Após “susto” com internação de Temer, Ibovespa fecha em alta com quórum na Câmara

Mercado chegou a cair mais de 1% após a notícia do mal estar do presidente, mas voltou a ganhar força na reta final do pregão

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa chegou a mergulhar no início da tarde desta quarta-feira (25), com a notícia de que o presidente Michel Temer foi internado no Centro Cirúrgico do Hospital do Exército, em Brasília. Apesar do “susto”, o mercado voltou a ganhar força durante a reta final do pregão com as explicações sobre o estado de saúde do presidente e também com o quórum atingido na Câmara para a votação da denúncia contra Temer.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com ganhos de 0,42%, aos 76.671 pontos, após chegar a bater nos 75.404 na mínima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 8,667 bilhões. Enquanto isso, o dólar comercial teve leves perdas de 0,07%, cotado a R$ 3,2451 na venda, ao passo que o dólar futuro com vencimento em novembro recuou 0,32%, para R$ 3,237.

O presidente Temer passou mal nesta manhã e foi internado no Centro Cirúrgico do Hospital do Exército, em Brasília. Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República confirmou que Temer teve um desconforto e que foi constatada uma obstrução urológica. No fim da tarde, as informações eram de que Temer seria liberado ainda hoje.

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Faltando cerca de uma hora para o fechamento, o índice ganhou força após a Câmara dos Deputados chegar ao quórum necessário para iniciar a votação da segunda denúncia contra Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) pelos crimes de organização criminosa e obstrução à Justiça. A oposição passou o dia tentando atrapalhar o governo ao não registrar presença, o que atrasou a análise do caso.

Antes disso tudo, o dia já era de leves perdas para o índice, com os mercados digerindo o resultado acima do esperado dos pedidos e entregas de bens duráveis feitos à indústria dos Estados Unidos, que avançaram 2,2% na passagem de agosto para setembro, enquanto os analistas esperavam crescimento de 1,3%. O indicador é considerado uma boa medida do nível de atividade da economia norte-americana. Logo após a divulgação do resultado, acima do esperado, o índice firmou queda.

Termômetro da Previdência

Apesar de certa a vitória do presidente, que precisa de 171 votos para barrar a denúncia na Câmara, o placar será o termômetro para a aprovação da reforma da Previdência, que, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve ser votada na segunda quinzena deste mês. “A aprovação da reforma dará ao próximo governo algum espaço para respirar, o que será necessário para aprovar mais reformas e levar as contas fiscais para um equilíbrio”, afirmou o analista da S&P Joydeep Mukherji em comunicado. “Se isso acontecer, o rating pode se estabilizar. Se não, podemos rebaixá-lo”, enfatizou.

De acordo com a consultoria de risco político Eurasia Group, Temer deve perder o suporte de apenas alguns deputados na votação da segunda denúncia em relação ao número de apoio na primeira votação em agosto, quando 263 deputados votaram a favor dele (227 votaram contra em agosto, sendo necessários 342 votos contra Temer para a denúncia passar). Contudo, se trinta ou mais parlamentares desertarem, a probabilidade para a reforma da Previdência deve diminuir, diz a Eurasia, em relatório.

Dessa forma, mesmo sem querer fazer divulgações expressas sobre os números que contabilizam para a denúncia, a base aliada traça um panorama sobre o número de votos. De acordo com a coluna Radar Online, da Veja, as previsões mais pessimistas no Planalto preveem 210 votos para barrar a segunda denúncia que será analisada pela Câmara na próxima quarta-feira.

Por lá, a margem de segurança entre eles seria de 200 votos. Já aliados do governo, reunidos com o presidente na noite de segunda-feira, saíram do encontro otimistas de que o arquivamento da segunda denúncia virá por uma margem parecida com a obtida na votação da primeira denúncia em agosto: “deveremos ter entre 260 e 270 votos”, disse Beto Mansur, vice-líder do governo na Câmara.

Passada a denúncia e com o mapa dos aliados em mãos, o governo planeja retomar ainda nesta semana as negociações sobre a reforma da Previdência, conforme afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, na noite de terça-feira (24). Os pontos mínimos visados por governo incluem idade mínima e respondem por 70% da reforma original.

Hoje é dia de Copom

O Banco Central deve iniciar a desaceleração do ritmo de cortes da taxa básica de juros na reunião do Copom desta quarta-feira, um ano após o começo do ciclo de alívio monetário, em outubro de 2016. A Selic deve recuar de 8,25% para 7,5%, no menor nível em mais de 4 anos, e se aproximar ainda mais da mínima histórica de 7,25%. 

O corte de 75 pontos-base é uma unanimidade e os investidores estarão atentos ao teor do comunicado pós-reunião, a fim de precificar o ritmo de cortes das próximas reuniões, que promete ser em “escadinha”: 0,75 ponto percentual hoje e cortes de 50 pontos e 25 pontos nos encontros de dezembro e fevereiro, respectivamente, levando a taxa básica de juro para 7% no começo do ano que vem.

Nesta expectativa, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 fecharam em baixa de 4 pontos-base, cotados a 7,23%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 recuaram 4 pontos, aos 8,89%.

Destaques do mercado

Do lado positivo, destaque para as ações da Weg (WEGE3), que subiram após resultado acima do esperado no terceiro trimestre (veja mais aqui), enquanto os papéis das empresas do setor de papel e celulose recuam em linha com o dólar. Já a Eletrobras liderou os ganhos do Ibovespa de olho no cenário de privatização da companhia.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 23,37 +3,45 +10,66 72,84M
 JBSS3 JBS ON 8,00 +3,23 -29,60 75,05M
 NATU3 NATURA ON 32,28 +3,16 +40,94 38,53M
 CCRO3 CCR SA ON ED 18,62 +3,16 +20,79 133,57M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 25,25 +3,06 +53,88 453,22M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 19,78 -3,61 +43,03 81,23M
 EMBR3 EMBRAER ON 16,07 -2,01 +1,79 75,63M
 QUAL3 QUALICORP ON 34,51 -1,48 +85,05 34,46M
 FIBR3 FIBRIA ON 52,50 -1,41 +68,67 96,14M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 19,35 -1,23 +11,80 33,89M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 16,72 +1,27 622,85M 581,57M 25.112 
 VALE3 VALE ON 33,55 -0,83 541,14M 646,22M 24.178 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 25,25 +3,06 453,22M 189,48M 31.555 
 BBAS3 BRASIL ON 37,12 +1,62 346,07M 262,93M 23.021 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 44,21 +0,68 344,89M 367,71M 16.163 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 21,19 -0,61 316,71M 314,08M 32.750 
 ITSA4 ITAUSA PN 11,30 +1,53 313,50M 167,28M 20.874 
 LREN3 LOJAS RENNERON 37,60 +1,35 205,24M 92,96M 20.079 
 BBDC4 BRADESCO PN 36,19 +0,30 200,28M 308,22M 15.740 
 USIM5 USIMINAS PNA 9,91 -1,10 187,90M 245,72M 14.948 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.