Dividendo do Itaú pode aumentar, IPO da Camil gira R$ 1,32 bi, leilões e mais destaques no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (27)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os leilões de petróleo e das usinas de Minas Gerais são o grande foco do mercado nesta sessão e, caso sejam bem sucedidos, devem provocar uma onda positiva na bolsa. Contudo, outros destaques estão no radar, com atenção para as falas de Roberto Setúbal, do Itaú, além do IPO da Camil. Veja os destaques:

Itaú Unibanco (ITUB4)

A distribuição de dividendos do Itaú pode aumentar. Foi o que indicou o co-presidente do conselho do Itaú Unibanco,  Roberto Setúbal, em evento em São Paulo com analistas e investidores, na véspera. Segundo ele, o atual percentual de distribuição de dividendos do banco, de 35%, será uma espécie de piso que o banco tentará manter. Com o banco continuando com rentabilidade elevada, gerando capital, podemos ter elevação do percentual de dividendos. Segundo ele, o banco não tem interesse em manter excesso de capital

Ontem, mais cedo, o Itaú divulgou fato relevante em que afirmou manter payout em 35% e retira limite de 45% de payout. Já Setúbal disse que o Itaú vai buscar índice de Basileia de no mínimo 15%, considerando já dívida subordinada de capital nível 1. O índice mínimo definido pelo regulador para Basileia 3 é de 11,5%.

Durante o evento, o executivo afirmou ainda que o banco não tem expectativa de fazer nenhuma outra aquisição relevante no Brasil e, ao falar sobre a carteira de crédito, apontou que ela  tem espaço para crescer no Brasil em velocidade de até 2 vezes o PIB. 

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras anunciou a elevação em 1,5% preço da gasolina e em 0,2% do diesel. Os preços são válidos para as refinarias a partir de 28 de setembro, segundo informação no site da estatal.

Atenção ainda para o leilão da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O diretor-geral da agência, Décio Oddone, estima em cerca de R$ 500 milhões a arrecadação da União em bônus de assinatura com a 14ª Rodada de Licitações. O somatório dos bônus excede esse valor, porém, a avaliação de Oddone é que apenas de 20% a 30% sejam arrematados, como acontece tradicionalmente.

O diretor-geral da ANP disse esperar por manifestação contrária ao leilão na quarta-feira, na porta do hotel onde acontecerá a concorrência, na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. “Manifestação é um direito. Por outro lado, há uma decisão majoritária de continuar com investimento”, afirmou.

Já o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que a estatal vai participar do leilão de maneira seletiva, priorizando projetos dentro de limites de investimento da empresa, que tem US$ 90 bilhões de dívidas e US$ 75 bilhões de investimentos previstos no plano quinquenal. A Petrobras quer recuperar relação entre reserva/produção, hoje considerada adequada. Segundo ele, a aceleração do ritmo de leilões vai colocar Brasil em posição de maior destaque na indústria mundial de petróleo. Desde a abertura do setor, Brasil realizou 16 leilões, e apenas nos próximos três anos serão 10, pontuou o CEO da estatal: “vejo de forma bastante positiva o Brasil na indústria de petróleo mundial daqui a cinco anos”. 

Copel (CPLE6)

A Copel anunciou redução do investimento em 2017 de R$ 2,87 bilhões para R$ 2,33 bilhões. O programa passou por nova revisão para readequar o cronograma físico-financeiro, disse a Copel em fato relevante. O volume aplicado em geração e transmissão, o maior do orçamento, foi mantido em R$ 1,02 bilhão. A empresa reduziu previsão de investimento em distribuição, telecomunicações e na Cutia Empreendimentos Eólicos. 

Camil

A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Camil Alimentos, maior beneficiadora de alimentos da América Latina, movimentou R$ 1,319 bilhão, depois da companhia enfrentar resistência dos investidores que a obrigou a reduzir o preço da ação, que foi fixado em R$ 9,00, abaixo da faixa indicativa da oferta, que inicialmente foi estimado entre R$ 10,50 e R$ 13,00.

Com essa precificação, R$ 369 milhões, provenientes da oferta primária, foram diretamente ao caixa da companhia. Já os R$ 950,625 milhões vindos da oferta secundária foram para o bolso dos acionistas vendedores, o fundo Warburg Pincus (WP) e a família Quartiero.

