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Compre seguro quando ninguém quer: 5 formas acessíveis de proteger sua carteira de investimentos

Assim como Buffett sempre fala, evitar perdas permanentes de capital é a principal regra para a construção de retornos superiores a médio e longo prazos

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Tomar a decisão de investir está longe de ser uma tarefa trivial. Seja você um investidor fundamentalista, que precisa calibrar seus cálculos para encontrar ações baratas na bolsa, ou um grafista, que busca no movimento dos preços boas oportunidades, um ponto crucial que precisa ser analisado antes de “boletar” uma operação é: qual a relação risco x retorno deste investimento?

Isso não é nenhuma novidade no mercado, haja vista as duas principais regras seguidas por Warren Buffett, um dos maiores investidores da história: 1º – não perca dinheiro; 2º – não esqueça a regra número 1. Mas a questão é: como manter a constante preocupação com o risco em tempos de tanta euforia nos mercados? Apesar da queda recente do Ibovespa nas últimas semanas, o índice chegou a subir mais de 100% entre janeiro de 2016 e outubro deste ano, renovando seu maior patamar da história pela 1ª vez desde 2008. E como o Ibovespa funciona como uma “média” do mercado brasileiro, diversas ações tiveram ganhos bem superiores ao benchmark.

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Pois é, aí é que mora o perigo, e tivemos um exemplo vivo (e bem doloroso) neste ano para provar isto, que foi o pregão de 18 de maio, também conhecido como “Joesley Day”. Por conta da interpretação de que o vazamento dos áudios das conversas entre Joesley Batista (presidente da JBS) e Michel Temer poderia derrubar o presidente da República, o Ibovespa acordou naquela quinta-feira com queda de mais de 10%. Além do evento ser completamente inesperado, vivíamos um momento de forte euforia na bolsa, o que agravou ainda mais o tombo.

Contudo, quem já possuía alguma “proteção” na carteira de investimentos sofreu menos com isso e pagou bem mais barato por este anteparo, já que quanto menor a necessidade de se proteger mais barato estará este ativo de segurança – o raciocínio é bem fácil de entender: imagine um vendedor de capa de chuva em uma fila de show. Quanto mais quente estiver no dia, menor será a procura por seu produto; mas após a primeira gota d’água cair, o preço da capa de chuva vai aumentar instantaneamente.

No dia 17 de maio – véspera do Joesley Day -, o Ibovespa estava em 68.700 pontos, praticamente 10 mil pontos abaixo do patamar que alcançou menos de 5 meses depois quando renovou sua máxima histórica (78.024 pontos). Atualmente, estamos na faixa dos 73 mil pontos. Seria este um bom momento para montar proteções na carteira? Muita gente do mercado acredita que sim: “nós fazemos seguro não pelo que estamos vendo, mas sim pelo que a gente não está vendo, assim como ninguém faz um seguro de carro com o intuito de jogá-lo em um poste”, escreveu a equipe da XPGestão em carta enviada aos seus cotistas no mês passado.

Partindo do pressuposto que nenhum de nós é capaz de prever o futuro, mas sim apenas trabalhar com probabilidades, garantir que o investimento será lucrativo é impossível, mas muitas vezes a miopia de que tudo vai dar certo ofusca a preocupação com o risco – que, no final das contas, é a única variável previsível no momento em qualquer operação. A XPGestão, que possui R$ 10 bilhões em suas mãos, deixa bem claro que mesmo otimista com a bolsa brasileira, o front político adiciona um risco imponderável e, com a alta acumulada do Ibovespa nos últimos anos, qualquer mal entendido pode ser suficiente para criar uma tempestade em copo d’água.

