Ibovespa destoa do exterior e inicia dezembro em alta, embalado por commodities

Alta do petróleo anima investidores e índice volta a subir após perder 2.200 pontos em dois dias

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em um pregão marcado pela volatilidade, entre o pessimismo dos investidores internacionais e os fortes ganhos para as commodities, o Ibovespa conseguiu encerrar uma sequência de dois dias de queda, quando acumulou perdas de 2.200 pontos, e iniciar dezembro com o pé direito. Nesta sexta-feira (1), o benchmark da bolsa brasileira fechou com variação positiva de 0,41%, a 72.264 pontos, na contramão do desempenho dos principais índices acionários globais. O giro financeiro negociado na B3 foi de R$ 7,74 bilhões.

Apesar do dia positivo, o benchmark acumulou perdas de 2,55% em sua quinta semana negativa em sete. Pesou sobre o desempenho do índice nos últimos cinco dias o maior ceticismo dos investidores quanto à capacidade do governo de Michel Temer em fazer avançar a proposta da Reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados antes do recesso parlamentar. A percepção de que não há votos suficientes e as movimentações deverão ficar para o ano que vem contaminou os agentes financeiros, que optaram por postura mais cautelosa nos últimos pregões. A sexta-feira, contudo, foi dia de leve recuperação, a despeito do resultado abaixo do esperado do PIB, puxado sobretudo pelo desempenho tímido do agronegócio. Ainda assim, a percepção de que a economia segue em recuperação prevalece, sobretudo por um desempenho mais animador da indústria e dos serviços.

No mercado de juros futuros, o dia foi de leve queda para os papéis longos e alta para os curtos. Os DIs com vencimento em janeiro de 2019 avançaram 1 ponto-base, a 7,10%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuaram 2 pontos-base. Do lado do câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,45% ante o real, pressionado pela “bazuca” do Banco Central — veja mais aqui.

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Confira os destaques deste pregão:

Destaques da Bolsa

O bom desempenho do petróleo no mercado internacional ajudou a embalar as ações da Petrobras (PETR3, R$ 16,11, +1,00%; PETR4, R$ 15,61, +1,50%) no pregão desta sexta-feira. No noticiário da companhia, chama atenção a apresentação à ANP (Agência Nacional de Petróleo) de declaração de comercialidade da acumulação de petróleo localizada na porção noroeste do bloco de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos.

As ações da Vale (VALE3, R$ 35,48, +0,97%) subiram acompanhando a alta do minério de ferro nesta sessão. O minério negociado em Dalian teve alta de 1,94%, a 526 iuanes. Seguiram o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 25,50, +0,75%) – holding que detém participação na mineradora – e siderúrgicas, como Usiminas (USIM5, R$ 8,82, +3,04%) e CSN (CSNA3, R$ 7,43, +0,95%).

O radar de recomendações foi bastante movimentado e guiou o desempenho de muitas ações na bolsa. Após o Santander, foi a vez do Credit Suisse reduzir a recomendação para Fibria (FIBR3, R$ 44,70, -1,04%) e Suzano (SUZB3, R$ 17,74, +1,31%) de compra para manutenção. O preço-alvo dos papéis da primeira foi reduzido de R$ 60 para R$ 48 e o de Suzano foi reduzido de R$ 24 para 20. A percepção mais negativa ocorre em meio à viagem dos analistas do setor à China, apontando uma percepção mais negativa para o preço de celulose no curto prazo, podendo ter uma queda já no primeiro trimestre de 2018.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 12,61 +4,82 +59,45 35,95M
 RENT3 LOCALIZA ON EB 20,66 +3,15 -35,87 28,18M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,82 +3,04 +115,12 162,27M
 CCRO3 CCR SA ON 16,31 +3,03 +5,81 104,38M
 BRML3 BR MALLS PARON 12,45 +2,98 +20,49 65,03M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CPFE3 CPFL ENERGIAON 20,02 -4,62 -19,90 90,74M
 SMLS3 SMILES ON 73,65 -1,80 +77,18 36,78M
 KROT3 KROTON ON 17,83 -1,60 +37,37 127,04M
 RAIL3 RUMO S.A. ON 12,85 -1,31 +109,28 82,13M
 TAEE11 TAESA UNT N2 21,02 -1,22 +8,42 19,18M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,61 +1,50 666,13M 643,98M 42.891 
 VALE3 VALE ON 35,48 +0,97 609,76M 689,74M 30.804 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 30,78 +2,84 340,06M 308,89M 21.762 
 BBDC4 BRADESCO PN 32,57 -0,25 262,56M 337,75M 21.597 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 41,26 +0,01 250,79M 435,64M 20.830 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON EJ 23,02 -0,95 183,31M 207,58M 24.641 
 USIM5 USIMINAS PNA 8,82 +3,04 162,27M 188,50M 14.100 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,45 -0,54 161,95M 291,40M 21.295 
 GOAU4 GERDAU MET PN ED 5,07 0,00 145,76M 79,10M 10.052 
 BRFS3 BRF SA ON 38,50 +0,05 143,45M 117,44M 12.321 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Revés de Trump

Os investidores aguardavam para ontem a aprovação da reforma tributária do presidente Donald Trump no plenário do Senado, mas houve adiamento. Nesta sessão, as lideranças republicanas indicaram ter votos suficientes para avançar com a medida, o que chegou a animar os investidores em Wall Street. Contudo, a notícia de que o ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn estaria preparado para testemunhar contra Trump preocupou os investidores. 

