DIs afundam após RTI estender ciclo de queda da Selic e IPCA-15 abaixo do esperado; Ibovespa Futuro sobe

Inflação desacelera para 0,11% na passagem de agosto para setembro, enquanto os analistas esperavam avanço de 0,13%

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Os contratos futuros de Ibovespa com vencimento em outubro registravam alta 0,28%, aos 76.665 pontos, às 9h21 (horário de Brasília) desta quinta-feira (21), enquanto os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 afundam, reagindo ao RTI (Relatório de Trimestral de Inflação) e ao IPCA – 15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de agosto, que ficou abaixo do esperado e abre espaço para o Copom seguir com o ritmo de cortes da Selic.

O IPCA – 15, que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, desacelerou para 0,11% na passagem de agosto para setembro, enquanto os analistas de mercado esperavam inflação de 0,13% no período. O índice acumulado em 12 meses apontou inflação de 2,56% na mesma base de comparação, enquanto espera-se 2,59%.

Na expectativa de que o Copom prossiga com o ritmo de corte da Selic, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 registravam baixa de 8 pontos-base, cotados a 7,27%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 recuavam 7 pontos-base, negociados a 8,73%. O dólar futuro com vencimento em outubro registrava valorização de 0,18%, aos 3.142 pontos.

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Relatório Trimestral de Inflação

No Relatório de Trimestral de Inflação, divulgado nesta manhã, o Banco Central reiterou a redução gradual dos cortes da Selic e elevou a previsão para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2017 de 0,5% para 0,7%, enquanto para o próximo ano a expectativa foi para 2,2%.

Com relação ao comportamento da inflação, a projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no fim deste ano recuou de 3,8% para 3,2%, enquanto para 2018 o BC projeção passou de 4,3% para 4,2%. A autoridade monetária trouxe uma novidade neste relatório e apresentou suas projeções para a inflação oficial para 2019 e 2020, que também mostram convergência, a 4,2% e 4,1%, respectivamente. Economista Flávio Serrano, do Haitong, disse à Bloomberg que o RTI está bem alinhado com a trajetória de queda da Selic: “já existia a chance de Selic ficar abaixo de 7%, agora aponta que piso seria 6,5%”, disse Serrano. Para ele, a Selic permanecerá no mesmo patamar ao longo de 2018, começando a se aproximar de 8% – 8,5% no final do ano que vem ou início de 2019.

Bolsas mundiais

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quinta-feira, após as decisões de política monetária do Federal Reserve e do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês). O Federal Reserve manteve a taxa de juros entre 1% e 1,25%, mas deu novos sinais sobre a redução de balanços, aponta a minuta de decisão do Fomc (Federal Open Market Committee). A autoridade anunciou que, pela primeira vez em nove anos, começará a reduzir o tamanho de seu enorme balanço patrimonial. Em uma decisão unânime e amplamente antecipada, o Fed disse que começará a reduzir seu balanço de US$ 4,5 trilhões em outubro em US$ 10 bilhões por mês.

Já as projeções de taxa de juros do Fed, conhecidas como gráfico de pontos, ainda sugerem uma alta de taxa de juros em dezembro, fazendo o mercado ajustar suas estimativas para a última reunião do ano. Com a sinalização, a aposta de alta de juros olhando pra curva do rendimento dos treasuries subiu forte ontem, indo de 51% pra 67%. Além disso, o BC dos EUA reduziu a estimativa mediana das taxas de juros de 2019 de 2,9% para 2,7% e apontou que, num prazo mais longo, essa taxa atingirá 2,8% frente uma estimativa anterior de 3%.

Vale destacar ainda que, após o fechamento das bolsas do continente,  a agência de classificação de risco Standard & Poor’s cortou o rating de longo prazo da China de AA- para A+, citando riscos crescentes da rápida acumulação de crédito do país. Apesar disso, a perspectiva para a nota se manteve estável. “O downgrade reflete nossa avaliação de que um período prolongado de forte crescimento do crédito aumentou os riscos econômicos e financeiros da China”, afirmou a S&P. Esse foi o primeiro corte de nota desde 1999.

Na Europa, os mercados registram ganhos após o Fed e também de olho no presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, que falará hoje pela manhã. No mercado de commodities, o petróleo tem leve baixa, mas sustenta patamar de US$ 50; cobre e níquel recuam em Londres com a China reduzindo crédito ao consumidor para imóveis e com fortalecimento do dólar, enquanto o minério de ferro cai em Dalian e Qingdao com receios sobre oferta.  

