Vale e siderúrgicas saltam 6%, Oi dispara 23% e varejistas despencam com “pesadelo Amazon” na sexta-feira 13

Confira os destaques da B3 na sessão desta sexta-feira (13)

Marcos Mortari

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

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SÃO PAULO – A volta do feriado foi positiva para a maior parte das ações do mercado brasileiro, com a disparada das commodities e o fraco resultado inflacionário dos Estados Unidos animando os investidores. No entanto, o pregão foi digno de sexta-feira 13 para as ações do setor varejista, que chegaram a registrar perdas superiores a 10%. Para a Oi, o dia foi de forte comemoração com o protocolo de um plano de recuperação judicial.

Confira os destaques do pregão desta sexta-feira (13):

Vale (VALE3, R$ 32,91, +5,82%; VALE5, R$ 30,39, +6,22%)
A sessão foi de fortes ganhos para a Vale, em um dia de disparada para o minério de ferro. Os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian tiveram ganhos de 5,07%, a 456 iuanes, enquanto o minério à vista negociado em Qingdao fechou com ganhos de 4,06%, a US$ 62,53 a tonelada. A commodity é beneficiada por números em geral positivos da balança comercial da China. As importações da potência asiática avançaram 18,7% em setembro na comparação anual, acima da expectativa de alta de 15% dos analistas, o que beneficiou as praças asiáticas em geral. As exportações chinesas cresceram pelo sétimo mês consecutivo, em alta anual de 8,1%, embora neste caso abaixo da previsão de avanço de 10% dos economistas ouvidos pelo Wall Street Journal. O ânimo com o minério foi reforçado pela informação do aumento na importação da commodity pela China para acima de 100 milhões de toneladas.

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Com essa alta do minério, as ações de siderúrgicas também foram destaque, com CSN (CSNA3, R$ 10,22, +5,91%), Usiminas (USIM5, R$ 10,32, +6,39%) e Gerdau (GGBR4, R$ 11,44, +3,81%) fechando em forte alta. 

Verejistas

As ações das varejistas Magazine Luiza (MGLU3, R$ 72,70, -5,58%), B2W (BTOW3, R$ 21,25,-11,09%) e Via Varejo (VVAR11, R$ 22,46, -7,95%) chegaram a cair fortemente na bolsa com a ameaça da expansão da Amazon no Brasil, mas amenizaram as perdas ao longo do dia. Logo na abertura, os papéis MGLU3 chegaram a cair 10,65%, os VVAR11, 12,30%, e os BTOW3, 14,64. Ontem, a notícia de que a gigante americana aumentará as suas operações no País foi um baque na véspera para os papéis do Mercado Livre na Nasdaq, que despencaram 10%, e gera “estrago” nas ações brasileiras. No final do pregão da última quarta-feira, as ações de B2W e Magazine Luiza já tinham registrado forte queda na esteira dos rumores e agora seguem a derrocada. 

A Bloomberg informou no final da tarde de quarta que a Amazon.com está recrutando para vários posições no Brasil, sinalizando que o varejista on-line poderia expandir sua presença no maior mercado da América Latina além da venda de livros online.  Os recentes postos de trabalho da gigante no Brasil incluem gerente de operações tributárias, que se concentraria em “processos fiscais, compliance e documentação para novas iniciativas/lançamentos de empresas. “Outra posição é um gerente de de produto que supervisionaria “lançamentos de grandes novidades em lançamentos “, diz a notícia. 

Mais tarde, o jornal Valor Econômico informou que a Amazon começará a vender aparelhos eletrônicos no Brasil já no dia 18 de outubro (quarta-feira da próxima semana).  A reportagem afirma ainda que a Amazon deve optar por essa data para chegar com ofertas agressivas para conquistar o público brasileiro já durante a Black Friday deste ano. 

Em relatório, a analista da Goldman Sachs, Irma Sgarz, apontou que a expansão da Amazon para o Brasil teria impactos negativos para o Mercado Livre, entre outras empresas de comércio eletrônico que operam no país. Sgarz acredita que a fatia de mercado e o volume bruto de mercadorias diminuirão e que essas empresas terão que oferecer mais incentivos, como frete grátis, para atrair consumidores. 

