Oi sobe 4% de olho em ‘super-reunião’ de credores; só 14 das 59 ações do Ibovespa fecham em alta

Confira os destaques de ações desta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa caiu 0,60%, a 72.680 pontos, nesta terça-feira (19), com o quadro externo menos favorável somado à preocupação com o cenário fiscal do Brasil. Enquanto foco dos investidores no exterior mantém-se no andamento de reforma tributária nos EUA, que foi aprovada hoje pela Câmara e segue para o Senado, por aqui, a suspensão de medida de ajuste fiscal por ministro do STF traz incômodo.

Diante da maior aversão dos investidores ao risco, apenas 14 das 59 ações do índice encerraram em alta, com Natura liderando o movimento positivo, seguida da Embraer e Metalúrgica Gerdau.

Do outro lado, os papéis da Smiles figuraram como as maiores perdas do dia, em meio à discussão sobre o Projeto de lei 2.303/2017, do deputado Aureo (SD-RJ), que dispõe da inclusão, além das moedas virtuais, de programas de milhagens aéreas na definição de arranjos de pagamentos sob a supervisão do Banco Central.

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Confira abaixo os principais destaques da Bolsa desta sessão:

Smiles (SMLS3, R$ 73,00, -3,96%)
O Projeto de lei que pode proibir e criminalizar o Bitcoin e outras moedas digitais no Brasil cria também uma reviravolta em uma das melhores ações do Ibovespa em 2017, a Smiles. Com alta de 77% no ano, os papéis SMLS3 caíram 3,32% nesta sessão. Mas não foi apenas ela que sofreu hoje, o seu par, a Multiplus (MPLU3, ), recuou 0,93%, a R$ 34,05, neste pregão; no ano, ela acumula alta menos expressiva, de 10,20%.

A reação negativa ocorreu em meio à discussão sobre o Projeto de lei 2.303/2017, do deputado Aureo (SD-RJ), que dispõe da inclusão, além das moedas virtuais, de programas de milhagens aéreas na definição de arranjos de pagamentos sob a supervisão do Banco Central.

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Embora o projeto não seja novo – as discussões correm nos últimos anos em algumas comissões na Câmara dos Deputados -, o mercado voltou a jogar luz sobre o assunto na semana passada, quando o relator Expedito Netto (PSD-RO) publicou seus comentários preliminares sobre o texto que poderia trazer (se finalmente aprovado) alguns aspectos negativos tanto para as moedas digitais (veja aqui) quanto para as empresas do setor.

Em nota enviada a clientes nesta manhã, os analistas do BTG Pactual destacam os seguintes pontos negativos para os programas de milhagens: o aumento do prazo de validade dos pontos para cinco anos e uma exigência de “cash back” – dinheiro de volta ao invés de milhagens – para os pontos acumulados.

Apesar dos avanços em torno da discussão, eles comentam que ainda acham muito cedo para acreditar que o texto será aprovado no Congresso nesse formato. “O projeto de lei pode ainda receber muitas emendas (provavelmente até fevereiro) para ser votado na Comissão Especial, para depois ser levado para votação em ambas as casas do Congresso”, comentam.

Oi (OIBR3, R$ 3,67, +3,38%; OIBR4, )
As ações ONs da Oi chegaram a subir 4,23%, mas fecharam em queda, enquanto os papéis PNs, que atingiram alta de até 8,64% nesta sessão, encerraram com valorização mais amena de 3,09%.

Após um pedido do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, a assembleia geral dos credores da Oi foi suspensa pouco depois das quatro da tarde. Os bancos públicos solicitaram um período de três horas para que o plano de recuperação da empresa, publicado nesta terça-feira pela Justiça, seja melhor analisado. As instituições financeiras querem fazer ajustes na proposta.

Depois de protagonizar o maior pedido de recuperação judicial da história brasileira, a Oi tenta concluir a batalha que travou nos últimos 18 meses com os credores na assembleia marcada para hoje. A companhia teve de adiar a assembleia pelo menos 3 vezes desde a primeira data reservada no Riocentro, em outubro, por decisões da Justiça. Estarão reunidos no local 4.000 credores. 

