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SÃO PAULO – Depois de subir forte pela manhã, o Ibovespa chegou a zerar os ganhos no começo da tarde, esboçando um mau humor do mercado com o anúncio do governo na véspera. Por outro lado, pouco antes da divulgação da ata do Fomc, o mercado voltou a se animar e ganhou força, chegando à máxima do dia após os dirigentes do Fed indicarem uma demora maior para a nova alta de juros nos Estados Unidos.
O benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 0,35%, aos 68.594 pontos, após chegar a subir 0,87%, a 68.950 pontos na máxima do dia. O volume financeiro ficou em R$ 10,333 bilhões. Apesar do novo impulso, o mercado segue questionando se a revisão das metas fiscais de fato foi uma vitória do governo e afasta o risco de downgrade do rating brasileiro.
A ata também afetou o dólar, que fechou na mínima do dia, com queda de 0,84%, a R$ 3,1463 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em setembro marcou desvalorização de 0,64%, a R$ 3,155. Enquanto isso, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 registraram queda de 2 pontos-base, cotados a 8,11%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 subiram 4 pontos, negociados a 9,38%.
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A maioria dos diretores do Federal Reserve disseram preferir esperar até a “próxima” reunião do Fomc, em setembro, para decidir sobre o início da redução do balanço de pagamento de US $ 4,5 trilhões de títulos da autoridade americana, segundo mostrou a ata do último encontro do Fomc.
O Fed também se dedicou a um debate profundo sobre leituras de inflação surpreendentemente baixas, com alguns dizendo que o banco poderia “se dar ao luxo de ser paciente” antes de aumentar as taxas de juros novamente.
Bom para o governo?
O governo anunciou o aumento da meta de déficit fiscal de 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões. Originalmente, a meta de déficit estava fixada em R$ 139 bilhões para este ano e em R$ 129 bilhões para o ano que vem. Além disso, as projeções para 2019 e 2020 também foram alteradas: para 2019, a estimativa de déficit passou de R$ 65 bilhões para R$ 139 bilhões, enquanto para 2020 o resultado passou de superávit de R$ 10 bilhões para déficit de R$ 65 bilhões.
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Para o gestor da GGR Investimentos, Rafael Sabadell, o mercado viu com bons olhos o esforço do governo em reduzir gastos e entregar um resultado em linha com o esperado, o que culminou em uma reação positiva nas primeiras horas, mas o mesmo otimismo não pode ser visto pelos economistas.
Já para o Credit Suisse, a decisão do governo de aumentar a meta de 2019 e 2020 confirma o enfraquecimento do processo de consolidação fiscal e acreditam que as metas anunciadas serão difíceis de serem cumpridas, possibilidade que não descartada por Sabadell, já que o governo está perdendo margem de manobra para novos cortes: “se a arrecadação continuar decepcionado, deve haver uma revisão”, alerta o gestor.
Em relatório, Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, afirmou que a nova meta fiscal é mais realista, mas decepcionante ao expor uma difícil realidade fiscal e uma desconcertante incapacidade de se fazer uma redução eficiente dos gastos públicos: “o ajuste do déficit fiscal de 2017 até 2020 atesta a dificuldade do País em promover a consolidação fiscal”, afirma Ramos. Pela sua projeção, o Brasil só terá superávits suficientes para reverter a trajetória da dívida pública em 2024.
Perspectiva ainda é negativa
Logo após o anúncio, a S&P retirou a nota de risco soberano do Brasil do status de observação negativa (CreditWatch negativo), mas manteve a perspectiva negativa e o rating em “BB” (dois patamares abaixo do grau de investimento). Segundo o gestor da GGR Investimentos, a retirada foi motivada pela questão política, que ‘foi resolvida’ com a manutenção de Michel Temer no poder. Assim, uma mudança de perspectiva, que de fato altera a percepção de risco para o Brasil, depende do andamento da agenda de reformas, uma das grandes incógnitas deste governo.
De acordo com Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, o fato das mudanças ainda dependerem do fator político, onde parte dos “cartuchos” de Temer foram gastos para se manter no poder, eleva o nível de incerteza. Com isso, Meirelles tende a tomar novamente o protagonismo nas negociações com o Congresso, porém não há tempo hábil para isso.
