Vale “esquece” o minério e vira para alta; 3 construtoras chegam a cair até 6% com rumor de “risco-Caixa”

Confira os destaques do noticiário corporativo da sessão desta quinta-feira (19)

Lara Rizério

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Vale (VALE3, R$ 32,89, +1,92%;VALE5, R$ 30,51, +2,45% )
Apesar das notícias positivas, a Vale abriu em baixa repercutindo a queda de 3,5% do minério em Dalian, que reagiu à fala do  presidente chinês Xi Jinping, que afirmou que o país manterá planos para desalavancar e cortar capacidade das siderúrgicas. Contudo, ao longo da sessão, os papéis da mineradora se recuperaram, assim como a de siderúrgicas.

As ações de siderúrgicas que também registravam queda, ou amenizaram as baixas, ou passaram a ter ganhos significativos, caso de: CSN (CSNA3, R$ 9,58, -0,30%), Usiminas (USIM5, R$ 9,95, +3%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,67, +1,21%) e Gerdau (GGBR4, R$ 11,71, +0,43%). 

No noticiário da Vale, a mineradora registrou um novo recorde, ao atingir 95,1 milhões de toneladas de produção de minério de ferro no terceiro trimestre; a estimativa de analistas consultados pela Bloomberg, que já previam recorde trimestral, era de produção de 94,9 milhões de toneladas. O número ficou 3,3 milhões de toneladas maior do que no segundo trimestre devido, principalmente, à melhor performance operacional no Sistema Norte e ao ramp-up de S11D. 

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A companhia informa que os volumes de venda para o trimestre foram menores do que os volumes de produção, implicando em um leve aumento dos estoques como resultado de necessidades operacionais e estratégias de mercado. A relação do volume de vendas/produção, no entanto, ficou maior do que no segundo trimestre, afirma a companhia. 

A produção de níquel alcançou 72.700 toneladas, ficando 10,2% maior na comparação com o segundo trimestre. Já a produção de cobre alcançou 116.900 de toneladas, ficando 16,0% maior do que no segundo trimestre e 7% maior do que no mesmo período do ano anterior, devido, principalmente, ao recorde trimestral de produção em Salobo e à maior produção em Sudbury, com o retorno à operação após parada programada para manutenção no segundo trimestre. 

Ontem à noite, os acionistas da Vale aprovaram, em Assembleia Especial, a conversão de ações PNs em ONs. O processo é mais um passo para a “transformação da companhia” em busca de aprimorar sua governança corporativa.

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A conversão é necessária para a migração da empresa ao Novo Mercado, o mais alto nível de governança corporativa da B3, e também faz parte de um plano que busca tornar a mineradora em uma empresa sem controle definido e eliminar riscos atualmente atrelados à ela. No total, 51,48% das ações preferenciais representadas na assembleia, ou um total de 158.111.060, votaram a favor da conversão total.

Após o resultado, o presidente da companhia, Fábio Schvartsman, disse que, agora, a Vale vai acelerar seu processo de migração para o Novo Mercado, embora tenha mencionado que a janela é apertada para acertar os últimos obstáculos burocráticos até o final do ano. “A Vale dando sinais claros de que está melhorando sua governança atrairá outros tipos de investidores além desses que já investem [na companhia]”, comentou.

Além disso, ainda hoje, a mineradora informou que seus acionistas elegeram, por ampla maioria, os dois conselheiros independentes da companhia Sandra Guerra e Isabella Saboya, ambas candidatas do fundo britânico Aberdeen. Com elas, o conselho de administração da mineradora terá três mulheres entre as 12 cadeiras. Elas tomam posse no próximo 26 de outubro.

Por fim, em reunião realizada ontem com o Sindicato Metabase de Mariana e o Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do Espírito Santo, a mineradora Samarco manifestou a intenção de prorrogar por mais cinco meses o período de layoff (suspensão temporária de contratos de trabalho) de 800 funcionários. A proposta será agora apreciada em assembleias dos trabalhadores.

O atual período de layoff teve início em junho, com a duração de dois meses. Posteriormente, o prazo foi prorrogado por mais três meses e se encerra no dia 31 deste mês. De acordo com a Samarco, a medida vem sendo essencial para manter os postos de trabalho, já que a mineradora está há dois anos sem produzir. As atividades foram suspensas após o rompimento de uma das barragens localizadas no município mineiro de Mariana, em novembro de 2015. Foram liberados no ambiente mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que destruíram comunidades, devastaram vegetação nativa e poluíram a Bacia do Rio Doce. O episódio é considerado a maior tragédia ambiental do país.