Do total de 55.000 credores, Oi já acertou as contas com 30.000 com os quais tinha dívidas de até R$ 50.000 cada.  Já as negociações com os grandes credores não foram tão fáceis, exigindo um ano e meio de idas e vindas entre credores,
acionistas e o governo.

Segundo O Globo, assembleia de credores da Oi tem disputa até o último minuto. A Advocacia-Geral da União (AGU) recomendou, por escrito, à Anatel que vote contra o plano de recuperação judicial da empresa. Já o BNDES votará a favor do plano de recuperação da Oi, segundo o colunista Lauro Jardim, do mesmo jornal. 

Vale (VALE3, R$ 37,85, +0,03%)
As ações da Vale fecharam praticamente estáveis nesta sessão apesar do dia de alta dos preços do minério de ferro. Os contratos futuros da commodity negociados na bolsa chinesa de Dalian subiam 0,76%, a 528,5 iuanes. 

Também mostraram desempenho tímido os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 27,50, +0,18%) – holding que detém participação na Vale -, enquanto as siderúrgicas fecharam entre perdas e ganhos, com Gerdau (GGBR4, R$ 12,11, +1,09%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,57, +0,54%), CSN (CSNA3, R$ 7,41, -1,33%) e Usiminas (USIM5, R$ 8,60, +0,70%). 

No radar, a Vale disse em comunicado que greve em operações de carvão em Moçambique é ilegal. Trabalhadores iniciaram mobilização em 15 de dezembro após a remoção do 14º salário, mudanças estas que foram “legalmente negociadas durante o acordo coletivo trabalhista em 2015”. Segundo a mineradora,  ela elevou salários em 15,6% em 2017, mantendo pagamento do 13º salário. “Esse ato é ilegal e todos os empregados devem retornar ao trabalho”, segundo o comunicado. 

Ainda sobre a companhia, o presidente Michel Temer sancionou texto aprovado pelo Congresso que aumentou os royalties para a produção de minério de ferro, principal produto do setor de mineração do Brasil, de acordo com publicação no Diário Oficial da União desta terça-feira.

Pelo texto, o minério de ferro passará a ter alíquota de 3,5%, ante 2% previamente, o que causou queixa à Vale.  

Petrobras (PETR3, R$ 15,76, -0,51%; PETR4, R$ 15,14, -0,53%)

Descoladas dos preços do petróleo, as ações da Petrobras tiveram leves perdas nesta sessão. Em Londres, os contratos futuros do Brent registravam alta de 0,85%, a US$ 63,77 o barril, enquanto os contratos do WTI subiram 0,5%, a US$ 57,46 o barril. 

No radar, o Credit Suisse divulgou hoje um relatório sobre o anúncio inesperado da Petrobras, de ontem de manhã, sobre a venda de 25% de Roncador por um valor de US$ 2,9 bilhões para a Statoil. Segundo os analistas, o acordo tem uma leitura positiva de que a Bacia de Campos continua sendo um ativo valioso e que pode fornecer liquidez com potenciais farm-outs parciais (vendas parciais dos direitos de concessão detidos pela companhia) e potencial de valorização do ativo com melhora nas taxas de recovery.

“É inegavel que Roncador é um ótimo ativo. Mesmo que considerado maduro, ele continua sendo bem produtivo e com consideravelmente pouca produção de água. Com o investimentos de US$ 2,2 bilhões na área, estimamos que seja possível melhorar o ‘recovery factor’. Se isso acontecer, o potencial de valorização pode ser substancial, com a produção podendo aumentar 50% ou mais no mesmo campo. Assim, a Statoil nos parece ser o melhor parceiro para isso dada sua experiência”, comentam os analistas.

Eles complementam ainda que, com US$ 1,3 bilhão levantado com o IPO da BR Distribuidora e a venda de Roncador, a Petrobras dá mais alguns passos em seu plano de desinvestimentos. Enxergamos ainda bastante potencial de valorização para desalavancar e estimamos que a cada 10 pontos-base de redução no custo da dívida representa US$ 450 milhões no valor do ativo. 

