Rumor de data para Previdência salva Ibovespa da queda e faz dólar renovar mínima em um mês

Índice caminhava para dia de realização com queda forte da bolsa na China, mas rumor deu fôlego para o mercado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Depois de subir 3.700 pontos nos últimos quatro pregões, o Ibovespa esboçou passar por um dia de realização nesta quinta-feira (23). O dia de menor liquidez por conta do feriado de Ação de Graças nos EUA, deu espaço para que a queda de de 2% da bolsa chinesa tivesse maior peso no mercado por aqui. Porém, um rumor sobre a possível data para a reforma da Previdência ser pautada na Câmara trouxe um fôlego para a bolsa.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com leve queda de 0,04%, aos 74.486 pontos, após chegar a cair 0,90% na mínima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 4,221 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, acentuou as perdas com a notícia e encerrou o dia com perdas de 0,38%, cotado a R$ 3,2226 na venda, renovando sua mínima em um mês.

Segundo a Bloomberg, o governo fechou hoje um acordo preliminar com o presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para colocar a reforma da Previdência em pauta no dia 5 de dezembro, segundo uma fonte do gabinete presidencial. De acordo com este pré-acordo, a proposta poderia ser votada em plenário em primeiro turno nos dias 6 ou 7.

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“Em um cenário incerto, a definição de uma data ajuda”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, para a Bloomberg. “Se realmente for confirmada a notícia a marcação de data é indício muito forte de que governo teria votos suficientes para aprovação”, afirmou Matheus Gallina, trader de renda fixa da Quantitas Gestão de Recursos.

No exterior, o índice Xangai recuou 2,26% – pressionando o mercado brasileiro – e voltando para os patamares verificados no começo de outubro, com os investidores receosos com os esforços do governo para regular o setor financeiro e evitar uma bolha, assim como visto recentemente no mercado imobiliário.

Nos últimos dias, as autoridades chinesas tomaram providências para impedir a forte expansão da oferta de microcrédito na internet e revelaram planos de reforçar a supervisão de produtos de gestão de ativos vendidos pelo bancos, a fim de evitar o aumento da alavancagem do sistema. Além disso, preocupações com os títulos de dívida chineses, cujo juro de 10 anos tem oscilado em torno de 4% – o maior nível em três anos -, contribuíram para o mau humor dos investidores.

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IPCA-15 fica abaixo do esperado

O índice, que é considerado uma prévia da inflação oficial, desacelerou de 0,34% para 0,32% na passagem de outubro para novembro e ficou abaixo do esperado pelo mercado, que projetava avanço de 0,38%. Nos 12 meses encerrados em novembro, o IPCA-15 acelerou de 2,71% para 2,77%, ainda mantendo-se abaixo do piso da meta de 3%.

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Contando os votos
O deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da reforma da Previdência, apresentou na noite de ontem o novo texto para viabilizar a aprovação das mudanças, durante jantar no Palácio da Alvorada. Foram mantidas as idades mínimas de 62 anos para mulheres e 65 para homens, a equiparação entre trabalhador público e privada, enquanto as contribuições sociais deixaram de ficar submetidas à DRU.

O tempo de mínimo de contribuição para aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social foi diminuído de 25 para 15 anos. Contudo, em troca de apoio à reforma, os jornais de hoje informam que Temer se compromete com medidas negativas para o ajuste fiscal, como reajustar os salários dos servidores em 2018, ceder na questão da dívida do Funrural e desonerar exportações. 

Com as novas regras apresentadas, que devem gerar uma economia de R$ 480 bilhões para os cofres públicos em dez anos, ou seja, 60% da proposta original, Temer (e o mercado) conta os votos para a aprovação da reforma na Câmara. Segundo levantamento feito pela MCM Consultores mostrou que o governo conta com 251 deputados que provavelmente o apoiarão nesta votação, mas existem ainda mais 64 deputados com chances de apoiar o governo, totalizando 315 parlamentares, suficiente para aprovação da PEC, que precisa do apoio de 308 congressistas – confira a análise completa.

Contudo, a confusão da véspera em meio à quase nomeação do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) para a Secretaria do Governo no lugar do tucarno Antonio Imbassahy (veja mais aqui), que gerou um mal estar na base aliada, assim como a falta de quórum do jantar de Temer para apresentar a versão mais enxuta da Previdência, revelam que a missão de coletar os votos necessários para aprovação do texto na Câmara será árdua.

Segundo contam os parlamentares que estavam no jantar promovido pelo presidente, estavam presentes cerca de 170 pessoas na cerimônia, contando ministros, parlamentares e convidados. A “tropa de choque” do governo contava com no mínimo mais de 200 deputados após o governo atender as pressões dos aliados e da nomeação de Alexandre Baldy na pasta de Cidades, porém, a trapalhada com Marun de fato não foi bem recebida e o PSDB, por exemplo, boicotou o jantar. Desconsiderando os convidados, os cálculos apontam que apenas 100 deputados atenderam ao chamado de Temer.

Expectativa de correção

Confirmando a expectativa de recuperação após o teste da média móvel de 21 semanas na faixa (veja mais aqui), o Ibovespa cravou máxima exatamente na média móvel de 50 dias e a confirmação do candle de reversão formado no pregão passado sugere uma correção para os próximos dias, queda que tem como objetivo voltar para 72.390 pontos, onde tomará uma importante decisão.

Confirmando fundo ascendente sobre o suporte intermediário, um pullback será sacramentado e, assim, o mercado ganhará fôlego para finalmente romper o fundo perdido em 75.180 pontos e buscar o topo histórico em 78.024 pontos. Do contrário, deixando para trás 72.390 pontos, a expectativa de reversão será anulada e o caminho estará aberto para testar 70.825 pontos, confirmando a força da tendência de baixa de curtíssimo prazo.

Eleições 2018

O noticiário sobre as movimentações para 2018 também segue no radar. Em destaque, pesquisa Barômetro Político feita pelo Instituto Ipsos e divulgada nesta quinta-feira (23) pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou que a aprovação ao nome de Luciano Huck, cotado para disputar a presidência, apresentou um salto de 17 pontos porcentuais desde setembro, passando de 43% para 60%, indicando uma significativa melhora de imagem no período.

Depois de Huck, entre os presidenciáveis, o próximo a aparecer no ranking de aprovação é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 43% de avaliação positiva e 56% de negativa, com melhora paulatina desde junho. Michel Temer e Aécio Neves lideram o ranking de rejeição. Confira mais clicando aqui. 

Atenção ainda para a aproximação da eleição do presidente do PSDB. Segundo a coluna Painel, da Folha, o senador Tasso Jereissati (CE) admite abrir mão da candidatura à presidência da legenda para que Geraldo Alckmin assuma o posto. O grupo ligado ao cearense diz que o partido não pode correr o risco de eleger Marconi Perillo (GO), alinhado a Aécio Neves (MG) e a Temer.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.