Gerdau anuncia novo CEO, Petrobras afasta diretor, ‘esqueletos’ que assombram a Eletrobras e 7 recomendações no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quinta-feira (24)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo desta quinta-feira é bastante movimentado, com atenção para o acordo de credores da Oi, o afastamento de diretor da Petrobras, os “fantasmas” para privatizar a Eletrobras, além de diversas recomendações e mudanças na Gerdau. Confira os destaques:

Gerdau (GGBR4)

A Gerdau anunciou que os atuais integrantes da família Gerdau Johannpeter na liderança executiva das empresas – André Gerdau Johannpeter, diretor-Presidente  e os vice-Presidentes Executivos Claudio Johannpeter e Guilherme Gerdau Johannpeter – passarão a se dedicar exclusivamente aos Conselhos de Administração das respectivas companhias, órgãos dos quais já fazem parte. O Conselho de Administração escolheu Gustavo Werneck, atual diretor executivo da Operação Brasil, como novo CEO (Chief Executive Offiver)  a partir de 1º de janeiro de 2018. 

“Estamos confiantes na capacidade de gestão diferenciada e na aderência de Gustavo Werneck à nova cultura empresarial da Gerdau. Em todas as posições que ocupou, sempre com foco em resultados, Werneck venceu importantes desafios, alavancou resultados e construiu equipes de alto desempenho, a partir de um perfil de gestão inovador e de energia contagiante. Por parte da família Gerdau Johannpeter, entendemos que construímos um legado importante na gestão direta dos negócios, consolidando a empresa como líder de aços longos e especiais nas Américas, além de marcar o ingresso no segmento de aços planos. Ao longo dos últimos anos, frente aos desafios globais do setor, revertemos para positivos os resultados, otimizamos ativos, implementamos uma inovação digital inédita na indústria do aço e modernizamos a cultura da Empresa. A partir de janeiro de 2018, vamos aproveitar a nossa experiência executiva para focar ainda mais na definição das estratégias de médio e longo prazo da Gerdau visando a geração de valor para nossos stakeholders e apoiando nossos executivos no processo de implementação”, afirma o atual Diretor-Presidente (CEO), André Gerdau Johannpeter. 

Segundo comunicado da empresa, os próximos quatro meses serão dedicados à transição da nova governança, de forma a assegurar a tranquilidade do processo, bem como as definições subsequentes nas funções e processos executivos da empresa.

Oi (OIBR4)

Os dois principais grupos de detentores de bônus externos da Oi, assessorados pela Moelis e pela G5 Evercore, e as agências de crédito à exportação, assessoradas pela FTI Consulting, uniram forças e propuseram um plano conjunto de reestruturação da empresa, segundo comunicado.

Os credores propõem trocar R$ 26,1 bilhões de títulos da dívida por 88% do capital
Dinheiro novo injetado pelo grupo seria de R$ 3 bilhões. O objetivo é que esses recursos sejam investidos já neste ano. Os grupos de credores representam mais de R$ 22,6 bilhões da dívida do grupo Oi, segundo o comunicado. 

Petrobras (PETR3;PETR4)

O Conselho de Administração da Petrobras afastou ontem (23) temporariamente o diretor de Governança e Conformidade (DGC) da companhia, João Adalberto Elek Júnior. A decisão foi tomada em análise da decisão da Comissão de Ética Pública da Presidência da República que aplicou advertência ao diretor. Em 2015, ele autorizou a contratação, sem licitação, de uma empresa de consultoria em que a filha dele disputava uma vaga de emprego.

Em nota, a estatal informou que o afastamento vale a partir de hoje até o julgamento do recurso que o diretor ingressará na Comissão de Ética da Presidência. Nesse período, o diretor-adjunto responderá pela Governança e Conformidade.

O Conselho de Administração levou em consideração que a filha de João Elek foi contratada pela empresa por meio de processo seletivo, entre setembro de 2015 a março de 2016, e que as funções exercidas por ela não têm ligação com a companhia. Conforme a petrolífera, em março, o diretor comunicou à Comissão de Ética da Petrobras que a filha havia sido contratada. O contrato com a empresa de auditoria foi assinado em 18 de dezembro de 2015. 

Além disso, nesta quinta a companhia anunciou mais um reajuste de combustíveis válido para as refinarias na próxima sexta (25), com corte do preço da gasolina em 0,5% e elevação do diesel em 1,9%. 

