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SÃO PAULO – O “choque de realidade” provocado pela constatação de que o governo enfrenta mais dificuldades para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados ainda neste ano, a despeito dos movimentos do presidente Michel Temer no sentido de reorganizar a base aliada, provocou uma onda de aversão a risco no mercado nos últimos dois pregões e fez com que o Ibovespa encerrasse um período de cinco meses sem quedas acumuladas. Em novembro, o benchmark da bolsa brasileira somou perdas de 1,33%, a 71.733 pontos, em seu pior mês desde maio, quando as delações de Joesley Batista e companhia abalaram o país e levaram o índice a um recuo acumulado de 4,12%.
O movimento do Ibovespa em novembro deve-se muito ao recuo de 1,33% desta quinta-feira (30) e de 1,94% na última quarta-feira (28). O giro financeiro deste pregão foi de R$ 26,30 bilhões, quase três vezes a média dos últimos dias. Neste pregão, o mercado repercutiu com preocupação a avaliação de Rodrigo Maia (DEM-RJ) de que o governo ainda tem enfrentado dificuldades para arrumar a casa. Em evento realizado em São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados afirmou que a votação da Repetro na noite da última quarta-feira evelou como a base aliada do governo não está organizada e como será difícil votar o texto da Previdência, tema ainda mais complexo. Após horas de obstrução dos parlamentares de oposição, a Medida Provisória sobre o tratamento tributário para exploração de petróleo e gás natural foi aprovada com o apoio de apenas 208 parlamentares. Segundo Maia, isso evidência como será complicado atingir os 308 votos necessários para a PEC: “não estou pessimista, estou realista”, disse.
Na avaliação do comandante da Câmara, a comunicação da reforma da Previdência foi mal feita pelo governo e isso está contaminando a votação, uma vez que estamos a um das eleições: “a reforma tem enfrentado dificuldades entre os deputados de partidos da base”, disse. Em meio a sinalizações de articuladores do governo de que talvez não seja possível colocar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) em votação em primeiro turno no plenário da casa na próxima semana, Maia disse que não tem como definir o calendário da matéria neste momento, justamente por não haver apoio necessário.
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Pessimismo crescente
Na sessão passada, o índice engatilhou uma forte queda logo após o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, frear o ímpeto do PSDB em realizar uma “reforma da reforma” (veja mais aqui), ao dizer que o governo não está disposto a mudar ainda mais o texto da Previdência porque ele chegou “no osso”. Com isso, os investidores estão receosos que sem as alterações sugeridas pelo PSDB nem mesmo Geraldo Alckmin, que assumiu a presidência da sigla para unir o partido, será capaz de criar um consenso entre os tucanos, mesmo que a agenda da reforma seja uma dos pilares do plano político da sigla. Para embaralhar ainda mais esse jogo político, de acordo com a coluna do Estadão, do jornal O Estado de S. Paulo, o PMDB tem na mesa três condições para apoiar a candidatura do governador Geraldo Alckmin ao Planalto: i) PSDB aprovar não só a reforma da Previdência como também a tributária, que voltará a ser prioridade do governo; ii) Alckmin se comprometer a defender o legado do presidente Michel Temer antes, durante e depois da campanha; iii) indicar um candidato comum ao governo de São Paulo. As dificuldades de Temer junto à base são admitidas pelos próprios aliados, a começar pelo deputado Beto Mansur, vice-líder do governo na Câmara, que admitiu que não será possível votar a reforma na próxima semana. Mesmo assim, Rodrigo Maia quer realizar na semana que vem uma espécie de “esquenta” da Previdência, segundo informações do Valor Econômico, a fim de medir a real força da base aliada (veja mais aqui). Por isso, o governo terá que mover estrategicamente suas peças para conseguir os 308 congressistas para aprovar o texto na Câmara. Com a janela para a aprovação da reforma se fechando, Temer convocou uma reunião para discutir o tema no domingo, na residência oficial do presidente da Câmara, com líderes e presidentes dos partidos da base, para fazer um