Embraer salta 4% após anunciar venda bilionária, Petrobras sobe 3% e Rumo afunda 6% com aumento de capital

Confira os principais destaques de ações desta quarta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa sobe 1,43%, a 73.180 pontos, nesta quarta-feira (6), após o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto ficar abaixo do esperado pelo mercado e sugerir a manutenção do ritmo de cortes da Selic pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne hoje para decidir sobre o futuro dos juros. 

Em meio ao otimismo, apenas 9 das 59 ações do índice registravam queda nesta sessão, segundo cotação das 11h38 (horário de Brasília). Figurava como a maior baixa as ações da Rumo, após terem sido retiradas da carteira Brasil do Bradesco BBI, dando lugar para a CVC.

Do outro lado, os maiores ganhos ficavam com as ações da Embraer, que subiram até 4,01% na máxima do dia, após pedido bilionário de aeronaves e rumor de que governo quer fim de “golden share”. Além da Embraer, o governo mantém “golden share” em outras empresas como Vale e IRB, além da Eletrobras, cuja venda prevista para o primeiro semestre de 2018 o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, quer que ocorre sem as ações de classe especial, ao contrário do que vinha sendo dito. 

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Confira abaixo os principais destaques da bolsa desta quarta-feira:

Privatizações

O Ministério da Fazenda consultou o Tribunal de Contas da União sobre a venda de ações de classe especial detidas pela União, golden shares, no âmbito do processo de venda de empresas estatais, segundo apurou a Coluna do Broadcast. Dentre as companhias nesta condição e na mira do governo estão, além de Vale (VALE3, R$ 35,80, +0,56%; VALE5, R$ 33,11, +0,73%), Embraer (EMBR3, R$ 18,37, +3,84%) e IRB . O Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também quer que a venda da Eletrobras (ELET3, R$ 19,00, +1,06%; ELET6, R$ 21,99, +2,28%), prevista para o primeiro semestre de 2018, ocorra sem as ações de classe especial, ao contrário do que vinha sendo dito. O objetivo do governo é, em um processo de privatização, abrir mão das ações especiais, se necessário, para viabilizar o negócio. Além disso, a percepção no mercado é de que a golden share tem pouco efeito prático e não é muito bem vista, uma vez que garante à União, dentre outros poderes, o de veto em situações estabelecidas em contrato.

JBS (JBSS3, R$ 7,60, -3,43%)
O mercado já começou a precificar os possíveis impactos da revisão do acordo de delação firmado pelos executivos do grupo J&F com a Procuradoria-Geral da República sobre o processo de venda de ativos em curso. Na avaliação de pelo menos três ministros do Supremo Tribunal Federal, o acordo deve ser cancelado, em meio às revelações que vieram à tona na última segunda-feira. Especialistas ouvidos pelo InfoMoney dizem que, além do acordo, as próprias provas obtidas correm riscos de serem desconsideradas.

Vendo a forte queda das ações, o BTG Pactual chama atenção para o fato de que as implicações levantadas até agora não se referem ao acordo de leniência da companhia. “Conversamos com a empresa, que reforçou essa impressão. A dúvida que fica diz respeito à delação de Wesley Batista e os jornais hoje mencionam que esse risco ainda não está descartado, pondo em risco inclusive a venda de alguns ativos”, comentam. Segundo os analistas, claro que qualquer notícia aqui traz impactos para o papel, mas cabe monitorar essa dinâmica para entendermos melhor o price action pela frente. “O papel pode continuar pressionado e seguimos com recomendação neutra para a ação”, disseram.

Vale 
Além disso, a Vale foi elevada pela agência de classificação de risco Moody’s de Ba2 para Ba1, com perspectiva alterada de positiva para estável. A instituição argumenta que a elevação dos ratings da Vale “reflete o fortalecimento do seu perfil de crédito, apoiado na redução de dívida, geração de fluxo de caixa livre e posição de liquidez sólida”. A Moody’s avalia que a companhia continuará sendo beneficiada pela “crescente eficiência operacional e pelo aumento dos níveis de procução à medida que a operação no S11D é executada, bem como pelas necessidades de investimentos de capital menores e redução dos pagamentos de dividendos em comparação com anos anteriores”.

