Rali de fim de ano: Ibovespa tem 5ª alta seguida e fecha na máxima em 2 meses

Índice segue "ignorando" chance de corte de rating e já acumula alta de mais de 4,5% em apenas cinco pregões

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Estendendo os ganhos da sessão passada, o Ibovespa voltou a subir nesta quarta-feira (27), chegando assim ao seu quinto pregão seguido de valorização. O mercado seguiu hoje o bom humor das bolsas internacionais, além da alta das ações das varejistas, que ainda refletem o melhor Natal em 7 anos anunciado na véspera. Vale destacar também os dados de novembro do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que decepcionaram ao apontar o fechamento de 12.292 vagas formais no mês passado.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 0,48%, aos 76.072 pontos, acumulando ganhos de 4,67% em cinco pregões de ganhos seguidos, em sua melhor sequência de ganhos desde julho. Neste patamar, o índice bate seu maior fechamento desde 25 de outubro. O volume financeiro ficou em R$ 5,141 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, praticamente zerou as perdas e fechou com leve queda de 0,07%, cotado a R$ 3,3119 na venda.

Entre os indicadores divulgados hoje, após 7 meses de contratações, o Brasil fechou 12.292 vagas formais em novembro, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apresentados pela manhã. O resultado foi o pior desde março de 2017, quando os desligamentos somaram 57.625. A expectativa era pela criação de 22 mil postos de trabalho.

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Ainda falando sobre agenda econômica, nos EUA, às 13h, atenção para dois indicadores: dados de confiança do consumidor de dezembro e vendas pendentes de moradias de novembro. À noite, às 21h50, será divulgado o dado de produção industrial do Japão. 

Rebaixamento pela S&P

Nestes últimos dias de pregão do ano, o mercado está na expectativa pela decisão da S&P, com todas apostas pelo rebaixamento da nota de crédito brasileira pela agência de classificação de risco. Um dos que acreditam na corte do rating é o Santander, que aponta que o rebaixamento deve ser baseado na falta de progresso na reforma da Previdência, metas de déficit fiscal ainda altas e fato de que a S&P evita mudanças de rating em anos eleitorais.

De acordo com o economista-chefe do banco, Mauricio Molon, o risco é negativo no curto prazo, mas o rebaixamento não provocaria grandes mudanças no preço dos ativos brasileiros. O CDS de 5 anos já está no topo da faixa dos países classificados como BB: “o Brasil continuará a ser percebido como um junk ’sólido’, sem perspectiva de voltar para o grau de investimento no curto a médio prazo e fundamentos suficientemente fortes para evitar o downgrade ao nível de um único B”, avalia Molon. 

Veja mais em: Se o rebaixamento de rating é iminente (e não ajudará Previdência), por que o mercado não está temeroso?

Votos pela Previdência

Falando em Previdência, vale destacar como o novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, está negociando com os políticos pelos votos necessários para aprovar a Previdência em fevereiro. Na tarde de ontem, ele afirmou que o Palácio do Planalto está pressionando os governadores e prefeitos a trabalhar a favor da aprovação da reforma em troca da liberação de recursos do governo federal e financiamentos de bancos públicos, como os empréstimos da Caixa. 

Marun negou que esteja promovendo chantagem, mas apenas pedindo apenas uma ajuda em troca dos votos pela reforma: “financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e nesse sentido entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, justificou.

Horas depois, coube ao vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), suavizar o discurso: “nós não vamos fazer condicionamento, isso não tem nenhum cabimento”, declarou Mansur. De acordo com o vice-líder, o governo tinha 267 votos antes do início do recesso e vê espaço para que o governo alcance em 45 dias os 308 votos necessários para aprovar a PEC.

Varejistas seguem em alta
As ações das varejistas seguiram com o movimento de alta do pregão passado, impulsionadas pelas vendas de Natal, que subiram 5,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, no melhor desempenho dos últimos sete anos, segundo dados do Serasa Experian. Os papéis da Magazine Luiza e Lojas Americanas subiram pelo quinto pregão seguido, acumulando no período ganhos de mais de 16%, enquanto Lojas Renner avança 5% somente nesta semana.

Em relatório desta quarta-feira, o BTG Pactual comenta que a Lojas Americanas é um dos seus principais calls de 2018. “Após um período de desafios desde 2016, com vendas nas mesmas lojas abaixo da média histórica e ciclo de caixa ruim, acreditamos que o papel vá se beneficiar já a partir do 4° trimestre de 2017 de um cenário macroeconômico mais benigno, queda de custos de empréstimos e de uma série de medidas implementadas em 2017 para melhora de rentabilidade”, comentam os analistas.

Os analistas do banco também chamaram atenção para a Magazine Luiza, que, para eles, deve ser mais uma vez um dos destaques positivos do 4° trimestre. Os destaques, apontam, ficam para as vendas nas mesmas lojas em 14% e segmento online em 45%, levando as vendas nas mesmas lojas no consolidado para perto de 25%. Já a margem Ebitda deve subir em 30 pontos-base, mostrando execução superior da companhia. “Compra (da ação) mais que mantida”, reforçaram.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LAME4 LOJAS AMERICPN 17,09 +4,08 +0,68 199,78M
 NATU3 NATURA ON EJ 32,74 +4,00 +43,77 25,63M
 RENT3 LOCALIZA ON EJ 22,33 +3,48 -30,47 30,74M
 CSNA3 SID NACIONALON 8,35 +3,47 -23,04 85,32M
 JBSS3 JBS ON 9,75 +2,74 -14,20 54,02M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON EJ 20,38 -3,23 +29,68 157,05M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 21,66 -0,96 -11,14 9,63M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 33,88 -0,91 +118,16 41,41M
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,80 -0,85 +20,83 51,96M
 SANB11 SANTANDER BRUNT 31,77 -0,69 +13,87 11,57M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 16,05 +0,50 378,06M 559,94M 21.259 
 VALE3 VALE ON EJ 39,86 +0,03 373,66M 704,13M 16.715 
 LAME4 LOJAS AMERICPN 17,09 +4,08 199,78M 77,35M 21.622 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EJ 42,47 -0,54 173,42M 536,62M 13.340 
 EMBR3 EMBRAER ON EJ 20,38 -3,23 157,05M 86,32M 15.039 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 33,35 +0,12 151,37M 329,72M 13.943 
 BBAS3 BRASIL ON 32,03 +1,23 144,19M 270,29M 11.117 
 BRFS3 BRF SA ON 37,04 0,00 119,76M 140,50M 8.799 
 ITSA4 ITAUSA PN EJ 10,81 -0,28 117,47M 158,29M 12.300 
 ABEV3 AMBEV S/A ON EJ 21,40 +0,71 115,65M 305,32M 15.673 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.