Sem considerar a colocação da oferta suplementar, a participação da WP cairá de uma fatia de 31,75% para cerca de 11%. A fatia foi adquirida ano passado da Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga.

Ao longo dos últimos 10 anos, a Camil realizou cerca de 15 aquisições, entre elas marcas como Coqueiro e União. Com os recursos que irão para o caixa, a empresa informou que pretende manter a estratégia de aquisição, além de mirar crescimento orgânico, internacionalização das atividades de empacotamento de açúcar e reforço no capital de giro.

A oferta da Camil trata-se da oitava abertura de capital da bolsa brasileira neste ano, um dos anos mais aquecidos em quase dez anos. Com essa oferta, o giro das emissões de ações neste ano alcança cerca de R$ 27 bilhões, mas a tendência é de crescimento já nas próximas semanas com as ofertas que já estão na rua.

A ação da Camil será negociada sob o código “CAML3” e estreará na B3 na próxima quinta-feira, dia 28.

Cemig (CMIG4)

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) faz hoje a partir das 10h o leilão de quatro usinas hidrelétricas operadas pela Cemig. No pregão, marcado por disputas judiciais, serão negociadas as outorgas de concessões das hidrelétricas São Simão (GO/MG), Jaguara (MG/SP), Miranda (MG) e Volta Grande (MG/SP).

Os contratos têm prazo de 30 anos. Será declarado vencedor o proponente que ofertar o maior valor de notificação pela outorga, respeitado o valor mínimo para cada usina. O mínimo previsto pelo edital, no leilão das quatro usinas, é de R$ 11 bilhões. O montante será usado pelo governo para tentar fechar as contas deste ano, com o déficit previsto de R$159 bilhões. Na tarde de ontem (26), dirigentes da Cemig se reuniram com a ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), e com a ministra-chefe da Advocacia Geral da União, Grace Mendonça. Na pauta, a tentativa de negociar com o governo para que o controle da hidrelétrica de Miranda fique com a empresa.

O processo de leilão das usinas tem sido marcado por disputas envolvendo a Cemig e o governo. As concessões das hidrelétricas serão encerradas este ano, mas, para a empresa, os contratos em vigor preveem a renovação automática. Em agosto, o governo de Minas Gerais e a Cemig lançaram uma campanha virtual contra o leilão das hidrelétricas São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande. Sob o slogan “Mexeu com Minas, mexeu comigo”, a iniciativa convida os mineiros a se engajarem na disputa para que a Cemig possa renovar as concessões de suas usinas. 

No mesmo mês, atendendo ao pedido de uma ação popular, o TRF1 chegou a suspender o leilão por meio de liminar, mas a suspensão foi derrubada pela presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, atendendo a um pedido do governo e da Aneel. A ação discutia possíveis prejuízos à administração pública, decorrentes da extinção dos contratos sem prévia indenização pelos investimentos não amortizados. De acordo com o autor da ação popular, a União, ao estabelecer um lance mínimo de cerca de R$ 11 bilhões, ignorou a indenização devida à Cemig e desvalorizou o patrimônio federal, que estaria deixando de computar o montante de R$ 18 bilhões aos ativos das usinas e optando por entregá-los, em leilão, por R$ 7 bilhões a menos.

No mesmo dia, em outro processo,o ministro Dias Toffoli concedeu liminar para suspender acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) contrário ao andamento da conciliação entre a União e a Cemig. Em sua decisão, Toffoli disse que o TCU extrapolou sua competência ao suspender o andamento da tentativa de conciliação administrativa entre os dois litigantes judiciais, “ainda que tivesse autoridade para realizar acompanhamento da negociação e apreciar os termos de suas cláusulas”. Dois dias depois, a Cemig deu entrada no STF a novo pedido para suspender a realização do leilão das quatro hidrelétricas. Para a empresa, a suspensão é necessária para que as negociações voltem a ocorrer.

Fibria (FIBR3)

A Fibria informou o encerramento da operação de captação de recursos por meio da distribuição pública de certificados de recebíveis do agronegócio das 9ª e 10ª séries da 1ª emissão da RB Capital Companhia de Securitização, lastreada em notas de crédito à exportação emitidas pela companhia, segundo comunicado. O valor captado foi de R$ 941,3 milhões. 

