últimas falas, em que promete reverter as medidas tomadas durante o governo Michel Temer. A avaliação do mercado, assim, é de que o impedimento de Lula de concorrer às eleições eliminaria um risco para os investidores. 

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Nesse cenário, a  Eletrobras (ELET3, R$ 19,55, +7,83%;ELET6, R$ 22,65, +9,69%) disparou, enquanto a Petrobras (PETR3, R$ 20,63, +6,40%;PETR4, R$ 19,34,+5,74%) avançaram mais de 6%. É a primeira vez que as ações PETR3 atingiram os R$ 20,00 desde outubro de 2014. Banco do Brasil (BBAS3, R$ 37,99, +7,93%) foi o destaque de alta no setor financeiro, mas os bancos privados também registraram alta, como Bradesco (BBDC4, R$ 39,80, +5,43%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 50,37, +4,81%).

Sobre a Eletrobras, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acatou parcialmente recurso apresentado pela companhia de energia e decidiu suspender a determinação imposta em agosto do ano passado à estatal, de ressarcir em R$ 2,9 bilhões ao fundo da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). Pela decisão de agosto, a empresa teria que fazer a devolução no prazo de até 90 dias, a partir daquele mês. A decisão de suspensão desta quarta-feira, 24, está publicada no Diário Oficial da União (DOU) em despacho assinado pelo diretor-geral da agência, Romeu Rufino.

O despacho de agosto trazia duas decisões. A primeira consiste no “ressarcimento pela Eletrobras, na qualidade de gestora da CCC, no período fiscalizado de 30 de julho de 2009 a 30 de junho de 2016, ao fundo da CCC do valor de R$ 2.906.095.463,51, atualizados até a data de 30 de junho de 2017, no prazo de até 90 dias a partir da publicação do despacho, com a devida atualização pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até a data do efetivo pagamento”. A segunda decisão é “a suspensão pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), na condição de atual gestora da CCC, dos desembolsos aos Contratos de Confissão de Dívidas (CCDs) celebrados entre a Eletrobras e a AmE”. Esse segundo item, porém, não foi modificado na determinação desta quarta-feira.

Ainda no radar as empresas, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou ontem que pode considerar permanecer no cargo da companhia, dependendo do resultado das eleições presidenciais no Brasil em 2018.

Em entrevista à Bloomberg TV, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Parente disse que está “sendo muito cuidadoso” em estipular expectativas sobre o tema de se manter no comando da Petrobras e que a equipe está correndo para atingir a meta de vendas de ativos.

O executivo reiterou que a Petrobras não sofreu interferência do governo e que acredita que a gestão da companhia deve ser decidida através de indicação profissional, não pessoal. Ele ainda comentou que uma série de pesquisas mostram que a população brasileira não quer a privatização da Petrobras.

Magazine Luiza (MGLU3, R$ 80,99, +8,13%) e Via Varejo (VVAR11, R$ 26,33, +8,85%)

Os papéis do Magazine Luiza e da Via Varejo dispararam na bolsa seguindo o movimento de ânimo do mercado e também em meio às boas perspectivas para o setor. O programa XP Connection, da IMTV, destacou as expectativas para as companhias. Veja clicando aqui. 

 Braskem (BRKM5, R$ 50,86, +0,71%)

A Braskem afirmou não ter sido comunicada sobre nenhuma decisão de realização de oferta secundária de ações. O posicionamento veio em comunicado ao mercado na noite desta terça-feira, após notícia da Coluna do Broadcast, à tarde, intitulada “Braskem prepara oferta de ações bilionária para dar saída à Petrobras” e que fez com que as ações chegassem a cair 6%, para depois amenizarem e fecharem em baixa de cerca de 2%. Na ocasião, ambas as empresas foram procuradas e não comentaram.

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No comunicado, a Braskem lembra que no último dia 19 de janeiro foi comunicada sobre discussões para reorganização societária, com a unificação das suas espécies de ações e aprimoramentos na sua governança corporativa, “porém ainda não há qualquer decisão sobre o tema”.

A Petrobras, que já anunciou sua decisão de se desfazer do negócio em petroquímica, detém 47% das ações ordinárias da companhia e outros 50,1% dos papéis com direito a voto estão nas mãos da Odebrecht.

Cemig (CMIG4, R$ 6,75, +3,21%)

A Cemig chegou a subir até 3,4%, maior alta desde 21 de dezembro, depois que Morgan Stanley reiterou classificação overweight, dizendo que as questões de liquidez foram amplamente abordadas. A estatal mineira precisa manter seu plano de vendas de ativos e outras iniciativas para reduzir alavancagem, escreveram os analistas Miguel Rodrigues e Fernando Amaral em uma nota. Espera que fatores como revisão tarifária e vendas de ativos impulsionem ação; cortou preço-alvo de R$ 9,21 para R$ 9 devido a estimativas operacionais mais baixas para 2017. 

