XP vê Ibovespa a 89 mil pontos no final de 2018 e traça projeções para PIB, câmbio e Selic no ano

Analistas acreditam que Selic pode chegar a 6,25% com desfecho eleitoral positivo para o mercado, enquanto dólar deve ficar entre  R$ 3,10 e R$ 3,40

Lara Rizério

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – A combinação de um cenário mais positivo para a economia, uma dinâmica de câmbio favorável no segundo semestre e a queda da taxa Selic guiam a visão otimista para o Ibovespa da XP Investimentos para 2018, projetando o índice a 89 mil pontos no final do ano, o que consiste em um potencial de valorização de 16% em relação ao fechamento de 2017, a 76.402 pontos. 

Em relatório, os analistas Celson Plácido, Gustavo Cruz e Bruna Pezzin apontam que, do lado dos fundamentos das companhias, a visão positiva se baseia na continuidade do processo de alavancagem operacional e financeira. “Na parte operacional, esperamos ver crescimento consistente nas receitas, que com a diluição dos custos fixos e inflação controlada resultará em margens operacionais maiores. Esses ganhos serão intensificados na linha de lucro, por conta de despesas financeiras menores”, avaliam.

Eles apontam que a alavancagem média ponderada das empresas do índice é superior a 3 vezes a relação entre a dívida Líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). No cenário de uma taxa de juros média cerca de 3 pontos percentuais menor na comparação anual, a economia com juros pode resultar em lucro líquido médio cerca de 10% maior em um cenário conservador. “Junto com a melhora operacional, o ganho pode ser potencializado para níveis superiores a 20%”, apontam.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Além da parte micro das empresas, também sustentam a visão positiva fatores como i) cronograma intenso no mercado de capitais, com uma série de IPOs (aberturas de capital) e emissões de dívida no radar potencializando a capacidade de investimento das companhias; ii) fluxo crescente de fundos de pensão na Bolsa, que se chegassem à alocação de 6 anos atrás, poderiam acrescentar volume próximo a R$ 100 bi; iii) Bolsa ainda bastante descontada em Dólar.

Quer investir melhor seu dinheiro? Clique aqui e abra a sua conta na XP Investimentos 

“Hoje, a bolsa está no mesmo nível de preço de 2015 em termos dolarizados. Considerando os cenários possíveis para o câmbio, o Ibovespa teria um potencial de valorização de 13% a 24% em Dólar em nosso cenário base”, avaliam. 

Continua depois da publicidade

O cenário eleitoral poderá exercer grande influência sobre o índice, podendo levar à concretização de um cenário otimista ou pessimista, avalia a XP Investimentos. “Um corte mais forte que o esperado nos juros, retomada mais rápida da atividade e cenário externo favorável seriam catalisadores. Por outro lado, a eleição de um presidente que não apoie a condução de reformas estruturais, de cunho populista, em conjunto com indicadores econômicos mais fracos que o esperado e cenário externo menos construtivo poderia desencadear um cenário de stress”, afirma. Enquanto o cenário-base é de um índice fechando o ano a 89 mil pontos, o cenário otimista é do índice a 95 mil pontos, ou alta de 24,34%. Já o cenário negativo é do índice a 71.200 pontos, ou queda de 6,81%. 

Outros indicadores

De acordo com os analistas, no cenário otimista, com uma inflação mais controlada do que a esperada, na ausência de pressão cambial muito forte e com eleição tendo um desfecho positivo para economia, a taxa básica de juros pode atingir 6,25%. Caso ocorra quadro inverso, Selic poderá ir a 8% já no fim de 2018 – nesse cenário, o BC iniciaria novo ciclo de
alta de juros no final do ano.

Já no cenário para o dólar, a XP trabalha com taxa de câmbio operando em um intervalo entre R$ 3,10 e R$ 3,40, apontando que o momento de mudança na presidência do Federal Reserve (em fevereiro, Janet Yellen será substituída por Jerome Powell na presidência do Fed) historicamente faz o mercado ficar mais cauteloso com a comunicação, em meio a momento de ciclo de alta de juros. “O crescimento da economia americana em patamares elevados, implementação da reforma tributária nos EUA e avanço na agenda de  desregulamentação do setor financeiro também contribuem nessa direção”, apontam.

No aspecto interno, os analistas apontam que o ano será marcado pela melhora econômica que se traduzirá em indicadores melhores, o que contribui para um real mais forte. Os analistas projetam um crescimento do PIB de 3% em 2018, com o consumo avançando acima deste patamar, enquanto o investimento estará ligeiramente abaixo.

Na agenda econômica, os analistas avaliam que esse não será um ano de paralisia, com reformas importantes podendo ser aprovadas no Congresso, como cadastro positivo, MP do distrato, medidas da agenda BC+, medidas tributárias, marco regulatório do setor de energia, entre outras. No entanto, a agenda fiscal terá pouco avanço.

Assim, as atenções se voltarão para as eleições presidenciais. “Conforme fique mais claro quem estará na disputa, e os partidos se organizarem em torno das candidaturas, as pesquisas eleitorais passam a influenciar cada vez mais os preços de ativos”, avaliam. O cenário para o primeiro turno deverá trazer nas pesquisas candidatos que se mostram contra a agenda atual de reformas em posição de destaque, o que enfraquecerá o real pela perspectiva negativa de possível descontrole fiscal. “No entanto, nosso cenário base conta com a vitória de um candidato que prossiga com as reformas que vem sendo feitas. Assim, olhando para o segundo semestre, o real se valorizará caso se evidencie o comprometimento do novo presidente com as reformas do país em 2019”, afirmam os analistas da XP.

Para atingir o cenário otimista para o PIB, de crescimento de 3,8%, seria necessária uma eleição com um debate aberto sobre a necessidade do prosseguimento das reformas econômicas, o que aumentaria a confiança em torno da economia brasileira. Já para o cenário pessimista, de crescimento de 2,5%, 2018 reservaria um cenário externo inquieto, com crises geopolíticas fortes na zona do euro, além de uma mudança forte na alocação mundial de recursos com novas conduções de políticas monetárias dos principais bancos centrais mundiais. “Internamente, uma disputa eleitoral com forte probabilidade de um vencedor disposto a descontinuar com as reformas já implementadas e colocar em prática políticas populistas, afetaria os planos de investimento interno”, apontam. 

Quer saber quais são as perspectivas para este ano? Clique aqui e confira o conteúdo completo do guia Onde Investir 2018 – InfoMoney.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.