Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta quinta-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Lara Rizério

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*Atualizado às 13h03

SÃO PAULO – A sessão é de leve baixa para a maior parte dos mercados mundiais à espera da ata do BCE, enquanto o Brasil fica de olho no IBC-Br e no noticiário sobre reformas – econômicas e políticas. Confira os destaques desta quinta-feira (17):

1. Bolsas mundiais

A sessão é de cautela para as principais bolsas mundiais, com os índices europeus em leve baixa antes de ata do BCE (Banco Central Europeu). As bolsas asiáticas, por sua vez, fecharam sem direção única nesta quinta-feira, em meio ao bom desempenho dos setores de tecnologia e mineradoras e com investidores acompanhando a nova crise política nos EUA e digerindo a última ata de política monetária do Federal Reserve. Publicada ontem à tarde,  a ata mostrou que oFed continua preocupado com a tendência de baixa da inflação nos EUA, gerando dúvidas sobre a possibilidade de que haja um novo aumento de juros ainda este ano.

Além disso, com as menores preocupações com a recente troca de ameaças entre EUA e Coreia do Norte, a atenção se volta agora para a nova crise política em Washington. Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o fim de dois conselhos formados por executivos proeminentes. A decisão veio após vários integrantes dos conselhos renunciarem na esteira da coletiva de terça-feira em que Trump culpou “os dois lados” por conflitos violentos ocorridos durante uma marcha de supremacistas realizada no fim de semana em Charlottesville, na Virgínia.

Já na China, o dia foi de alta para o índice de Xangai, em parte graças ao desempenho de ações ligadas a recursos minerais, depois que os preços do zinco atingiram o maior valor em uma década ontem na London Metal Exchange (LME). No mercado de futuros chinês, o principal contrato de zinco atingiu hoje o limite diário de valorização, de 6%. O preço do minério em Dalian também tem forte alta, com sinais de queda dos estoques de aço; tendência, contudo, é de preço do minério recuar no segundo semestre junto com economia chinesa.  O petróleo, por sua vez, tem quarta baixa seguida com alta da produção nos EUA

Às 8h10, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,31%

*FTSE (Reino Unido) -0,40%

*DAX (Alemanha) -0,19% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,24% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,68% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,14% (fechado)

*Petróleo WTI -0,24%, a US$ 46,67 o barril

*Petróleo brent -0,08%, a US$ 50,23 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +5,71%, a 555 iuanes

2. Ameaças a Temer

Conforme destaca a Folha de S. Paulo, o presidente Michel Temer tem no radar mais uma dificuldade: a aprovar no Congresso o aumento do déficit nos Orçamentos de 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões e os mais de R$ 30 bilhões de expansão de receitas e corte de gastos propostos no pacote divulgados na última terça-feira (15).  O governo tem contra si a insatisfação dos aliados na CMO (Comissão Mista de Orçamento), onde começa a tramitar a proposta de revisão da meta. Por outro lado, a equipe econômica quer endurecer o discurso com o Congresso e dirá que, sem a expansão do deficit, serviços serão cortados, e emendas parlamentares, congeladas. Segundo o jornal, Fazenda e Planejamento tratam a ameaça de travar a alteração da meta fiscal como bravata e dizem ter certeza de que ela será aprovada, pois os parlamentares não gostariam de arcar com o ônus de paralisar o governo.  

E, de olho no efeito do déficit sobre a nota de crédito soberano e buscando ganhar tempo, a Fazenda “ofereceu” a aprovação da TLP e da reforma da Previdência para a S&P, de acordo com dois integrantes da equipe econômica ouvidos pela Bloomberg. Segundo a agência, a aprovação de reformas estruturais é o que vai definir um possível rebaixamento do Brasil. O governo pretende usar a mesma estratégia com outras agências de classificação de risco. 