Petrobras (PETR3, R$ 16,41, -0,54%;PETR4, R$ 16,10, -0,31%)
As ações da Petrobras também amenizaram as perdas, apesar do brent e o WTI seguirem em queda de mais de 1% após cinco dias seguidos de ganhos em meio à escalada das tensões no Oriente Médio. 

Três notícias agitam ainda o noticiário sobre Petrobras. As participações acionárias minoritárias detidas pela Petrobras no capital social da Deten Química e da Braskem ficaram excluídas do Programa Nacional de Desestatização (PND), segundo decreto publicado no Diário Oficial.

Já o Carf proferiu na quarta-feira, por unanimidade, decisão favorável à Petrobras em processo administrativo fiscal no valor de R$ 7,8 bilhões. A decisão aborda o momento da dedutibilidade dos gastos incorridos pela Petrobras com o desenvolvimento da produção de petróleo e gás, para fins de apuração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, referentes ao exercício de 2010, segundo documento. As informações referentes a este processo estão apresentadas nas demonstrações financeiras (ITR) do segundo trimestre, disse a empresa. 

Por fim, a estatal anunciou elevação do preço da gasolina em 0,2% e corte do diesel em 0,8%. Os preços são para as refinarias a partir de 20 de outubro, segundo informação no site da Petrobras.

Construtoras

As construturas de baixa renda caem com especulação sobre redução de empréstimos. A ) — MRV (MRVE3, R$ 13,64, -4,68%) chegou a cair 5,7% para R$ 13,50, enquanto Direcional (DIRR3, R$ 6,15, -3,91%) chegou à mínima de 4,7%, depois de notícias de que o governo está trabalhando para melhorar os níveis de capital da Caixa Econômica Federal.

Traders especulam que melhores níveis de capital para a Caixa pode significar níveis de empréstimos baratos mais baixos para compradores em segmento de baixa renda. Já a Tenda (TEND3, R$ 17,15, -4,19%) chegou à queda de 4,75%. Na quarta-feira, o Estadão informou que o governo estuda venda de R$ 10 bi em crédito de risco da Caixa ao BNDES.

Cyrela (CYRE3, R$ 13,50, -2,53%)

Sem grandes surpresas com sua prévia operacional, a Cyrela vê suas ações caírem cerca de 1% na bolsa em um dia negativo do mercado. A construtora e incorporadora comunicou que suas vendas líquidas contratadas no terceiro trimestre, incluindo parceiros, somaram R$ 730 milhões, alta de 27,3% quando comparado com o mesmo período de 2016. Considerando os números da empresa isoladamente, as vendas subiram 32,9% no trimestre, para R$ 554 milhões, e 16,9% no acumulado em 2017 até setembro, a R$ 1,49 bilhão.

Já os lançamentos da Cyrela entre julho e setembro cresceram 17,7% no período, para R$ 532 milhões, incluindo as operações com parceiros. A construtora sozinha lançou R$ 380 milhões no período.

O Itaú BBA destacou vendas contratadas “em linha, enquanto lançamentos permaneceram leves”. O Santander aponta que as vendas gerais foram suaves; já o desempenho positivo das vendas de lançamentos recentes levou a uma velocidade de vendas de 51% no trimestre, “que vemos como saudável e confirma nossa visão de que os lançamentos recentes provavelmente terão desempenho significativamente melhor do que os projetos mais antigos”; “embora não esperemos que isso seja um gatilho para a ação, mantemos nossa visão construtiva sobre a Cyrela com base nas fortes perspectivas de geração de caixa, provavelmente levando a uma considerável distribuição de dividendos nos próximos anos”, apontam. 

Linx (LINX3, R$ 20,91, -1,18%)

A Linx vê sua ação cair mesmo após anunciar uma compra considerada positiva pelos analistas. A empresa de software para gestão de varejo informou que adquiriu, por meio de sua subsidiária Linx Sistemas e Consultoria, a empresa de tecnologia de informação Shopback, pelo valor de R$ 39 milhões, à vista. A companhia poderá pagar, ainda, sujeito ao atingimento de metas financeiras e operacionais para os anos de 2017 a 2019, o valor adicional de até R$ 17,558 milhões. Conforme aponta o BTG Pactual, a estratégia com aaquisição é reforçar o portfólio de soluções que a Linx tem para oferecer ao varejo (e talvez a outras indústrias). O BTG ressalta ainda que, apesar do valuation não ser uma “barganha”, a recomendação é de compra para as ações uma vez que a empresa tem uma posição única no mercado de varejo, tem boas perspectivas de crescimento e é um modelo de negócios não-cíclico. 