Em teleconferência para investidores nesta quarta-feira, Lisa Schineller, diretora executiva da S&P, afirmou que a questão fiscal e a dinâmica de crescimento são as maiores fraquezas do Brasil, como ainda existem riscos de downside para o País, ainda que menos intensos do que em maio.
Nesta tarde, foi a vez da Moody’s comentar a mudança da meta, ajudando a trazer mais alívio para o mercado. De acordo com a agência, a alteração não afeta a avaliação sobre o Brasil no curto prazo. Em nota, a agência destacou que a revisão da meta fiscal não deverá impactar a nota do país nos próximos meses, mas advertiu para o risco de a dívida pública explodir nos próximos anos caso o governo não consiga avançar na aprovação de reformas estruturais.
Destaques do mercado
Na ponta positiva, destaque para as ações de Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB5), que sobem forte com novos rumores de fusão entre as fabricantes de papel e celulose. Do lado negativo, atenção para as ações da Qualicorp (QUAL3), que seguem recuando após o fraco resultado do segundo trimestre (entenda mais clicando aqui).
Além disso, a B3 anunciou a segunda prévia do Ibovespa para o período de setembro e dezembro deste ano. As ações da Taesa (TAEE11) seguem na lista, enquanto foi oficializada a retirada dos papéis preferenciais classe A da Vale (VALE5) e o aumento do peso da ações ordinárias (VALE3) da mineradora de 4,233% para 9,031%.
As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
FIBR3 | FIBRIA ON | 38,23 | +5,14 | +22,82 | 163,18M |
SUZB5 | SUZANO PAPELPNA | 17,10 | +4,72 | +23,65 | 103,62M |
WEGE3 | WEG ON | 20,38 | +3,93 | +33,25 | 48,42M |
USIM5 | USIMINAS PNA | 5,91 | +3,68 | +44,15 | 90,55M |
KROT3 | KROTON ON | 17,72 | +3,14 | +34,78 | 470,18M |
As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
QUAL3 | QUALICORP ON | 33,30 | -3,56 | +76,84 | 156,67M |
MRVE3 | MRV ON | 13,15 | -2,23 | +25,62 | 117,46M |
MULT3 | MULTIPLAN ON N2 | 71,59 | -1,93 | +21,58 | 93,54M |
BRFS3 | BRF SA ON | 41,49 | -1,91 | -14,01 | 642,65M |
NATU3 | NATURA ON | 26,54 | -1,52 | +15,88 | 87,64M |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 | Vol 30d1 | Neg |
---|---|---|---|---|---|---|
VALE3 | VALE ON ATZ | 31,73 | +1,96 | 825,01M | 235,55M | 35.640 |
BRFS3 | BRF SA ON | 41,49 | -1,91 | 642,65M | 106,18M | 10.224 |
PETR4 | PETROBRAS PN | 13,13 | -0,15 | 593,20M | 395,23M | 29.373 |
KROT3 | KROTON ON | 17,72 | +3,14 | 470,18M | 131,38M | 23.408 |
ITUB4 | ITAUUNIBANCOPN EJ | 39,81 | +0,20 | 468,14M | 349,70M | 20.782 |
BBDC4 | BRADESCO PN | 32,38 | 0,00 | 428,01M | 275,82M | 21.153 |
BBAS3 | BRASIL ON | 30,69 | -0,81 | 308,40M | 183,77M | 20.802 |
ABEV3 | AMBEV S/A ON | 19,81 | +0,15 | 292,36M | 195,41M | 19.096 |
BVMF3 | BMFBOVESPA ON | 21,57 | -0,83 | 193,75M | 156,79M | 20.680 |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) IBOVESPA
Cenário político
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o relatório sobre a TLP será apresentado às 15h00 e será dada vista coletiva. Ainda no radar político, os jornais de hoje informam que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi informado de que as negociações de seu acordo de delação foram suspensas pela Procuradoria-Geral da República.
Por fim, a Polícia Federal cumpriu nesta manhã cinco mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de lavagem de capitais, evasão de divisas, crimes contra o sistema financeiro nacional e corrupção. A ação é o primeiro desdobramento da Operação Lava Jato no Rio Grande do Sul.