“Não vale o risco”: banco reforça venda de ação que subiu 30% no mês passado

Bradesco BBI revela 4 cenários para o futuro dos negócios entre Embraer e Boeing

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Desde que confirmada a intenção de compra pela Boeing em dezembro, mês que disparou 30%, as ações da Embraer (EMBR3) subiram 23% e na máxima do movimento atingiram R$ 22,91 (+39,5%). Contudo, a resistência do governo em formalizar o acordo deixou o mercado com um “pé atrás” e os preços travaram na faixa de R$ 20,00, no aguardo de uma conclusão. Como o cenário ainda está muito nebuloso, os analistas do Bradesco BBI apresentaram 4 alternativas para o desfecho desta novela, mas já adiantam: o risco x retorno não é atrativo e reforçaram a recomendação de venda.

No cenário mais provável, com 60% de probabilidade, Victor Mizusaki e sua equipe não acreditam na venda de 100% da Embraer para a empresa norte-americana, que deve apenas comprar uma participação minoritária no business de aviação comercial – ou seja, nada deve mudar para a Embraer. Nesta conjuntura, os analistas projetam um preço-alvo de US$ 20 para os ADRs (American Depositary Receipt) da companhia brasileira, o que representa um downside de 22% em relação ao último fechamento.

No cenário mais pessimista, este como probabilidade de 10%, a Boeing desiste do negócio e se transforma em uma forte concorrente da Embraer no ramo de jatos comerciais, aponta Mizusaki, inclusive gastando menos do que os US$ 6 bilhões que pretende pagar pela empresa, conforme matéria do WSJ (Wall Street Journal). Pelas contas, a norte-americana tem capacidade de alcançar 30% do market share do segmento em 5 anos e isso teria um impacto direto nas receitas da Embraer – para se ter uma ideia, entre janeiro e setembro do ano passado, a receita líquida de aviação comercial representou 63% da linha do resultado, somando R$ 8,2 bilhões. Neste caso, os analistas projetam um preço-alvo de US$ 10 para os ADRs, um downside de 61% em relação ao último fechamento.

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Na hipótese mais otimista, que tem chance de 20% e potencial de valorização de 30%, a Boeing aumenta oferta de US$ 28 para US$ 33 e finalmente entra em um acordo com o governo, fechando o capital em bolsa. De fato, esse seria o “céu de brigadeiro” para os acionistas, mas a “golden share” do governo e a necessidade de decreto presidencial, como apontam as últimas notícias, tornam essa perspectiva muito pouco provável, avaliam os analistas.

Por fim, no último cenário, que não considera o acordo entre as empresas, a força da nova concorrente Airbus-Bombardier, união firmada em outubro do ano passado, começa a gerar frutos por conta da lista de clientes das duas gigantes do setor, de modo que o market share da franco-canadense irá crescer dos atuais 30% para 50% até 2023, automaticamente reduzindo da companhia brasileira de 60% para 43%. Neste caso, os analistas projetam um preço-alvo de US$ 15 para os ADRs, um downside de 41% em relação ao último fechamento. Portanto, o negócio entre Boeing e Embraer tem muito sentido estratégico, já que evitaria uma expansão desenfreada da Airbus-Bombardier nos próximos anos, já que tem vantagem competitiva sobre as duas empresas.