Mercado “ignora” corte de rating: Ibovespa sobe na semana e dólar bate mínima em 3 meses

Índice tem queda nesta sexta-feira após rebaixamento, mas fecha praticamente estável com corte "já precificado"

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Depois de muita especulação, a S&P (Standard & Poor’s) finalmente cortou o rating do Brasil de ‘BB’ para ‘BB-‘, fato que era temido por muitos investidores pela demonstração de descrença com o futuro do País. Contudo, a reação do mercado nesta sexta-feira (12) mostrou que toda essa preocupação era demasiada e muito dessa expectativa já estava precificada. Para ajudar, a inflação ao consumidor nos EUA desacelerou em dezembro, o que dá espaço para o Fed seguir com sua política monetária expansionista.

O benchmark da bolsa brasileira fechou praticamente estável, com leve queda de 0,02%, aos 79.349 pontos, movimento que pode ser considerado natural depois de subir forte nas duas últimas semanas. Com isso, o índice encerrou a semana com leve alta de 0,35%. O volume financeiro nesta sessão ficou em R$ 9,113 bilhões.

Enquanto isso, os “indicadores do pânico”, juros futuros, dólar e o CDS (Credit Default Swaps) de 5 anos, um dos mais importantes índices de risco do mercado financeiro, também não se “assustaram” com o corte de rating. O dólar comercial, por exemplo, fechou praticamente na mínima do dia, com queda de 0,38%, cotado a R$ 3,2062 na venda, mínima desde 19 de outubro.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Quer saber quais são as perspectivas para esse ano? Confira o guia Onde Investir 2018. Para ver o nosso conteúdo completo, clique aqui.

“De fato, o anúncio não foi nenhuma novidade, já era amplamente esperado que teríamos esse rebaixamento por conta do fracasso do governo em avançar com a reforma da Previdência, já que em 2018 o calendário político mais curto dificultaria esse avanço”, afirmou Thiago Salomão, editor-chefe e analista do InfoMoney.

Além de não ser necessariamente uma novidade, um dos grades temores quando uma agência de classificação de risco corta o rating de um país é sobre a solvência da economia, situação que no momento não preocupa a S&P. Ao alterar a perspectiva de rating de negativa para estável, a agência justificou o setor externo sólido, remetendo a sólida posição das reservas internacionais, como das melhores expectativas para a economia neste ano.

Continua depois da publicidade

Apesar do corte servir como um reforço do discurso do governo para aprovar a Previdência, a expectativa é de que não haja muitas mudanças na percepção dos deputados. Conforme aponta o BofA, a reforma continua a ser uma medida impopular e a proximidade do ciclo eleitoral naturalmente faz com que os deputados tendam a não apoiar a medida. Agora, aponta o BofA, o foco se volta para a Moody’s e a Fitch, que ainda vão tomar uma decisão: “não há cronogramas claros para a revisão da nota, mas uma rejeição da reforma da previdência na Câmara – que deverá ser votada na semana de 19 de fevereiro – pode desencadear um downgrade pelas agências”, afirma.

Inflação não é problema nos EUA

O CPI (índice de inflação ao consumidor, na tradução livre) norte-americano desacelerou de 0,4% para 0,1% na passagem de novembro para dezembro, em linha com o projetado pelo mercado. Com o resultado abaixo do esperado, que se soma à deflação de 0,1% da inflação ao produtor na última quinta-feira (11), os investidores elevam as apostas de que o Fed seguirá com sua política monetária expansionista, assim como reduzem a probabilidade de aumento da taxa de juros este ano.

Ainda falando sobre agenda econômica, as vendas no varejo nos EUA avançaram 0,4% na passagem de novembro para dezembro, enquanto os analistas esperavam por um crescimento de 0,5%. Por aqui, os dados do setor de serviço surpreenderam ao registrar crescimento de 1% na passagem de outubro para novembro, enquanto o mercado esperava por uma queda de 1%.

Destaques do mercado

Do lado positivo, as ações do setor siderúrgico seguem liderando as altas, refletindo ainda o relatório otimista do BTG reforçando a compra dos papéis, enquanto os papeís da Kroton (KROT3) recuam pelo segundo pregão em vista do rebaixamento para “neutro” pelo JP Morgan na última quinta-feira (11).

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 6,85 +2,54 +18,31 253,26M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 12,39 +2,40 +0,73 21,99M
 USIM5 USIMINAS PNA 11,02 +2,04 +21,10 373,91M
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 36,50 +1,93 +4,05 67,83M
 CSAN3 COSAN ON 41,70 +1,81 +0,48 35,84M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 17,01 -4,33 -7,55 207,22M
 CSNA3 SID NACIONALON 10,51 -3,13 +25,42 240,21M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 33,00 -2,63 +0,55 191,19M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,88 -2,55 -6,01 7,98M
 CPLE6 COPEL PNB 23,35 -2,30 -6,41 20,21M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 17,30 +0,29 782,22M 514,98M 36.758 
 VALE3 VALE ON 43,55 +0,58 639,45M 583,29M 31.200 
 USIM5 USIMINAS PNA 11,02 +2,04 373,91M 136,29M 24.203 
 GGBR4 GERDAU PN 14,97 0,00 355,46M 148,62M 29.015 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 21,60 -1,14 317,69M 245,04M 27.372 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 45,33 -0,09 309,46M 555,82M 19.087 
 GOAU4 GERDAU MET PN 6,85 +2,54 253,26M 88,83M 28.100 
 BBAS3 BRASIL ON 34,13 +0,24 240,94M 218,87M 17.108 
 CSNA3 SID NACIONALON 10,51 -3,13 240,21M 94,02M 24.289 
 ITSA4 ITAUSA PN 11,41 +0,26 211,39M 154,88M 36.784 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Noticiário político
Como se não bastasse a tensão com o rebaixamento de rating, o governo enfrenta outras questões, com destaque para as articulações para 2018. Segundo afirma a Folha, aliados de Maia e Meirelles reagem negativamente à fala de Temer ao Estadão sobre as candidaturas, afirmando que Maia “não tinha nada a perder”, que prefere Meirelles na Fazenda e tecendo elogios a Geraldo Alckmin. 

Dos dois lados, a leitura foi a de que para sinalizar que o árbitro do jogo é ele. Temer atirou nos aliados que tentam se projetar com as próprias pernas e enalteceu Alckmin, alvo de desconfiança sobre suas chances dentro do próprio partido.

Quer investir melhor seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.