Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quinta-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após a decisão do Fomc na tarde da véspera, que sinalizou mais uma alta de juros para este ano e movimentou os mercados, o mercado volta os seus olhos para a fala de Mario Draghi nesta manhã. No Brasil, o relatório trimestral de inflação, o IPCA-15 e o Caged são destaques e, no noticiário político, chama a atenção o distanciamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do governo. Confira no que se atentar nesta sessão:

1. Bolsas mundiais

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta quinta-feira, após as decisões de política monetária do Federal Reserve e do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês). O Fed, que anunciou decisão ontem, sinalizou para outubro o início da redução do balanço e manteve a previsão de mais uma alta de juro este ano. Já o iene recua após o BoJ manter a política monetária, o que inclui a meta do rendimento dos bônus de 10 anos em torno de zero, a taxa de depósitos em -0,1% e as compras anuais de bônus governamentais em cerca de 80 trilhões de ienes (US$ 713 bilhões). Houve dissidência, no entanto, do novo membro do conselho monetário do BoJ, Goushi Kataoka, que votou contra a manutenção das metas para as taxas de juros, com o argumento de que são insuficientes para que a instituição cumpra o objetivo de atingir inflação de 2% até março de 2020. O voto dissidente de Kataoka pesou no mercado japonês e o índice Nikkei reduziu ganhos que haviam chegado a 0,8% durante o pregão, fechando hoje com alta de 0,18%. 

Vale destacar ainda que, após o fechamento das bolsas do continente,  a agência de classificação de risco Standard & Poor’s cortou o rating de longo prazo da China de AA- para A+, citando riscos crescentes da rápida acumulação de crédito do país. Apesar disso, a perspectiva para a nota se manteve estável.  “O downgrade reflete nossa avaliação de que um período prolongado de forte crescimento do crédito aumentou os riscos econômicos e financeiros da China”, afirmou a S&P. Confira mais detalhes clicando aqui. 

Na Europa, os mercados registram ganhos após o Fed e também  de olho no presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, que falará hoje pela manhã. No mercado de commodities, o petróleo tem leve baixa, mas sustenta patamar de US$ 50; cobre e níquel recuam em Londres com a China reduzindo crédito ao consumidor para imóveis e com fortalecimento do dólar, enquanto o minério de ferro cai em Dalian e Qingdao com receios sobre oferta.  

Às 8h15 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,60%

*FTSE (Reino Unido) +0,05%

*DAX (Alemanha) +0,40% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,06% (fechado)

*Xangai (China) -0,23% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,18% (fechado)

*Petróleo WTI -0,85%, a US$ 50,26 o barril

*Petróleo brent -0,68%, a US$ 55,91 o barril

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, -5,11%, a US$ 66,09 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -4,84%, a 472 iuanes

2. Agenda de indicadores
Em destaque, nesta manhã foi divulgado o Relatório Trimestral de Inflação, após Ata do último Copom sinalizar redução moderada do ritmo de corte e encerramento gradual do ciclo.  O BC reduziu a previsão para a inflação neste ano de 3,8% para 3,2% e revisou a projeção de crescimento para este ano de 0,5% para 0,7% (veja mais clicando aqui).  Além disso, às 9h, será apresentado o IPCA-15, que segundo analistas consultados pela Bloomberg de mostrar que a inflação corrente mantém espaço aberto para mais cortes de juros. Índice deve desacelerar de 0,35% em agosto para 0,12% em setembro. Às 16h30, será divulgado pelo Ministério do Trabalho o Caged de agosto, com expectativa de geração líquida de 60 mil postos de trabalho. 

No exterior, ocorre a reunião do Banco Central do Japão. Mas a atenção se volta mesmo para o discurso de Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu), às 10h30. Segue a expectativa por novidades sobre os estímulos da autoridade europeia à economia. Além disso, o vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, fala em Londres, 11h15, um dia após a decisão do Fomc (Federal Open Market Committee), que projetou  mais uma alta de juros em 2017.

