Como a “mudança de filosofia” do BC com os compulsórios impactará os bancos?

De acordo com analistas do Credit Suisse, apesar da medida ser positiva, impacto será marginal para o setor

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na noite da última terça-feira (19), o Banco Central fez um anúncio bastante esperado mas que, de qualquer forma, levou a uma reação positiva do mercado: a redução na alíquota de compulsórios sobre recursos à vista e a prazo. 

No caso dos recursos à vista, a taxa passa de 45% para 40%, enquanto a incidente sobre recursos a prazo cai de 36% para 34%. A medida, de acordo com o BC, faz parte da Agenda BC+, no pilar Crédito Mais Barato, e gera efeito líquido correspondente à liberação de R$ 6,5 bilhões de recursos depositados, “contribuindo para a redução estrutural do volume de depósitos compulsórios”. A medida neutraliza recolhimento de R$ 14 bilhões prevista para o dia 26 de dezembro, quando teria início a redução de deduções de compulsórios que favoreciam setores da economia, como financiamentos para aquisição de motocicletas e operações do PSI (programa de Sustentação do Investimento).

Mas, mais do que simplesmente reduzir alíquotas, essa é uma mudança de filosofia do Banco Central, conforme aponta o Valor Econômico. “No governo passado, esse foi um mecanismo muito utilizado para incentivar segmentos do crédito que o Ministério da Fazenda julgava que deveriam ser apoiados. Agora, a liberação dos compulsórios é horizontal, distribuindo os ganhos para todo o conjunto da economia”, aponta a publicação. 

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“Esta é uma medida um tanto histórica”, apontam os analistas do BTG Pactual Eduardo Rosman e Thiago Kapulskis. Eles afirmam que, desde que começaram a cobrir o setor em 2008, esta é a primeira vez que viram o Banco Central reduzir as alíquotas de reservas para a parte “sem remuneração” dos depósitos à vista.

“Mas, como conseqüência, pode-se argumentar que, após essa flexibilização, espera-se algo em troca dos bancos, que terão que fazer a sua parte, retomando a atividade de crédito (com spreads mais baixos)”, apontam os analistas do banco. 

Assim, o objetivo final é reduzir o custo de crédito no Brasil, com crescimento de crédito e redução dos spreads. De qualquer forma, mesmo com essas medidas, os analistas do Credit Suisse apontam que, considerando a magnitude dos depósitos liberados – apenas 1,4% do book de empréstimos – e a alta liquidez dos bancos, a contribuição para o crescimento do crédito deve ser baixa.

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Alem disso, assumindo que os recursos são investidos a taxa Selic, espera-se um impacto marginal nos earnings dos bancos, diz o Credit. O Banco do Brasil (BBAS3) teria o maior impacto positivo, de 0,9%, o Banrisul (BRSR6) teria impacto positivo de 0,5%, ante 0,4% do Itaú Unibanco (ITUB4) e 0,3% para o Santander Brasil (SANB11) e para o Bradesco (BBDC4). 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.