Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta sexta-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa superou os 71 mil pontos na véspera e, do que depender do cenário internacional, a manhã deve ser “tranquila” para o índice brasileiro, com as bolsas europeias em leve alta à espera da fala de autoridades monetárias e com a Ásia registrando ganhos expressivos. Por aqui, as privatizações seguem no radar, assim como o mercado deve observar os dados de arrecadação. Confira os destaques desta sexta-feira (25):

1. Bolsas mundiais

Os principais indicadores de bolsa internacionais têm alta à espera das falas das autoridades monetárias, enquanto as mineradoras sustentam ações europeias em meio a otimismo no mercado da China. No radar de indicadores europeus, a atenção ficou para o índice de sentimento das empresas da Alemanha, divulgado pelo Ifo, que recuou para 115,9 na passagem de julho para agosto, enquanto os analistas previam queda para 115,5.

Na Ásia, o destaque ficou para o Hang Seng que, influenciado pelo bom humor do Xangai e por resultados melhores do que o esperado da petrolífera Cnooc, garantiu alta de 1,20% em Hong Kong. Xangai fechou em alta de quase 2% em meio ao otimismo sobre resultados de empresas, reformas e dividendos. Já o japonês Nikkei fechou em alta moderada, à medida que o iene se enfraqueceu frente ao dólar durante a madrugada, mas registrou a sexta semana seguida de perdas. 

No mercado de commodities, os preços do petróleo operam em alta, recuperando parte das perdas da quinta-feira, motivadas pelo temor com um furacão que se move rumo à costa do Golfo dos Estados Unidos e que pode paralisar a produção nas regiões. O Serviço Nacional Meteorológico dos EUA elevou na quinta-feira a tempestade tropical Harvey à categoria de furacão, o que levou algumas refinarias a fechar operações. Harvey deve chegar à costa do Texas na noite desta sexta-feira ou no sábado. O minério de ferro também registra ganhos, assim como o aço, com a queda dos estoques. 

Às 8h12, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,26%

*FTSE (Reino Unido) +0,39%

*DAX (Alemanha) +0,35% 

*Hang Seng (Hong Kong) +1,20% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +1,84% (fechado)

*Nikkei (Japão) +0,51% (fechado)

*Petróleo WTI +0,70%, a US$ 47,77 o barril

*Petróleo brent +0,81%, a US$ 52,46 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +0,34%, a 586 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% +1,56%, a US$ 78,38 a tonelada

3. Privatizações no radar

Após os anúncios dessa semana sobre a proposta de privatização da Eletrobras, dentro de um pacote de 58 privatizações e concessões do governo, o mercado segue de olho sobre quais serão os obstáculos para a aprovação dessas medidas. Segundo informa a Bloomberg, o governo Michel Temer vê no leilão das usinas da Cemig seu maior teste para levar a cabo a venda da Eletrobras e ao menos duas subsidiárias, Furnas e Chesf, em razão da resistência política que vem sofrendo de parlamentares que não concordam com as desestatizações, conforme disseram dois auxiliares presidenciais a par das discussões. 

Porém, o governo está a todo vapor em seguir adiante com a proposta de concessões e privatizações. No pacote que vai levar a investidores chineses na semana que vem, o governo brasileiro vai apresentar a oferta de leilão das quatro usinas da Cemig: Miranda, São Simão, Volta Grande e Jaguara, segundo informa o jornal O Estado de S. Paulo. 

Vale destacar que, em relatório, a consultoria de risco Eurasia apontou que  a maioria das privatizações não terá oposição significativa. Para os setores de petróleo e gás e infraestrutura de transporte, por enquanto, o governo já fez as mudanças necessárias de regulação e melhorou as condições para investidores. Somente para óleo e gás, são esperadas seis rodadas de leilão entre o próximo mês e o fim de 2018, diz Eurasia. Porém, pondera que a Eletrobras é a privatização de maior relevância e pode ter resistências regionais em relação às subsidiárias Chesf, Furnas e Eletronorte. Neste sentido, em evento do jornal Valor Econômico realizado na noite de ontem, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou que não há planos para elevação de impostos e que não há dúvida que as privatizações, em princípio, diminuem a necessidade de aumentar tributos. 

