Temer articula socorro para Oi; 5 recomendações, 3 candidatos para CEO da BRF e mais notícias no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta terça-feira (10)

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O noticiário corporativo é bastante movimentado nesta terça-feira (10), com diversas revisões de recomendações, além de diversas notícias sobre os imbróglios da J&F. Enquanto isso, o governo articula socorro para a dívida da Oi. Confira estes e outros destaques abaixo:  

Cielo (CIEL3)

O Credit Suisse revisou o preço-alvo para as ações da Cielo ligeiramente para baixo, de R$ 25 para R$ 24, mas mantendo recomendação neutra. Os analistas do banco esperam que a companhia reporte mais um trimestre fraco, refletindo a continua competição dado o fim dos acordos de exclusividade e novos entrantes. O volume da Cielo deve acelerar na comparação anual por causa de crédito, mas deve perder participação olhando na base trimestral. “Esperamos também um queda de 3,5% na comparação trimestral da base de POS, pressionado pelo fim da exclusividade”, afirmam os analistas. 

Alimentos e bebidas

Em relatório, o Santander destacou ver o setor de alimentos e bebidas ganhando ‘momentum’. “Após vários trimestres de consumo deprimido (menores volumes), câmbio desfavorável (exportações fracas) e pressões cíclicas (pressões de custos), esperamos que o setor finalmente participe da tendência de recuperação no Brasil”, dizem analistas do Santander Ronaldo Kasinsky e Luis Miranda em relatório. 

As empresas ainda enfrentam vários desafios, mas os analistas vêem oportunidade de se beneficiar da melhoria das perspectivas do Brasil e da dinâmica do ciclo positivo. O Santander baixou as previsões do Ebitda de 2017 e 2018 em 5% e 2% em média. Os preços-alvo para o final de 2018 oferecem um potencial de valorização atrativo (21% em média), principalmente devido a taxas de desconto mais baixas. As estimativas atualizadas ainda refletem os resultados mais desfavoráveis ??do que o esperado no primeiro semestre de 2017; o consumo doméstico ainda desafiador (embora melhorando); e previsões de macro atualizadas, incluindo um real mais forte, com estimativa para o fim de 2018 revistada de R$ 3,84 para R$ 3,50 por dólar. 

Neste cenário, a Marfrig (MRFG3) foi cortada de compra para manutenção devido à “falta de gatilhos de curto prazo”, embora a ação ainda ofereça um potencial de valorização atrativo para o longo prazo. Já a BRF (BRFS3) é a top pick do banco no setor devido à combinação de ambiente macro favorável e impulso cíclico positivo. A Minerva (BEEF3), por sua vez, “é uma história para o longo prazo”. Já para a Ambev (ABEV3), “o pior pode ter passado, mas o progresso deverá ser lento”. 

Papel e Celulose 

O Bradesco BBI, por sua vez, segue positivo em papel e celulose, tendo a Fibria (FIBR3) como top pick do setor. O banco espera um forte terceiro trimestre para empresas do setor, já que os preços da celulose continuaram a aumentar ao longo do trimestre, enquanto o real subiu 1,7% no trimestre, ficando em média em R$ 3,16 por dólar no trimestre, segundo relatório.

O Bradesco BBI espera desempenho positivo nos custos no trimestre, com exceção da Suzano (SUZB5), devidos às obras na planta de Imperatriz. A Fibria é a top pick; banco vê “momentum positivo dos resultados apenas começando” e espera redução de custos acentuada nos próximos trimestres, à medida que o Horizonte 2 entra em operação. Já o resultado da Suzano deve ser “ok”, afetado pela manutenção em Imperatriz; os resultados mostrarão principalmente custos mais elevados e menores embarques de celulose na base trimestral.

Enquanto isso, o terceiro trimestre da Klabin (KLBN11) irá “finalmente refletir o projeto Puma em velocidade de cruzeiro ou próximo disso, o que significa embarques anualizados próximos de 1,5 milhão de toneladas” e custo-caixa de celulose em torno de R$ 660 a tonelada. Os resultados também mostrarão a ausência de paradas de manutenção relevantes, o que implica menor custo-caixa em papel. Também sobre a Klabin, o UBS cortou a recomendação de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 19,50. 

BRF (BRFS3)

Segundo a Coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, Gilberto Xandó, presidente da Vigor, Antonio Ramatis, ex-presidente da Via Varejo e Ivan Zurita, ex-presidente da Nestle Brasil, estão na lista de candidatos para novo CEO da BRF. A lista está sendo analisada por Abilio Diniz, diz a coluna; a BRF não comentou. 

Direcional (DIRR3)
A Direcional divulgou após o fechamento da última segunda-feira seus dados operacionais do 3° trimestre. A construtora lançou três empreendimentos no período, todos no âmbito do programa “Minha Casa, Minha Vida”, totalizando um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 115 milhões, crescimento de 156% quando comparado a igual trimestre de 2016, e 740 unidades. As vendas líquidas somaram R$ 169 milhões, crescimento de 101% na comparação anual. Já os distratos alcançaram R$ 69 milhões, crescimento de 27% na mesma base de comparação.

De acordo com o Credit Suisse, a Direcional reportou dados preliminares fracos. Apesar do VSO ter sido forte na baixa renda a 18%, os lançamentos foram abaixo do esperado. No quarto trimestre, a tendência é de recuperação, mas não o suficiente para atingir a estimativa do banco, que era de R$ 800 milhões. “Apesar de ser uma das ações mais baratas no setor,a falta de visibilidade de crescimento de lançamento deve limitar um re-rating. A nossa cautela em relacao aos fundos do FGTS tambem não anima e por isso mantemos recomendação neutra”, afirmam. 

