Ibovespa mergulha e dólar sobe mais de 1% com investidores “comprando seguros” antes do julgamento de Lula; Vale cai 4%

Como o mercado aposta em uma condenação por 3 a 0 do ex-presidente, posições mais defensivas estão oferecendo um risco-retorno interessante caso venha um resultado inesperado no julgamento

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – O Ibovespa acelerou suas perdas na tarde desta terça-feira (23) ao mesmo tempo em que o dólar passou a subir mais de 1%, sinalizando uma clara busca dos investidores por “proteções” no mercado para enfrentar o julgamento de Lula na próxima sessão. Como o mercado aposta em uma condenação por 3 a 0 do ex-presidente, posições mais defensivas estão oferecendo um risco-retorno interessante caso venha um resultado inesperado no julgamento.

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Às 16h31 (horário de Brasília), o Ibovespa caía 1,41%, a 80.523 pontos, queda que se for mantida até o fechamento será a maior desde 29 de novembro do ano passado. Já o dólar futuro com vencimento em fevereiro sobe 1,22%, a R$ 3,246. O dia “tranquilo” nos mercados internacionais, com Wall Street operando em leve queda e o petróleo subindo cerca de 0,5%, corrobora para a tese de que os investidores domésticos estão em busca de proteção.

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Em entrevista ao programa Papo com Gestor, transmitida nesta terça no InfoMoneyTV, o gestor e fundador da Kapitalo Investimentos, Carlos Woelz, explicou que muitos ativos “seguros”, que se valorizam em momentos de estresse do mercado, ficaram bem baratos de uns tempos pra cá, tornando-se uma posição interessante caso o cenário positivo projetado pelos investidores não se concretize. “É uma posição bem interessante para incerteza eleitoral, pois não perde muito se tiver um cenário excelente mas pode ganhar bastante se tivermos uma surpresa negativa no desenrolar da eleição ou mesmo no cenário externo”, explica o gestor, que tem posições em cupom cambial e em Risco-Brasil.

A ação que mais colabora para a derrocada do índice é a Vale (VALE3), que detém cerca de 10% de participação na carteira do Ibovespa e afunda 4% nesta tarde, a R$ 40,94, refletindo preocupações sobre a demanda de minério de ferro na China – os contratos do minério negociados no país asiático caíram 4% por conta do corte de produção das siderúrgicas, que estão reduzindo sua produção por conta da temporada de inverno. Com isso, foi registrado novo aumento nos estoques dos portos do país, que bateram recorde de mais de 150 milhões de toneladas.

Julgamento do Lula

Na quarta-feira (24), às 8h30 (horário de Brasília), o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) dará início ao julgamento do recurso de Lula contra a decisão que o condenou, em primeira instância, à prisão por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Em quatro anos de Lava Jato, os 3 desembargadores só absolveram 5 de 77 condenados pelo juiz federal Sergio Moro.

Dependendo do placar da decisão dos desembargadores, o trâmite para a condenação definitiva do ex-presidente, o que impediria a sua participação nas eleições presidenciais, pode ser mais rápido ou mais lento. O mercado projeta a condenação por 3×0 do petista pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP), mas ninguém arrisca cravar um placar, principalmente pelas dúvidas quanto ao voto do revisor do processo, Leandro Paulsen. 

Nas duas vezes em que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi absolvido pelo TRF-4, Paulsen divergiu de João Gebran (relator do recurso contra Lula) e um placar de 2 x 1 abriria espaço para o embargo infringente, o que seria insuficiente para evitar que o ex-presidente oficializasse candidatura junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O passo a passo do julgamento de Lula no TRF-4 e o que acontece depois do tão esperado dia 24; confira aqui

Na véspera do julgamento, a defesa do petista reafirmou a inocência de seu cliente e pediu aos magistrados que reconheçam a prescrição dos supostos crimes que ele foi condenado. Os advogados de Lula sustentam que, além de inocente, ele não pode ser punido por delitos que teriam ocorrido em 2009, como também consta no documento apresentado pela defesa reivindicação pelo direito de recorrer em liberdade caso seja condenado.

