China traz boas notícias, mas mercado já fica em modo de espera pelo julgamento do Lula

Economia chinesa cresceu 6,9% no acumulado de 2017, enquanto analistas aguardavam avanço de 6,7%

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Guiado pelo forte fluxo dos investidores estrangeiros, o Ibovespa subia 0,03%, aos 81.200 pontos, às 12h28 (horário de Brasília) desta quinta-feira (18), impulsionado pelo resultado acima do esperado do PIB (Produto Interno Bruto) chinês e reagindo positivamente ao anúncio de que o Brasil irá emitir títulos de dívida no mercado internacional, fato que pressiona ainda mais o dólar, que retorna para a faixa de R$ 3,21.

De acordo com nota enviada pelo Ministério da Fazenda, os títulos que serão emitidos terão cupom de 5,625% e terão vencimento em fevereiro de 2047, ao passo que o resultado será divulgado ainda hoje. A depender da última emissão, que teve uma forte demanda, o resultado deve ser um sucesso. Com esse tipo de emissão, o governo pretende alongar sua dívida e comprova a confiança dos investidores estrangeiros no Brasil, mesmo após o rebaixamento do rating brasileiro pela S&P.

Apesar do clima de menor aversão ao risco, depois da forte sequência de alta dos últimos dias, o mercado reduz seu ritmo de valorização neste pregão e começa entrar em modo de espera pelo julgamento do Lula na próxima quarta-feira (24), com o mercado projetando a condenação por 3×0 do petista pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP).

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Condenado em primeira instância no âmbito da operação Lava Jato, Lula pode ser enquadrado pela Lei da Ficha Limpa e obrigado a abandonar sua candidatura à presidência da República, caso tenha sentença confirmada pelos desembargadores da 8ª turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e recursos da defesa recusados. Hoje, o ex-presidente lidera com folga em todos os cenários de primeiro turno levantados pelos principais institutos de pesquisa.

Levando em consideração tal contexto, parte da estratégia do líder petista passa pela procrastinação do processo. Embora a sentença proferida em julho do ano passado não seja uma unanimidade na sociedade e meio jurídico, poucos acreditam na possibilidade de absolvição de Lula a essa altura do jogo. A ideia seria avançar com a candidatura do ex-presidente até o ponto mais distante possível. Assim, caso seja impedido, Lula teria maior potencial de transferência de votos a um nome por ele apoiado. Se, por ventura, conseguir manter o direito de disputar a sucessão do presidente Michel Temer, ainda melhor para o PT.

Independente do resultado e sabendo do seu poder político, Temer prepara uma estratégia para isolar Lula nas eleições. Conforme noticia o jornal O Estado de S. Paulo, o governo vai condicionar a manutenção dos partidos no comando de ministérios ao apoio a um candidato que tenha aval do governo para a disputa à presidência e represente uma espécie de anti-Lula. A ideia seria aproveitar a reforma ministerial, que o emedebista pretende aplicar em março, para construir uma ampla aliança de centro, com tempo de televisão e palanques país afora. Estima-se que, no mínimo, 13 dos 28 ministros devem deixar seus cargos até 7 de abril, para disputar as eleições (veja mais aqui).

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PIB chinês surpreende

A economia chinesa cresceu 6,9% no acumulado de 2017, enquanto os analistas aguardavam avanço de 6,7%. Além disso, em dezembro, a produção industrial registrou expansão anual de 6,2%, enquanto o mercado aguardava crescimento de 6%, enquanto as vendas no varejo avançaram 9,4%, aquém dos 10,1% projetados pelos analistas.

Além dos dados chineses, o mercado fica de olho na agenda dos EUA, com uma bateria de indicadores a ser revelada às 11h30, como o pedido de auxílio-desemprego, além de números de novas construções e concessões de alvarás de dezembro e a sondagem industrial da Filadélfia. Às 14h, saem os dados de estoque de petróleo semanal, com expectativa por uma nova queda.

Por aqui, expectativa pela divulgação pelos dados de arrecadação do governo de dezembro, com projeções de atingir R$ 138,8 bilhões no mês passado. Já nesta quinta-feira, foi divulgada a segunda prévia do IGP-M de janeiro, que ficou em 0,82% ante expectativa de 0,75%. 

Problemas com a Caixa

O afastamento de quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal por suspeita de corrupção e irregularidades segue gerando repercussão. De acordo com o Estadão, esse afastamento pode inviabilizar o socorro de R$ 15 bilhões ao banco estatal com recursos do FGTS. A equipe econômica terá de enfrentar, no entanto, a pressão da ala política do governo, que defende o uso do dinheiro dos trabalhadores para que o banco reforce a concessão de crédito em ano eleitoral.

Enquanto isso, Michel Temer pode ter conseguido uma blindagem para não se indispor com aliados responsáveis por indicações políticas no banco, destaca o Valor. Com o afastamento temporário por 15 dias dos investigados, a partir de amanhã, passa a ser do Conselho de Administração do banco a responsabilidade pela indicação e avaliação dos executivos, o que livraria Temer do encargo político.

Bolsas mundiais

Na Ásia, apesar do resultado acima do esperado do PIB chinês, que impulsionou a bolsa de Xangai, o índice japonês recuou pelo segundo pregão seguido e fechou em baixa de 0,44%, diante de uma leve valorização do iene ante o dólar durante a madrugada. Na primeira metade da sessão, porém, o índice japonês chegou a ultrapassar a barreira dos 24 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 1991.

Na Europa, a sessão é de ganhos para a maior parte dos índices, com o mercado acompanhando o rali em Wall Street da véspera, com o Dow Jones encerrando o dia acima da marca dos 26 mil pontos pela primeira vez na história, com a possibilidade de um “shutdown” do governo se dissipando. Na noite da última terça-feira, o presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, começou a costurar um acordo com republicanos para elevar o teto da dívida dos EUA e manter o financiamento ao governo até 16 de fevereiro. Com a nova medida paliativa, os republicanos ganhariam ainda mais tempo para tentar um acordo em relação à reforma imigratória com os democratas. 

Às 12h28, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones Futuro +0,03%

*S&P 500 Futuro -0,08%

*Nasdaq Futuro -0,33%

*CAC-40 (França) +0,18%

*FTSE (Reino Unido) -0,18%

*DAX (Alemanha) +0,42% 

*FTSE MIB (Itália) +0,26%

*Hang Seng (Hong Kong) +0,43% (fechado)

*Xangai (China) +0,91% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,44% (fechado)

*Petróleo WTI +0,14%, a US$ 64,06 o barril

*Petróleo brent -0,01%, a US$ 69,37 o barril

*Bitcoin +15,71%, a R$ 40.502 (confira a cotação da moeda em tempo real)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,42%, a 537 iuanes (nas últimas 24 horas)

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