Ibovespa Futuro segue indefinição do exterior e sinaliza pregão de cautela após dia positivo

Contratos futuros do índice abrem sem movimento claro, com investidores no aguardo de novos 'drivers'

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma sessão de otimismo dos investidores com a reforma tributária de Donald Trump nos Estados Unidos e a percepção de avanços nas negociações para a votação da reforma da Previdência no cenário doméstico, o Ibovespa Futuro iniciou a terça-feira (5) em leve movimento positivo, na esteira da indefinição dos principais índices acionários globais. Às 9h06 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em dezembro deste ano avançavam 0,04%, a 73.055 pontos.

No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 recuavam 1 ponto-base, a 7,04%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 subiam 1 ponto-base, a 9,23%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em janeiro de 2018 operavam estáveis, sinalizando cotação de R$ 3,252.

“O otimismo de ontem no mercado local pode ser mantido na sessão de hoje, desde que as boas notícias sobre a reforma da Previdência continuem a circular. Os mercados reagiram em alta em todo o mundo a partir de negociações destravadas do Brexit (faltam dois ou três pontos a serem acertados na semana), Angela Merkel da Alemanha negociando coalizão e reforma tributária de Trump com boas chances de ser aprovada em 2017”, observou o economista-chefe do home broker Modalmais, Alvaro Bandeira.

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Confira ao que se atentar neste pregão:

Bolsas mundiais

As bolsas europeias e S&P futuro operam sem direção clara, com investidores monitorando trabalho da Câmara e Senado para finalizar pacote que corta impostos nos Estados Unidos. No Velho Continente, atenção ainda para as negociações sobre o Brexit. A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, não conseguiu acertar um acordo para a desfiliação britânica da União Europeia, com negociadores do bloco em Bruxelas na última segunda-feira (4), apesar de relatos de um entendimento mediante o qual a Irlanda do Norte sob controle britânico continuaria alinhada aos regulamentos do bloco.

Já as bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em baixa nesta terça-feira, com uma última onda de liquidação de ações de tecnologia em Wall Street pesando nos negócios de Japão, Taiwan, Hong Kong e Shenzhen. Grandes empresas de tecnologia norte-americanas, como Microsoft, Amazon.com e Facebook, tiveram fortes perdas em Nova York ontem, influenciando ações do setor em partes da Ásia.

No mercado de commodities, o cobre e níquel lideram baixa entre metais industriais com receios de que alta recente seja insustentável, enquanto o petróleo tem leve baixa, mas mantendo-se acima de US$ 57 antes de relatório sobre produção dos EUA. 

Às 9h02 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones Futuro +0,24%

*CAC-40 (França) -0,65%

*FTSE (Reino Unido) +0,01%

*DAX (Alemanha) -0,44% 

*FTSE MIB -0,42%

*Hang Seng (Hong Kong) -1,01% (fechado)

*Xangai (China) -0,20% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,37% (fechado)

*Petróleo WTI -0,44%, a US$ 57,22 o barril

*Petróleo brent -0,21%, a US$ 62,29 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,46%, a 539,5 iuanes

Agenda de indicadores

A terça-feira marca o início da última reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária), que será encerrada na próxima quarta-feira (5). A expectativa é de que haja mais um corte de 50 pontos-base na Selic, que deve encerrar o ano na mínima histórica de 7%. Nos EUA, às 12h45 serão divulgados os dados de PMI de serviços e composto da Markit e às 13h, os dados do ISM. 

Mais cedo, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados da produção industrial. O indicador apontou alta de 0,2% em outubro ante setembro, em linha com a mediana das estimativas dos economistas consultados pela Bloomberg. É o segundo mês consecutivo de variação positiva, puxado sobretudo pelos setores farmacêutico, de bebidas, vestuário, metalurgia e máquinas e equipamentos.

