Ibovespa acelera ganhos e salta 2,7% com sinalizações sobre nova reforma da Previdência

SÃO PAULO – Depois de recuar 2,55% no pregão passado, o Ibovespa se recupera nesta quarta-feira (8) ganhando força na reta final do pregão com algumas sinalizações e rumores sobre a nova proposta de reforma da Previdência que o governo deve entregar. Após o mercado reagir mal ao que seria uma “desistência” do presidente Michel Temer, hoje o governo mostrou que vai lutar para aprovar um texto, mesmo que ainda mais brando.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 2,69%, aos 74.363 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 9,359 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, já havia encerrado os negócios quando a bolsa ganhou força, fechando em R$ 3,2639 na venda, queda de 0,40%. Já o dólar futuro com vencimento em dezembro recuou 0,43%, para R$ 3,267.

Por volta das 17h15, o relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA), iniciou uma coletiva de imprensa onde reforçou os esforços para aprovar a reforma. “Reconheço que tema voltou a caminhar, vamos dar ao Brasil a
reforma da Previdência”, disse.

Apesar de dizer que não sabe quais pontos irão mudar, ele afirmou que há consenso sobre mudança na idade mínima – com proposta atual de 65 anos para homens e 62 para mulheres. O deputado disse que haverá conversas com os líderes nesta quinta-feira e que a intenção é que as alterações sejam as mínimas possíveis.

Pouco antes, o jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que a proposta mínima para a reforma da Previdência acordada hoje pela manhã no Palácio do Planalto prevê três alterações em relação à original. A ideia é retirar os artigos que dificultam o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e à aposentadoria rural.

Ficou acertado também, segundo o jornal, que o tempo mínimo de contribuição para uma pessoa poder se aposentar continuará em 15 anos, em vez dos 25 anos originalmente propostos.

Depois da reação negativa do mercado ao colocar em xeque o andamento da reforma da Previdência, Temer publicou vídeo na noite de terça reforçando o compromisso do governo com o ajuste e que há disposição dos parlamentares para votar o texto.

O descontentamento de grande parte dos aliados tem relação à situação do PSDB no governo, que, mesmo sem apoiar Temer condicionalmente, ainda possui voz nos ministérios, enquanto os aliados que votaram a favor do presidente na Câmara estão “a ver navios”. O próprio Rodrigo Maia já aconselhou Temer a reorganizar sua base para aprovar as reformas, assim como destravar as pautas do Congresso, mas o presidente segue ancorado no PSDB. Ontem, o líder do PP na Câmara e relator da reforma da Previdência, Arthur Lira, deixou bem claro o recado: “Ou muda ou não vota mais nada aqui”.

Os tucanos ocupam atualmente os ministérios das Cidades (Bruno Araújo), Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Direitos Humanos (Luislinda Valois) e a Secretaria de Governo (Antônio Imbassahy), ao passo que os deputados do “centrão” cobiçam especialmente os cargos de Imbassahy, que mais de uma vez já revelou sua antipatia ao governo Temer, além de Araújo, de olho na fatia do bolo do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o “centrão” cobra uma reforma ministerial mais ampla e se queixa também da atuação do que chamam de “ministros candidatos”, que direcionam os esforços de suas pastas para seus interesses regionais.

Com a ameaça velada dos parlamentares do “centrão”, Temer avalia antecipar para janeiro de 2018 a reforma ministerial, que estava programada para abril do ano que vem, quando candidatos às eleições terão de deixar os cargos, segundo informações do Estadão. A exceção seria o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que, mesmo se decidir concorrer em 2018, ficará no governo.

Destaques do mercado

Na ponta positiva, destaque para as ações da Qualicorp (QUAL3), repercutindo o bom resultado e as novas medidas da ANS (Agência Nacional de Saúde), que definiu 18 novos procedimentos obrigatórios para os planos de saúde a partir do ano que vem (veja mais aqui). Do outro lado, as ações da Eletrobras sofrem uma leve correção após alta de 8% nos últimos dois pregões em vista da proposta de privatização enviada pelo governo.