Vendo bolsa travada até o fim do ano, Credit Suisse mantém “venda” para o Brasil – mas 5 setores chamam atenção

Euforia da bolsa pode estar perto do fim: analistas do banco suíço alertam para risco de revisões para baixo das ações brasileiras após balanços do 2° trimestre e mantêm os papéis da Argentina e Colômbia como preferidos na América Latina

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Credit Suisse divulgou na sexta-feira (25) um relatório com sua leitura sobre a temporada de balanços do 2° trimestre. Para os analistas do banco suíço, os resultados podem ter marcado um ponto de inflexão, mas a principal dúvida agora fica com o ritmo de melhora que deve ser visto daqui pela frente, citando um cenário macroeconômico ainda difícil. 

Andrew Campbell e Otavio Tanganelli, que assinam o relatório, dão destaque para as expectativas do consenso para o LPA (Lucro Por Ação) de 2017, apontando um crescimento de 25%. “Para atingir essa projeção será necessário uma forte aceleração no 2° semestre, já que o crescimento de lucro no 1º semestre foi de apenas 9%”. Mas isso não quer dizer que não será alcançada. “Acreditamos, sim, que deve ocorrer uma melhora na segunda metade do ano, com gradual avanço da economia, inflação baixa e estável, despesas financeiras baixas devido ao juros e movimento reverso de depreciação do real frente ao dólar, mas a barra alta indicada pelo consenso do mercado é um grande risco”, comentam.

Diante desse risco de revisões para baixo, os analistas seguem com uma visão underweight (exposição abaixo da média) para o Brasil. Na América Latina, eles preferem Argentina e Colômbia, que têm um risco/retorno mais atrativo. A projeção do banco para o Ibovespa é de 74.000 pontos até o fim do ano, o que representa um potencial de alta de apenas 3,8% frente ao patamar atual. Às 12h56 (horário de Brasília) desta segunda-feira, o índice operava em alta de 0,22%, a 71.243 pontos. 

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Vale menção que, enquanto o Credit Suisse acredita que os dias de euforia estão próximos do fim esse ano, a XP Investimentos divulgou nesta segunda-feira uma atualização da sua projeção para o Ibovespa, apontando como alvo os 85.200 pontos (alta de 20%) no cenário base em 2018; e os 90.800 pontos (alta de 28%) na perspectiva mais otimista (veja aqui).  

Apesar disso…

Embora não enxerguem pouco espaço para alta do Ibovespa, os analistas chamam atenção positivamente para 5 setores após a temporada do 2° trimestre.

As empresas de saúde e educação (que aparecem com um forte “momentum” de lucro) tiveram recomendação elevada para overweight (exposição acima da média), enquanto o setor de petróleo e gás é visto, por eles, com um valuation atrativo. Já a recomendação de bancos e setor de papel e celulose foi mantida em overweight. 

O que agradou e decepcionou na temporada?
Dos destaques positivos da temporada, os analistas do Credit Suisse citam as empresas voltadas para o mercado doméstico (que mostraram uma melhora mais relevante na receita líquida), programas de fidelidade e o setor de educação (liderado pela Estácio), que compensaram a performance ruim de telecomunicações (pressionadas pela Oi) e construção civil (empresas focadas em geração de caixa devido ao baixo crescimento de curto prazo).  

Já do lado da margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida), os analistas ressaltaram positivamente os setores de educação e saúde. Do outro lado, eles apontam uma contração observada no setor de construção civil, que  ocorreu, parcialmente, pela contaminação de “impairments” e tarifas não recorrentes, comentam. Eles apontam ainda os setores expostos ao câmbio, que sofreram um impacto negativo na margem Ebitda no período, devido à apreciação do real, principal fator também para a queda do lucro de 27%. Excluindo setores com grande perda por conta do câmbio, o lucro líquido das empresas teria crescido, em média, 7% no 2° trimestre, quando comparado ao mesmo período de 2016.