Em linha com a estratégia de proteger o que já ganhou, a consagrada IP Capital Partners – gestora carioca que possui 29 anos de vida e R$ 3 bilhões em ativos sob gestão – também escreveu em sua carta trimestral enviada aos cotistas sobre proteger o portfólio, apesar de manter-se otimista com bolsa. “Aqui, o processo, a disciplina e o devido peso a certos aspectos qualitativos nas companhias são muito mais importantes do que visões sobre os rumos gerais dos mercados e das economias. Como Buffett já mencionou inúmeras vezes – e não cansamos de repetir – evitar perdas permanentes de capital é a principal regra para a construção de retornos superiores a médio e longo prazos”, diz a gestora, que tem aproveitado as valorizações acumuladas ao longo do ano para “aumentar ligeiramente os níveis de caixa” – na prática, vender com lucro e esperar um melhor momento para voltar.

Ok, entendi. Mas como proteger meu capital?

Opção para se proteger
Além de “fazer caixa”, uma das alternativas que podem ser utilizadas pelos investidores para proteção de eventuais quedas do mercado são as estruturas de opções sobre ações. Basicamente, o hedger (investidor que busca proteção) pode comprar opções de venda (Put) ou vender opções de compra (Call) com cobertura. No primeiro caso, a valorização da Put está diretamente ligada à desvalorização do ativo objeto, já que, como a opção garante o direito de vender a um preço estabelecido, quanto mais a cotação desta ação ficar abaixo do “strike” (preço de exercício), mais atrativo para o detentor da opção ficará o direito de exercê-la. Geralmente, tenta-se fazer esse trade de uma forma que o custo da operação seja pequeno, sendo mais próximo do vencimento.

No segundo caso, que popularmente é conhecido como Financiamento de Opções, o investidor compra uma quantidade de ações de determinada empresa no mercado à vista e, simultaneamente, vende o equivalente no mercado de opções. Nesse tipo de operação, o investidor que possui um lote de opções de compra tem em sua carteira o correspondente lote negociado em ações que servirão para “cobrir” as eventuais obrigações do investidor que lançou as opções, caso estas sejam exercidas.

Suponha que o investidor compre 10 lotes de ações INFO3, que equivalem a 1.000 ações, por R$ 47,00 cada, ou seja, foi desembolsado R$ 47.000 na compra desses papéis. Simultaneamente, o investidor lança 1.000 Calls INFOK45 e recebe R$ 2,50 por papel, o que equivale a R$ 2.500. Caso a ação recue para R$ 45,00, a perda do investidor ficará travada, pois, com o lançamento das opções, o investidor perdeu R$ 2,00 por ação, que é a diferença entre o preço pago no mercado à vista e o preço que o comprador da call pagará por cada ação, mas ganhou R$ 2,50 por cada call vendida no mercado. Portanto, anulou sua perda com o prêmio recebido pelas opções de compra lançadas.

COE: proteção garantida
Lançado em 2014, o COE (Certificado de Operações Estruturadas) permite ao pequeno investidor lucrar em cenários em que dificilmente ele obteria ganhos sem correr grandes riscos, uma vez que tanto as perdas quanto os ganhos costumam ser limitados. Apesar de, na teoria, os COEs poderem ser estruturados de forma que o investidor possa perder parte do capital investido, a grande maioria dos títulos emitidos possuem capital protegido.

Como tem capital protegido, o principal risco é justamente da instituição financeira que emite o título, uma vez que usualmente a parte de renda fixa do papel é constituída por um título de crédito emitido por um banco. Assim, é importante para o investidor conhecer bem o banco que emite o título antes de comprá-lo, uma vez que ele não é protegido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), ao contrário do investimento direto em CDB (Certificado de Depósito Bancário), por exemplo.

A tributação para os COEs é a mesma aplicada em investimentos de renda fixa: a tabela regressiva. Para investimentos de até seis meses, o Imposto de Renda é de 22,5% dos ganhos, mas vai caindo até um mínimo de 15% em investimentos com prazo superior a dois anos. Por ser classificado como instrumento de renda fixa, cria-se uma vantagem tributária para o investidor, que pode usar o ganho para compensar a eventual perda em bolsa.

