A “super-quarta” chegou: por que esse dia é tão importante para o mercado?

Investidores aguardam as sinalizações de Janet Yellen sobre o futuro da política monetária dos EUA

Rafael Souza Ribeiro

Publicidade

SÃO PAULO – Depois de iniciar o dia em alta e renovar máxima histórica, agora em 76.419 pontos, o Ibovespa devolve parte dos ganhos e às 11h58 (horário de Brasília) desta quarta-feira (20) recua 0,23%, aos 76.786 pontos, com os investidores na expectativa pela reunião do Federal Reserve e uma possível sinalização de aumento dos juros ainda este ano. No front doméstico, as atenções estão concentradas no STF (Supremo Tribunal Federal), que decidirá hoje sobre a suspensão da segunda denúncia apresentada por Rodrigo Janot contra Michel Temer.

Às 15h00 será divulgada a decisão de política monetária do Fed, onde espera-se pelo anúncio do início do programa de redução do balanço de US$ 4,5 trilhões e as novas projeções macroeconômicas da autoridade monetária, evento bastante aguardado pelo mercado já que refletirá a percepção dos membros do BC sobre o andamento da economia nos últimos trimestres, principalmente pelo lado da inflação, e como isso alterou a expectativa deles quanto a necessidade da manutenção da política monetária expansionista. Logo após, às 15h30, Janet Yellen fará uma coletiva para comentar a decisão, o que alimenta a expectativa de que novos indícios sobre o futuro da política monetária serão anunciados.

Para André Muller, economista da Quest Investimentos, o Fed seguirá indicando uma trajetória de aumento gradual da taxa de juros e não descarta uma elevação ainda este ano, probabilidade que ganhou força nos últimos dias pelo aumento inesperado da inflação ao consumidor em agosto, que subiu 0,4% frente julho e ficou acima do esperado pelo mercado (+0,3%). Na sua visão, não existem elementos para esperar um comentário “dovish” de Yellen nesta quarta-feira.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

No mesmo momento, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 e 2021 registravam baixa de 2 pontos-base, cotados a 7,37% e 8,86%, respectivamente. O dólar futuro com vencimento em outubro registrava desvalorização de 0,13%, aos 3.136 pontos.

Destaques do mercado

A correção engatilhada pelas ações da Vale e dos bancos proporcionou a reversão do mercado neste começo de tarde, em um processo de realização de lucros antes do anúncio do Federal Reserve. Do outro lado, destaque positivo para Braskem, que sobe com rumores de conversão das ações PN em ON (veja mais aqui).

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SANB11 SANTANDER BRUNT 27,96 -2,24 -0,25 12,42M
 BRAP4 BRADESPAR PN 25,26 -1,75 +74,30 6,07M
 VALE3 VALE ON 33,41 -1,50 +43,67 264,13M
 BBDC3 BRADESCO ON 34,39 -1,49 +31,23 5,67M
 BBDC4 BRADESCO PN 35,80 -1,40 +37,39 78,92M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRKM5 BRASKEM PNA 44,28 +5,13 +29,28 49,61M
 ELET3 ELETROBRAS ON 21,99 +2,04 +4,13 21,71M
 KROT3 KROTON ON 19,63 +2,03 +50,38 46,74M
 ESTC3 ESTACIO PARTON 28,38 +1,87 +82,74 126,76M
 USIM5 USIMINAS PNA 9,36 +1,74 +128,29 107,39M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Política monetária domina a agenda

A decisão de política monetária do Federal Reserve concentra as atenções do mercado nesta quarta-feira. Conforme aponta a LCA Consultores, nesta reunião, se espera o anúncio do início do programa de redução do balanço de US$ 4,5 trilhões a partir de outubro e também há grande expectativa pela sinalização quanto ao rumo dos juros.

Atenção ainda para as sinalizações de política monetária também no Brasil. Ontem, em seu pronunciamento para investidores em Nova York, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, manteve a avaliação de que a economia segue em recuperação, liderado pelo consumo das famílias. Quanto à inflação, Ilan comentou que os preços seguem em uma dinâmica favorável, mesmo quando se considera diferentes formas de aferição.

Segundo a LCA, a fala de Ilan reafirmou as apostas de novo corte da Selic em outubro, provavelmente, para 7,5% ao ano: “a taxa final poderá ficar um pouco abaixo deste patamar: 7,00%. As projeções de inflação do BC para 2019 e 2020 serão importantes para se avaliar por quanto tempo o juro básico permancerá neste nível”, afirmaram os economistas da consultoria.