Recomendações

A M. Dias Branco (MDIA3) teve a recomendação elevada de neutra para overweight pelo JPMorgan; o preço-alvo foi elevado de R$ 48 para R$ 55. Ainda em destaque, estão as recomendações do Itaú BBA para o setor de bens de capital, ao incorporar os resultados do segundo trimestre e rolar os preços-alvos para 2018. A Tegma (TGMA3) é a top pick do setor – os analistas também possuem recomendação outperform para Iochpe-Maxion (MYPK3), Tupy (TUPY3) e Mahle Metal Leve (LEVE3). Por outro lado, o banco reduziu as recomendações de Randon (RAPT4) e Romi (ROMI3) para marketperform, enquanto mantém recomendação marketperform para Marcopolo. Por fim, os analistas reduziram a recomendação de WEG (WEGE3) para underperform: ” esta é uma empresa de alta qualidade com resultados positivos, mas tudo isso jé está no preço”, afirmam. 

Cemig (CMIG4)

Em fala a repórteres, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou que o leilão da Cemig será feito ainda neste 2º semestre e que, para  ser realizado, não é necessária uma decisão do STF. Segundo ele, o governo não desistiu de realizar leilão da Cemig e nunca se fechou para um acordo. “O que governo não pode abrir mão é do direito da União de receber outorga pelas usinas”, disse, afirmou que há sempre um canal de diálogo sempre aberto. 

Para ele, a decisão do STF dará maior segurança para o investidor. “Há uma possibilidade da empresa apresentar uma proposta firme, governo fez o gesto de pedir postergação de julgamento para chegar a uma proposta, que será analisada se vier. Mas não vamos abrir mão do leilão neste segundo semestre”, afirmou.

Eletrobras (ELET3)

Conforme aponta o jornal O Globo em reportagem desta quinta-feira, a decisão de separar a Eletronuclear de sua controladora, a Eletrobras, que será privatizada, coloca em risco a conclusão das obras da usina nuclear de Angra 3 e, em última instância, o avanço do projeto nuclear brasileiro. Segundo especialistas ouvidos pelo jornal, pode ficar mais difícil financiar Angra 3. Diante da escassez de recursos e do custo bilionário para desmobilizar o projeto, a Eletronuclear busca parceiros privados para finalizar a construção. A Eletronuclear já assinou um memorando de entendimento com a China National Nuclear Corporation (CNNC) para análise das características do empreendimento e deve firmar, em breve, acordo com a russa Rosatom.

o Valor Econômico ressalta mais um impasse. Segundo a publicação, os investidores interessados em comprar participações relevantes no capital da Eletrobras deverão olhar com lupa os eventuais riscos da operação. A estatal tem R$ 64,5 bilhões em contingências para as quais não contava com provisionamento no balanço de junho. Além disso, existe uma “class action” (ação coletiva) na qual a empresa é ré nos Estados Unidos em razão da operação Lava-Jato. 

BRF (BRFS3)

Lorival Nogueira Luz Jr. assumirá cargo de diretor financeiro e de relações com investidores em setembro de 2017, de acordo com comunicado ao mercado da BRF. A posição mais recente de Nogueira Luz Jr. foi na Votorantim Cimentos, onde atuou como vice-presidente de finanças e relações com investidores. Elcio Ito, que vinha exercendo interinamente as funções vinculadas à área financeira da BRF em conjunto com o diretor
presidente global, continuará como executivo da companhia. 

CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3)

O Bradesco BBI destacou as suas perspectivas para ações com o anúncio do novo pacote de privatizações e concessões anunciado pelo governo na tarde da última quarta-feira. Segundo os analistas, o anúncio apresenta várias oportunidades para CCR e Ecorodovias. “No caso da CCR, nossa opinião é que a empresa pode adquirir a participação de 49% da Infraero no aeroporto de BH (Confins) e também avaliar os 14 aeroportos a serem leiloados no segundo semestre”. A CCR é a ação preferida no setor do Bradesco BBI. 

Valid (VLID3)

Em entrevista à Bloomberg, a diretora financeira da Valid, Rita Carvalho, afirmou que a companhia tem desenvolvido interesse em aumentar sua participação nos EUA e em entrar no mercado chinês. A aposta é que, investindo no exterior, a Valid consiga compensar a situação delicada da economia brasileira. “Veremos um aumento das vendas vindas de fora do Brasil”, disse Rita. A companhia tem capacidade para ser muito mais rentável”, disse Luiz Alves Paes de Barros, dono da Alaska Investimentos, que detém 5,2% do capital da empresa. 

 “Precisamos adaptar a empresa”, disse Rita, mas sem transformá-la em uma start-up de tecnologia. A companhia também tem planos para se afastar da emissão tradicional de documentos e investir em softwares e segurança biométrica, além de expandir os negócios na área de emissão de carteiras de motorista. 

 Engie (ENGI11)

A subsidiária da Engie, Engie Brasil Energias Complementares Participações, acertou a compra da totalidade do capital das empresas que compõem o Complexo Eólico Umburanas da Renova, localizado no Estado da Bahia, disse a companhia em comunicado ao mercado.

