Mercado desistiu da Previdência? Ibovespa cai 1% e dólar salta 1,7% após falas de integrantes do governo

Índice tem sessão de forte queda diante das falas de integrantes do governo, que colocaram dúvidas sobre o futuro da Previdência

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa voltou a ter uma sessão de bastante pessimismo do mercado diante de diversos sinais negativos de integrantes do governo sobe a reforma da Previdência. Beto Mansur, vice-líder do governo, admitiu que o governo não possui os votos necessários para aprovar o texto e que pretende adiar mais uma vez a votação do texto. Com isso, o mercado deixou de lado a decisão do Copom na véspera, que cortou a Selic para a mínima histórica de 7% ao ano.

Segundo uma fonte da Bloomberg, o presidente da Câmara Rodrigo Maia transmitiu a investidores tom de pessimismo quanto à possibilidade de aprovação da reforma. Enquanto isso, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi, afirmou que não há votos para a Previdência na semana que vem.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com queda de 1,07%, aos 72.487 pontos, após chegar a recuar 2,61% na mínima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 9,049 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, também teve uma sessão de bastante estresse, saltando 1,73%, cotado a R$ 3,2865 na venda. Enquanto isso, os juros futuros subiram mesmo após o Copom (Comitê de Política Monetária) deixar a porta aberta para novos cortes na reunião de fevereiro.

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Segundo Pablo Spyer, diretor da mesa de operações da Mirae Asset Wealth Management, neste momento o mercado de juros futuros aponta para 60% de probabilidade de um corte de 25 pontos na taxa básica de juros na próxima reunião do Copom, contra cerca de 40% pela manutenção dos atuais 7% ao ano. Ele, no entanto, mantém o ceticismo quanto a essa possibilidade, preocupado já com os efeitos de potencial pressão inflacionária.

Ainda de acordo com ele, os DIs com vencimento em dezembro de janeiro indicam uma aposta majoritária do mercado em Selic a 8,25%, ao passo que os papéis com vencimento em novembro de 2019 indicam aperto monetário ainda mais significativo, com maior probabilidade de taxa de juros a 10,75%.

Temer esperava na noite da última quarta-feira (6) determinar quantos congressistas estão a favor da reforma da Previdência, mas o governo (e o mercado) ainda não tem a resposta que tanto quer. Em entrevista após o encontro, o vice-líder do governo, Beto Mansur, admitiu um apoio de apenas 260 votos, muito longe do que a PEC exige e abaixo dos 290 parlamentares citados mais cedo. Em vista da negativa, o deputado afirmou que Temer pretende adiar a votação para o dia 18, antes esperada para o dia 13, sinalização clara que o governo ainda não tem os votos necessários.

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Reforçando o coro, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), afirmou que o governo não possui neste momento os votos necessários para aprovar o texto da reforma da Previdência e que não será votada na semana que vem: “não há condições de votar a reforma da Previdência na semana que vem”, afirmou em entrevista à Bloomberg.

Vale ressaltar que, na véspera, o PMDB e o PTB fecharam questão para apoiar a reforma, sendo que o aval do partido do presidente animou os ativos brasileiros no final da sessão, mas isso não é o suficiente. Em vista da dificuldade para aprovar a reforma da Previdência, o governo está “revirando suas gavetas” para encontrar uma boa moeda de troca para conquistar os 308 congressistas necessários para legitimar o texto no plenário da Câmara.

Na noite da última quarta-feira (6), foi aprovado um pacote de projetos com impacto de R$ 30,2 bilhões nas contas públicas ao longo dos próximos 15 anos, mas Temer promete ainda liberar R$ 500 milhões para centrais sindicais e negociar mais R$ 3 bilhões para emendas parlamentares – veja mais aqui.

3 fatores que levaram ao fracasso da Previdência
Mesmo após a decisão de reduzir o sarrafo para colocar em votação o texto da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados da faixa dos 330 apoiadores para pelo menos 290, os esforços da tropa de choque do presidente Michel Temer não foram suficientes e o governo se viu obrigado a adiar mais uma vez a definição de uma data para a apreciação em primeiro turno das medidas. Mas o que está dando errado desta vez? Pelo menos 3 hipóteses devem ser consideradas por esse fracasso: i) tempo e recursos escassos; ii) desgaste pré-eleições; iii) acordos pendentes – confira aqui a reportagem completa.

Copom deixa porta aberta para novos cortes
O Copom decidiu por unanimidade reduzir a Selic em 50 pontos-base, cravando o décimo corte consecutivo e levando para a mínima histórica em 7% ao ano. Segundo a avaliação dos analistas, o BC deixou a porta aberta para um corte de taxa de 25 pontos-base na reunião de fevereiro, mas a manutenção da política expansionistas dependerá do avanço da agenda de reformas, condicionante que está assustando o mercado hoje em vista do recuo do governo.

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as estatais, que caíram forte acompanhando o pessimismo do mercado, enquanto na ponta positiva, as ações da Embraer (EMBR3) se salvaram da derrocada do índice em vista da forte alta do dólar.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 17,63 -4,39 +35,83 101,32M
 BBAS3 BRASIL ON 30,77 -3,87 +12,67 453,49M
 WEGE3 WEG ON 23,06 -3,31 +51,18 28,20M
 NATU3 NATURA ON 30,64 -2,73 +33,78 30,52M
 BRFS3 BRF SA ON 35,86 -2,66 -25,68 208,32M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 16,14 +1,51 +2,23 40,81M
 VIVT4 TELEF BRASILPN 50,25 +1,31 +19,15 106,83M
 GGBR4 GERDAU PN 11,27 +1,26 +4,84 121,04M
 SMLS3 SMILES ON EJ 77,00 +0,65 +85,36 32,93M
 CSAN3 COSAN ON 35,46 +0,54 -4,66 39,91M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 35,34 -1,17 700,06M 689,50M 41.912 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 41,89 -0,33 598,15M 393,24M 22.927 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,26 -1,68 570,48M 645,29M 32.757 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 32,87 -0,72 496,88M 306,37M 25.794 
 BBAS3 BRASIL ON 30,77 -3,87 453,49M 314,36M 28.518 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 22,04 -1,83 366,70M 210,62M 34.666 
 BRFS3 BRF SA ON 35,86 -2,66 208,32M 129,56M 26.350 
 ITSA4 ITAUSA PN ED 10,48 -1,13 192,22M 151,18M 20.591 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,73 +0,10 186,13M 268,10M 20.028 
 PETR3 PETROBRAS ON 15,86 -0,88 172,17M 139,15M 20.769 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.