No Brasil, foi divulgado pela manhã os dados da arrecadação federal, que mostraram uma reação em agosto e totalizaram  R$ 104,2 bilhões, avanço de 10,7% fem relação ao registrado no mesmo mês do ano passado. O resultado geral da arrecadação foi ajudado pelas receitas do governo com “royalties” do petróleo, que avançaram 18,68% em agosto, somando R$ 2 bilhões.

Julgamento do STF

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidirá hoje sobre a suspensão da segunda denúncia apresentada por Rodrigo Janot contra Michel Temer e integrantes do PMDB. A questão começou a ser decidida na semana passada, antes do envio das acusações ao Supremo, mas o julgamento foi interrompido sem nenhum voto proferido. A expectativa, de acordo com diversos jornais, é de que o STF rejeite suspender a denúncia contra Temer (apesar de haver algum receio de pedido de vista, o que pode interromper o julgamento).

Isso porque a sessão, que está prevista para começar às 14h00, será marcada pela “estreia de fato” da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, como representante do MPF (Ministério Público Federal) no Supremo. E são justamente os primeiros passos da nova PGR que serão monitorados de perto, conforme aponta a LCA Consultores em nota (veja mais clicando aqui). Se a denúncia de fato não for barrada, deve aportar na Câmara dos Deputados ainda nesta semana, na quinta ou na sexta-feira, aponta a LCA.

Refis e reforma política

Presidente em exercício da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) afirmou na véspera que pautará para esta quarta-feira a votação no plenário da Casa da Medida Provisória que cria o novo Refis. O peemedebista disse que os líderes da base aliada ainda negociam os últimos pontos do texto, para que possa ir à votação. A proposta precisa ser aprovada na Câmara e no Senado e sancionada pelo presidente da República até 11 de outubro, quando perde a validade.

O acordo entre parlamentares e equipe econômica já estabeleceu em 70% o desconto máximo que contribuintes que aderirem ao Refis terão nas multas. O percentual acordado é maior do que o previsto no texto original enviado pelo governo na MP, de 50%, e menor do que os 99% propostos pelo relator da MP, deputado Newton Cardoso Júnior (PMDB-MG), em seu parecer sobre a matéria aprovada em comissão especial.

Ainda sobre a agenda do Congresso, a Câmara dos Deputados rejeitou na noite de ontem o trecho da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que estabelecia o “distritão” em 2018 e criava o sistema distrital misto em 2022, que combina voto majoritário e voto em lista preordenada pelos partidos nas eleições proporcionais. Com 205 votos favoráveis, 238 contrários e uma abstenção, os deputados não acataram um dos destaques à PEC 77/2003, que institui um novo sistema eleitoral e cria um fundo público para financiar as campanhas. Pelo “distritão”, cada cidade ou estado passaria a ser considerado um distrito e seriam eleitos os candidatos a vereador e a deputado que recebessem mais votos.

Por fim, ainda sobre a política,  o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal na semana passada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, o petista se torna réu por corrupção passiva em caso envolvendo uma suposta “venda” da Medida Provisória 471, em 2009, que prorrogou os incentivos fiscais para montadoras instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Bolsas mundiais 

A sessão desta quarta-feira é de estabilidade para os principais índices mundiais, com os investidores de olho na decisão do Fomc às 15h00, como também na fala da chairwoman da autoridade monetária, Janet Yellen, às 15h30. Contudo, enquanto as bolsas operam de lado, as commodities registram um movimento de alta.

O petróleo sobe e volta a ser cotado em torno de US$ 50 após dado da API mostrar crescimento menor que o previsto dos estoques. Nesta manhã, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) norte-americano divulgou os dados sobre os estoques de petróleo dos EUA, que na última semana subiram 4,6 milhões de barris, enquanto os analistas projetam alta de 2,6 milhões no período.

Às 11h58, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 (EUA) +0,01%

*Dow Jones (EUA) +0,02%

*Nasdaq (EUA) -0,05%

*CAC-40 (França) +0,06%

*FTSE (Reino Unido) -0,03%

*DAX (Alemanha) -0,06% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,27% (fechado)

*Xangai (China) +0,28% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,05% (fechado)

*Petróleo WTI +1,01%, a US$ 49,98 o barril

*Petróleo brent +0,92%, a US$ 55,65 o barril

*Minério de ferro spot (à vista) no porto de Qingdao, na China, +1,16%, a US$ 69,65 a tonelada

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -2,76%, a 493 iuanes