Ibovespa sobe com Previdência voltando ao radar; mas governo possui força para aprovar a reforma?

Queda dos DIs também colaboram para a valorização do índice

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Recuperando-se da queda de sexta-feira (25), o Ibovespa sobe 0,39%, aos 71.354 pontos, às 12h11 (horário de Brasília) desta segunda-feira (28), com o mercado otimista diante da demonstração do governo em aprovar a reforma da Previdência, caso que já era considerado perdido por boa parte dos investidores.

Segundo informações da Folha, costura-se no Congresso uma alternativa para resgatar a reforma da Previdência e viabilizar a sua votação ainda em setembro. A proposta seria reduzir o prazo de contribuição, que, segundo a proposta atual, subirá de 15 anos para 25 anos. Otimista quanto ao andamento da agenda de reformas, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em seminário promovido pela B3 neste fim de semana que a Previdência tem chance real de ser aprovada, “ao contrário do que parece”. 

Porém, por se tratar de uma emenda à Constituição, o governo precisará no mínimo 308 votos favoráveis para que o texto seja aprovado na Câmara, missão que não será nada fácil para Michel Temer, de acordo com André Muller, economista da AZ Quest, que deverá enfrentar mais uma denúncia de Rodrigo Janot em setembro e terá que reorganizar sua base aliada, que conta com um racha do PSDB. Cético com a aprovação, o cenário-base de Muller não contempla a reforma da Previdência este ano.

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Na visão de Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, já era esperado que o governo optasse por uma versão “light” ou mesmo fatiada da reforma da Previdência para não depender de quórum qualificado, pois, na visão da equipe econômica, uma versão menor ainda é melhor do que versão alguma mesmo com potencial fiscal reduzido da nova proposta. Segundo Vieira, a reforma é necessária e uma versão mais enxuta pode até ser aprovada, mas a grande dúvida fica em torno da idade mínima, que pode reduzir o potencial de economia da reforma caso esse tema não seja aprovado. 

DIs em queda

Enquanto isso, os DIs seguem em queda com o mercado renovando suas apostas pelo corte da Selic, conforme apontou o último Relatório Focus. Os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 registravam baixa de 2 pontos, cotados a 7,83%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 recuavam 3 pontos, negociados a 9,29%. No mesmo momento, o dólar futuro com vencimento em setembro registrava desvalorização de 0,19%, aos 3.158 pontos.

Conforme aponta o relatório divulgado na manhã desta segunda-feira, agora a mediana das expectativas dos analistas de mercado é que a taxa básica de juros encerre 2017 a 7,25% ao ano, o que inclui uma queda de 25 pontos-base a mais em comparação às projeções anteriores. Da mesma forma, houve ajuste nas expectativas para a inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 3,51% para 3,45% neste ano, ao passo que para o período seguinte o cenário segue em 4,20%.

Destaques do mercado

Na ponta positiva, destaque para as ações da JBS (JBSS3), que sobem após o MPF (Ministério Público Federal) homologar acordo de leniência com a J&F Investimentos, holding que controla o frigorífico. Do outro lado, os papéis da Eletrobras (ELET3) corrigem após alta de 44% na semana passada.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 9,20 +3,60 -19,04 45,38M
 MRFG3 MARFRIG ON 7,27 +2,83 +9,98 7,88M
 BRML3 BR MALLS PARON 13,79 +2,68 +33,46 15,83M
 BRKM5 BRASKEM PNA 38,04 +2,31 +11,07 19,59M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 10,57 +2,22 +31,09 9,04M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET3 ELETROBRAS ON 19,32 -2,23 -8,51 27,66M
 KROT3 KROTON ON ED 17,59 -1,73 +34,76 47,22M
 BBDC4 BRADESCO PN 33,65 -0,85 +29,07 186,78M
 EQTL3 EQUATORIAL ON 62,17 -0,78 +16,02 6,20M
 BBDC3 BRADESCO ON 32,93 -0,54 +25,60 3,81M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Nova denúncia contra Temer
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar a segunda denúncia contra o presidente antes de deixar seu cargo, em 17 de setembro. De acordo com informações do jornal O Globo, a equipe de Janot já está até elaborando o texto básico da acusação que será feita. A denúncia deve ser feita a partir de um inquérito já aberto no STF (Supremo Tribunal Federal) para investigar Temer por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa e pode ser aberta justamente quando o presidente estiver em viagem à China, quando apresentará para investidores locais o programa de privatização. Neste período, Rodrigo Maia irá assumir a presidência da República e o deputado André Fufuca, deputado de 28 anos do PP do Maranhão que está em seu primeiro mandato, comandará a Câmara na ausência de Maia, o que reduzirá bastante a chance de aprovação da reforma política ainda este mês.