Além dessas, as controladoras da B2W, Lojas Americanas (LAME4, R$ 19,22, -3,22%) e do Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 77,65, -3,96%) também registraram forte queda. 

Petrobras (PETR3, R$ 16,58, +0,72%; PETR4, R$ 16,08, 0,00%)
As ações da Petrobras fecharam com alta mais moderada do que o visto ao longo do dia, seguindo parcialmente a alta do petróleo nesta sessão. Assim como vale e siderúrgicas, a commodity também é impulsionada pelos dados da China: as importações tiveram aumento de 12% entre janeiro e setembro, na comparação com igual período do ano passado, de acordo com dados oficiais divulgados nesta sexta-feira. Levando-se em conta apenas o mês de setembro, a alta anual também foi de 12%. 

Além disso, quatro notícias agitaram o noticiário sobre Petrobras. Na quarta-feira, o STJ decidiu em favor da Petrobras sobre juízo de competência em disputa bilionário com o Espírito Santo, segundo informou a assessoria de imprensa do tribunal. O STJ decidiu que caso vai a arbitragem, como solicitado pela Petrobras. A disputa envolve mais de R$ 2 bilhões em pagamentos de participações especiais por petróleo produzido em campos do pré-sal do chamado Parque das Baleias, na costa do Espírito Santo. 

Já a Folha de S. Paulo informa que mais de 40% do valor já negociado pela Petrobras em seu processo de venda de ativos, iniciado há dois anos, esbarra em impasses na Justiça e com a defesa da concorrência atingem. Mas, apesar das dificuldades, a estatal, diz que está mantida a meta de levantar US$ 21 bilhões até o fim do ano que vem. Veja mais clicando aqui.

O Valor Econômico, por sua vez, informa que a demora em baixa de refinarias da estatal motiva processo da CVM. O processo sancionador aberto pela Comissão contra 40 atuais e antigos administradores da Petrobras se deve à não realização, na visão da autarquia, de testes adequados que poderiam ter levado a baixas no valor dos investimentos feitos na Rnest e no Comperj entre 2010 e 2014. Os ajustes contábeis começaram a ser feitos no balanço de 2014, mas, no entender da área técnica da CVM, não foram suficientes mesmo naquele momento. Por fim, a Petrobras elevou a gasolina em 0,8% e cortou o diesel em 0,2%, com novos preços valendo nas refinarias a partir do sábado (14).

Oi (OIBR3, R$ 5,91, +14,98%; OIBR4, R$ 5,00, +23,76%) 
A Oi disparou após informar que protocolou na quarta-feira o plano de recuperação judicial na 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, responsável por conduzir o processo. A proposta, que altera as condições para a negociação com credores, foi aprovada na terça-feira (10) pelo conselho de administração e pela diretoria e prevê uma capitalização de R$ 9 bilhões. Desse total, parte viria da conversão de dívidas em participação acionária, cerca de R$ 3,6 bilhões; R$ 3,5 bilhões em dinheiro aportado por bondholders (detentores de títulos) e R$ 2,5 bilhões vindos dos acionistas. A empresa espera conseguir consenso entre acionistas, bondholders e credores para que a proposta possa ser colocada em votação em Assembleia de Credores, já marcada para o dia 23 de outubro.

“Com a capitalização, o patamar de investimento anual da companhia passará de R$ 5 bilhões ao ano para aproximadamente R$ 7 bilhões ao ano, pelos próximos três anos. O adicional de investimento a ser feito anualmente será destinado a projetos de expansão de fibra ótica, aumento da cobertura 4G, projetos de digitalização e TI”, disse a empresa por meio de nota. Além disso, a Oi disse que vai negociar com os bondholders, que reúnem montante superior a R$ 22 bilhões de créditos. “A companhia já assinou acordos de confidencialidade com representantes destes grupos e iniciou discussões para buscar aprovação ao plano de recuperação da Oi”, disse a tele em nota.

