CVM acusa 40 pessoas em caso Petrobras; sucessão no Bradesco, chance elevada de intervenção na Oi e mais destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo da sessão desta quarta-feira (11)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na véspera do feriado, o noticiário corporativo é movimentado, com destaque para três notícias sobre a Petrobras, além da sucessão no Bradesco e a continuidade do imbróglio na Oi. Confira no que se atentar nesta sessão: 

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado de capitais, acusa 40 administradores e ex-administradores da Petrobrás de terem burlado as normas contábeis brasileiras. A suspeita de irregularidade está na reavaliação do valor de ativos como as refinarias Abreu e Lima (Rnest) e o Complexo Petroquímico do Rio (Comperj). A lista de acusados inclui nomes como o diretor financeiro da estatal Ivan Monteiro e os ex-presidentes Aldemir Bendine, Graça Foster e José Sérgio Gabrielli.

O detalhes em torno da suspeita de irregularidade ainda não são públicos. A acusação da CVM indica uma violação por parte dos administradores do chamado “dever de diligência”, que determina, entre outras pontos, que eles zelem pela saúde financeira da companhia. Por isso, nessa etapa das investigações, além dos diretores, todos os conselheiros das gestões que estão sob a mira da CVM se tornam alvo da apuração – uma vez que são responsáveis, respectivamente, pela elaboração das contas e por fiscalizá-las.

As falhas nos procedimentos contábeis, realizados anualmente, podem ter levado a Petrobrás a divulgar informações que não refletiam a sua real situação financeira. A revisão de projetos avalia se suas receitas futuras serão suficientes para arcar com os custos de operação e recuperar os investimentos. Caso contrário, são feitas baixas contábeis, que afetam seu lucro e o pagamento de dividendos.

Ainda no noticiário da estatal, ela comunicou uma elevação do preço da gasolina e do diesel em 1,2%, válida na próxima quinta-feira (12) nas refinarias. O Valor, por sua vez, informa que a Justiça Federal de Sergipe suspendeu, por meio de uma liminar, a venda dos campos de Lapa e Iara, no pré-sal da Bacia de Santos, da Petrobras para a francesa Total. O negócio faz parte de um acordo de US$ 2,2 bilhões, assinado entre as duas petroleiras no início do ano, antes da divulgação da nova sistemática de venda de ativos da estatal, e envolve também 50% da TermoBahia – empresa que controla as termelétricas a gás Rômulo de Almeida e Celso Furtado.

Por fim, a Petrobras e a Petrotemex tiveram negócio declarado complexo pelo Cade. que determinou realização de diligências adicionais, conforme despacho publicado no Diário Oficial. As diligências terão os seguintes objetivos de acordo com site do Cade: *solicitar ao Departamento de Estudos Econômicos do Cade a elaboração de estudo quantitativo a respeito de impactos concorrenciais decorrentes da operação; *facultar às partes a apresentação das eficiências econômicas geradas pela operação; *requerer dados de concorrentes. A Petrobras disse em comunicado que continuará colaborando com o Cade com vistas a obter a aprovação da operação dentro do prazo legal.

Bradesco (BBDC4)
Logo após o fechamento da terça-feira, o Bradesco comunicou a renúncia de Lázaro de Mello Brandão, presidente do conselho de administração do banco. Em seu lugar, foi nomeado Luiz Carlos Trabuco, então presidente da instituição.

Para oficializar a troca do comando, a assessoria de imprensa do banco organizou nesta quarta-feira (11), às 10h30, uma coletiva na sede do Bradesco para explicar a renúncia de Brandão, que estava no cargo desde fevereiro de 1990. De acordo com o comunicado, Trabuco ficará no cargo até a primeira reunião do conselho, que será realizada após a AGO (Assembleia Geral Ordinária) prevista para março do ano que vem.

Brandão, que trabalha no Bradesco desde 1943, permanecerá na presidência do conselho das sociedades controladoras do Bradesco, “transmitindo seus ensinamentos e experiência acumulados ao longo desses mais de 75 anos de vida profissional dedicados exclusivamente à organização, com magníficos exemplos de trabalho, honradez e ética”, como destaca o comunicado.

De acordo com o Bank of America Merrill Lynch, o novo CEO do Bradesco provavelmente será escolhido entre os sete vice-presidentes executivos do banco; os com mais experiência  provavelmente serão os principais candidatos para assumir o cargo. “Acreditamos ser improvável que o Bradesco procure um CEO fora do grupo, especialmente considerando o sistema meritocrático do banco”, apontam os analistas

Cosan (CSAN3)
A Cosan informou, em fato relevante enviado ao mercado, que a petroleira Shell exerceu opção de venda de suas ações na Comgás (CGAS5), as quais serão compradas pela controladora da companhia, Cosan Limited. O valor intrínseco da transação é de R$ 1,16 bilhão por 16,77% do capital social da companhia. 

