Ibovespa tem 3ª alta seguida e dólar afunda para mínima do dia com confirmação de anúncio da meta

Índice perde força no fim do pregão, mas fecha no positivo enquanto dólar tem forte reação após governo confirmar horário de anúncio da meta fiscal

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de leves ganhos, o Ibovespa conseguiu registrar nesta terça-feira (15) sua terceira alta consecutiva, se mantendo próximo dos níveis vistos no vazamento da delação de Joesley Batista, em 18 de maio. O dia é impulsionado pela menor tensão entre EUA e Coreia do Norte, após o ditador Kim Jong-un anunciar que recou com suas ofensivas à ilha de Guam.

O benchmark da bolsa brasileira fechou com alta de 0,10%, aos 68.355 pontos – o volume financeiro ficou em R$ 7,371 bilhões -, próximo do maior patamar desde 16 de maio, quando atingiu 68.791 pontos. Já o dólar futuro, após dois dias de sustos, teve um alívio e caiu 0,53%, a R$ 3,184, mostrando não ter força para superar este nível neste momento. O dólar comercial, por sua vez, caiu 0,91%, para R$ 3,1728 na venda – na mínima do dia – após o governo confirmar o anúncio da nova meta fiscal para hoje.

Os juros futuros encerraram o dia em queda, com o contrato com vencimento em janeiro de 2018 recuando 3 pontos-base, para 8,13%, enquanto o DI com vencimento em janeiro de 2021 recuou 4 pontos-base, a 9,36%.

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Além do menor atrito entre EUA e Coreia, na visão de Pablo Spyer, diretor da mesa de operações da Corretora Mirae, o otimismo do mercado também está ancorado na expectativa de queda para a Selic e pela temporada de resultados. Porém, segundo o diretor, os investidores devem ter cautela neste momento, principalmente em vista das indefinições quanto ao futuro da meta fiscal de 2017 e 2018, anúncio que era esperado para segunda-feira, mas que foi novamente adiado e chegou a ser marcado para às 10h desta quarta. O ministério da Fazenda, porém, alterou novamente o anúncio para hoje às 18h.

Durante a noite da última segunda-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que a revisão da meta representa um “jeitinho” e faz parecer que as “coisas caminham bem”. Mas, segundo o presidente da Câmara, “a gente sabe que não caminham bem”. Apesar das incertezas, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, disse que o anúncio será de déficit de R$ 159,6 bilhões para 2017 e 2018.

Paz entre Coreia e EUA?
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, anunciou o adiamento do plano de um teste de mísseis mirando a ilha americana de Guam, no Pacífico, revelado na quinta-feira (10). A decisão deve-se ao aumento da pressão chinesa, que anunciou horas antes a suspensão das importações de carvão, ferro, chumbo, minério e pescado, o que impacta fortemente a economia da Coreia do Norte. 

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A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA afirmou que as declarações foram dadas por Kim Jong-un após receber relatório de seu Exército sobre planos para atacar a área em torno de Guam. Ele voltou a exigir aos EUA que parem de vez com provocações arrogantes: “[Kim] Disse que, se os ianques persistirem com suas ações extremamente imprudentes e perigosas, testando o comedimento da República Democrática Popular da Coreia, a última tomará uma importante decisão, assim como já foi declarado.”

Brasil: varejo em alta e meta fiscal

Divulgado às 9h pelo IBGE, o resultado das vendas do varejo mostrou avanço 1,2% em junho ante maio, enquanto os analistas esperavam alta de 0,4%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 3,0%.

Sobre a meta fiscal, o mercado ainda tem dúvidas sobre se o anúncio ocorrerá nesta terça-feira. A expectativa é de que o “rombo” para os dois anos seja alterado para um déficit de R$ 159 bilhões (antes, o mercado trabalhava com este número para 2017 e R$ 129 bilhões para 2018), mas este anúncio deve ser acompanhado medidas de ajuste fiscal.