Wiz (WIZS3, R$ 16,00, -2,97%) e SulAmérica (SULA11, R$ 17,66, -0,45%)

As ações da Wiz, que têm a exclusividade sobre as operações da Caixa Seguradora, caem cerca de 3% na bolsa. Segundo informa a coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, a SulAmérica assinou acordo de confidencialidade (NDA, na sigla em inglês) para disputar o balcão de seguros da Caixa Econômica Federal. A seguradora teria feito, contudo, ressalvas para participar da segunda etapa do processo, que começa na semana que vem. Procurada pelo jornal, a SulAmérica não comentou. Já a Porto Seguro (PSSA3), líder do ramo de automóvel, nem cogitou assinar o acordo de confidencialidade para os seguros da Caixa. 

Veja mais em: “Call binário” podendo até dobrar de valor? A explicação sobre o caso Wiz – e as chances da empresa na bolsa

 Oi (OIBR3, R$ 5,59, -6,52%; OIBR4, R$ 4,44, -6,92%)

As ações da companhia telefônica têm um dia de queda. Segundo o Valor Econômico, o governo quer que a solução para a situação financeira da Oi, empresa em recuperação judicial desde meados do ano passado, mostre aos investidores internacionais que o país consegue resolver complexas pendências jurídicas a contento. Desta forma, precisará de mais tempo para montar um plano e é praticamente certo que será adiada a data da assembleia geral de credores da empresa (AGC), originalmente marcada para o dia 23.

Contudo, o jornal informou que a Oi nega essa informação e garante que já há, inclusive, quórum para a instalação da assembleia que vai deliberar sobre a nova versão do plano de recuperação judicial, concebida pelos conselheiros da companhia de telefonia. 

Mais tarde, fontes ouvidas pela Bloomberg afirmaram que os credores que detêm a maior parte da dívida da Oi solicitaram o adiamento da assembleia geral. Os dois principais grupos de bondholders, representados por Moelis e G5 Evercore, entraram com os pedidos no tribunal onde tramita a recuperação judicial, disseram as fontes. 

Varejistas

Após dispararem até 11% na véspera em meio à “decepção dos clientes” com a expansão da Amazon no Brasil, as ações de varejistas passaram a registrar um dia de queda, mas amenizaram as perdas ou passaram a registrar leve alta, como as ações de Magazine Luiza (MGLU3, R$ 69,97, -1,07%), B2W (BTOW3, R$ 21,24 +1,53%) e Via Varejo (VVAR11, R$ 23,69,  +0,51%). 

Em relatório, os analistas do JP Morgan apontaram que a Amazon não é uma ameaça completa, pois tem um longo passo para percorrer, que passa desde reforçar sua marca entre os brasileiros como questões de logística. Sobre esse último assunto, o presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, resume bem o desafio: “a Amazon não vai ter moleza no Brasil. Lá fora ela tem Fedex, Sedex, DHL, entre outras. Então, ela não precisa ter sequer um caminhão ou um motoboy. Aqui, a gente depende de uma única empresa, o Correios, que ainda por cima é estatal”, afirmou durante evento realizado na Casa do Saber.

Na avaliação dos analistas Stephen Duvignau, da Fama Investimentos, Rodrigo Furtado, da XP Gestão, e Giovanna Scottini, da Eleven Financial, a queda dos papéis desde a divulgação da notícia da entrada da Amazon foi exagerada e isso acabou gerando uma oportunidade de compra para as ações: e o mais interessante, uma entrada que atende desde os investidores mais conservadores até os mais arrojados. Para ler a íntegra das análises, clique aqui.

Vale destacar ainda a queda da Lojas Renner (LREN3, R$ 36,38, -2,99%). Segundo análise do Morgan Stanley, o  plano da Amazon de gradualmente expandir oferta de produtos no Brasil para outras categorias como vestuário e itens de cuidados pessoais traz risco a longo prazo para Renner, Cia. Hering (HGTX3, R$ 30,02, +0,77%) e Natura (NATU3, R$ 30,50, -1,49%), escreveram analistas do Morgan Stanley liderados por Franco Abelardo. Semelhante a outras regiões onde opera, Amazon deve levar perigo a todo o mercado varejista brasileiro no longo prazo, mas com prováveis pequenos efeitos de curto a médio prazo para players locais, escreveu Abelardo

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 36,87, -1,50%)

O Banco do Brasil registra queda acompanhando o movimento do mercado, mesmo após a bem sucedida captação de US$ 1 bilhão, com prazo de sete anos e rendimento de 4,7% ao ano. A operação marca o retorno do Banco do Brasil ao mercado de emissão de dívida após 3 anos;

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.