Na transação, a controladora Cosan Limited entregará a Shell ações que equivalem a 4,99% do capital da Cosan. Além disso, estão previstos dois pagamentos: R$ 208,7 milhões na
data do fechamento da transação; e R$ 214,9 milhões um ano depois. Com a conclusão da operação, o acordo de acionistas celebrado entre a Cosan e a Shell no âmbito da Comgás será extinto. 

Even (EVEN3)
A Even, com atuação em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e foco nos empreendimentos residenciais a partir de R$ 250 mil, apresentou hoje seus dados operacionais referentes ao 3° trimestre. A construtora informou que suas vendas líquidas contratadas somaram R$ 332 milhões no período (parte Even), dos quais R$ 87 milhões (41%) referem-se a vendas de lançamentos do trimestre e R$ 123 milhões (59%) a vendas de estoque. O VSO (indicador que mede a velocidade de vendas) do trimestre foi de 8%. 

Segundo a empresa, foram lançados 3 empreendimentos no período, que somaram R$ 271 milhões, abaixo dos R$ 386 milhões registrados no mesmo trimestre de 2016.

Oi (OIBR4)

Sobre o caso Oi, a advogada-geral da União, Grace Mendonça, informou que o governo iniciou grupo de trabalho sem excluir possibilidades para a empresa. Os cenários estão abertos, inclusive com MP que cria Programa de Regularização de Débitos não Tributários junto às autarquias. A possibilidade estender prazo de pagamento das dívidas da Oi também está sendo considerada. Segundo Mendonça, grupo de trabalho é composto por representantes da AGU, Anatel, Caixa, Banco do Brasil, Ministério das Comunicações. O governo marcou nova reunião para segunda-feira.

De acordo com o Bradesco BBI, “dada a falta de progresso nas negociações entre os acionistas e os detentores de títulos da Oi, acreditamos que uma intervenção está emergindo como o único cenário possível”. Considerando que os números operacionais da Oi estão melhorando, a Anatel precisa aguardar a hora correta para evitar danos judiciais. 

Em um cenário de intervenção, a Anatel assumiria o controle do conselho de administração e poderia oferecer um plano de recuperação judicial mais flexível aos detentores de títulos,
ajudando assim a Oi a chegar a um acordo e desenvolver um plano com potencial aumento de capital”. 

Os analistas citam outras opções para Oi, que eles acreditam que não são prováveis: aguardar um acordo entre os acionistas e os detentores de títulos, o que é improvável dada a discrepância nos valores solicitados por ambas as partes. Se não houver acordo, deixar o juiz declarar falência; uma vez que a Oi é crucial no setor, é improvável que o regulador
permita isso. Cancelar a concessão e autorização de linha fixa da Oi e vendê-la para outra empresa, o que criaria ruído e poderia levar a um impacto negativo nas entidades públicas

“Uma intervenção é suficiente para encontrar uma solução para o Oi? Não na nossa visão”, afirmam os analistas. Um investidor chinês poderia ser o principal nome por trás de um aumento de capital, desde que esses obstáculos sejam removidos, apontam. 

Cesp (CESP6)

O Credit Suisse comentou a notícia do ValorPro da véspera, que informou que a privatização da Cesp poderia ser postergada para o primeiro trimestre de 2018, com a possibilidade de estender a concessão de Porto Primavera e o Estado deixando 10-20% de valor adicional para os investidores. Os analistas acreditam que esse ganho adicional não deve ser suficiente para trazer muito mais apetite para o ativo. “Ainda estamos esperando mais detalhes sobre esse processo e, até lá, não conseguimos ver muito potencial de alta para as ações. Mantemos o neutro”, apontam. 

Helbor (HBOR3)
O conselho de administração da Helbor aprovou um aumento de capital de até R$ 280 milhões mediante emissão de no máximo 140 milhões de novas ações ordinárias, segundo comunicado enviado ao mercado. 

A operação ocorrerá mediante subscrição particular, ao preço de R$ 2 por ação, com base na média das cotações de fechamento dos papéis entre 2 de junho e 9 de outubro, sendo aplicado um deságio de 14,9%.

O aumento de capital será homologada desde que sejam subscritas ao menos 105 milhões de novas ações ordinárias, o que corresponderia a um aumento mínimo de R$ 210 milhões.