Destaques do mercado

Na ponta negativa, destaque para as ações da Vale (VALE3), que recuam em vista da queda do minério de ferro e expectativa de menor demanda pela commodity pelas siderúrgicasc chinesas. Do outro lado, os papéis da Fibria (FIBR3) sobem reagindo ao dólar, que voltou negociar acima de R$ 3,24 em vista do clima de cautela com o julgamento do Lula.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 10,76 -4,36 +18,24 135,04M
 BRAP4 BRADESPAR PN 30,67 -3,95 +6,79 32,20M
 VALE3 VALE ON 40,97 -3,94 +1,76 809,59M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 11,67 -3,55 -5,12 39,48M
 CSNA3 SID NACIONALON 10,37 -3,53 +23,75 62,67M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 FIBR3 FIBRIA ON 55,10 +1,47 +15,15 85,91M
 CIEL3 CIELO ON 27,78 +1,46 +18,11 169,15M
 CSAN3 COSAN ON 42,25 +0,79 +1,81 23,80M
 BBDC4 BRADESCO PN 37,87 +0,66 +11,94 558,61M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 79,40 +0,28 +5,87 33,79M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Posse polêmica e Previdência
A decisão da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia de suspender a posse da deputado Cristiane Brasil no ministério do Trabalho segue gerando polêmica. Segundo a coluna Painel, da Folha, a decisão irritou o Palácio do Planalto e desencadeou reações extremadas, com muitos aliados de Michel Temer vendo até mesmo risco de crise institucional. Segundo relatos ouvidos pela coluna, o governo está disposto a subir o tom e apontam que a sentença foi política, havendo elementos para afirmar que o Supremo está interferindo no Executivo, ao cassar competências do presidente.

Enquanto isso, as notícias sobre a reforma da Previdência seguem no radar, com o jornal O Estado de S. Paulo apontando que o governo pode adiá-la para novembro. Ontem, em reunião com investidores em Londres, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já avisou que a proposta pode voltar a ser pautada logo após a eleição, caso não seja aprovada no mês que vem. O discurso é que, em novembro, há a perspectiva de que uma janela se abra em função do fim do mandato de deputados e senadores que não temerão mais um julgamento popular. Caso confirmado, esse seria o quinto adiamento da votação da reforma desde que a proposta foi encaminhada ao Congresso no final de 2016.

Já pelas contas de aliados de Rodrigo Maia, o governo não tem os votos favoráveis, mas erra ao começar a admitir que a votação poderá ficar para novembro. Não vislumbrando a Previdência, o presidente da Câmara defende a votação de outros pontos de interesse do governo e do mercado diante da falta de otimismo em votar a reforma em fevereiro, diz o jornal O Globo. Entre as prioridades de Maia estariam o projeto de privatização da Eletrobras, a reoneração da folha de pagamentos de alguns setores e as medidas provisóvias que tratam do adiamento do reajuste dos servidores e do aumento da contribuição previdenciária do funcionalismo, segundo o jornal.

Bolsas mundiais

As bolsas asiáticas tiveram robustos ganhos nesta terça-feira, seguindo o tom positivo dos mercados norte-americanos, que renovaram máximas no pregão passado após o Senado chegar a um acordo para encerrar a paralisação parcial do governo dos EUA, como também pela decisão do Banco Central do Japão em manter sua política monetária inalterada.

Entre as commodities, o petróleo registra nova alta de olho na expectativa de novo corte de produção pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), enquanto os contratos futuros de minério de ferro negociados em Dalian recuam em meio à demanda mais fraca na China.

Às 16h31, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones (EUA) -0,05%

*S&P 500 (EUA) +0,15%

*Nasdaq (EUA) +0,54%

*CAC-40 (França) -0,12% (fechado)

*FTSE (Reino Unido) +0,21% (fechado)

*DAX (Alemanha) +0,71% (fechado) 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,43% (fechado)

*Xangai (China) +1,66% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,29% (fechado)

*Petróleo WTI +1,20%, a US$ 64,31 o barril

*Petróleo brent +1,04%, a US$ 69,75 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -3,96%, a 521,5 iuanes (nas últimas 24 horas)

*Bitcoin +3,15%, a R$ 37.650 (confira a cotação da moeda em tempo real)