Ibovespa tem 3ª alta seguida e supera 71 mil pontos com aprovação da TLP; DIs afundam

Mercado ganha força e Ibovespa se aproxima cada vez mais de sua máxima histórica

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em mais uma dia de otimismo, o Ibovespa chegou a sua terceira alta consecutiva, superando os 71 mil pontos, com o índice ganhando mais força no início da tarde, após a Câmara dos Deputados aprovar o texto-base para a criação da TLP (Taxa de Longo Prazo). Por outro lado, o reflexo no dólar foi mais limitado, com a moeda chegando a virar para queda, mas recuperando em seguida.

O benchamrk da bolsa brasileira fechou com alta de 0,93%, aos 71.132 pontos, se aproximando de sua máxima histórica. O volume financeiro ficou em R$ 8,592 bilhões. O Ibovespa caminha para sua quinta semana seguida de alta e para o melhor mê do ano, com ganhos próximos a 8%. No exterior, Wall Street teve leves perdas enquanto os investidores ficam de olho no simpósio de Jackson Hole.

Já o dólar, após chegar a cair para R$ 3,1325, não se sustentou após as fortes perdas dos últimos dias. A moeda fechou com ganhos de 0,21%, cotada a R$ 3,1486 na venda, enquanto o dólar futuro com vencimento em setembro teve alta de 0,16%, a R$ 1,151. Os DIs, por sua vez, passaram a cair forte com a aprovação da TLP na Câmara. Os juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 registraram baixa de 5 pontos-base, cotados a 7,93%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 recuaram 10 pontos-base, negociados a 9,30%.

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O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em votação simbólica, o texto-base da Medida Provisória (MP) 777/2017, que institui a TLP para os contratos firmados com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), a partir de janeiro de 2018.

Os deputados rejeitaram dois destaques, mas ainda há outros três para serem votados, que ficaram para a próxima terça-feira (29) e também devem ser rejeitados. Com isso, o cronograma fica ainda mais apertado, já que é preciso terminar esta votação para que o projeto vá para o Senado, sendo que o projeto irá caducar dia 7 de setembro.

Pelo texto aprovado, a nova taxa será anunciada a cada mês e também incidirá sobre os recursos do Fundo de Participação PIS-Pasep, do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e do Fundo da Marinha Mercante. Sua composição será feita pela variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e pela taxa de juros prefixada das NTN-B (Notas do Tesouro Nacional) vigente no momento da contratação do financiamento.

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Selic em queda
Além da aprovação da TLP, o resultado abaixo do esperado do IPCA-15 na última quarta-feira (23), que teve inflação de 0,35% na passagem de julho para agosto contra projeção de +0,40%, faz o mercado elevar suas apostas de que o Copom decidirá pelo corte de 100 pontos-base da taxa básica de juros nos próximos três encontros, o que levaria a Selic abaixo de 7% ainda este ano.

Segundo Gustavo Cruz, economista da XP Investimentos, a inflação deve seguir comportada neste ano e dados preliminares apontam que o segmento de alimentos deve surpreender ao apontar deflação em 2017, reforçando que o Copom possui espaço para seguir com os cortes. Diante disso, Cruz reforça que o viés é de baixa para os juros e o comunicado do Copom após a reunião de 5 e 6 de setembro será fundamental para comprovar essa tese.

Na mesma linha, Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, acredita que os DIs devem manter o compasso de correção diante do avanço da agenda política, o que inclui a aprovação da TLP e uma versão mais enxuta da Reforma da Previdência, que ainda é uma incógnita do mercado. Como não há um consenso, a inclinação da curva dos vencimentos de 2019 e 2023 chegou na sua máxima em 7 anos nesta semana e comprova que os investidores estão “pagando” um prêmio de risco pela incerteza quanto ao andamento das reformas. Sem o “freio” da política e a economia ainda mostrando dificuldades para iniciar uma recuperação consistente, Vieira projeta que a Selic pode chegar em 6,5% no ano que vem.  