Gol (GOLL4)
A demanda total da Gol aumentou em 5,0% em setembro ante o mesmo mês do ano passado, informou nesta terça-feira a companhia aérea. O oferta, por sua vez, avançou 2% no período, o que levou a taxa de ocupação nas aeronaves da empresa ao patamar de 80,2%, um crescimento de 2,3 pontos porcentuais em relação ao mesmo período de 2016. O número de passageiros transportados, por sua vez, teve alta de 4,8%.

No mercado doméstico, a demanda por voos da Gol cresceu 4,1%, enquanto a oferta de assentos teve leve avanço de 0,7%. A taxa de ocupação nos voos nacionais da empresa cresceu 2,7 pontos porcentuais, para 81%. O número de passageiros transportados cresceu 4,5% em relação ao mesmo período de 2016.

Já os voos internacionais da empresa registraram aumento de 13,1% na demanda no mês passado na comparação anual. O movimento foi acompanhado pela oferta, que também cresceu 13,1%. A taxa de ocupação ficou estável em setembro em 74,3%. O número de passageiros transportados aumentou 8,5% em relação ao mesmo período de 2016.

Gerdau (GGBR4)
A partir do início de janeiro de 2018, quando assume seu novo presidente-executivo, Gustavo Werneck da Cunha, o primeiro fora da família, o Grupo Gerdau mudará sua sede corporativa para São Paulo, deixando o centro de Porto Alegre.

Segundo a empresa, a mudança faz parte da evolução da governança do grupo, anunciada em agosto, quando foi informada a troca de comando, com a substituição de André Gerdau por Werneck, que hoje é diretor-executivo da Operação Brasil e está há 13 anos no grupo. Com a transferência, todos os executivos da companhia vão ficar baseados na capital paulista, onde o grupo já tem um escritório que abrange as atividades no País. 

BR Properties (BRPR3)

A BR Properties concluiu a venda de propriedade em São Paulo por R$ 84 milhões. 
Conforme aponta o Bradesco BBI, a BR Properties ainda tem alguns ativos non-core para desinvestir, o que pode ser marginalmente positivo para o preço da ação.

Azul (AZUL4)

A Azul anunciou que vai vender 10 aviões ATR 72-600 para a Nordic Aviation Capital (NAC), sendo 5 no 4T17 e 5 no 1S18, segundo fato relevante. O acordo com NAC inclui entrega de 3 ATR 72-600 sob leasing operacional na segunda metade deste ano. A venda das 10 aeronaves já era considerada na projeção de frota de 122 e 128 aviões operacionais em 2017 e 2018, respectivamente. A companhia deve substituir parte dos ATR por aeronaves maiores e
mais modernas. A Azul espera crescer capacidade (ASK) de 11% a 13% em 2017. 

BR Malls (BRML3)
O conselho de administração da BRMalls decidiu que o atual vice-presidente do colegiado, Claudio Bruni, vai assumir interinamente a presidência do órgão. A decisão foi tomada após a morte do presidente do conselho, Pedro Damasceno, no último sábado, vítima de um infarto aos 47 anos. 

HOMENAGEM: Os 10 maiores aprendizados que tive com Pedro Damasceno 

Cemig (CMIG4)

Segundo a coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, a Cemig, que há meses busca alternativas para melhorar sua situação financeira, conseguiu alongar por mais cinco anos uma dívida no montante de cerca de R$ 3 bilhões junto aos principais bancos do País. A negociação teria sido feita individualmente com cada instituição, mas, em geral, as condições do reperfilamento foram as mesmas. 

Sanepar (SAPR4)

A Sanepar convocou  AGE para 27 de outubro, às 9h, sobre programa de units. As nits seriam cada uma representativa de uma ação ordinária e quatro ações preferenciais. A companhia  também propõe a conversão de ações preferenciais em ações ordinárias à razão de 1 para 1.

Itaúsa (ITSA4)

Itaúsa aprova a elevação da recompra de ações para até 153,7 milhões. O volume foi ampliado em relação às 100 milhões de ações que faziam parte do programa aprovado em 7 de agosto, disse a Itaúsa em fato relevante. A recompra aprovada em reunião nesta terça inclui 103,7 milhões de ações ordinárias e 50 milhões de ações preferenciais. A diretoria apresentou proposta para elevação desses limites por entender ser no melhor interesse dos acionistas a aplicação de recursos disponíveis na recompra de ações de emissão própria, disse a Itaúsa

(Com Agência Estado e Bloomberg)

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.