Ibovespa Futuro sobe digerindo Relatório de Inflação e na expectativa pelo PIB dos EUA; IPCA-15 não surpreende

IPCA-15 fica em linha com esperado em dezembro e encerra o ano abaixo do piso da meta de inflação

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Os contratos futuros de Ibovespa com vencimento em fevereiro registravam alta de 0,22%, aos 74.250 pontos, às 9h21 (horário de Brasília) desta quinta-feira (21), reagindo ao RTI (Relatório de Trimestral de Inflação), com o BC “cravando” mais um corte da Selic em fevereiro, como na expectativa pelo PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA. Destaque também para o IPCA – 15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de dezembro, que ficou em linha com o esperado pelo mercado,

O IPCA-15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, acelerou de 0,32% para 0,35% na passagem de novembro para dezembro, em linha com o esperado pelo mercado. Com o resultado, o índice acumulado em 12 meses apontou inflação de 2,94%, encerrando o ano abaixo do piso da meta de inflação de 3%.

Relatório de Inflação
O Banco Central elevou sua expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) do ano que vem de 2,2% para 2,6%, assim como reduziu as projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano de 3,2% para 2,8%, abaixo dos 2,9% previstos na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), conforme apontou o RTI (Relatório Trimestral de Inflação) publicado pela autoridade monetária nesta quinta-feira.

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Sobre a Selic, o BC “cravou” um corte da Selic na reunião de fevereiro, lembrando que o mercado trabalha com uma redução de 25 pontos-base, para 6,75% ao ano: “o Copom entende que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural (…) para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma nova redução moderada na magnitude de flexibilização monetária”, aponta o documento.

Com relação ao IPCA projetado para o ano que vem, a autoridade monetária espera inflação de 4,2%, em linha com o projetado na ata da última reunião do Copom e muito próxima da meta central do governo de 4,5%. “O cenário básico para a inflação tem evoluído, em boa medida, conforme o esperado. O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, descreve o BC.

Com o BC deixando a porta aberta para mais cortes, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 operam em baixa de 2 pontos-base, cotados a 6,88% e 9,23%, respectivamente. No mesmo momento, o dólar futuro com vencimento em janeiro registrava desvalorização de 0,14%, aos 3.295 pontos.

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Bolsas mundiais

Com o mercado já tendo precificado a aprovação da reforma fiscal dos EUA, a sessão é de menor ânimo para as bolsas internacionais. Ontem, os deputados norte-americanos aprovaram o texto da reforma tributária de Trump, que poderá gerar cortes de impostos no valor de US$ 1,5 trilhão ao longo de uma década. 

Na Ásia, o BoJ anunciou nesta madrugada que irá manter suas agressivas medidas de estímulos monetários e não deu qualquer indicação de que poderá elevar juros no próximo ano, como vinha se especulando nas últimas semanas. Em coletiva que se seguiu à decisão, o presidente do BC japonês, Haruhiko Kuroda, voltou a reiterar que a instituição continua bem distante de sua meta de inflação de 2%.

No mercado de commodities, o petróleo se sustenta perto de US$ 58 após queda de estoques nos EUA, enquanto os metais em Londres operam praticamente estáveis. Já o minério na China sustenta ganhos semanais, com os contratos futuros negociados em Dalian registrando alta. 

Às 9h21, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones Futuro (EUA) +0,08%

*S&P Futuro (EUA) +0,15%

*Nasdaq Futuro (EUA) -0,02%

*CAC-40 (França) -0,04%

*FTSE (Reino Unido) +0,27%

*DAX (Alemanha) +0,02% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,07% (fechado)

*Xangai (China) +0,40% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,11% (fechado)

*Petróleo WTI -0,19%, a US$ 57,98 o barril

*Petróleo brent +1,83%, a US$ 64,39 o barril

*Bitcoin -6,63%, a R$ 63.300 (confira a cotação da moeda em tempo real)

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +0,95%, a 532 iuanes (nas últimas 24 horas)

Entrevista do presidente do BC e PIB dos EUA

Além do RTI e IPCA-15, vale destacar ainda a entrevista ao jornal Valor Econômico do presidente do BC, Ilan Goldfajn. Ele comentou que não existe uma relação direta entre a aprovação da reforma da Previdência e a flexibilização da política monetária, já que os diretores do Copom analisam a evolução de um conjunto amplo de dados no processo de decisão. Contudo, Ilan alertou para o risco de uma inflação mais alta se reformas e ajustes não avançarem em 2018, discurso que foi endossado no RTI.

