Puxado por exterior, Ibovespa salta 2,4% e recupera os 72 mil pontos enquanto dólar cai para R$ 3,27

Índice ganhar força seguindo os ADRs brasileiros no dia anterior e com bom humor do mercado externo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na volta do feriado da Proclamação da República, o Ibovespa teve uma sessão de recuperação após o tombo dos últimos dias, guiado pelo desempenho dos ADRs (American Depositary Receipt) brasileiros negociados em Nova York na véspera e com os investidores acompanhando de perto o desenrolar da reforma ministerial no Brasil e da tributária nos EUA. Vale lembrar que o dia também é marcado pelo vencimento de opções sobre o índice na B3.

O benchmark da bolsa brasileira fechou esta quinta-feira (16) com alta de 2,38%, aos 72.511 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 9,265 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, teve queda acentuada de 0,90%, cotado a R$ 3,2797 na venda. A sessão também é de forte alta em Wall Street, com os índices subindo mais de 1% também impulsionados pela aprovação na Câmara do projeto tributário de Trump.

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A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou a reforma fiscal, apesar de haver incertezas sobre se vai sobreviver à votação no Senado, onde os republicanos têm uma pequena maioria. A Câmara baixa, dominada pelos republicanos, aprovou por 227 votos contra 205 o projeto de lei que reduz os impostos das empresas e dos trabalhadores a partir de 2018. 

O mercado brasileiro também aproveita para seguir o índice Brazil Titans 20, que reúne os principais ADRs de empresas nacionais negociados em Wall Street, que fechou em alta de 0,94% no feriado, aos 21.324 pontos, acompanhando a virada dos ativos da Petrobras e contrariando o movimento das bolsas dos EUA, que encerraram a última quarta em queda.

Com a recuperação, o mercado confirmou a força de compra presente na faixa de 71 mil pontos, por onde passa a média móvel exponencial de 21 semanas, patamar que será decisivo para definir o rumo do mercado no curto prazo. Encerrando a sexta-feira (17) com um candle de reversão sobre este patamar, fica a expectativa por um repique até a faixa de 75 mil pontos, patamar que sacramentou a tendência de baixa de curtíssimo prazo do mercado. 

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Contrariando a expectativa de manutenção do suporte, ou seja, confirmando a perda de 71.450 pontos com boa margem percentual em base semanal, o índice abre caminho para testar a região de 69 mil pontos, patamar que abriu compra para o mercado em agosto deste ano.

Destaques do mercado

Além de Fibria (FIBR3) e Sabesp (SBSP3), chamaram atenção na ponta positiva do mercado o desempenho das ações da Natura (NATU3), que disparam após apresentar resultado acima do esperado no terceiro trimestre (veja mais aqui).

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 NATU3 NATURA ON 32,19 +10,09 +40,55 209,18M
 SMLS3 SMILES ON 76,50 +6,18 +84,03 52,45M
 MRVE3 MRV ON 13,48 +5,64 +28,77 94,89M
 SANB11 SANTANDER BRUNT 29,85 +5,48 +6,99 65,08M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 23,51 +5,28 +43,28 307,57M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 7,35 -0,81 -32,26 65,99M
 BRKM5 BRASKEM PNA 46,26 -0,67 +35,07 73,79M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,81 +3,00 674,48M 662,80M 38.668 
 VALE3 VALE ON 32,60 +1,37 529,23M 676,49M 28.525 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 41,95 +2,52 363,85M 415,48M 25.583 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 20,42 +1,09 323,23M 285,27M 32.625 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 23,51 +5,28 307,57M 206,17M 30.390 
 BBDC4 BRADESCO PN 33,04 +2,61 274,22M 321,10M 24.078 
 BBAS3 BRASIL ON 32,05 +4,74 272,52M 284,89M 23.891 
 QUAL3 QUALICORP ON 32,08 +0,41 215,41M 64,30M 14.705 
 NATU3 NATURA ON 32,19 +10,09 209,18M 40,84M 21.393 
 LREN3 LOJAS RENNERON 34,46 +3,86 198,31M 139,90M 21.947 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Juntando as peças
Desde a saída de Bruno Araújo (PSDB) do Ministério das Cidades na última segunda-feira (13), Temer deu a largada para a reforma ministerial e o líder do governo no Senado, Romero Jucá, já garantia 17 ministérios para os parlamentares do centrão, mas todo esse ímpeto já foi freado. Segundo a Folha de S. Paulo, sob pressão dos partidos de sua base aliada, Temer recuou e vai reavaliar a decisão de fazer uma reforma ministerial ampla no fim desse ano – em que sairiam do governo todos os políticos que disputarão eleições em 2018.

Agora, ele estuda fazer a reforma por etapas, com substituições pontuais no primeiro escalão do governo. Depois da pasta das Cidades, será a vez da Secretaria de Governo do tucano Antônio Imbassahy, que mais de uma vez já revelou sua antipatia ao governo Temer, como também está na fila a presidência do BNDES. “A reforma ministerial será em etapas, ele não vai mexer em todo mundo, nos 17 ministérios agora. O presidente ressaltou que o governo está dando certo, que a equipe está dando certo e que vai mexer pontualmente”, afirmou o vice-líder do governo, Beto Mansur, que entregará o mapeamento da base aliada para o presidente no final de semana.

Enquanto o presidente junta as peças para conseguir os 308 votos necessários para a aprovação na Câmara, a reforma da Previdência desidratada vai tomando forma. O texto deve incluir a idade mínima (62 mulheres e 65 homens), regra de transição e fim dos privilégios ao serviço público. O benefício integral só deve ser concedido a quem completar 40 anos de contribuição, mas a aposentadoria proporcional, com 60% do benefício, poderá ser acessada com tempo mínimo de 15 anos de contribuição.

Tanto aqui, como lá
Em meio ao aumento das incertezas, a reforma tributária de Donald Trump será votada no plenário da Câmara nesta quinta-feira, onde deve ser aprovada sem grandes dificuldaes (assim o mercado espera). O vice-líder republicano na Câmara, Patrick McHenry disse que se sente confiante em obter os votos.

As coisas ficam mais complicadas no Senado, onde os republicanos querem adiar o corte dos impostos corporativos dos atuais 35% para 20% neste ano para 2019 e decidiram incluir na reforma a revogação do Obamacare, tema polêmico que pode complicar e atrasar os debates. E as diferenças não param por aqui: ao invés de quatro faixas de imposto de renda, os senadores também pretendem manter as atuais sete, com a mais alta delas tendo alíquota de 38,5%, número menor do que a taxa máxima dos deputados, de 39,6%. Além disso, os planos são de extinguir a dedução de impostos estaduais e municipais, proposta que está gerando muito atrito entre os partidos, pois as deduções são uma fonte de receita para os estados democratas com impostos altos.

Uma vez aprovado o texto nas duas casas, os parlamentares precisarão realizar uma conferência conjunta, o que deve acontecer entre dezembro e janeiro, de acordo com o andamento das conversas entre os legisladores da reforma.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.