Petrobras (PETR3, R$ 15,13, +1,89%; PETR4, R$ 14,63, +1,73%)
Acompanhando o otimismo interno e os preços do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras sobem nesta sessão. Em Londres, os contratos futuros do Brent registravam alta de 0,99%, a US$ 53,91 o barril, enquanto os contratos do WTI, negociados em Nova York, avançavam 0,84%, a US$ 49,07 o barril. 

No radar, a estatal iniciou etapa de teaser para alienação de 90% da TAG. O documento, publicado no site da companhia, contém as principais informações sobre as operações, bem como os critérios para seleção de potenciais participantes do processo. A Petrobras diz que o comunicado está em consonância com a sistemática de desinvestimentos e em linha com as orientações do TCU (Tribunal de Contas da União).

Ainda no radar da companhia, destaque comunicado divulgado que apontou para o objetivo de sair integralmente do setor petroquímico, processo que será realizado de acordo com a estratégia que esteja mais alinhada com a criação de valor. Segundo a Petrobras, a venda da participação na Braskem, no entanto, está em estágio preliminar. A estatal iniciou tratativas com a Odebrecht para promover a revisão dos termos e condições do acordo de acionistas da Braskem, conforme divulgado ao mercado. “Estas negociações, assim como estudos a respeito da venda da participação da Braskem, encontram-se em estágio preliminar, não havendo definições até o momento”, informou.

Na avaliação dos analistas do Santander, o baixo desempenho das ações da companhia neste ano criou um ponto de entrada atraente. Segundo os especialistas Christian Audi e Gustavo Allevato, múltiplos das ações estão mais atrativos, com EV/Ebitda 2018 a um desconto de 30% em relação aos pares globais e a sua média histórica. Em relatório enviado a clientes, eles observam que o aumento de 14% nos preços da gasolina nas últimas duas semanas será refletido em resultados operacionais sólidos no terceiro trimestre. O Santander espera que as vendas de ativos acelerem neste segundo semestre e também veem mais chances de conclusão da negociação do contrato de cessão onerosa, dado o maior senso de urgência entre o governo e a companhia. O preço alvo dos analistas para os papéis ordinários é de R$ 20 ao final de 2018.

Embraer (EMBR3, R$ 18,37, +3,84%)
Além da notícia sobre o fim de “golden share” pelo governo, as ações da Embraer disparam e operam entre as maiores altas do Ibovespa após o anúncio da empresa sobre um pedido firme de 25 jatos E175 para a companhia aérea americana SkyWest por um valor de cerca de US$ 1,1 bilhão. O pedido firme será incluído na carteira de pedidos da empresa do terceiro trimestre de 2017. Segundo a companhia brasileira, todas as 25 aeronaves devem ser entregues no próximo ano. Na máxima do dia, os papéis da Embraer atingiram alta de 4,01%, a R$ 18,01.

Segundo o BTG Pactual, a notícia é bem positiva para o papel. “E, mais importante que o próprio anúncio, esses 25 jatos estão programados para serem entregues em 2018, o que minimiza o discurso de muitos em cima de uma potencial preocupação com a queda de entregas em 2018, por conta da transição para a nova geração de jatos da empresa”, comentaram os analistas do banco.

Com essa ordem, eles enxergam agora um potencial de valorização para os números de 2018 do consenso (eles trabalhávam com 80 entregas em 2018 contra 60 entre os mais céticos no mercado). Com isso, eles mantêm recomendação de compra para a ação, acreditando que a ação vai seguir outperformando o mercado. 

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 32,59, +1,81%)
Tratativas do banco de vender o Banco Patagonia foram interrompidas e há poucas chances de retomar as negociações, de acordo com Jorge Horacio Brito, presidente e acionista majoritário do Banco Macro SA, o último banco na negociação. O executivo deixou as negociações pela segunda vz depois de dizer que foi chamado para se encontrar com Paulo Caffarelli, presidente do BB, para discutir a transação. Segundo o bilionário argentino, as conversas não avançaram porque Caffarelli “mudou de novo as condições”.

IRB Brasil Re (IRBR3, R$ 30,74, +1,45%)
Além da notícia do fim da “golden share” pelo governo (ver acima), as ações do IRB Brasil Re aparecem no radar de grandes bancos em meio ao fim do período de restrição estipulado pela B3 para aquelas instituições que participaram do IPO da companhia em julho deste ano. Hoje, o Bradesco BBI e BTG Pactual deram início à cobertura das ações da empresa. 