O Projeto Umburanas, com capacidade instalada total de 605 MW, será desenvolvido ao lado do Complexo Eólico Campo Largo da Engie. O valor da aquisição foi de R$ 15 milhões. 

Açúcar e álcool

Atenção para uma notícia que pode mexer com as ações do setor. A  Camex zerou a alíquota de importação de etanol até 600 milhões de litros por ano e decidiu taxar com alíquota de 20% a quota de importação excedente a esse volume. A medida respondeu a pleito do setor sucroalcooleiro brasileiro diante do grande aumento das importações do produto, principalmente pelas regiões Norte e Nordeste. A medida foi elogiada pela Unica, que representa o setor. Com a notícia, o açúcar estendeu o rali no mercado; a medida ocorre em meio a uma guerra no setor de biocombustível, após EUA imporem sanções a produtores de biocombustível da Indonésia e Argentina.

Natura (NATU3)

A Natura aprovou a emissão de debêntures de até R$ 2,6 bilhões. De acordo com a companhia, os recursos obtidos com a oferta restrita serão destinados ao reforço do capital de giro e refinanciamento de dívidas da companhia. A 1ª série terá vencimento em setembro de 2020 e remuneração será limitada a CDI +1,50% ao ano, enquanto a 2ª série terá vencimento em setembro de 2021 e remuneração limitada a CDI +1,75% ao ano.

Fibria (FIBR3)

A Fibria iniciou as operações de linha de produção do Horizonte 2. A nova linha de produção de celulose branqueada de eucalipto, localizada em Três Lagoas (MS), irá adicionar 1,95 milhão de toneladas de celulose/ano à capacidade produtiva da Fibria, segundo comunicado ao mercado. A unidade de Três Lagoas amplia acapacidade nominal total de produção para 3,25 milhões de toneladas ao ano. 

JBS (JBSS3)

Conforme aponta a coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, se por um lado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atua para que Wesley Batista deixe o comando da JBS, os bancos que renegociaram uma dívida bilionária da empresa nadam em direção contrária e não querem uma alteração imediata. O grupo está preocupado com o cronograma de pagamento dos R$ 17 bilhões que foram rolados caso a administração mude e, em meio a isso, a JBS já busca um assessor para negociar a questão com o BNDES e acionistas minoritários da empresa. A reestruturação foi comandada por Wesley e, portanto, uma mudança de comando poderia trazer risco a tal negociação, já que seu substituto pode tentar alterar esses compromissos. Apesar dos pesares, Wesley é visto como um bom administrador e uma mudança brusca, para esses credores, não faria sentido em uma empresa de tamanha complexidade operacional.

Carrefour (CRFB3)

O Carrefour informou o encerramento da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), em distribuição primária e secundária, que teve o preço de R$ 15,00 por ação. Os investidores estrangeiros ficaram com 215,159 milhões de papéis, ou 64,9% do total. Na sequência aparecem os fundos de investimento, com 102,511 milhões de ações, ou 30,9%, e pessoas físicas, com 14,383 milhões, ou 4,3%. Demais instituições financeiras adquiriram 3,021 milhões de ações (0,91%), entidades de previdência privada 2,299 milhões (0,7%).

No total, foram subscritas e/ou adquiridas 331,513 milhões de ações, incluindo 34,369 milhões de papéis de empréstimo concedidos ao agente estabilizador, que foram inicialmente alocados e não recomprados. Ao retirar essa fatia, a oferta movimentou 297.143.842 ações ordinárias, com a colocação parcial do lote suplementar. A oferta do Carrefour, assim, atingiu o montante de R$ 4,972 bilhões.

O IPO do Carrefour (Atacadão SA) ocorreu no dia 18 de julho, com movimento informado no dia de R$ 5,125 bilhões. A estreia na bolsa, com o código CRFB3, foi no dia 20 de julho. Os coordenadores da oferta foram Itaú BBA, Bank of America Merrill Lynch, Goldman Sachs, JPMorgan, Bradesco BBI, Santander e BNP Paribas.

Eternit (ETER3)

Destaque para uma notícia que pode mexer com as ações da Eternit. Após três sessões, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve concluir nesta quinta-feira o julgamento da ação que discute se é legal ou não a lei federal que permite a extração e comercialização do amianto do tipo “crisotila” no Brasil. No panorama atual, com 4 votos a favor do produto e 3 contra, ainda que os votos restantes sejam contra o uso do amianto, já não será possível chegar ao número mínimo de 6 votos necessários para proibir o uso no Brasil. O resultado também não deve afetar a validade das leis estaduais. 

(Com Agência Brasil, Agência Estado e Bloomberg)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.