O noticiário também destaca que a concessão e privatização vêm ganhando espaço nas discussões do governo para cumprir a meta. Áreas de petróleo e infraestrutura estão entre as que podem passar ao setor privado e ajudar no cumprimento da meta.Segundo a Folha, a equipe econômica decidiu privatizar aeroporto de Congonhas, que poderia render R$ 4 bilhões, para cumprir a meta de manter o déficit; o jornal observa, porém, que há oposição interna no governo à medida, de parte da Secretaria de Aviação Civil, que teme perdas para a estatal aeroportuária Infraero.

Além da meta, outro alerta para Temer: o doleiro Lúcio Funaro falou que existem impasses para o fechamento de sua delação premiada, que, por isso, não tem ainda previsão para ocorrer. Segundo ele, há uma “dificuldade” com o Ministério Público para se chegar a um entendimento sobre os benefícios, principalmente sobre seu tempo de prisão. Ontem, Funaro ainda foi questionado se já revelou tudo o que sabe, ele afirmou que ainda tem coisas para revelar no acordo de delação. Indagado, então, se os fatos novos poderiam envolver o presidente, respondeu: “Também”. Ainda sobre delações, a Folha informa que a Procuradoria avalia reabrir negociação de acordo de delação premiada de Eduardo Cunha. 

3. Reforma política

O plenário da Câmara aprovou na noite de ontem o requerimento de encerramento da discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 77/03, que muda as regras do sistema político-eleitoral. Em seguida, a sessão foi encerrada e a votação do texto-base foi adiada.  O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), agendou a próxima sessão para votação da proposta para terça-feira (22). Maia resolveu encerrar a sessão desta quarta-feira ao considerar o quórum de 430 deputados baixo. Nas negociações durante o dia, o presidente havia acordado que a PEC só seria votada com 480 deputados em plenário.

A PEC propõe a mudança do sistema proporcional para as eleições de deputados e vereadores para a  modalidade chamada “distritão”, no qual são eleitos os candidatos mais votados, sem considerar a proporcionalidade dos votos recebidos pelos partidos e coligações. Além disso, está no texto a criação de um fundo para financiar as campanhas eleitorais a partir de 2018. Para ter efeito nas eleições de 2018, a PEC tem que ser aprovada pela Câmara e pelo Senado, em dois turnos de votação em cada uma das Casas e promulgada até o dia 7 de outubro, um ano antes das eleições em primeiro turno.

 

4. Agenda de indicadores

Nos EUA, às 9h30, serão divulgados os dados de pedidos de auxílio desemprego e de sondagem industrial da Filadélfia. Às 10h15, atenção para a produção industrial de julho e, logo depois, às 11h, serão divulgados os indicadores antecedentes. Às 14h, o dirigente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, fará discurso. Já na Europa, destaque para a ata da última reunião do BCE, a ser revelada às 8h30. 

Internamente, destaque para o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de junho, que será apresentado às 8h30. “Encerrando os dados relativos ao segundo trimestre do ano, o dado deve mostrar estabilidade ou leve alta no mês em relação ao anterior”, afirmaram os analistas da Rosenberg Associados. Já às 9h, serão revelados os dados da PNAD contínua do segundo trimestre de 2017. 

5. Noticiário corporativo

Em destaque no noticiário corporativo, a Petrobras finaliza o bookbuilding da 5ª emissão de debêntures. Ainda sobre estatais, duas notícias sobre a Eletrobras: a companhia considera IPO para linhas de transmissão, segundo fonte ouvida pela Bloomberg, enquanto a Aneel informou que a empresa deve devolver R$ 3 bilhões aos cofres públicos. Já a coluna do Broad informa que a oferta de ações da Via Varejo em bolsa pode ser saída para Pão de Açúcar, o que foi negado posteriormente pela companhia. No radar de recomendações, a Tupy foi elevada a outperform pelo BB Investimentos, com preço-alvo de R$ 20.

Já no InfoTrade de hoje, destaque para as ações do Itaú Unibanco (ITUB4), que possuem forte resistência pela frente (confira clicando aqui).

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.