3. STF e descontentamento de Rodrigo Maia

O STF (Supremo Tribunal Federal) deve concluir na sessão de hoje o julgamento sobre o envio à Câmara dos Deputados da segunda denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer. Até o momento, o placar da votação está em 7 votos a 1 pelo envio. Faltam os votos dos ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e da presidente do STF, Cármen Lúcia. A denúncia contra o presidente é de organização criminosa e obstrução de Justiça. A maioria da Corte segue voto proferido pelo relator do caso, Edson Fachin, e entende que cabe ao Supremo encaminhar a denúncia sobre o presidente diretamente à Câmara dos Deputados, conforme determina a Constituição, sem fazer nenhum juízo sobre as acusações antes da deliberação da Casa sobre o prosseguimento do processo no Judiciário. Contudo, a expectativa é de que a denúncia seja barrada na Câmara.

Se Michel Temer está “tranquilo” com relação à denúncia, as rusgas na base aliada voltam ao radar. O presidente da República em exercício, Rodrigo Maia, mostrou todo seu descontentamento com o PMDB após um evento na noite de ontem em Brasília. Segundo ele, o PMDB está tentando “reduzir o crescimento do Democratas na Câmara dos Deputados”. Maia acusou “ministros do Palácio”, sem citar nomes, e o presidente nacional do partido, senador Romero Jucá, de dar “facada nas costas” do DEM.  Maia disse ainda que o  atraso da reforma da previdência se deve ao governo, por contas das denúncias apresentadas contra o presidente Temer. “O atraso na Previdência se deve zero à Câmara. Não temos um minuto de responsabilidade pelo atraso. Se estão preocupados, que se olhem no espelho”.

Por fim, atenção para a reforma política. Após sucessivas tentativas de votação, o plenário da Câmara aprovou no final da noite de ontem (20), em segundo turno, a análise do texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 282/2016, que estabelece o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais a partir de 2020. Faltam votar três destaques antes da PEC seguir para o Senado. 

4. De olho em eleições

Falta ainda um ano para as eleições de 2018, mas o mercado segue de olho nas movimentações de políticos para o pleito do ano que vem. Ontem, em entrevista à Bloomberg, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,  é cedo demais para falar candidatura em 2018 e que está focado na recuperação econômica do Brasil e, se isso acontecer, ele pensará nos próximos passos. “Não existe menor possibilidade de que eu tire foco da minha atenção da economia; minha agenda mostra isso com clareza, foco total é economia, mas eu também disse que me sentia muito honrado com a opinião dos parlamentares do PSD”, afirmou a agência.

Sobre a economia, Meirelles afirmou que a recuperação não está mais tão dependente do Congresso. De acordo com ele, o nível de confiança cresceu, a inflação desacelerou a recorde de baixa, o que leva à redução das taxas de juros; reforma da Previdência é muito importante para próximas décadas, deve ser votada no próximo mês, afirmou. 

Voltando ao cenário eleitoral, a consultoria de risco político Eurasia Group comentou o forte desempenho de Jair Bolsonaro nas últimas pesquisas. Contudo, afirmou ser improvável que o deputado seja o “Donald Trump do Brasil”. “A ascensão recente de Bolsonaro sugere que ele se beneficia não só do voto de protesto, mas também da falta de outras candidaturas convincentes. Isso vai mudar” disse a Eurasia, em relatório citando pesquisa CNT/MDA divulgada na última terça. Os números de intenção de voto do deputado Jair Bolsonaro refletem o crescente descontentamento com a política e sugerem que seu alcance está se ampliando. Contudo, “se Bolsonaro será o principal representante desse descontentamento ainda é uma questão aberta”, diz a consultoria. 

5. Noticiário corporativo

Após o Itaú BBA colocar o Banco do Brasil como top pick, desta vez o JPMorgan elevou a recomendação para os papéis de neutra para overweight. A Vale, por sua vez, afirmou que vê o Ebitda do minério de ferro aumentando até US$ 6 a tonelada até 2020. Já a Braskem esclareceu matéria do Valor que destacava que a petroquímica converterá todas as ações em ordinárias para a reestruturação. Segundo a companhia, não existe estudo aprofundado sobre o assunto. A Fleury, por sua vez, disse que Fundo Simba Investimentos I, da Advent, vendeu todas as ações que detinha na empresa e não faz mais parte do acordo de acionistas. Por fim, a Sabesp afirmou que IFC contratou o Itaú BBA para auxiliar capitalização; já a Ultrapar elevou o orçamento de investimento em R$ 355 milhões para 2017.

Por fim, no InfoTrade de hoje, uma recomendação de compra para Fleury (FLRY3(confira clicando aqui). 

(Com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.