Em agosto, a Oi apresentou para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) uma proposta de recuperação judicial, que incluía uma capitalização de R$ 8 bilhões. Na ocasião, a agência determinou, diante do que considerou inconsistências, que o plano fosse refeito antes de ser submetido aos credores no final de setembro. A situação das dívidas da Oi com a Anatel ainda está sem resolução. A empresa disse que a partir deste momento, “há ampla oportunidade de avançarem as discussões com instituições e autarquias públicas que são credores da Oi e também com as autoridades e regulador do Governo, que vêm se manifestando publicamente pelo interesse comum de preservar os serviços prestados pela Oi e os empregos gerados pela companhia.”

A empresa deve cerca de R$ 11 bilhões em multas a agência reguladora. Na tarde de terça (10), após se reunir com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, a ministra da Advocacia Geral da União (AGU), Grace Mendonça, disse que o governo cogita uma mudança na legislação para ajudar a Oi, caso a solução definida pelo grupo não tenha respaldo na legislação vigente. O governo poderia enviar uma proposta (projeto de lei ou medida provisória) ao Congresso, segundo a advogada-geral da União. “É um início de trabalho. Não há a exclusão de nenhuma possibilidade”, disse após a reunião do grupo.

A AGU é responsável por fazer a interlocução junto à Justiça dos interesses do governo e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e participa de um grupo de trabalho com representantes de vários ministérios para encontrar uma saída legal para a companhia. Grace Mendonça disse que o grupo de trabalho está disposto a analisar todas as opções, desde que haja sustentação jurídica. Entre as hipóteses, estão a renegociação parcial da dívida bilionária dentro das regras da Medida Provisória 780, que criou o parcelamento para as autarquias; o alongamento de prazos para o pagamento dos débitos e a conversão em investimentos de parte das multas aplicadas pela Anatel à operadora.

O grupo Oi fez a requisição do pedido de recuperação judicial em 20 de junho de 2016. O caso é o maior e mais complexo processo de recuperação judicial da história do país. A empresa disse que vem trabalhando para resolver o imbróglio. “O objetivo da diretoria estatutária é assegurar a recuperação da Oi e por isso a companhia vem empenhando todos os melhores esforços para manter a companhia estável operacionalmente, tendo evoluído em todos os indicadores de qualidade, e também mantendo seu equilíbrio econômico-financeiro e competitividade comercial”, disse.

O novo plano foi protocolado, mas não sem polêmicas, segundo informa o Valor. Duas agências europeias de crédito à exportação – a Belgian Export Credit Agency e a Finnish Export Credit Agency – enviaram mensagens, por e-mail, a quatro ministros do governo Temer manifestando preocupação com o rumo das negociações sobre a crise financeira da Oi. As duas agências tornaram-se credoras da empresa ao financiarem a compra de equipamentos de telecomunicações fabricados na Bélgica e Finlândia. No total, emprestaram US$ 1 bilhão.

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 37,42, +0,05%)
O jornal Valor Econômico e a Bloomberg informaram que o BB contratou os bancos BB Securities, BofA Merrill Lynch, BTG Pactual, Itaú BBA, Santander e Wells Fargo para preparar uma possível emissão externa em dólar. O roadshow acontece na segunda-feira (16) e terça (17), em Londres, Los Angeles, Nova York e Boston. 

IMC (MEAL3, R$ 10,93, -3,27%)
A ação da IMC caiu mesmo após ter a cobertura iniciada com recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) pelo Credit Suisse, com preço-alvo de R$ 14,00. “O case de IMC nos parece uma clara história de turnaround. O processo de reestruturação da empresa tem sido bastante extenso e entre os principais pontos podemos destacar: (1) desinvestimento de algumas operacoes internacionais (México, Porto Rico, Republica Dominicana), (2) redução da complexidade do negócio, (3) desalavancagem e expansão orgânica e (4) iniciativas para aumentar a demanda (mudanca no cardápio, programa de fidelidade, calendário de marketing, entre outros)”, apontam os analistas. 

Santander Brasil (SANB11, R$ 29,87, +0,57%)
As units do Santander têm leve alta após terem a recomendação elevada para neutra e o preço-alvo sendo elevado de R$ 24 para R$ 30 pelo BTG Pactual. Os analsitas destacaram que o papel está muito descolado de seus pares no setor no acumulado do ano; além disso, a expectativa é de um momentum de resultados, com a perspectiva de bons números no terceiro trimestre. 

(Com Bloomberg, Agência Brasil e Agência Estado) 

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.