Vale destacar que, na última sexta-feira, Janot apresentou denúncia contra Romero Jucá, Renan Calheiros, José Sarney e os senadores Garibaldi Alves Filho e Valdir Raupp, todos ligados ao PMDB, por participação em um esquema de corrupção da Transpetro (Petrobras Transporte). A PGR (Procuradoria-Geral da República) aponta que os políticos denunciados cometeram os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Privatizações aceleradas

Em entrevista ao jornal O Globo, Meirelles afirmou que o governo pode acelerar a privatização da Eletrobras e as concessões de alguns aeroportos para ajudar a fechar as contas de 2017: “podemos trabalhar com maior celeridade com a “descotização” das hidrelétricas da Eletrobras. Há um leque de alternativas”, afirmou o ministro.

Perguntado se o governo não corre o risco de vender os ativos por valor muito baixo pela necessidade de receita, o ministro afirmou que não existe a hipótese de se oferecer ativos por um valor menor do que poderiam valer e que o governo irá trabalhar para maximizar os valores nas condições de mercado. Por fim, Meirelles disse que não existem discussões sobre a privatização dos Correios.

Agenda da semana
Brasil
Na terça-feira (29), será divulgado o resultado fiscal do governo central, enquanto na quarta-feira (30) será apresentado o dado consolidado. Serão os primeiros resultados mensais anunciados após o governo confirmar a elevação da meta de déficit primário para R$ 159 bilhões neste e no próximo ano. Na quarta-feira também será apresentado o IGP-M acumulado de agosto.

Na quinta-feira (31), teremos os dados de emprego da PNAD Contínua, às 9h00, que segundo os analistas deve ter uma alta na taxa de desemprego de 13% para 13,1%. E para fechar a semana, na sexta-feira (1), será divulgado às 9h00 o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro referente ao segundo trimestre, que, de acordo com análises compiladas pela Bloomberg, deve ficar em 0,2% na passagem trimestral – ante 1% no primeiro trimestre – e 0,1% no anualizado – contra queda de 0,4% no último resultado.

Já na agenda do Congresso, o ministro da secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, disse em entrevista ao Valor Econômico que o governo planeja dedicar toda a terça-feira para votar a mudança na meta fiscal de 2017 e 2018, em duas sessões do Congresso Nacional, e concentrar a conclusão da MP (Medida Provisória) que cria a TLP na quarta-feira (30) na Câmara dos Deputados e depois no Senado. Enquanto isso, a reforma política também deve ser analisada na Casa, após os deputados fatiarem as propostas do texto para serem votadas separadamente

Exterior
Nos EUA, às 9h15 de quarta-feira será publicado o ADP Empoyment de agosto, com a geração de postos de trabalho do setor privado norte-americano. Em seguida, às 9h30, teremos a segunda prévia do PIB referente ao segundo trimestre. A expectativa compilada pela Bloomberg é que a maior economia do mundo cresça 2,7% no período, ficando levemente acima dos 2,6% do resultado anterior. Ainda de madrugada será divulgado o PMI da indústria na China. Por fim, na sexta-feira, às 09h30 será revelado o Relatório de Emprego nos EUA, com a expectativa de criação de 180 mil postos de trabalho em agosto e a manutenção da taxa de desemprego em 4,3%.

Bolsas mundiais

Os principais índices europeus recuam, com todos os principais setores em baixa, enquanto euro mantém alta registrada sexta após o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, não fazer comentários adicionais sobre a moeda no simpósio do Fed em Jackson Hole na última sexta-feira. Hoje não há negociação em Londres por conta de feriado local.

Os futuros de petróleo recuam forte, apesar da tempestade tropical Harvey paralisar quase 15% da capacidade de refino dos EUA e causar prejuízos de extensão ainda desconhecida. Petrolíferas ainda tentam avaliar o alcance dos danos, e provavelmente, serão necessários mais alguns dias para que se possa estimar quanto tempo as refinarias ficarão fechadas, segundo Ric Spooner, estrategista da CMC Markets. Por outro lado, o galão de gasolina para setembro negociado na Nymex subia mais de 3%.

Às 12h11, este era o desempenho dos principais índices:

*Dow Jones (EUA) -0,13%

*S&P 500 (EUA) +0,01%

*Nasdaq (EUA) +0,22%

*CAC-40 (França) -0,14%

*FTSE (Reino Unido) (feriado)

*DAX (Alemanha) -0,08% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,94% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,05% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,01% (fechado)

*Petróleo WTI -2,44%, a US$ 46,70 o barril

*Petróleo brent  -1,13%, a US$ 51,84 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -2,72%, a 573 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -1,57%, a US$ 77,15 a tonelada