Bolsa acentua perdas e dólar sobe com notícia sobre internação de Michel Temer

Presidente foi internado no Centro Cirúrgico do Hospital do Exército, em Brasília

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Ibovespa chegou a mergulhar 500 pontos no início da tarde desta quarta-feira (25), com a notícia de que o presidente Michel Temer foi internado no Centro Cirúrgico do Hospital do Exército, em Brasília. As informações foram dadas pela jornalista Andreia Sadi, do canal GloboNews. Após o movimento abrupto, o índice aos poucos reduz as perdas. Às 15h (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 0,31%, a 76.117 pontos, após chegar a bater nos 75.404 na mínima do dia. No mesmo horário, o dólar comercial avançava 0,2% ante o real, cotado a R$ 3,2539 na venda.

Antes da notícia, o dia já era de leves perdas para o índice, com os mercados digerindo o resultado acima do esperado do Durable Good Orders referente a setembro. Os pedidos e entregas de bens duráveis feitos à indústria dos Estados Unidos avançaram 2,2% na passagem de agosto para setembro, enquanto os analistas esperavam crescimento de 1,3%, precificando um impacto maior dos furacões que atingiram o país. O indicador é considerado uma boa medida do nível de atividade da economia norte-americana. Logo após a divulgação do resultado, acima do esperado, o índice firmou queda.

Nesta sessão, os investidores acompanham com atenção a votação da segunda denúncia contra Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) pelos crimes de organização criminosa e obstrução à Justiça. As expectativas são de que o governo consiga levar o quórum necessário (342 deputados) para que o parecer do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) — contrário à abertura de processo penal no STF (Supremo Tribunal Federal) — seja aprovado no início da noite de quarta-feira. Enquanto a base governista tenta convencer deputados a comparecerem no plenário, a oposição busca atrasar o processo.

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Termômetro da Previdência

Apesar de certa a vitória do presidente, que precisa de 171 votos para barrar a denúncia na Câmara, o placar será o termômetro para a aprovação da reforma da Previdência, que, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deve ser votada na segunda quinzena deste mês. “A aprovação da reforma dará ao próximo governo algum espaço para respirar, o que será necessário para aprovar mais reformas e levar as contas fiscais para um equilíbrio”, afirmou o analista da S&P Joydeep Mukherji em comunicado. “Se isso acontecer, o rating pode se estabilizar. Se não, podemos rebaixá-lo”, enfatizou.

De acordo com a consultoria de risco político Eurasia Group, Temer deve perder o suporte de apenas alguns deputados na votação da segunda denúncia em relação ao número de apoio na primeira votação em agosto, quando 263 deputados votaram a favor dele (227 votaram contra em agosto, sendo necessários 342 votos contra Temer para a denúncia passar). Contudo, se trinta ou mais parlamentares desertarem, a probabilidade para a reforma da Previdência deve diminuir, diz a Eurasia, em relatório.

Dessa forma, mesmo sem querer fazer divulgações expressas sobre os números que contabilizam para a denúncia, a base aliada traça um panorama sobre o número de votos. De acordo com a coluna Radar Online, da Veja, as previsões mais pessimistas no Planalto preveem 210 votos para barrar a segunda denúncia que será analisada pela Câmara na próxima quarta-feira. Por lá, a margem de segurança entre eles seria de 200 votos. Já aliados do governo, reunidos com o presidente na noite de segunda-feira, saíram do encontro otimistas de que o arquivamento da segunda denúncia virá por uma margem parecida com a obtida na votação da primeira denúncia em agosto: “deveremos ter entre 260 e 270 votos”, disse Beto Mansur, vice-líder do governo na Câmara.

Passada a denúncia e com o mapa dos aliados em mãos, o governo planeja retomar ainda nesta semana as negociações sobre a reforma da Previdência, conforme afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, na noite de terça-feira (24). Os pontos mínimos visados por governo incluem idade mínima e respondem por 70% da reforma original.