levantamento final sobre os votos, revela O Globo. Segundo as contas preliminares, o governo possui no máximo 250 votos, ainda muito longe do ideal para evitar surpresas na hora da votação. Sem os votos necessários, a base aliada segue forçando o presidente por mais concessões. Além da “reforma da reforma” do PSDB (veja mais aqui), o presidente Michel Temer precisa estabelecer uma estratégia efetiva de conquista de corações e mentes da grande massa de deputados. O baixo clero continua sem posição ideológica na temática previdenciária, mas tem sido impactada pelo pragmatismo da reeleição no ano que vem – confira a análise completa. Sendo assim, a única alternativa para converter apoio do “chão de fábrica” do parlamento seria resolvendo problemas pontuais de cada congressista no sentido de ajudá-los em seus planos para 2018. Pelo cálculo parlamentar, dependendo da contrapartida oferecida pelo Palácio do Planalto, pode valer a pena o desgaste da votação de uma medida impopular. A dúvida seria se resta tempo para negociações no varejo, credibilidade e caixa suficiente para arcar com esses custos. Assim, os próximos dias serão fundamentais para o governo e para a reforma da Previdência não levar um verdadeiro xeque-mate. Juros futuros e dólar
Em meio ao cenário de maior pessimismo no âmbito doméstico, os contratos de juros futuros longos tiveram mais um dia de alta, assim como o dólar. Os DIs com vencimento em janeiro de 2021 avançaram 3 pontos-base, a 9,34%, ao passo que os papéis com vencimento em janeiro de 2019 recuaram 2 pontos, a 7,09%. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em dezembro deste ano subiram 0,77%, sinalizando cotação de R$ 3,282. O dólar comercial avançou 0,97% ante o real, cotado a R$ 3,2716 na venda. Destaques da Bolsa
Do lado acionário, os papéis da Vale (VALE3, R$ 35,14, -1,57%) caíram apesar do dia de alta dos preços do minério de ferro. Os contratos futuros da commodity negociados na bolsa chinesa de Dalian subiram 2,87%, a 520 iuanes. Acompanharam o movimento negativo as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 25,31, -0,75%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 11,08, -0,18%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,07, -1,17%), CSN (CSNA3, R$ 7,36, -2,13%) e Usiminas (USIM5, R$ 8,56, -3,82%). A Suzano (SUZB3, R$ 17,51, -2,69%) anunciou nesta quinta-feira que vai elevar os preços de celulose para Ásia, Europa e América do Norte. O reajuste de US$ 30 a tonelada será válido a partir de 1° dezembro, segundo informou a assessoria de imprensa da companhia à Bloomberg. O preço subirá para US$ 820 a tonelada na China, para US$ 1.000 a tonelada na Europa e para US$ 1.190 a tonelada na América do Norte. O Ministério de Minas e Energia informou a Eletrobras (ELET3, R$ 18,73, -6,30%; ELET6, R$ 21,36, -5,74%) que propôs ao presidente da República que a empresa seja privatizada com uma operação de aumento de capital, que poderá ser seguida por uma oferta secundária de ações pertencentes à União. “A proposta deste Ministério prevê que a desestatização dar-se-á por meio de aumento de capital mediante subscrição pública de ações ordinárias, sendo vedado à União, direta ou inderetamente… subscrever novas ações decorrentes do aumento de capital”, disse o ministério em nota enviada à estatal, acrescentando que a proposta foi levada a Michel Temer. As ações da Petrobras viraram para alta, seguindo o movimento positivo dos preços do petróleo. Em Londres, os contratos futuros do petróleo Brent subiram 0,73%, a US$ 63,57 o barril. Ainda no radar da estatal, a Petrobras (PETR3, R$ 15,95, +0,25%; PETR4, R$ 15,38, +0,33%) cortou o preço da gasolina, desta vez em 0,8%, enquanto o diesel foi cortado em 1,8%, com novos valores válidos a partir da próxima sexta-feira (1). A nova política de revisão de preços foi divulgada pela petroleira no dia 30 de junho. Com o novo modelo, a Petrobras espera acompanhar as condições do mercado e enfrentar a concorrência de importadores. Em vez de esperar um mês para ajustar seus preços, a Petrobras agora avalia todas as condições do mercado para se adaptar, o que pode acontecer diariamente. Além da concorrência, na decisão de revisão de preços, pesam as informações sobre o câmbio e as cotações internacionais. Além disso, destaque para uma boa notícia para a companhia. A Câmara aprovou o texto-base da Medida Provisória 795/17, que cria um regime especial de importação de bens a serem usados na exploração, no desenvolvimento e na produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos. As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Ibovespa, foram: As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Ibovespa, foram: As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Ibovespa, foram : * – Lote de mil ações Agenda de indicadores