O Bradesco BBI recomenda a compra da ação, citando que o case oferece uma combinação mais atrativa de crescimento, rendimento e valorização no mercado de seguros brasileiro. “A posição de liderança do IRB no mercado brasileiro (37% de market share) deve permitir que se beneficie do crescimento local, mas continuando a explorar oportunidades no exterior. O aumento dos preços pode surpreender o mercado e será fundamental para compensar resultados financeiros mais fracos”, comentaram os analistas do banco. Eles apontam um preço-alvo de R$ 39,00 para o papel, um potencial de valorização de 29%, e dizem ainda que trata-se de case de atrativo dividend yield (dividendos/ação) estimado da ordem de 7% para 2017 e 2018.

Já o BTG Pactual recomenda a compra, com preço-alvo de R$35,00. Apesar da alta de 11% desde o IPO, a ação segue atrativa, com um dividend yiel estimado de cerca de 7%, comentam os analistas do banco.

Entre os triggers de curto prazo para a ação, eles apontam 3 fatores: 1) perspectiva de bons resultados no 3° trimestre; 2) anúncio do primeiro guidance de lucro; e 3) potencial mudança na política de dividendos, de anual para trimestral. Além disso, eles citam que, de acordo com a imprensa, o governo está estudando a extinção das “golden shares” em empresas privatizadas, incluindo o IRB.

Os analistas apontam ainda que a companhia tem claras vantagens competitivas pela frente, como sua ótima base de acionistas, relacionamentos de longo prazo com a maioria dos players do mercado, sólida base de capital, benchmark da indústria, com 3 grandes bancos do Brasil dentro do seu grupo de controle. 

Eletropaulo (ELPL3, R$ 16,90, 0,0%; ELPL4, R$ 16,24, +0,56%)
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) confirmou que os acionistas titulares de ações preferenciais (ELPL4) dissidentes da deliberação sobre a migração para o Novo Mercado deverão receber R$16,10 por ação como reembolso. Os papéis PN da Eletropaulo fecharam o último pregão da bolsa a R$ 16,15 cada. As assembleias gerais extraordinária de acionistas e especial de acionistas preferencialistas ocorrerão no dia 12 de setembro, às 10h e 14h, respectivamente.

Rumo (RAIL3, R$ 9,52, -6,11%)
As ações da Rumo afundam e lideram as perdas do Ibovespa nesta sessão, atingindo na mínima do dia queda de 7,79%, a R$ 9,35. Na esteira do movimento, a empresa informou hoje que foi publicado edital de convocação da assembleia geral extraordinária da companhia, a ser realizada em 21 de sembro, para deliberar sobre proposta de aumento de capital

“Em linha com a estratégia de negócios da companhia, visando à otimização da sua estrutura de capital e à redução dos seus níveis de endividamento, que vem sendo implementada desde a conclusão da sua oferta pública de ações ocorrida em abril de 2016 e a renegociação de suas dívidas objetos do fato relevante divulgado em 28 de março de 2016, a proposta de aumento do capital autorizado é submetida aos acionistas da Rumo em um momento em que o acionista controlador, Cosan Logística S.A., e a administração da Companhia estão analisando uma possível capitalização da companhia, por meio de uma oferta pública de ações”, diz o fato relevante da empresa. 

Além disso, no radar da Rumo, em relatório de estratégias de investimentos no Brasil, analistas do Bradesco BBI decidiram remover os papéis da empresa de seu portfólio para o País, dando lugar para a CVC (CVCB3, R$ 38,55, +0,57%). Eles explicam a troca pela percepção de que a última deve se beneficiar da recuperação econômica do Brasil e suas recentes aquisições são um precedente positivo para a empresa continuar atuando como consolidadora do mercado no Brasil. 

Eles mantiveram na carteira os seguintes papéis: Banco ABC Brasil (ABCB4, R$ 17,02, -0,53%), Banco do Brasil, Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 41,35, +0,88%), B3 (BVMF3, R$ 22,86, +1,15%), Duratex (DTEX3, R$ 8,77, -0,34%), Klabin (KLBN11, R$ 17,66, -0,51%), Usiminas, Iochpe-Maxion (MYPK3, R$ 21,36, +0,71%) e Petrobras.