Azul (AZUL4)
A Azul, terceira maior companhia aérea do País, registrou em setembro crescimento de 15% na demanda, medida em passageiros-quilômetros disponíveis (RPK, na sigla em inglês), em relação a mesmo mês do ano passado. Na mesma base de comparação, a oferta apurada em assentos-quilômetro disponíveis (ASK) aumentou em 10,3%. Com isso, a taxa de ocupação das aeronaves da companhia atingiu 83,2% em setembro, alta de 3,4 pontos percentuais na base anual.  No mercado doméstico, a taxa de ocupação foi de 80,0% e no internacional, de 90,2%.

Oi (OIBR3OIBR4)
Em reunião no Planalto na tarde da última segunda-feira, o presidente Michel Temer decidiu que a ministra Grace Mendonça, da AGU (Advocacia-Geral da União), irá coordenar um grupo e concentrar todas as ações referentes à Oi, segundo informações da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo. A operadora vive uma queda de braço hoje para acertar suas dívidas com o governo federal. 

O Valor Econômico informa ainda, citando uma fonte, que a proposta de plano de recuperação judicial, aprovada pelo conselho de administração na última quinta-feira, não foi entendida como um “grande progresso” para resolver as dívidas da companhia. Essa foi uma das ponderações feitas por integrantes do governo durante a reunião convocada pelo presidente Michel Temer para o fim da tarde desta segunda-feira no Palácio do Planalto. “O plano da Oi não está completo e isso não é animador”, disse a fonte. Já na semana passada, circulavam informações de que a companhia havia aprovado somente as linhas gerais da proposta. 

Também sobre o encontro, a Folha de S. Paulo informa que Temer articula socorro para ampliar o prazo de parcelamento da dívida das empresas com o governo de cinco para 20 anos. Não haveria descontos, como no Refis, programa de refinanciamento de dívidas tributárias.

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras anunciou o corte do preço da gasolina em 2,6% e do diesel em 0,2% ,válidos para as refinarias a partir de 11 de outubro, de acordo com o site da empresa. 

J&F

O Ministério Público Federal do Distrito Federal vai investigar possível descumprimento dos termos do acordo leniência firmado com o grupo J&F, dona da JBS (JBSS3). O procedimento tem prazo de um ano e, por enquanto, não significa uma suspensão ou cancelamento dos efeitos legais do acordo.

O acordo prevê que o grupo pague os R$ 10,3 bilhões ao longo de 25 anos, corrigidos pela inflação, com o primeiro pagamento a ser feito em dezembro deste ano. Além disso, os executivos ficam obrigados a colaborar com as investigações abarcadas no acordo, que correm em primeira instância e, em troca, se livram de ações de improbidade. 

O jornal O Globo afirma, por sua vez, que a Procuradoria defende que J&F indenize o BNDES em R$ 2,1 bilhões. A defesa é feita no pedido da Procuradoria da República no Distrito Federal para ampliar o bloqueio de bens dos donos da J&F e de seus familiares — a indisponibilidade do patrimônio foi determinada pela Justiça Federal em Brasília no fim de setembro. Em nota, o Grupo J&F reiterou que “as operações com o BNDES não geraram prejuízos ao banco e foram feitas dentro da mais absoluta regularidade, de maneira transparente e seguindo os melhores padrões de governança”, diz nota da J&F à Bloomberg

 Já a Folha de S. Paulo informa que, em relatório final, a Polícia Federal incrimina Wesley Batista por lucro indevido da JBS no mercado de câmbio. Segundo a coluna, a peça tem mais de 100 páginas e reafirma a posição de Wesley como o mandante das negociações de câmbio. A PF diz que Joesley, à época chefe da FB Participações, controladora da JBS, operou em outras frentes. Ele não será incriminado pela compra de dólares. Procurada pela assessoria da JBS não respondeu a pedidos de comentário. 

Magazine Luiza (MGLU3)

O Magazine Luiza disse que “não mantém quaisquer negociações com a empresa Máquina de Vendas (mais conhecida como Ricardo Eletro) reiterando que tais informações são totalmente improcedentes”. O esclarecimento foi feito depois da notícia do Radar Online, da Veja, de que as conversas entre as duas empresas voltaram a ficar “firmes”.

Embraer (EMBR3)

A Embraer anunciou a entrega de 25 jatos comerciais e 20 executivos no terceiro trimestre. Em 30 de setembro, a carteira de pedidos firmes a entregar (backlog) totalizava US$ 18,8 bilhões versus US$ 18,5 bilhões no segundo trimestre de 2017, segundo comunicado. No segmento de Aviação Comercial, das 25 aeronaves entregues no terceiro trimestre, 18 são E175, 5 são E190 e 2 são E195. O segmento acumula 78 jatos entregues em 2017; já na Aviação Executiva, dos 20 jatos entregues no período, 13 são leves e 7 são grandes. O segmento acumula 59 entregas em 2017. 

WEG (WEGE3)

A WEG e a TGM têm negócio declarado complexo pelo Cade. O Conselho determinou realização de diligências adicionais, conforme despacho publicado no Diário Oficial. As diligências terão os seguintes objetivos de acordo com site do Cade: *aprofundar a investigação acerca das condições competitivas nos mercados relevantes afetados pela operação; *avaliar o poder de portfólio decorrente da operação e seus impactos nos mercados nacionais em que se observam market shares elevados das requerentes na venda dos equipamentos que integram as soluções de geração de energia que suscitaram preocupações
concorrenciais e * a análise das eficiências da operação a serem apresentadas
pelas requerentes.

(Com Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.