Ibovespa azeda e dólar comercial dispara com votação da Previdência cada vez mais distante

Copom deixa condicionado novos cortes com avanço da agenda de reformas

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – O Ibovespa registrava baixa de 1,51%, aos 72.160 pontos, às 12h52 desta quinta-feira (7), após o vice-líder do governo, Beto Mansur, admitir que o governo não possui os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência e que pretende adiar mais uma vez a votação do texto. Em vista dessa indefinição, que eleva a percepção de risco dos investidores, o dólar comercial sobe 2,41%, se aproximando de R$ 3,31 na venda, enquanto os juros futuros sobem mesmo após o Copom (Comitê de Política Monetária) deixar a porta aberta para novos cortes na reunião de fevereiro.

Temer esperava na noite da última quarta-feira (6) determinar quantos congressistas estão a favor da reforma da Previdência, mas o governo (e o mercado) ainda não tem a resposta que tanto quer. Em entrevista após o encontro, o vice-líder do governo, Beto Mansur, admitiu um apoio de apenas 260 votos, muito longe do que a PEC exige e abaixo dos 290 parlamentares citados pela manhã. Em vista da negativa, o deputado afirmou que Temer pretende adiar a votação para o dia 18, antes esperada para a próxima quarta-feira (13), sinalização clara que o governo ainda não tem os votos necessários, já que pretende encarar o plenário somente com a questão fechada.

Reforçando o coro, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), afirmou que o governo não possui neste momento os votos necessários para aprovar o texto da reforma da Previdência e que não será votada na semana que vem: “não há condições de votar a reforma da Previdência na semana que vem”, afirmou em entrevista à Bloomberg.

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Vale ressaltar que, na véspera, o PMDB e o PTB fecharam questão para apoiar a reforma, sendo que o aval do partido do presidente animou os ativos brasileiros no final da sessão, mas isso não é o suficiente. Em vista da dificuldade para aprovar a reforma da Previdência, o governo está “revirando suas gavetas” para encontrar uma boa moeda de troca para conquistar os 308 congressistas necessários para legitimar o texto no plenário da Câmara. Na noite da última quarta-feira (6), foi aprovado um pacote de projetos com impacto de R$ 30,2 bilhões nas contas públicas ao longo dos próximos 15 anos, mas Temer promete ainda liberar R$ 500 milhões para centrais sindicais e negociar mais R$ 3 bilhões para emendas parlamentares – veja mais aqui.

3 fatores que levaram ao fracasso da Previdência
Mesmo após a decisão de reduzir o sarrafo para colocar em votação o texto da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados da faixa dos 330 apoiadores para pelo menos 290, os esforços da tropa de choque do presidente Michel Temer não foram suficientes e o governo se viu obrigado a adiar mais uma vez a definição de uma data para a apreciação em primeiro turno das medidas. Mas o que está dando errado desta vez? Pelo menos 3 hipóteses devem ser consideradas por esse fracasso: i) tempo e recursos escassos; ii) desgaste pré-eleições; iii) acordos pendentes – confira aqui a reportagem completa.

Copom deixa porta aberta
O Copom decidiu por unanimidade reduzir a Selic em 50 pontos-base, cravando o décimo corte consecutivo e levando para a mínima histórica em 7% ao ano. Segundo a avaliação dos analistas, o BC deixou a porta aberta para um corte de taxa de 25 pontos-base na reunião de fevereiro, mas a manutenção da política expansionistas dependerá do avanço da agenda de reformas, condicionante que está assustando o mercado hoje em vista do recuo do governo. 

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Por conta disso, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 subiam 5 pontos-base, negociados a 7,09%, enquanto os contratos de 2021 operavam em alta de 18 pontos-base, cotados a 9,34%. Enquanto isso, o dólar futuro com vencimento em janeiro registrava valorização de 2,20%, aos 3.315 pontos.

Destaques do mercado

Do lado negativo, destaque para as estatais, que recuam forte acompanhando o pessimismo do mercado, enquanto na ponta positiva, as ações da Embraer (EMBR3) se salvam da derrocada do índice em vista da forte alta do dólar.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 17,72 -3,90 +36,52 30,24M
 BBAS3 BRASIL ON 30,85 -3,62 +12,97 183,02M
 BRFS3 BRF SA ON 35,54 -3,53 -26,34 78,96M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 21,43 -3,25 -12,08 13,33M
 CPLE6 COPEL PNB 22,29 -3,09 -15,39 9,25M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 EMBR3 EMBRAER ON 15,98 +0,50 +1,22 12,41M
 PETR3 PETROBRAS ON 16,03 +0,19 -5,37 58,49M

 

* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

Bolsas mundiais

As bolsas europeias sobem após dois dias de perdas em meio à realização de lucros, mas o movimento é limitado pelas ações do setor de mineração, que mais uma vez pressionam os mercados em vista da forte queda do minério de ferro na China. Diante de receios sobre a demanda do gigante asiático e à espera pela balança comercial de novembro na noite de hoje, os contratos futuros da commodity recuaram 7,5%.

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quinta-feira, refletindo também a forte queda do minério de ferro: “ainda há uma série de catalisadores que precisamos esperar se concretizar antes de estabelecermos uma visão de curto ou médio prazos”, comentou Woon Tian Yong, analista do Informa Global Markets.

Às 12h52, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones (EUA) +0,18%

*S&P 500 (EUA) +0,10%

*Nasdaq (EUA) +0,29%

*CAC-40 (França) +0,05%

*FTSE (Reino Unido) +0,13%

*DAX (Alemanha) +0,16% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,28% (fechado)

*Xangai (China) -0,67% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,45% (fechado)

*Petróleo WTI +0,79%, a US$ 56,40 o barril

*Petróleo brent +0,96%, a US$ 61,79 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -7,48%, a 494,5 iuanes