Em destaque no exterior, será divulgado às 11h30 o resultado final do PIB dos EUA do terceiro trimestre, que deve confirmar o bom ritmo da atividade no período, com um crescimento anualizado ligeiramente superior a 3,0% ao ano, segundo estimativas da GO Associados. Ainda nos EUA, no mesmo horário, atenção para os pedidos de auxílio desemprego semanal, sondagem industrial do Federal Reserve da Filadélfia de dezembro. Às 12h, serão divulgados os dados de preços residenciais de outubro. 

Meirelles e agências de rating

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fez no final na tarde de quarta-feira uma rodada de conversas com os representantes das três principais agências de classificação de risco para evitar um rebaixamento da nota do Brasil devido ao adiamento da reforma da Previdência para fevereiro de 2018. A primeira conferência ocorreu com a S&P (Standard&Poor’s), seguinda pela Fitch e Moody’s. 

Segundo o Estadão, a percepção é de que o risco maior é com a S&P, a primeira agência a dar ao Brasil o grau de investimento, em abril de 2008, e também a primeira a retirá-lo em setembro de 2015. Em agosto passado, a S&P reafirmou o rating brasileiro e colocou a perspectiva em negativa.

Ainda sobre Meirelles, em programa de televisão do PSD que será veiculado nesta quinta-feira, o ministro afirmará que o governo Dilma Rousseff quebrou o país e que brasileiro não quer aventuras, sinalizando que poderá ser o “candidato do governo”. 

Candidaturas para 2018

Em entrevista para a rádio BandNewsFM, o presidente Michel Temer também falou sobre o cenário eleitoral para o ano que vem. Temer afirmou não saber quem será o candidato que terá o apoio do governo, como será a aliança, nem se seu próprio partido, o PMDB, terá candidatura própria. 

Garantiu, no entanto, que o nome escolhido será de alguém com o compromisso de dar continuidade às reformas: “quem vier a ser candidato terá que defender as reformas e, ao defender as reformas, estará cravado no programa dele o governo Temer”, declarou o peemedebista, que não se vê disputando as eleições de 2018.

Vale ainda ressaltar a entrevista do ex-presidente Lula a diversos jornais na manhã da última quarta, que é destaque nesta quinta. Ele afirmou que não quer ser visto como radical. “Eu não vou ser mais radical. Estão dizendo que estou mais radical. Não tenho cara de radical nem o radicalismo fica bem em mim. Estou é mais sabido”, afirmou.  Lula pregou um estado forte, afirmando que não pode perder a sua capacidade de ter influência nas decisões econômicas do país. “O Estado não é neutro. O Estado é indutor.”

O ex-presidente também confirmou que pretende fazer uma nova carta ao povo brasileiro, mas não como a de 2002, mais voltada ao mercado financeiro. “Quando fui candidato pela primeira vez os caras queriam que eu montasse o ministério antes para dar confiança do mercado. Agora vou escrever carta ao povo brasileiro, mas não como foi em 2002, que foi para o mercado. Agora é para o povo mesmo. Quem me deve satisfação é o mercado, não sou eu que devo satisfação a eles. Esse mercado injusto nunca me agradeceu com o tanto que ganhou.”

Noticiário corporativo

Em destaque no radar corporativo, a Petrobras divulgará seu plano de negócios nesta quinta-feira, às 16h30. Ainda sobre estatais, o ministro Moreira Franco afirmou que o projeto de lei que autoriza a privatização da Eletrobras está na reta final de análise final pela Casa Civil e pode ser enviado ao Congresso Nacional até amanhã.

Já a Vale informou que o diretor -executivo e consultor geral Clovis Torres vai deixar a empresa a partir de 8 de janeiro de 2018, enquanto os Correios anunciaram uma parceria com a companhia aérea Azul para a criação de uma empresa de transporte de cargas. A RD, por meio da Drogasil da rua Pamplona, se tornou a primeira rede de farmácias a oferecer o serviço de aplicação de vacinas em São Paulo. A Multiplan anunciou as obras do ParkShopping Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, enquanto o Itaú Unibanco informou que a Fundação Itaú e o Instituto Unibanco querem alienar ações em dois leilões, pelo valor inicial de R$ 37,00 por ação. 

Por fim, atenção para o radar agitado de recomendações: a AES Tietê foi rebaixada para “market perform” por Scotiabank, enquanto a Engie Brasil foi elevada para ’overperform’ pelo mesmo banco. A Eneva foi iniciada como ’market perform’ pelo Itaú BBA. A TIM foi elevada a ’compra’ por Santander, com preço-alvo de R$ 15,50, a Linx foi elevada a ’compra’ com preço-alvo de R$ 26,50, a Totvs foi rebaixada a ’manutenção’, com preço-alvo de R$ 35, assim como a Vivo, que tem preço-alvo de R$ 58.

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.