3. Ameaças ao governo

Temer ainda concedeu entrevista ao SBT na noite de quinta-feira. Ele destacou que acha que será um importante passo se o Brasil conseguir optar por um modelo de semipresidencialismo a partir de 2022 e que provavelmente haverá uma consulta a população por referendo. O presidente ainda minimizou os potenciais novos riscos ao seu governo com a nova “flechada” do procurador-geral Rodrigo Janot e com a delação de Lúcio Funaro. Segundo informa a coluna Painel, da Folha de S Paulo, aliados do presidente apostam que Janot apresentará a segunda denúncia durante a viagem de Temer à China marcada para a próxima terça-feira (29).

Se Temer busca mostrar tranquilidade diante dessas ameaças e como isso pode afetar a governabilidade do governo, a Folha ressalta que ele pode enfrentar problemas dentro do próprio PMDB. De acordo com o jornal, extremamente irritado com o tratamento dispensado ao PSDB, o PMDB na Câmara prega o boicote à votação de qualquer projeto do governo até o presidente receber a bancada. Os deputados mais próximos a Temer tentaram conter o movimento, mas relatam que houve “comoção” entre os parlamentares do PMDB. Dizem que é “desproporcional a força do PSDB dentro do governo”, afirma a publicação. 

4. Jackson Hole e agenda do dia

Nesta sexta, estão previstos no simpósio anual de Jackson Hole, em Wyoming, os discursos dos presidentes do Fed, Janet Yellen (11h), e do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi (16h), estão sendo aguardados pelos investidores em vista de eventuais sinais sobre o rumo da política monetária dos mais importantes BCs. Os especialistas não acreditam que serão dados sinais significativos sobre a trajetória das respectivas políticas monetárias, há especulação de que o comandante do BCE poderá, por exemplo, fazer alguma espécie de “intervenção verbal” numa tentativa de enfraquecer o euro. Contudo, conforme informa a LCA, não se descarta a possibilidade de Yellen defender sua estratégia de normalização da política monetária com o intuito, entre outros fatores, de conter a formação de posições especulativas.

Nos EUA, atenção ainda para os dados de encomenda de bens duráveis de julho, a ser divulgado às 11h. Aqui no Brasil, os olhos se voltam para a arrecadação federal de julho às 15h30, com expectativa de um resultado de R$ 110 bilhões, segundo estimativa mediana da Bloomberg. Já a Aneel divulga bandeira tarifária de setembro: atualmente, a bandeira é vermelha patamar 1, implicando condições custosas de geração; tarifa sofre acréscimo de R$ 0,030 para cada quilowatt-hora kWh consumido. 

5. Noticiário corporativo
A recuperação judicial da Oi chama a atenção no noticiário corporativo: a Anatel informou que esteve com Société Mondiale, de Nelson Tanure, mas não recebeu plano de credores. O Bradesco, por sua vez, informou que as sinergias com HSBC devem somar R$ 3,5 bilhões até fim de 2018, enquanto a Usiminas reduziu o contrato de fornecimento de minério com Musa.

O conselho da Vale aprovou assembleia para discutir a proposta de conversão do restante das ações preferenciais classe A em ordinárias. Já o MPF homologou o acordo de leniência firmado com o Grupo J&F, controlador da JBS, para que a empresa pague R$ 10,3 bilhões de multa e ressarcimento mínimo pelo esquema de corrupção envolvendo o pagamento de propinas a agentes públicos. Por fim, no radar de recomendações, o Santander revisou o setor de varejo, elevando Hering, IMC e Via Varejo de manutenção para compra, enquanto reduziu recomendação de CVC e Pão de Açúcar de compra para manutenção.

Já no InfoTrade de hoje, um alerta para os comprados em B3 (ex-BM&FBovespa; BVMF3(confira clicando aqui).

(Com Agência Brasil, Agência Estado e Bloomberg)

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.