Recomendações

Atenção ainda para o radar de recomendações: a Sanepar (SAPR11, R$ 57,20, +5,70%) foi reiniciada como ’outperform’ (desempenho acima da média do mercado) pelo Itaú BBA, a Locamerica (LCAM3, R$ 23,64, +11,04%) também foi iniciada como ‘outperform’, mas pelo Bradesco BBI, enquanto o IRB (IRBR3, R$ 38,20, +0,53%) foi iniciado como ‘compra’ pelo Santander, com preço-alvo de R$ 47. Por fim, o BK Brasil (BRBK3, R$ 17,65, +2,86%) teve a cobertura iniciada também com recomendação de compra pelo BTG Pactual e outperform pelo Itaú BBA com preço-alvo de R$ 22,50. 

Vale (VALE3, R$ 41,73, +2,23%)
O dia foi de ganhos para as ações da Vale e de siderúrgicas após a queda da véspera, apesar da leve queda do minério nesta sessão, uma vez que as ações dos setores acompanham o exterior e também repercutem as recomendações de analistas. 

Em relatório, os analistas do Credit Suisse apontaram que a Vale é a ação preferida entre as mineradoras, devido seu produto de alta qualidade e redução do balanço. Já a Rio Tinto é a segunda preferida dado o fluxo de caixa livre e estratégia de retorno ao acionista.

As siderúrgicas também tiveram alta, com destaque para Usiminas (USIM5, R$ 11,30, +5,41%), Gerdau (GGBR4, R$ 14,14, +3,14%) e CSN (CSNA3, R$ 10,86, +5,13%). No radar do setor, a Moody’s  elevou hoje os ratings corporativos da Usiminas  para B2 de Caa1 (escala global) e para Ba1.br de B3.br (escala nacional). A perspectiva para os ratings é estável. “A elevação dos ratings da Usiminas para B2 reflete principalmente a conclusão de seu processo de renegociação de dívida com a amortização das notas com vencimento em 2018 emitidas ela Usiminas Commercial Ltd., o que retirou as pressões de liquidez e permite que a companhia possa focar ainda mais  em suas operações. A elevação incorpora também a expectativa de que as métricas de crédito melhorarão gradativamente, com base principalmente por uma recuperação lenta, porém gradual da indústria siderúrgica brasileira, e de que a companhia será capaz de gerar fluxos de caixa livre positivos nos próximos anos”. Sobre a CSN, a Bloomberg informou que a companhia está perto de concluir rolagem de dívida de R$ 14 bilhões. 

Já a Gerdau informou que o presidente da divisão de aços longos na América do Norte, Peter Campo, deixou a companhia. Ele será substituído interinamente pelo presidente-executivo do conglomerado, Gustavo Werneck, que acumulará a função. A Gerdau afirmou que Werneck ocupará a presidência da operação norte-americana de aços longos pelos próximos meses, “até o anúncio de um novo líder”. “A recente alteração de nosso portfólio de negócios na América do Norte demanda uma mudança na liderança para ampliar o foco na rentabilidade e, ao mesmo tempo, buscar formas inovadoras para melhor atender nossos clientes”, afirmou Werneck no comunicado.

Iguatemi (IGTA3, R$ 41,90, +4,75%)

 A administradora de shopping centers de alto padrão Iguatemi comunicou guidance na noite da última terça-feira, apontando crescimento de 2% a 7% na receita líquida em 2018 e investimento de R$ 170 milhões a R$ 220 milhões. A Iguatemi ainda estimou a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 75% a 79% por cento neste ano.

 
As projeções de crescimento de receita em 2018 são iguais ao estimado pela companhia para 2017 por ocasião da divulgação dos resultados de terceiro trimestre do ano passado, enquanto a projeção para a margem Ebitda de 2017 era de 73% a 77%. A estimativa para o investimento foi ampliada ante os R$ 80 a R$ 130 milhões de previstos para 2017.

 BR Pharma (BPHA3, R$ 2,66, +15,65%)

Após chegar a subir 38% na véspera, mas fechar com ganhos de cerca de 8%, os papéis da BR Pharma registraram mais um dia de forte alta. A companhia informou  que não há qualquer fato de conhecimento dela que justifique as oscilações atípicas indicadas, além daqueles já divulgados pela Companhia, como: “(i)   a realização de Oferta Pública de Ações para saída da Companhia do segmento de listagem Novo Mercado, conforme fato relevante de 07 de dezembro de 2017; (ii) o ajuizamento de pedido de recuperação judicial da BRPH e suas subsidiárias, conforme fato relevante de 09 de janeiro de 2018 e iii) a atualização do item 6.5 do Formulário de Referência da Companhia, realizada no dia 18 de janeiro de 2017 em cumprimento à Instrução CVM nº 480/09, conforme alterada, com as informações sobre o pedido de recuperação judicial que possuímos até o momento”.

 (Com Agência Estado e Bloomberg) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.