Além disso, no noticiário da estatal, a Petrobras deu início a fase vinculante do processo de alienação integral de sua participação acionária na raucária Nitrogenados (Ansa) e de sua Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), segundo comunicado.

Os interessados habilitados na fase anterior receberão cartas-convite com instruções detalhadas sobre o processo de desinvestimento, incluindo as orientações para realização de due diligence e para envio das propostas vinculantes.

Bancos 

Em dia de cautela dos investidores com o mercado brasileiro, com o revés sofrido pelo governo no STF (Supremo Tribunal Federal) ao vetar as medidas de ajuste fiscal anunciadas neste ano, os papéis dos bancos sofreram perdas nesta sessão. Foram eles: Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 40,85, -0,54%), Bradesco (BBDC4, R$ 32,70, -0,64%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 30,83, -0,58%) e Santander (SANB11, R$ 31,01, -2,05%). 

Valid (VLID3, R$ 17,68, +1,14%)
As ações da Valid subiram pelo terceiro pregão seguido, acumulando no período ganhos de 8%. No radar, depois de ter recusado a proposta da Atos semana passada, o conselho de administração da Gemalto anunciou que aceitou a proposta da Thales (empresa francesa de tecnologia) pela totalidade de suas ações. A Thales vai pagar 4,8 bilhões de euros pela Gemalto, ou 51 euros por ação, um prêmio de 57% sobre o preço de fechamento dos papéis dia 8 de dezembro. Dias antes a Gemalto tinha recusado uma oferta da Atos, de 46 euros por ação. 

Segundo analistas do BTG Pactual, a leitura é positiva para a Valida, já que é positivo ver sua maior concorrente sendo avaliada a um múltiplo bem mais alto que os 5,2 vezes “Valor da Empresa/Ebitda” que a própria Valid está negociando. Eles apontam também que estão finalmente ficando mais construtivos com o papel VLID3 depois do resultado de 3° trimestre (com alguns sinais de recuperação) e a mensagem mais positiva que foi dada pela gestão no Investor Day semana passada. 

AES Tietê (TIET11, R$ 12,80, -1,16%)

A AES Tietê prevê investir cerca de R$ 280 milhões em AGV Solar. Complexo Solar Água Vermelha, ou AGV Solar, será construída no Estado de São Paulo com capacidade instalada de 94 MWp (75 MWac) e início do desembolso do investimento total estimado está previsto para 2º semetre de 2018, em conjunto com a construção do Complexo Solar Boa Hora, segundo comunicado. A capacidade de geração certificada da AGV Solar é de aproximadamente 28%. 

Na segunda-feira, a AES Tietê obteve no 25º Leilão de Energia Nova A-4/2017 o direito de comercializar, no mercado regulado, energia a ser gerada por AGV Solar. A  AGV Solar possui garantia física de 19,8 MWm de energia contratada por 20 anos, ao preço médio de R$ 145,96/MWh, com reajuste anual pelo IPCA. A energia gerada acima da garantia física será comercializada no mercado de curto prazo. A participação no leilão segue estratégia da companhia de “crescimento e diversificação de, até 2020, compor 50% de seu Ebitda com fontes não hidráulicas com contratos de compra e venda de energia elétrica de longo prazo”, diz AES Tietê no comunicado.

Renova (RNEW11, R$ 5,91, +0,68%)

Segundo a Coluna do Broad, do Estadão, a  Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já abriu dois processos administrativos relacionados à proposta do fundo canadense Brookfield para ficar com o controle da empresa do setor de energia Renova. A operação acabou gerando muitas dúvidas entre os acionistas minoritários da companhia. Um dos processos foi instaurado pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP) e trata do aumento de capital incluído na proposta. O outro veio da Superintendência de Registro (SRE) e diz respeito à eventual oferta pública de aquisição ações (OPA) por alienação de controle.

(Com Agência Estado e Bloomberg)