Às 9h21, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,55%

*FTSE (Reino Unido) -0,06%

*DAX (Alemanha) +0,28% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,06% (fechado)

*Xangai (China) -0,23% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,18% (fechado)

*Petróleo WTI -1,09%, a US$ 50,14 o barril

*Petróleo brent -0,80%, a US$ 55,84 o barril

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, -5,11%, a US$ 66,09 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -4,84%, a 472 iuanes

Agenda de indicadores
No campo internacional, atenção para o discurso de Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu), às 10h30. Segue a expectativa por novidades sobre os estímulos da autoridade europeia à economia. Além disso, o vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, fala em Londres, 11h15, um dia após a decisão do Fomc (Federal Open Market Committee), que projetou  mais uma alta de juros em 2017.

Por aqui, às 16h30, será divulgado pelo Ministério do Trabalho o Caged de agosto, com expectativa de geração líquida de 60 mil postos de trabalho. 

STF e descontentamento de Rodrigo Maia

O STF (Supremo Tribunal Federal) deve concluir na sessão de hoje o julgamento sobre o envio à Câmara dos Deputados da segunda denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer. Até o momento, o placar da votação está em 7 votos a 1 pelo envio. Faltam os votos dos ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e da presidente do STF, Cármen Lúcia. A denúncia contra o presidente é de organização criminosa e obstrução de Justiça. A maioria da Corte segue voto proferido pelo relator do caso, Edson Fachin, e entende que cabe ao Supremo encaminhar a denúncia sobre o presidente diretamente à Câmara dos Deputados, conforme determina a Constituição, sem fazer nenhum juízo sobre as acusações antes da deliberação da Casa sobre o prosseguimento do processo no Judiciário. Contudo, a expectativa é de que a denúncia seja barrada na Câmara.

Se Michel Temer está “tranquilo” com relação à denúncia, as rusgas na base aliada voltam ao radar. O presidente da República em exercício, Rodrigo Maia, mostrou todo seu descontentamento com o PMDB após um evento na noite de ontem em Brasília. Segundo ele, o PMDB está tentando “reduzir o crescimento do Democratas na Câmara dos Deputados”. Maia acusou “ministros do Palácio”, sem citar nomes, e o presidente nacional do partido, senador Romero Jucá, de dar “facada nas costas” do DEM. 

Após sucessivas tentativas de votação, o plenário da Câmara aprovou no final da noite de ontem (20), em segundo turno, a análise do texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/2016, que estabelece o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais a partir de 2020. Faltam votar três destaques antes da PEC seguir para o Senado. 

De olho em eleições

Falta ainda um ano para as eleições de 2018, mas o mercado segue de olho nas movimentações de políticos para o pleito do ano que vem. Ontem, em entrevista à Bloomberg, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,  é cedo demais para falar candidatura em 2018 e que está focado na recuperação econômica do Brasil e, se isso acontecer, ele pensará nos próximos passos. “Não existe menor possibilidade de que eu tire foco da minha atenção da economia; minha agenda mostra isso com clareza, foco total é economia, mas eu também disse que me sentia muito honrado com a opinião dos parlamentares do PSD”, afirmou a agência.

Sobre a economia, Meirelles afirmou que a recuperação não está mais tão dependente do Congresso. De acordo com ele, o nível de confiança cresceu, a inflação desacelerou a recorde de baixa, o que leva à redução das taxas de juros; reforma da Previdência é muito importante para próximas décadas, deve ser votada no próximo mês, afirmou. 

Voltando ao cenário eleitoral, a consultoria de risco político Eurasia Group comentou o forte desempenho de Jair Bolsonaro nas últimas pesquisas. Contudo, afirmou ser improvável que o deputado seja o “Donald Trump do Brasil”. “A ascensão recente de Bolsonaro sugere que ele se beneficia não só do voto de protesto, mas também da falta de outras candidaturas convincentes. Isso vai mudar” disse a Eurasia, em relatório citando pesquisa CNT/MDA divulgada na última terça. Os números de intenção de voto do deputado Jair Bolsonaro refletem o crescente descontentamento com a política e sugerem que seu alcance está se ampliando. Contudo, “se Bolsonaro será o principal representante desse descontentamento ainda é uma questão aberta”, diz a consultoria. 

Noticiário corporativo

Após o Itaú BBA colocar o Banco do Brasil como top pick, desta vez o JPMorgan elevou a recomendação para os papéis de neutra para overweight. A Vale, por sua vez, afirmou que vê o Ebitda do minério de ferro aumentando até US$ 6 a tonelada até 2020. Já a Braskem esclareceu matéria do Valor que destacava que a petroquímica converterá todas as ações em ordinárias para a reestruturação. Segundo a companhia, não existe estudo aprofundado sobre o assunto. A Fleury, por sua vez, disse que Fundo Simba Investimentos I, da Advent, vendeu todas as ações que detinha na empresa e não faz mais parte do acordo de acionistas. Por fim, a Sabesp afirmou que IFC contratou o Itaú BBA para auxiliar capitalização; já a Ultrapar elevou o orçamento de investimento em R$ 355 milhões para 2017.

Por fim, no InfoTrade de hoje, uma recomendação de compra para Fleury (FLRY3(confira clicando aqui). 

O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.