Ibovespa recua 1%, enquanto dólar e DIs sobem, com Lula disparando na liderança para 2018

Novo nome do Fed e ata do Copom prometem definir o rumo do mercado nesta semana

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Guiado pelos bancos e pelas ações ligadas as commodities, o Ibovespa acelerou as perdas e às 14h34 (horário de Brasília) desta segunda-feira (30) registrava baixa de 1,60%, aos 74.762 pontos, com os investidores digerindo a pesquisa Ibope mostrando Lula com folga na liderança. Além disso, o mercado acompanha de perto a sucessão da presidência do Federal Reserve e ata do Copom (Comitê de Política Monetária), eventos que prometem definir o rumo do mercado nesta semana.

A pesquisa Ibope sobre as eleições presidenciais divulgada no último domingo (29) mostrou que Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado federal Jair Bolsonaro iriam para o segundo turno caso o pleito fosse hoje. Em todos os cenários, o ex-presidente ficaria com o mínimo de 35% e o máximo 36% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro teria 15% em cenário contra Lula – veja mais clicando aqui.

De acordo com um analista que pediu para não ser identificado, o mercado está digerindo o cenário que sendo construído de um duelo entre Lula vs Bolsonaro, dois candidatos que assustam os investidores por terem uma visão menos reformista. Contudo, o nome do ex-presidente assusta mais do que do deputado carioca, fato que justifica o estresse elevado no mercado nesta segunda. “Mercado está vendo que Lula estará no segundo turno caso possa concorrer em 2018 e com possibilidade de sair vitorioso”, explica o analista.

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Com Lula ganhando força e perda de espaço dos candidatos considerados “pró-mercado”, o clima de aversão ao risco domina o pregão, encabeçado pelas ações do setor financeiro e do setor de commodities, essas por conta da forte queda do minério de ferro na China, o que pressiona os papéis da Vale (VALE3) e siderúrgicas. No mesmo momento, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 operavam em alta de 3 pontos-base, cotados a 7,31%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 subiam 7 pontos, aos 9,16%. Enquanto isso, o dólar comercial registrava alta de 0,40%, cotado a R$ 3,257 na venda.

Destaques do mercado

Em vista da queda do minério de ferro, as ações do setor siderúrgico lideram as perdas nesta manhã, enquanto as ações da Estácio (ESTC3) se recuperam da forte queda recente após serem elevados para compra pelos analistas do Citibank.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 8,78 -3,09 -19,08 32,09M
 USIM5 USIMINAS PNA 8,89 -2,63 +116,83 43,62M
 BRAP4 BRADESPAR PN 23,81 -2,02 +64,30 7,38M
 EMBR3 EMBRAER ON 15,31 -1,92 -3,02 11,59M
 CMIG4 CEMIG PN ES 7,85 -1,88 +7,03 4,48M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

C?d. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 19,52 +0,77 +12,79 1,46M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 28,46 +0,21 +83,26 14,25M
 CPFE3 CPFL ENERGIAON 27,47 +0,11 +9,91 1,83M
* – Lote de mil a??es
1 – Em reais (K – Mil | M – Milh?o | B – Bilh?o)

2 eventos que podem definir o rumo do mercado
Além do cenário para as eleições de 2018, os investidores estão na expectativa por dois eventos nesta semana que prometem definir o rumo do mercado, já que devem mexer tanto com as expectativas para o dólar, como para os juros futuros:

1) Fim do ciclo de cortes?
Na próxima terça-feira (31), às 8h00, será divulgada a Ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que irá decifrar a dúvida do mercado após o BC retirar o termo “encerramento gradual do ciclo” do texto pós-reunião, o que deixou margem para interpretações sobre o fim do ciclo, que para uns já está certo que será encerrado em dezembro, fechando em 7%, enquanto para outros a porta está aberta para os 6,5% em fevereiro de 2018.

Se a ata deixar sinais mais claros de que estamos diante do final da política de cortes de juros na última reunião do ano, os juros futuros devem retomar o caminho das altas, como visto na última quinta-feira, quando chegaram a disparar mais de 20 pontos-base e fez o dólar comercial atingir a faixa de R$ 3,30. Contudo, se o documento revelar um BC confortável para decidir se reduz a Selic abaixo de 7% caso a inflação permaneça comportada, os DIs devem recuar forte e dar fôlego para o Ibovespa romper finalmente a faixa de 77 mil pontos, em busca de novas máximas.

2) Quem assumirá o Fed?
Outro evento que promete mexer com o mercado, principalmente com o dólar, trata-se da definição do nome que irá presidir o Federal Reserve a partir de março do ano que vem, quando o mandato de Janet Yellen terá seu fim.