De acordo com o jornal O Globo, a ala política do governo decidiu insistir com Michel Temer que o rombo precisa ser maior, de R$ 170 bilhões, e por isso a decisão foi postergada. Para aparar as arestas, Meirelles e Dyogo reúnem-se nesta manhã para discutir a situação fiscal do país com líderes de partidos da base aliada e com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo o parlamentar, o encontro, na residência oficial da presidência da Câmara, tem o objetivo de esclarecer como aumentam as despesas e como o governo federal buscará as receitas.

Destaques da B3
Na ponta positiva, destaque para as ações da Kroton (KROT3), que ainda reagem positivamente ao sólido resultado reportado no segundo trimestre. Do lado negativo, atenção para Sabesp (SBSP3), refletindo os fracos números publicados.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ESTC3 ESTACIO PARTON 20,83 +4,25 +34,13 78,80M
 KROT3 KROTON ON 17,18 +3,31 +30,68 246,04M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,74 +2,64 -3,28 34,72M
 NATU3 NATURA ON 26,95 +1,89 +17,67 71,56M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 14,78 +1,79 +10,30 16,86M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 30,12 -6,58 +8,61 153,99M
 CPLE6 COPEL PNB 27,65 -4,62 +4,96 18,52M
 QUAL3 QUALICORP ON 34,53 -3,41 +83,37 119,71M
 CSNA3 SID NACIONALON 8,14 -2,86 -24,98 67,49M
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,27 -2,77 +9,79 65,75M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 VALE3 VALE ON ATZ 31,12 -0,58 549,47M 220,60M 25.434 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EJ 39,73 +0,28 358,22M 349,29M 17.829 
 PETR4 PETROBRAS PN 13,15 +0,54 317,03M 398,95M 17.743 
 BBAS3 BRASIL ON 30,94 -0,48 275,03M 179,42M 17.169 
 KROT3 KROTON ON 17,18 +3,31 246,04M 125,92M 24.689 
 VALE5 VALE PNA ATZ 29,13 -0,07 237,39M 445,83M 17.677 
 BBDC4 BRADESCO PN 32,38 +0,25 229,26M 278,04M 18.290 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,78 +0,36 229,00M 193,81M 24.323 
 BBSE3 BBSEGURIDADEON EDR 26,81 +1,51 219,63M 118,89M 20.465 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 21,75 +1,40 211,21M 154,20M 19.550 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Entrevista InfoMoney
A revisão da meta fiscal tem trazido uma dose adicional de nervosismo ao mercado, mas o déficit anual de R$ 159 bilhões ou mais pode não ser a pior notícia aos investidores. As sucessivas frustrações de receitas e o incontrolável crescimento das despesas obrigatórias evidenciam um ambiente persistente de dificuldades para equilibrar as contas públicas.

Na avaliação do economista Felipe Rezende, em breve o governo terá de reverter parte da emenda constitucional do teto de gastos, promulgada há menos de um ano. Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, o especialista chama atenção para um cenário preocupante, no qual as possibilidades de cortes discricionários no orçamento estão chegando ao limite e a crescente disputa por recursos públicos entre os mais diversos setores em um momento de vacas magras para a economia cria um ambiente praticamente ingovernável.

Professor associado do Bard College e Levy Economics Institute, Rezende vislumbra um fracasso na estratégia política da equipe econômica do governo de promover maior eficiência na alocação de recursos públicos ao explicitar as disputas por nacos do orçamento, com os lobbies e corporações triunfando sobre áreas sensíveis para o desenvolvimento nacional.

De um lado, reajustes salariais generosos e vultosos repasses para emendas parlamentares, enquanto de outro, carências de recursos em áreas como ciência e tecnologia, saúde, educação e infraestrutura. “O cenário de investimento hoje para o Brasil é muito ruim. Não há uma saída viável”, lamenta. [Para ler a entrevista completa, clique aqui].

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.