Após choque, Ibovespa deixa pesquisa eleitoral com Lula e Bolsonaro para trás e fecha estável

Segundo analista da XP Investimentos, pesquisa mostrou que ex-presidente ainda está vivo na disputa eleitoral

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa chegou a cair 0,91% na mínima do dia, por volta das 11h (horário de Brasília), acompanhando a divulgação da pesquisa CNT/MDA (veja mais aqui) que não só mostrou que Luiz Inácio Lula da Silva segue forte nas pesquisas de intenção de voto, como também coloca Jair Bolsonaro como seu adversário no 2º turno através das pesquisas espontâneas. Apesar disso, o mercado passou a digerir as informações e amenizou as perdas.

O principal índice de ações da B3 fechou com baixa de 0,02%, aos 75.974 pontos, com as empresas do setor siderúrgico entre as maiores quedas. O volume financeiro ficou em R$ 8,313 bilhões. O dólar comercial, por sua vez, subiu 0,02%, para R$ 3,1361 na venda, ao passo que o dólar futuro com vencimento em outubro recuou 0,08%, para R$ 3,136.

De acordo com Marco Saravalle, analista da XP Investimentos, a pesquisa ajudou a pressionar o mercado pois lembrou ao mercado que Lula ainda está vivo na disputa eleitoral. Na sua visão, o mercado subestimou que o ex-presidente participará das eleições de 2018 por conta das denúncias de Antonio Palocci e a pesquisa veio para alertar da força política do petista.

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Sobre o impulso de Jair Bolsonaro, o analista da XP Investimentos lembra que ainda há muita incerteza com relação as propostas do deputado federal e isso colaborou para o mergulho do índice. Outro gestor que não quis se identificar ainda ressaltou que muitas pesquisas tem errado resultados desde a eleição de 2014, lembrando ainda dos pleitos no exterior, o que alivia um pessimismo tão grande neste momento por conta desta pequisa.

Destaques do mercado

Na ponta negativa, destaque para as ações da Vale e do setor siderúrgico, que recuaram acompanhando o minério de ferro. Enquanto isso, as ações da JBS voltaram a recuar após chegarem a esboçar uma reação mais cedo, ainda de olho na “novela” da escolha e das primeiras medidas do novo presidente da companhia, José Batista Sobrinho (veja mais aqui).

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 NATU3 NATURA ON 33,33 -4,55 +45,53 77,41M
 CMIG4 CEMIG PN 8,83 -3,18 +17,65 91,92M
 GGBR4 GERDAU PN 11,90 -2,94 +10,38 166,69M
 CSNA3 SID NACIONALON 10,90 -2,85 +0,46 85,85M
 TAEE11 TAESA UNT N2 22,67 -2,70 +15,40 40,78M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 19,04 +3,70 +37,68 67,90M
 TIMP3 TIM PART S/AON 11,89 +2,15 +52,76 66,25M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 24,27 +2,06 +47,91 157,27M
 BRKM5 BRASKEM PNA 42,12 +1,99 +22,98 45,99M
 RENT3 LOCALIZA ON 62,22 +1,92 +92,55 42,72M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 33,92 -0,96 555,82M 694,74M 30.373 
 PETR4 PETROBRAS PN 15,14 +0,66 518,73M 598,66M 33.403 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 43,78 -0,36 390,54M 370,15M 16.872 
 BBDC4 BRADESCO PN 36,31 +0,30 332,47M 329,45M 26.359 
 USIM5 USIMINAS PNA 9,20 -1,08 255,86M 144,13M 18.246 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 21,40 +0,94 202,74M 259,95M 35.061 
 BBAS3 BRASIL ON EJ 34,54 -0,12 196,27M 248,24M 13.796 
 RAIL3 RUMO S.A. ON 10,57 +0,67 181,44M 89,11M 15.961 
 CIEL3 CIELO ON ED 22,48 -0,66 166,99M 129,26M 21.173 
 GGBR4 GERDAU PN 11,90 -2,94 166,69M 131,22M 22.012 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

“Super-quarta” do Fed
A reunião do Fomc irá ocorrer na próxima quarta-feira (20) às 15h00, contando também com as novas projeções econômicas dos membros do BC. Às 15h30, Janet Yellen fará uma coletiva para comentar a decisão, o que alimenta a expectativa de novos indícios sobre o futuro da política monetária sejam anunciados.

Para André Muller, economista da Quest Investimentos, os investidores estão ansiosos pelo anúncio das projeções macroeconômicas e se o andamento da economia nos últimos trimestres alterou a expectativa dos membros do Fomc quanto ao rumo da taxa básica de juros. Na sua visão, o Fed deve indicar o aumento da trajetória dos juros para 2018 e não descarta uma elevação ainda este ano, probabilidade que ganhou força nos últimos dias pelo aumento inesperado da inflação ao consumidor em agosto, que subiu 0,4% frente julho e ficou acima do esperado pelo mercado (+0,3%).

Além disso, o mercado aguarda a coletiva da presidente do Federal Reserve, que será importante para a sinalização do futuro dos juros. Para Muller, não existem elementos para esperar um comentário “dovish” de Yellen na quinta-feira.

Agenda de indicadores e risco fiscal

A agenda desta terça-feira é esvaziada no Brasil, mas o mercado segue de olho nos indicadores que vão sair nesta semana. Dois novos dados de agosto previstos para sair nos próximos dias podem reforçar sentimento de melhora gradual da economia, conforme aponta a Bloomberg. O Caged tem estimativa de criação de 60 mil empregos, no que seria o quinto mês positivo seguido, enquanto a arrecadação tem estimativa de R$ 98,5 bilhões, abaixo dos R$ 109,9 bilhões de julho, mas 7,3% acima dos R$ 91,8 bilhões de agosto de 2017.

Contudo, apesar dos sinais de melhora da economia, o jornal O Globo informa que a equipe econômica já vê risco de não cumprir nova meta fiscal deste ano. O maior problema continua sendo o leilão de usinas da Cemig, alvo de disputa judicial entre União e governo de Minas Gerais, diz o jornal. 

Cenário político

Na agenda política, a Câmara dos Deputados tentará mais uma vez avançar na discussão das propostas de reforma política que tramitam na Casa. Nesta terça-feira, o plenário volta a analisar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 77/03, que institui um novo sistema eleitoral e um fundo público para financiar as campanhas.  A proposta já está há algumas semanas no plenário, mas não encontra consenso entre as principais bancadas. 

Na agenda de Temer, o presidente discursou nesta mannhã na abertura da 72ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), onde falou sobre o avanço da agenda de reformas e que o Brasil deve estar mais aberto à discussão para temas como o programa nuclear da Coreia do Norte e a crise na Venezuela. Ainda falando sobre o presidente, segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha, o STF estuda enviar denúncia contra Temer de volta à PGR. Se isso ocorrer, caberá à nova procuradora-geral, Raquel Dodge, revisar o trabalho de Rodrigo Janot.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.