Donald Trump deve escolher o sucessor até o dia 3 de novembro e a escolha do atual governador do Fed, Jerome Powell, que ganhou muita força na última semana, deve manter o perfil expansionista sob o comando do Banco Central norte-americano, com a promessa de gradualismo no aumento dos juros, o que favorece o fluxo de dólares e os mercados emergentes. Na outra ponta está o professor de economia da Universidade de Stanford, John Taylor é o homem que poderia levar a uma alta mais acentuada dos juros nos EUA.

Agenda econômica da semana
Pela manhã, além da divulgação do tradicional relatório Focus, com as estimativas para a economia brasileira, o IGP-M de outubro revelou inflação de 0,20% na comparação mensal, ante estimativa de alta de 0,30%. Mais tarde, às 10h30, será divulgado o resultado primário do setor público de setembro, com estimativa de déficit de R$ 55,8 bilhões. Já à noite, as atenções estarão concentradas para a Ásia, com taxa de desemprego no Japão às 21h30 e produção industrial às 21h50, ambos de setembro, enquanto às 23h00 serão revelados os dados de manufatura da China de outubro, que devem impactar no minério de ferro.

Ainda nos EUA, ocorre ainda nesta semana a reunião do Fed na próxima quarta-feira (1) e apesar da expectativa de manutenção da taxa de juros, as atenções se voltam ao comunicado em busca de pistas adicionais sobre uma possível elevação em dezembro. Na sexta-feira (3) será divulgado o Relatório de Emprego, com estimativa de dado forte, com a criação de 310.000 vagas, numa possível recuperação após queda de setembro causada pelos furacões na região. No Japão ainda teremos a reunião do Bank of Japan, enquanto na zona do Euro sai o PIB.

Além da Ata do Copom, no cenário doméstico o mercado monitora as discussões sobre reforma da Previdência, em meio a um ceticismo crescente dos investidores de que o governo terá força para aprovar o texto. 

Noticiário político

A relação entre Michel Temer e o presidente da Câmara Rodrigo Maia seguem em destaque no noticiário após o presidente conseguir barrar a denúncia contra ele na Câmara dos Deputados por um placar mais apertado do que na votação da primeira denúncia, em agosto. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Maia afirmou que  vai rejeitar todos os 25 pedidos de impeachment contra o presidente Michel Temer que estão parados em sua gaveta, mas que rejeitará no momento adequado, porque haverá direito a recurso. Segundo a sua argumentação, após ter sido leal a Temer nas duas denúncias, não faz sentido agora atuar contra o governo.

Maia ainda afirmou que o presidente tem que reorganizar a sua base: “as próximas semanas serão decisivas para a gente entender qual verdadeiro tamanho do governo na Câmara. Mas com certeza, a reforma da Previdência não será a que a equipe econômica sonhou, que a gente sonhou”. Já a Folha de S. Paulo deste fim de semana apontou que o presidente da Câmara, de olho nas eleições de 2018, quer se aliar ao PSDB para isolar Temer.

Bolsas mundiais

As bolsas europeias oscilam entre leves perdas e ganhos nesta segunda-feira, enquanto a bolsa espanhola tem ganhos mais expressivos, com o governo de Madri buscando manter o controle da Catalunha. Já o dólar recua ante a maioria das moedas, dando continuidade ao alívio da última sexta, em meio às especulações de que Jerome Powell teria mais chances de ser escolhido para o Federal Reserve.

Na China, as preocupações com o mercado de bônus e com novas ofertas públicas de ações pesaram nos mercados locais e derrubaram o índice. Outras bolsas asiáticas foram favorecidas por balanços financeiros positivos de gigantes de tecnologia dos EUA, como Amazon e Alphabet, que ajudaram o Nasdaq e o S&P 500 a fechar em novos patamares recordes na sexta-feira.

No mercado de commodities, o petróleo negociado em Londres atingiu a marca de US$ 60,00, com os comentários do príncipe saudita sobre a intenção do país, um dos maiores produtores da commodity, em estender o pacto de corte da produção global para além de março do ano que vem. Do outro lado, os contratos futuros de minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian recuaram forte diante a alta de estoques na China.

Às 12h43, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones (EUA) -0,06%

*S&P 500 (EUA) -0,07%

*Nasdaq (EUA) +0,28%

*CAC-40 (França) +0,05%

*FTSE (Reino Unido) -0,23%

*DAX (Alemanha) +0,18% 

*IBEX 35 (Espanha) +1,84%

*Hang Seng (Hong Kong) -0,36% (fechado)

*Xangai (China) -0,77% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,01% (fechado)

*Petróleo WTI +0,78%, a US$ 54,32 o barril

*Petróleo brent +0,55%, a US$ 60,77 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -3,41%, a 425 iuanes

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, -2,21%, a US$ 58,75 a tonelada