Long & Short: ganhando nas duas pontas
Outra estratégia que pode ser utilizada é o Long & Short, que nada mais é do que uma operação que combina uma posição comprada e outra vendida, sempre respeitando a mesma proporção de valores financeiros. Em uma posição “Long” (comprada), o investidor espera que o ativo suba mais ou recue menos do que seu par. Por sua vez, na ponta “Short” (vendida) da operação, o investidor projeta uma correção daquele ativo. O que a estratégia Long & Short busca é a performance relativa entre os ativos, ou seja, o lucro desta estratégia vem do spread entre a posição comprada e vendida.

No nosso caso, como estamos em busca de proteção de futuras quedas do Ibovespa, podemos estruturar a operação da seguinte forma: na ponta da venda, o investidor pode “tomar o aluguel” (para realizar a venda de uma ação, o trader recorre ao Banco de Títulos e Custódia, onde os comprados disponibilizam suas ações para aluguel e em troca recebem um percentual pelo período que a mesma for utilizada) de BOVA11, que é o ETF (Exchange Traded Funds) baseado no Ibovespa. Na ponta compradora, o investidor deve buscar por ações defensivas?, que são aquelas com “beta?” ??abaixo de 1 (o “beta” é uma medida de correlação de uma ação com o Ibovespa; se o beta de uma ação for 1,0, ela possui correlação perfeita com o índice, ou seja, ?se o Ibovespa sobe 1%, ela sobe na mesma variação; já uma ação com beta 0,5 costuma subir 0,5% caso o índice avance 1,0%; logo, uma ação com beta de 1,5 costuma subir 50% a mais que a valorização do Ibovespa). Logo, para ter lucro nesta estratégia, a ponta “long” precisa ser composta por ações que vão subir mais ou vão cair menos que o BOVA11.

Dolarizar a carteira
Em tempos de maior estresse do mercado, os investidores buscam por ativos de menor risco e maior liquidez, fatores que ajudam explicar a disparada do dólar quando estamos em meio a uma crise econômica ou política, por exemplo. Em vista da valorização, os investidores vão em busca de empresas que possuem receitas atreladas à moeda norte-americana, já prevendo melhores números para os próximos trimestres. Por isso, uma forma para se proteger da queda do mercado é migrar parte da carteira de investimentos para empresas dolarizadas.

Na B3, além das consagradas Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB3), que fazem parte do setor de papel e celulose, temos também Embraer (EMBR3), Braskem (BRKM5), Iochpe-Maxion (MYPK3), Weg (WEG3) e Tupy (TUPY3) do setor de bens industriais, assim como os frigoríficos Minerva (BEEF3), BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3). Além destes, não podemos esquecer do setor de mineração e siderurgia, representados por Vale (VALE3), CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5), embora estas três últimas tenham forte exposição à demanda doméstica, o que tira um pouco a “dependência” do câmbio.

Além de comprar empresas dolarizadas, o investidor pode recorrer ao mercado de derivativos através da compra de contratos (ou minicontratos) futuros de dólar, que nada mais são do que compromissos de compra e venda da moeda para uma data de vencimento futuro. Para fazer isso tipo de operação, o investidor necessita de uma margem de garantia, que corresponde, de grosso modo, ao risco de operação, assim como se atentar aos ajustes diários, que permitem a liquidação financeira diária de lucros ou prejuízos das posições. Desta forma, se um investidor comprou um certo contrato futuro e, em determinada data, o seu preço caiu, isto significa que ele terá de realizar um depósito neste dia, de forma a compensar a sua perda.

Por que não fundos?
Além de todas essas alternativas, se o investidor não quiser ficar 100% exposto ao mercado de ações, ele pode migrar para ?fundos ?multimercado?s, que podem atuar em praticamente todos os mercados. Dessa forma, minimiza-se o “risco bolsa” sem partir para uma estratégia tão defensiva como a renda fixa?, já que o “benchmark” dos multimercados costuma ser a superação com uma boa gordura do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Em tempos de Selic em baixa, essa pode ser uma boa pedida para o investidor em busca de proteção.