Blue chips e exterior fazem Ibovespa saltar 2,4% no melhor pregão em mais de um mês

Índice chegou a cair pela manhã com "susto" de decisão da S&P sobre rating na próxima semana, mas acabou subindo forte e recuperando os 75 mil pontos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Entre o “susto” com a S&P e a euforia de Wall Street, contaminada pela aprovação da reforma tributária de Trump e a expectativa de recuperação da economia dos EUA, o Ibovespa disparou nesta quinta-feira (21). Também ajudou o forte movimento das blue chips, destaque para as ações dos bancos, em especial os papéis do Itaú Unibanco, além de Petrobras e a Embraer (EMBR3), que chegou a disparar 40% com a notícia de união de negócios com a Boeing.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 2,41%, aos 75.133 pontos, em seu melhor pregão desde 8 de novembro, quando avançou 2,69%. O volume financeiro ficou em R$ 9,656 bilhões. Já o dólar comercial não seguiu o mesmo otimismo e encerrou o dia com alta de 0,44%, cotado a R$ 3,3090 na venda.

O mercado passou por momentos de stress no final da manhã após notícia da Bloomberg de que a agência de classificação de risco Standard & Poor’s tomará uma decisão sobre o rating do Brasil até semana que vem. Mesmo assim, o pessimismo foi deixado de lado e o otimismo das bolsas dos EUA tomou conta do mercado brasileiro.

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Segundo informações da Bloomberg, a S&P disse aos integrantes da Fazenda, em reunião realizada ontem,  que deve tomar sua decisão sobre o rating soberano brasileiro na próxima semana. De acordo com a fonte da Bloomberg, a S&P disse que não anuncia decisões sobre ratings em ano eleitoral. Contudo, logo depois da notícia, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que não foram discutidas alterações no rating brasileiro nas reuniões com as agências de classificação de risco.

Segundo Wagner Parente, diretor superintendente da consultoria Barral M. Jorge, o fato do rebaixamento pode servir para reforçar o discurso dos governista pela aprovação das reformas: “talvez haja um aumento da mobilização do empresariado, inclusive de setores que ainda não se posicionaram”, disse o diretor, que lembra que um rebaixamento tem impacto direto no encarecimento do crédito.

Além das questões envolvendo o rating brasileiro, o mercado digere o Relatório de Trimestral de Inflação, com o BC “cravando” mais um corte da Selic em fevereiro, como ao PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA abaixo do esperado no terceiro trimestre, que sugere que o Fed seguirá com sua política monetária expansionista e reforça a importância do plano de Trump. Destaque também para o IPCA – 15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15) de dezembro, que encerrou o ano abaixo do piso da meta de inflação, três fatores que ajudam manter o otimismo no mercado.

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Inflação em foco

O IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, acelerou de 0,32% para 0,35% na passagem de novembro para dezembro, em linha com o esperado pelo mercado. Com o resultado, o índice acumulado em 12 meses apontou inflação de 2,94%, encerrando o ano abaixo do piso da meta de inflação e comprova o comportamento benigno dos preços neste ano, elevando a probabilidade do IPCA também ficar abaixo de 3%.

Além da divulgação do índice de inflação, os investidores digerem o RTI, com as atualizações das projeções econômicas do BC. A autoridade monetária elevou sua expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) do ano que vem de 2,2% para 2,6%, assim como reduziu as projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano de 3,2% para 2,8%, abaixo dos 2,9% previstos na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).

Sobre a Selic, o BC “cravou” um corte da Selic na reunião de fevereiro, lembrando que o mercado trabalha com uma redução de 25 pontos-base, para 6,75% ao ano: “o Copom entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural (…) para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização monetária”, aponta o documento.

Com relação ao IPCA projetado para o ano que vem, a autoridade monetária espera inflação de 4,2%, em linha com o projetado na ata da última reunião do Copom e muito próxima da meta central do governo de 4,5%. “O cenário básico para a inflação tem evoluído, em boa medida, conforme o esperado. O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, descreve o BC.