Reforma da Previdência

Os esforços para votar a reforma da previdência seguem sendo destaque no noticiário político. Ontem à noite, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, até a próxima quinta-feira (7), espera avançar na organização da base de parlamentares para aprovar a reforma da Previdência. De acordo com Maia, a base deverá ser composta por 330 deputados, o que não significa que a reforma terá todos os votos a favor. Ele deixou claro, contudo, que não trabalha com números. 

Enquanto isso, o presidente Michel Temer faz manobra por apoio do PSDB à reforma da Previdência, conforme informa o jornal Valor Econômico. Enquanto os dirigentes dos sete partidos da base – PMDB, PP, DEM, PR, PRB, PTB e PSD – sugerem firmar pacto por reforma, eles pressionam o governador de São Paulo e presidenciável tucano Geraldo Alckmin a garantir votos do PSDB. A fala do ministro Henrique Meirelles de que Alckmin não seria candidato do governo faria parte da estratégia de pressão, sendo um recado ao PSDB. O grupo tenta passar ideia de que fracasso da reforma prejudica a economia e favoreceria candidaturas de Lula e Bolsonaro em 2018.

Segundo a LCA Consultores, o lançamento mais contundente da candidatura Meirelles à presidência serve para pressionar Geraldo Alckmin a assumir uma postura mais próxima ao governo a fim de manter aberta a porta à chance de ele ser o representante único do grupo de partidos que se juntaram para aprovar o impeachment e sustentar o governo Temer no Congresso.   

Porém, os tucanos seguem divididos e, para não fechar questão sobre nova Previdência, ala do PSDB prega boicote a reunião do partido amanhã que decidirá sobre fechamento ou não de questão sobre a reforma. 

Além disso, a votação segue cercada de promessas. Conforme informa o jornal O Globo, no jantar de domingo, na casa do presidente da Câmara,  o governo mudou sua estratégia e acenou até mesmo com promessas de apoio nas eleições de 2018 para convencer os deputados a votarem a favor das mudanças na aposentadoria. Lembrou que quem votar pela aprovação poderá ser beneficiado em coligações e na distribuição de tempo de TV e de recursos para suas bases, além do fundo eleitoral. Já o ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha afirmou que os municípios terão R$ 3 bilhões se a reforma for aprovada.

De olho em 2018

As movimentações para 2018 também seguem no radar. Líder nas últimas pesquisas eleitorais e considerado o nome mais forte da esquerda, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está longe de ser uma unanimidade nesse espectro político. De acordo com a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, setores da Frente Brasil Popular (composto por representantes de diversos setores da esquerda, alguns críticos ao PT) vão trabalhar para que não haja apoio à candidatura do ex-presidente Lula, em meio à leitura de que o aval ao petista dividiria o grupo no ano que vem. 

Aliás, sobre Lula, vale destacar ainda a situação do ex-presidente sobre o julgamento em segunda instância no caso “triplex do Guarujá”, que pode torná-lo inelegível caso a sentença de Sérgio Moro seja confirmada. O desembargador João Pedro Gebran Neto concluiu seu voto no recurso apresentado pelo ex-presidente no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4.ª Região), indicando que o trâmite no tribunal aponta que o julgamento na segunda instância deverá ocorrer antes do início da campanha presidencial, possivelmente ainda no primeiro semestre de 2018, segundo informa o Estadão, enquanto a Folha de S. Paulo aponta que o julgamento deva ocorrer já em março. 

Noticiário corporativo

O radar das empresas tem como destaque as recomendações de ações. A Vale foi elevada de neutra para outperform pelo Credit Suisse, enquanto o Santander, mais seletivo com o varejo, tem a Lojas Americanas como top pick. Já o CEO da Usiminas afirmou que a siderúrgica está perto de reduzir em R$ 900 milhões sua dívida. Por fim, a Petrobras elevou o preço do diesel em 0,7% e cortou a gasolina em 1,3%, com preços válidos a partir de hoje.

(com Agência Brasil e Agência Estado)

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.