Hoje é dia de Copom

O Banco Central deve iniciar a desaceleração do ritmo de cortes da taxa básica de juros na reunião do Copom desta quarta-feira, um ano após o começo do ciclo de alívio monetário, em outubro de 2016. A Selic deve recuar de 8,25% para 7,5%, no menor nível em mais de 4 anos, e se aproximar ainda mais da mínima histórica de 7,25%. 

O corte de 75 pontos-base é uma unanimidade e os investidores estarão atentos ao teor do comunicado pós-reunião, a fim de precificar o ritmo de cortes das próximas reuniões, que promete ser em “escadinha”: 0,75 ponto percentual hoje e cortes de 50 pontos e 25 pontos nos encontros de dezembro e fevereiro, respectivamente, levando a taxa básica de juro para 7% no começo do ano que vem. Nesta expectativa, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 operavam em baixa de 2 pontos-base, cotados a 7,25%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 recuavam 4 pontos, aos 8,89%.

Destaques do mercado

Do lado positivo, destaque para as ações da Weg (WEGE3), que sobem após resultado acima do esperado no terceiro trimestre (veja mais aqui), enquanto os papéis das empresas do setor de papel e celulose recuam em linha com o dólar.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 19,84 -3,31 +43,46 49,49M
 EMBR3 EMBRAER ON 15,94 -2,80 +0,97 51,05M
 CSNA3 SID NACIONALON 9,84 -1,80 -9,31 64,71M
 USIM5 USIMINAS PNA 9,85 -1,70 +140,24 132,10M
 SBSP3 SABESP ON 30,19 -1,66 +8,86 17,27M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 23,26 +2,97 +10,14 49,14M
 ELET6 ELETROBRAS PNB 26,98 +1,97 +10,69 48,38M
 CCRO3 CCR SA ON ED 18,40 +1,94 +19,36 79,98M
 JBSS3 JBS ON 7,90 +1,94 -30,48 45,94M
 NATU3 NATURA ON 31,86 +1,82 +39,11 23,46M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Bolsas mundiais

A sessão é de leve queda para as bolsas europeias e para o S&P futuro, enquanto o dólar tem baixa variação contra a maioria das moedas, após dias de ganhos diante das expectativas para a escolha do próximo nome do Federal Reserve e os avanços do programa tributário de Donald Trump.

As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta quarta-feira, após o anúncio dos novos líderes da China e o desempenho positivo de ontem dos mercados acionários na NYSE. O Partido Comunista da China confirmou as expectativas ao manter o presidente Xi Jinping e o primeiro-ministro Li Keqiang no Comitê Permanente do Politburo, a instância política mais poderosa do país.

Já em Tóquio, o Nikkei finalmente cedeu à pressão de realização de lucros e caiu 0,45%, encerrando uma sequência recorde de 16 pregões consecutivos de ganhos. Nas últimas semanas, o índice foi impulsionado por expectativas de que a coalizão governista do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, ganharia com facilidade a eleição parlamentar do último domingo (22), o que acabou se confirmando.

Do lado das commodities, apesar da queda, o petróleo se mantém acima dos US$ 52 com sinais de baixa dos estoques de combustíveis nos EUA, que serão divulgados às 12h30 (horário de Brasília), enquanto o minério de ferro encerrou em queda na China.

Às 15h10, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones (EUA) -0,69%

*S&P 500 (EUA) -0,70%

*Nasdaq (EUA) -0,76%

*CAC-40 (França) -0,37%

*FTSE (Reino Unido) -1,05%

*DAX (Alemanha) -0,46% 

*FTSE MIB -0,81%

*Hang Seng (Hong Kong) +0,53% (fechado)

*Xangai (China) +0,30% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,45% (fechado)

*Petróleo WTI -0,88%, a US$ 52,01 o barril

*Petróleo brent -0,39%, a US$ 58,10 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -1,09%, a 455 iuanes

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, -0,29%, a US$ 62,24 a tonelada

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.