PIB dos EUA abaixo do esperado

A terceira (e última) revisão do PIB norte-americano referente ao terceiro trimestre apontou para um crescimento de 3,2%, ligeiramente abaixo da previsão dos analistas de 3,3%, que era o valor referente a segunda revisão. Embora aquém do esperado, esse foi o ritmo mais rápido desde o primeiro trimestre de 2015 e marcou uma aceleração da taxa de 3,1% do segundo trimestre.

Com o resultado abaixo do esperado, os deputados republicanos voltaram a destacar a importância da aprovação da reforma tributária de Trump na última quarta-feira (20). A proposta, que deve entrar em vigor em 1º de janeiro do ano que vem, prevê uma redução de 35% para 21% dos impostos pagos por empresas e simplifica as categorias de pagamento de imposto de renda, que diminuem das sete atuais para quatro, sendo a máxima de 37%, resultando em um corte de impostos de até US$ 1,5 trilhão no período de 10 anos.

Destaques do mercado

Do lado positivo, o grande destaque ficou para a Embraer, que chegou a saltar 39,48% na máxima do dia com a notícia de que ela está em conversas com a Boeing para a união de negócios das duas empresas.

Além da fabricante de aeronaves, chamaram atenção as ações da Eletrobras, que subiram após ministro da Secretaria Geral da Presidência, Moreira Franco, afirmou que o projeto de lei que autoriza a privatização da estatal está na reta final de análise, além dos papéis da Embraer.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 20,20 +22,50 +27,95 341,76M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 20,95 +5,70 -14,05 26,09M
 ELET3 ELETROBRAS ON 18,00 +4,96 -14,76 81,59M
 PETR3 PETROBRAS ON 16,65 +4,32 -1,71 98,42M
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EJ 42,68 +4,10 +30,88 822,53M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VIVT4 TELEF BRASILPN 49,75 -1,03 +17,96 108,02M
 CIEL3 CIELO ON 23,10 -0,13 +2,51 95,57M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EJ 42,68 +4,10 822,53M 505,71M 37.307 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,86 +4,07 737,91M 557,60M 37.968 
 VALE3 VALE ON 39,73 +1,48 464,97M 761,80M 26.400 
 ABEV3 AMBEV S/A ON EJ 20,97 +1,30 381,14M 294,92M 18.774 
 BBDC4 BRADESCO PN 33,97 +2,94 342,92M 327,43M 20.724 
 EMBR3 EMBRAER ON 20,20 +22,50 341,76M 37,88M 15.007 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 31,19 +1,10 266,48M 285,36M 20.030 
 BVMF3 B3 ON 22,28 +1,32 225,41M 235,72M 28.700 
 ITSA4 ITAUSA PN 10,95 +3,69 174,61M 159,72M 20.460 
 BRFS3 BRF SA ON 36,33 +1,59 145,72M 137,88M 11.494 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Candidaturas para 2018
Em entrevista para a rádio BandNewsFM, o presidente Michel Temer também falou sobre o cenário eleitoral para o ano que vem. Temer afirmou não saber quem será o candidato que terá o apoio do governo, como será a aliança, nem se seu próprio partido, o PMDB, terá candidatura própria. 

Garantiu, no entanto, que o nome escolhido será de alguém com o compromisso de dar continuidade às reformas: “quem vier a ser candidato terá que defender as reformas e, ao defender as reformas, estará cravado no programa dele o governo Temer”, declarou o peemedebista, que não se vê disputando as eleições de 2018.

Vale ainda ressaltar a entrevista do ex-presidente Lula a diversos jornais na manhã da última quarta, que é destaque nesta quinta. Ele afirmou que não quer ser visto como radical. “Eu não vou ser mais radical. Estão dizendo que estou mais radical. Não tenho cara de radical nem o radicalismo fica bem em mim. Estou é mais sabido”, afirmou.  Lula pregou um estado forte, afirmando que não pode perder a sua capacidade de ter influência nas decisões econômicas do país. “O Estado não é neutro. O Estado é indutor”.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.