Destaques de ações
Do lado positivo, as ações da Eletrobras (ELET3) retomam o movimento de alta após o anúncio de desestatização pelo governo. Na outra ponta, destaque para Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que recua com mudança no comando executivo.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRAP4 BRADESPAR PN 25,84 +4,53 +78,31 44,46M
 VALE3 VALE ON 33,88 +4,12 +45,69 681,88M
 ELET3 ELETROBRAS ON 19,61 +3,98 -7,14 248,73M
 NATU3 NATURA ON 30,05 +3,94 +31,20 75,05M
 CSNA3 SID NACIONALON 8,58 +3,87 -20,92 85,52M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,65 -2,42 +17,71 145,74M
 BBSE3 BBSEGURIDADEON 27,60 -1,36 +0,37 105,60M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON EJ 22,58 -1,14 +37,61 155,89M
 BRML3 BR MALLS PARON 13,37 -0,96 +29,40 49,08M
 WEGE3 WEG ON 20,64 -0,91 +34,95 40,47M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON 33,88 +4,12 681,88M 358,59M 32.681 
 PETR4 PETROBRAS PN 13,80 +0,29 441,46M 454,32M 30.735 
 BBDC4 BRADESCO PN 33,91 +0,33 377,96M 293,40M 34.334 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EJ 41,26 +0,98 355,89M 360,48M 20.940 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,80 -0,20 272,05M 218,41M 20.705 
 ELET3 ELETROBRAS ON 19,61 +3,98 248,73M 72,12M 22.074 
 KROT3 KROTON ON ED 18,32 +2,35 210,93M 159,40M 22.890 
 ITSA4 ITAUSA PN EJ 10,36 +1,17 210,91M 155,07M 24.171 
 BBAS3 BRASIL ON ERJ 32,12 +0,34 205,58M 207,24M 19.399 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON EJ 22,58 -1,14 155,89M 166,15M 20.690 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Jackson Hole
Nesta quinta-feira, o Federal Reserve inicia seu simpósio anual em Jackson Hole (Wyoming) e, no dia seguinte, estão previstos os discursos de Janet Yellen e Mario Draghi. Ainda que muitos analistas não acreditem que serão dados sinais significativos sobre a trajetória das respectivas políticas monetárias, há especulação de que o comandante do BCE poderá, por exemplo, fazer alguma espécie de “intervenção verbal” numa tentativa de enfraquecer o euro.

Reforma política
A noite da última quarta-feira foi agitada na Câmara dos Deputados com as discussões sobre a reforma política. O plenário da Câmara aprovou o destaque que retira da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 77/2003 o dispositivo que estabelecia um percentual que vinculava 0,5% da receita corrente líquida da União para fundo de financiamento público de campanhas eleitorais. 

Após a aprovação do destaque, por 441 votos a 1, a votação do restante do texto da reforma política foi adiada para a próxima terça-feira (29), quando será discutido o dispositivo que trata da adoção do sistema distrital misto para as eleições de 2022 em diante e do chamado “distritão” em 2018 e 2020.

Eleições 2018

Preparando-se para a corrida presidencial de 2018, Luiz Inácio Lula da Silva já está à procura de um vice para sua chapa e o nome mais cotado é do empresário minério Josué Gomes da Silva. Presidente da Coteminas, Josué é filho do ex-vice-presidente José Alencar, eleito numa dobradinha com Lula em 2002 e 2006 e que morreu em março de 2011. No PT, a avaliação é de que Josué como candidato a vice pode ajudar Lula a reconquistar o apoio do empresariado.

Além disso, segundo informações da Folha de S. Paulo, o DEM está dividido sobre a possibilidade de acolher João Doria e lançá-lo candidato em 2018. O principal articulador contra o tucano é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que já minimizou a possibilidade outras vezes. Já partidários como Mendonça Filho, atual ministro da Educação, não têm antipatia pela ideia de ter Doria no partido.

De olho no déficit
Após anunciar o plano de privatização de 57 empresas e projetos na tarde de ontem, o governo federal prepara um pacote de medidas para economizar nas contas do Executivo, segundo informações da Folha de S. Paulo. Uma das propostas sugeridas é zerar os custos de aluguel dos imóveis para órgãos públicos, mudança que traria uma economia de R$ 1,6 bilhão por ano, segundo estudos do governo. 

Por fim, atenção para algumas notícias do radar político. O ministro do STF(Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes negou ontem mandado de segurança protocolado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para obrigar o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a analisar o pedido de impeachment do presidente Michel Temer apresentado pela entidade. Por outro lado, o Valor Econômico informa que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar uma nova denúncia contra Temer em menos de duas semanas. Procuradores já estão redigindo a acusação, que está em estágio avançado, e a expectativa é concluir os trabalhos em menos de 15 dias.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.