Nos Estados Unidos, o resultado do núcleo do índice de preços PCE (Personal Consumption Expenditures), um dos indicadores de inflação mais acompanhados pelo Fed, não surpreendeu o mercado ao registrar alta de 0,2% na passagem de setembro para outubro, enquanto o indicador de renda pessoal norte-americano subiu para 0,4% neste mês, ligeriramente acima da expectativa do mercado em 0,3%. Além da agenda econômica, os investidores estão de olho na aprovação da reforma tributária de Trump no plenário do Senado, que será iniciado no final desta tarde. O projeto de lei precisa de 50 votos para passar e a vitória parece assegurada, mesmo que pela contagem mínima, uma vez que apenas 2 dos 52 senadores republicanos pretendem rejeitar o texto. Se confirmada a aprovação, será levado para conciliação com a versão aprovada pela Câmara, para, na sequência, ser enviado à sanção de Trump, que quer tudo isso resolvido antes do Natal. Os cortes de impostos planejados representam US$ 1,4 trilhão ao longo de dez anos. Ainda na agenda de indicadores, no Japão, às 21h30, serão divulgados os dados de preços ao consumidor e às 22h30 os dados de manufatura. Ainda na Ásia, às 23h45 serão publicados os números do PMI elaborados pela consultoria econômica Caixin na China. Bolsas mundiais
Nos Estados Unidos, o dia foi de novas altas e renovação de máxima histórica, com os investidores na expectativa pela aprovação da reforma tributária de Trump no plenário do Senado, enquanto na Europa, os principais índices recuaram em linha com a perda de força do petróleo, que amenizou os ganhos na expectativa pela conclusão da reunião da Opep. No final das contas, o cartel confirmou que irá estender o corte na produção por mais nove meses, enquanto o mercado esperava até o final de março do ano que vem. Ainda entre as commodities, os contratos futuros de minério de ferro negociados na China subiram por conta do resultado acima do esperado da indústria, comprovando que ainda há demanda pela commodity. O PMI industrial da China subiu de 51,6 em outubro para 51,8 em novembro, surpreendendo analistas que previam leve queda para 51,5. Este foi o desempenho dos principais índices: *Dow Jones (EUA) +1,23% *S&P 500 (EUA) +0,72% *Nasdaq (EUA) +0,60% *CAC-40 (França) -0,47% (fechado) *FTSE (Reino Unido) -0,90% (fechado) *DAX (Alemanha) -0,29% (fechado) *Hang Seng (Hong Kong) -1,51% (fechado) *Xangai (China) -0,61% (fechado) *Nikkei (Japão) +0,57% (fechado) *Petróleo WTI -0,07%, a US$ 57,26 o barril *Petróleo brent +0,73%, a US$ 63,57 o barril *Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +2,87%, a 520 iuanes
C?d.
Ativo
Cot R$
% Dia
% Ano
Vol1
CPFE3
CPFL ENERGIAON
19,20
-24,05
-23,18
102,11M
ELET3
ELETROBRAS ON
18,73
-6,30
-11,31
99,74M
CMIG4
CEMIG PN
6,60
-5,98
-10,01
133,31M
ELET6
ELETROBRAS PNB
21,36
-5,74
-12,37
68,47M
FIBR3
FIBRIA ON
45,17
-5,50
+45,12
185,79M
C?d.
Ativo
Cot R$
% Dia
% Ano
Vol1
RAIL3
RUMO S.A. ON
13,02
+1,72
+112,05
157,28M
JBSS3
JBS ON
7,91
+1,41
-30,39
198,36M
EMBR3
EMBRAER ON
15,65
+0,64
-0,87
54,50M
WEGE3
WEG ON
22,88
+0,35
+50,00
70,72M
PETR4
PETROBRAS PN
15,38
+0,33
+3,43
657,77M
C?digo
Ativo
Cot R$
Var %
Vol1
Vol 30d1
Neg
VALE3
VALE ON
35,14
-1,57
785,31M
676,31M
39.085
PETR4
PETROBRAS PN
15,38
+0,33
657,77M
650,53M
59.932
ITUB4
ITAUUNIBANCOPN
41,27
-1,46
529,53M
421,66M
33.582
ABEV3
AMBEV S/A ON
20,56
0,00
504,99M
284,47M
37.006
BBAS3
BRASIL ON EJ
29,93
-3,95
428,00M
301,95M
34.835
BBDC4
BRADESCO PN
32,65
-0,64
358,46M
327,42M
33.933
ITSA4
ITAUSA PN
10,38
-1,05
270,60M
172,27M
56.559
BVMF3
BMFBOVESPA ON EJ
23,24
-1,11
250,27M
200,38M
42.729
CCRO3
CCR SA ON
15,83
-1,06
226,09M
151,84M
36.428
PETR3
PETROBRAS ON
15,95
+0,25
205,21M
140,08M
25.292
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) IBOVESPA