Ainda sobre a Fibria, o Bradesco BBI destaca que a empresa realizou uma visita com investidores ao seu projeto Horizonte 2, um marco importante para melhorar a competitividade de custos da empresa. O projeto foi entregue antes do cronograma e abaixo do orçamento e ramp-up está evoluindo à frente das expectativas. “A mensagem principal é que o projeto proporcionará à empresa uma maior competitividade em termos de custos, o que implica uma maior capacidade de absorção sobre volatilidade nos preços de câmbio e celulose. A geração massiva de FCF e desalavancagem nos próximos meses significa que a Fibria terá que tomar importantes decisões de alocação de capital. O management da empresa mencionou que todas as opções estão na mesa: dividendos, recompra de ações, crescimento (Horizonte 3 será próximo) ou M&A”, afirmaram os analistas do banco, que mantêm recomendação neutra e preço-alvo de R$ 43.

Oi (OIBR4)

Duas notícias agitam o radar sobre a Oi. A disputa judicial entre Oi e Aurelius terminou ontem sem decisão. O julgamento para decidir se a jurisdição adequada para supervisionar a reorganização de uma unidade holandesa da Oi deve ficar na Holanda ou no Brasil terminou com o juiz de falências dos EUA Sean Lane dizendo que as partes devem apresentar documentos judiciais que descrevem suas opiniões sobre o assunto até o dia 6 de outubro. 

O caso envolve disputa entre a Aurelius Capital Management e um grupo de detentores de títulos de dívida externa da Oi versus um outro grupo de detentores de outro tipo de papéis da Oi sobre qual o local apropriado para a jurisdição da unidade holandesa da Oi, a Coop. Os detentores de eurobônus do grupo do Aurelius acham que a principal reorganização da unidade deveria ocorrer na Holanda, e não no Brasil – algo que poderia ajudar a sua estratégia legal e melhorar seus retornos sobre a dívida da unidade holandesa.

Se Aurelius e o grupo internacional ganharem, “eles teriam a capacidade, ao deter a reestruturação da Coop, de cortar o acesso renovado da Oi aos mercados de capitais”, disse Jason Zakia, advogado da Oi, nesta terça-feira. Corinne Ball, advogado de um administrador da unidade holandesa, argumentou durante o julgamento que os tribunais holandeses decidiram duas vezes que a Holanda é a jurisdição adequada para a reorganização de Coop. 

Já o Valor Econômico informa que está previsto para ser analisada hoje pelo conselho de administração da companhia, em reunião marcada para o meio-dia, uma nova versão do plano de recuperação judicial da operadora. Uma das principais alterações em relação à versão anterior, apresentada em março de 2017, deverá ser a inclusão de uma operação de aumento de capital no valor de quase R$ 9 bilhões, diz a publicação. Em julho, o conselho da Oi havia dado sinal verde para uma capitalização de R$ 8 bilhões.

Embraer (EMBR3)

A Embraer manifestou apoio à decisão do Departamento de Comércio dos EUA sobre a Bombardier. A companhia brasileira cita decisão preliminar do Departamento de Comércio dos EUA dizendo que Bombardier se beneficiou de subsídios do governo canadense, segundo comunicado por email.

Na sua apuração, Departamento de Comércio descobriu que governo federal, estadual e municipal do Canadá subsidiou fortemente a Bombardier e sua família de aeronaves C-series, diz a Embraer. Mesmo não sendo parte da investigação, decisão fortalece posição da Embraer de que os subsídios permitiram à Bombardier oferecer aeronaves a preços abaixo dos custos de produção, distorcendo o mercado, diz o comunicado.

Santos Brasil (STBP3)

Não há, até o momento, qualquer acordo celebrado a respeito de uma operação envolvendo ativos nas cidades de Imbituba (SC) e Barcarena (PA), diz a Santos Brasil em comunicado ao mercado comentando notícias veiculadas na imprensa.

A empresa disse que avalia periodicamente diferentes estratégias para o desenvolvimento de seu negócio e financiamento de suas atividades, incluindo alternativas de desinvestimento de ativos.

(Com Agência Brasil, Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.