Os 6 motivos para acreditar em Ibovespa a 85 mil pontos em 2018, segundo a XP

O cenário de estresse, por sua vez, é de um Ibovespa a 60.350 pontos, ou queda de 15%

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Mesmo em meio a toda a turbulência política, o Ibovespa atingiu neste final de agosto os 71 mil pontos, ficando próximo à máxima histórica e surpreendendo muito os analistas. Tendo também como base esse ânimo do mercado mesmo com o cenário em Brasília ainda conturbado, a equipe de análise da XP Investimentos revisou as suas estimativas para o Ibovespa.

Os analistas estão mais otimistas com o desempenho do índice. Se antes o cenário mais otimista era de um Ibovespa acima dos 80 mil pontos, agora a expectativa é de que ele chegue a 90.800 pontos no cenário mais benigno. O cenário-base apontava, em junho, para um índice a 77.500 pontos, estimativa revisada para 85.200 pontos, com base em seis pontos principais. O cenário de estresse, por sua vez, é de um Ibovespa a 60.350 pontos. Confira os cenários e as premissas para cada um deles: 

Cenário-base – Ibovespa a 85.200 pontos (alta de 20%)
O cenário-base dos analistas da XP é de um Ibovespa acima dos 85 mil pontos em 2018, tendo como destaque seis pontos para tanto: i) a trajetória de queda da Selic média, levando a uma redução do custo da dívida das empresas (que já está em forte queda); ii) a retomada da atividade econômica, que continuará dando sinais de que o pior já passou e as empresas irão apresentar resultados positivos nos próximos exercícios.

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O ponto iii) ressalta a possível mudança de alocação dos fundos de previdência, que ainda está em sua maior parte em renda fixa (74% do patrimônio). “Se somarmos investimentos em ações e fundos de renda variável, a alocação hoje é de 18%, montante que já chegou a somar 32% em 2010. Até junho de 2017, o patrimônio dos fundos de previdência somava R$ 669 bilhões. Tudo mais constante, se considerássemos uma migração para renda variável para os níveis de 2010, poderíamos ter um incremento em R$ 100 bilhões no volume de ações, quase 90% acima do volume atual”, afirmam os analistas. 

O ponto iv) aponta para o cenário eleitoral de 2018, destacando que o perfil de um presidente reformista é o mais cotado para vencer as eleições de 2018. Vale destacar que, segundo pesquisa realizada com investidores institucionais pela XP, o prefeito de São Paulo João Doria foi apontado por 42% dos respondentes como o mais provável vencedor da eleição, seguido pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin, com 38%. Para ambos os nomes, a expectativa era de alta do Ibovespa (confira mais clicando aqui).  O cenário de percepção de risco também é cadente, com elevação da atratividade dos investimentos em bolsa.  

O ponto v) ressalta a perspectiva de um cenário externo benigno. Conforme apontam os analistas, após um 2016 intenso, como Brexit, eleições nos EUA com vitória de Donald Trump, 2017 caminha no sentido contrário, com destaque para as eleições na Holanda e França, com desfecho favorável aos que defendem a zona do euro, enquanto a expectativa é de que Angela Merkel vença a eleição na Alemanha. Enquanto isso, os partidos populistas vêm perdendo força, incluindo o movimento 5 Estrelas na Itália. Já os principais parceiros comerciais brasileiros, como China, zona do euro, EUA e Argentina apresentam perspectivas positivas. 

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Por fim, o ponto vi) trata sobre o anúncio de privatizações do governo da semana passada: “além de reforçar o caixa, contribuindo para o ajuste fiscal, o programa deve trazer mais investimentos em infraestrutura. Para conseguirem as concessões, as empresas precisam se comprometer com uma série de investimentos. Isso não só aprimora a infraestrutura do País, mas também gera empregos e no final aumenta o consumo”, apontam os analistas. Assim, eles veem que as privatizações terão um benefício duplo ao Brasil, com queda na percepção de risco e expansão da atividade econômica através de novos investimentos. 

Cenário ótimo – Ibovespa a 90.800 pontos (alta de 28%)

Neste cenário, também são colocadas as premissas de percepção de risco cadente, aumento da atratividade dos investimentos em bolsa, cenário externo benigno e a vitória de um candidato reformista nas eleições de 2018. O que leva a um cenário mais otimista é a atividade econômica, que apresenta sinais mais claros e consistentes de recuperação, com as empresas revisando suas expectativas para os próximos exercícios para cima. 

Cenário de estresse – 60.350 pontos (queda de 15%)

O cenário de estresse ocorre com a recuperação mais lenta da atividade econômica, reduzindo as expectativas de lucros das empresas para baixo marginalmente. A política também segue no radar, com um candidato populista saindo vencedor das eleições. O cenário de percepção de risco se mantém em leve piora, reduzindo a atratividade para os investimentos em bolsa. 

Catalisadores e riscos

Os analistas ainda apresentam alguns catalisadores e riscos para ficar no radar. Em destaque estão as reformas econômicas: segundo os analsitas, mesmo que com pouco do conteúdo original, qualquer medida da reforma da Previdência já representaria um importante avanço e reduziria o risco de insolvência. Além disso, as reformas trabalhista (já aprovada) e tributária também são pontos considerados importantes de impacto positivo na economia. 

Já sobre as agências de rating se, por um lado a aprovação das reformas e o possível cumprimento da meta podem levar as agências a melhorar a perspectiva da nota brasileira, por outro, os cenários de aumento da incerteza política poderão resultar em revisões negativas na percepção de risco do País. O noticiário político também pode ter impacto sobre os juros, podendo trazer incertezas para os vencimentos mais longos. Contudo, o cenário atual é de revisão para baixo dos juros, o que tem consequências nas despesas financeiras e levar à revisão do lucro líquido das companhias. Por fim, a expectativa de maior aversão ao risco global pode ir contra a bolsa brasileira, em meio às incertezas em países da América Latina e eleições externas. 

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.