Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quinta-feira

Confira os principais eventos desta quinta-feira nos mercados

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O mercado brasileiro deve reagir ao cenário negativo no exterior, apesar da vitória do presidente Michel Temer com a aprovação do parecer que pede a rejeição da denúncia contra ele na CCJ da Câmara na véspera. Isso porque as bolsas mundiais e commodities operam majoritariamente em baixa nesta sessão, de olho em Ctalunha e China. Na agenda, o destaque será a divulgação do indicador de atividade industrial da Fed da Filadélfia que deve mostrar um avanço firme em outubro, segundo a LCA Consultores. Confira este e outros destaques desta quinta-feira:

1. Bolsas mundiais

O destaque nesta quinta-feira fica para a reação aos dados do PIB da China e também às questões sobre a Catalunha. As bolsas da China tiveram queda, após dados oficiais mostrarem que a segunda maior economia do mundo cresceu em ritmo um pouco mais fraco no último trimestre. No terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês teve expansão anual de 6,8%, como previam analistas consultados pelo The Wall Street Journal. No segundo trimestre, porém, a China havia exibido crescimento anual um pouco maior, de 6,9%. No fim de semana, o presidente do banco central chinês (PBoC), Zhou Xiaochuan, havia previsto que o crescimento econômico do gigante asiático atingiria 7% na segunda metade do ano. As commodities, por sua vez, sofrem maior impacto: o minério de ferro cai após presidente chinês Xi Jinping dizer que a China manterá planos para desalavancar e cortar capacidade das siderúrgicas. 

Já na Europa, além da temporada de resultados do terceiro trimestre, o imbróglio espanhol aumenta a aversão ao risco dos mercados. O IBEX 35 espanhol chegou a cair 1% após líder da Catalunha dizer que vai declarar independência se Madri não aceitar diálogo; já o governo da Espanha convocou uma reunião de emergência para o próximo sábado (21) para debater a revogação temporária da autonomia catalã e a convocação de eleições antecipadas nessa região.

Às 8h10 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,40%

*FTSE (Reino Unido) -0,32%

*DAX (Alemanha) -0,50% 

*FTSE MIB -0,97%

*Hang Seng (Hong Kong) -1,92% (fechado)

*Xangai (China) +-0,35% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,40% (fechado) 

*Petróleo WTI -1,35%, a US$ 51,34 o barril

*Petróleo brent -1,19%, a US$ 57,46 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -3,48%, a 444 iuanes

2. Agenda econômica

Nesta manhã, o destaque fica para os indicadores dos EUA. Às 10h30, atenção para os dados de seguro-desemprego da última semana, mesmo horário em que sai a perspectiva de negócios elaborada pelo Federal Reserve da Filadélfia. Ao meio dia, atenção para os indicadores antecedentes de setembro. 

No Brasil, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelle,s participa da reunião do Conselho Monetário Nacional junto com Ilan Goldfajn, presidente do BC, e Dyogo Oliveira, do Planejamento, 15h.

3. CCJ sobre Temer

O destaque na política fica para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, que aprovou o parecer pela rejeição da denúncia contra Michel Temer e ministros por 39 votos a 26, placar ligeiramente menor do que na primeira denúncia. A denúncia, que inclui também os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, agora segue para plenário, onde precisa de 342 votos para ser autorizada. Em agosto, 1ª denúncia contra o presidente foi derrotada na CCJ por 41 votos contra 24 e em plenário por 263 votos a 227. Conforme aponta o jornal O Estado de S. Paulo, o governo esperava 42 votos na Comissão.

Contudo, o vice-líder do governo, deputado Beto Mansur (PRB-SP), minimizou o placar: “o importante é dizer que nós vencemos. Vamos trabalhar para ter uma votação expressiva no plenário, tirar isso da frente, porque nós temos muitas coisas para votar do interesse da sociedade brasileira, disse vice- líder do governo”. 

A previsão é que o texto pela inadmissibilidade da segunda denúncia contra o presidente  seja analisado no plenário da Câmara dos Deputados até a próxima quarta-feira (25). A estimativa foi confirmada pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia. 

4. Reforma da previdência e gastos do governo

O mercado aguarda pela rejeição da denúncia para que governo possa tentar aprovar reforma da Previdência ainda este ano, em meio aos alertas de agências de classificação de risco nas últimas semanas de que, sem a reforma da previdência, será difícil o Brasil fazer ajuste fiscal e a nota soberana pode sofrer um novo rebaixamento. 

Neste sentido, vale destacar a análise de João Augusto de Castro Neves, diretor para América Latina da Eurasia, em entrevista para a Bloomberg. Segundo ele, ainda existe chance de uma versão mais desidratada da reforma da Previdência ser aprovada em 2017, contendo idade mínima e regra de transição, “mas janela está apertada”. Apesar de grande chance de governo sair vitorioso em votação de segunda denúncia contra o presidente, ainda “há ambiente que não é propício à negociação da Previdência”. A chance para aprovação de reforma está em torno de 55% neste momento, mas cai vertiginosamente após o final do ano; para governo, ideal é tentar negociar ainda em 2017, afirma Castro Neves. 

Enquanto isso, o jornal O Estado de S. Paulo destaca que, pelo segundo mês consecutivo, a arrecadação do governo federal cresceu mais do que a inflação, reflexo de uma melhora dos indicadores da atividade econômica, aliviando a situação fiscal da União. Com mais dinheiro em caixa, o governo deve pagar, ainda neste ano, parte das despesas que seriam postergadas para 2018. Contudo, a avaliação dos consultores da Câmara é que a arrecadação veio melhor que o previsto, mas o resultado é insuficiente para antecipar qualquer tendência. Isso porque o desempenho da arrecadação, tanto de agosto quanto de setembro, refletiu as receitas do Refis.

5. Noticiário corporativo

Em destaque, os acionistas da Vale aprovaram, em Assembleia Especial a conversão de ações PNs em ONs. Nesta manhã, a companhia também divulgou o relatório de produção no terceiro trimestre de 2017, com produção de 95,1 milhões de toneladas de minério de ferro. Já a Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP, manifestou a intenção de prorrogar por mais cinco meses o período de layoff (suspensão temporária de contratos de trabalho) de 800 funcionários. A proposta será agora apreciada em assembleias dos trabalhadores.

Além da Vale, outras empresas estão no radar: a Smiles Fidelidade, nova denominação da Webjet Participações, informou que cada ação de emissão da Smiles (SMLE3) passa a ser negociada sob o ticker SMLS3 a partir de 23 de outubro. Atenção ainda para prévias operacionais: a Cyrela comunicou que suas vendas líquidas contratadas no terceiro trimestre, incluindo parceiros, somaram R$ 730 milhões, alta de 27,3% quando comparado com o mesmo período de 2016. Após três anos longe do mercado internacional, o Banco do Brasil  captou US$ 1 bilhão em bônus de sete anos nesta quarta-feira. Os papéis embutem rentabilidade ao investidor de 4,7% por cento, com cupom de 4,625%. A operação atraiu demanda de cerca de US$ 5,5 bilhões. A Linx, por sua vez, informou a aquisição de 100% da Sback por R$ 39 milhões. Já a JSL assinou contrato de opção de compra da Borgato. 

Por fim, no InfoTrade, destaque para recomendação de compra para as ações da Lojas Americanas (LAME4) – confira a análise completa.

(Com agências)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.