De acordo com a ABC, Flynn confirmou que deu falso testemunho sobre seus contatos com o embaixador de Moscou em Washington, Sergey Kislyak, durante o período de transição do governo no ano passado. O ex-conselheiro prestou depoimento ao FBI em janeiro, quatro dias depois da posse de Trump, quando negou ter se encontrado com Kislyak. De acordo com a emissora norte-americana, Flynn terá também concordado em testemunhar que foi Trump, ainda candidato presidencial, a ordenar-lhe para contactar com os russos. A notícia de que Flynn assumiu ter mentido aos investigadores indicam que ele decidiu colaborar com a equipe do procurador especial, Robert Mueller, responsável pelo inquérito que apura as supostas interferências da Rússia nas eleições norte-americanas de 2016.

Fim de semana decisivo para Previdência

No sábado, Temer e Alckmin vão juntos participar de evento do “Minha Casa Minha Vida” no interior de São Paulo e devem finalmente fechar a aliança para a candidatura única de centro que disputará a eleição ao Planalto no ano que vem, assim como ajustar os últimos detalhes para o desembarque dos tucanos do governo, para enfim acomodar o centrão nos ministérios e, quem sabe, reunir os votos necessários para votar a Previdência.

Com a janela para a aprovação da reforma se fechando, Temer convocou uma reunião para discutir o tema no domingo, na residência oficial do presidente da Câmara, com líderes e presidentes dos partidos da base, para fazer um levantamento final sobre os votos. Levantamento feito pela Folha de S. Paulo aponta que 212 deputados são contra a reforma, tornando impossível a aprovação da proposta, que precisa de votação maciça por ser tratar de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que precisa de 308 votos dos 513 deputados. Apenas 42 deputados disseram ser favoráveis ao projeto tal como apresentado pelo governo Michel Temer. Outros 11 se disseram favoráveis parcialmente, divergindo da proposta em relação a itens como exigência de idade mínima e limitação para o acúmulo de pensões. 

Em meio a esse cenário, o governo busca uma solução intermediária. Segundo o jornal O Globo, para não correr o risco de pautar votação da matéria este ano e ser derrotado, governo considera adiar reforma da Previdência para 2018. Mas, no discurso, por enquanto, a expectativa é que se vote ainda esse ano, mas que fique para a segunda semana de dezembro.

PIB abaixo do esperado

A economia brasileira registrou crescimento de 0,1% no terceiro trimestre, enquanto o mercado esperava avanço de 0,3% na base trimestral. Apesar de abaixo do esperado, essa foi a terceira alta seguida. O setor agropecuário decepcionou ao registrar queda de 3% frente aos três meses anteriores, enquanto a indústria cresceu 0,8% e o setor de serviços apontou avanço de 0,6%. Na comparação anual, o crescimento apontado foi de 1,4%, superando a expectativa de +1,3%.

Bolsas mundiais

A indefinição quanto à reforma tributária reduziu o apetite a riscos por parte dos investidores em Wall Street no início do pregão. Os principais índices acionários norte-americanos chegaram a esboçar reação, mas a notícia de que Michael Flynn estaria disposto a testemunhar contra o presidente Donald Trump no processo que trata de supostas relações com o governo russo durante o período eleitoral voltou a derrubar o ânimo dos investidores. As preocupações do mercado são que a informação atrapalhe no andamento da reforma tributária planejada pelo governo. O maior pessimismo foi acompanhado pelas bolsas Européias, onde os principais índices acionários fecharam em queda.

No mercado de commodities, o petróleo tem segundo alta após Opep prolongar cortes até final de 2018, enquanto o mercado esperava até o final de março do ano que vem, ao passo que os contratos futuros de minério de ferro na China subiram pela sinalização da ArcelorMittal de que retomada do setor está longe de acabar.

Este foi o desempenho dos principais índices do mercado:

*Dow Jones (EUA) -0,60%

*S&P 500 (EUA) -1,07%

*Nasdaq (EUA) -1,39%

*CAC-40 (França) -1,04%

*FTSE (Reino Unido) -0,36%

*DAX (Alemanha) -1,25% 

*Hang Seng (Hong Kong) -1,51% (fechado)

*Xangai (China) -0,35% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,41% (fechado)

*Petróleo WTI +1,55%, a US$ 58,29 o barril

*Petróleo brent +1,56%, a US$ 63,61 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,94%, a 526 iuanes

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.