Por que o Ibovespa não para de subir se as coisas “não caminham bem”, como disse Maia?

Apesar do otimismo, os investidores seguem atentos para a definição da meta fiscal

Rafael Souza Ribeiro

(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – O Ibovespa busca sua terceira alta consecutiva nesta terça-feira (15) e segue bem próximo dos maiores patamares desde o “Joesley Day” de 18 de maio, impulsionado pela menor tensão entre EUA e Coreia do Norte, após o ditador norte-coreano Kim Jong-un anunciar que recou com suas ofensivas à ilha de Guam. No entanto, o dólar futuro volta a operar em alta e busca sua quinta alta em 6 pregões, depois das vendas de varejo dos EUA aumentarem as apostas de uma alta de juros mais cedo por lá.

Às 12h25 (horário de Brasília), o principal índice de ações da bolsa brasileira subia 0,47%, a 68.603 pontos, praticamente encostando no maior patamar desde 16 de maio, quando bateu nos 68.791 pontos – lembrando que a máxima do ano foi alcançada em 23 de fevereiro: 69.487 pontos. Já o dólar futuro sobe 0,05%, a 3.203 pontos, distanciando-se cada vez mais dos 3.125 vistos no começo do mês. Os juros futuros operam perto da estabilidade, com variações de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Além do menor atrito entre EUA e Coreia, na visão de Pablo Spyer, diretor da mesa de operações da Corretora Mirae, o otimismo do mercado também está ancorado na expectativa de queda para a Selic e pela temporada de resultados. Porém, segundo o diretor, os investidores devem ter cautela neste momento, principalmente em vista das indefinições quanto ao futuro da meta fiscal de 2017 e 2018, anúncio que era esperado para segunda-feira, mas que foi novamente adiado.

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Durante a noite da última segunda-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que a revisão da meta representa um “jeitinho” e faz parecer que as “coisas caminham bem”. Mas, segundo o presidente da Câmara, “a gente sabe que não caminham bem”.

Paz entre Coreia e EUA?
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, anunciou o adiamento do plano de um teste de mísseis mirando a ilha americana de Guam, no Pacífico, revelado na quinta-feira (10). A decisão deve-se ao aumento da pressão chinesa, que anunciou horas antes a suspensão das importações de carvão, ferro, chumbo, minério e pescado, o que impacta fortemente a economia da Coreia do Norte. 

A agência de notícias estatal norte-coreana KCNA afirmou que as declarações foram dadas por Kim Jong-un após receber relatório de seu Exército sobre planos para atacar a área em torno de Guam. Ele voltou a exigir aos EUA que parem de vez com provocações arrogantes: “[Kim] Disse que, se os ianques persistirem com suas ações extremamente imprudentes e perigosas, testando o comedimento da República Democrática Popular da Coreia, a última tomará uma importante decisão, assim como já foi declarado.”

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Brasil: varejo em alta e meta fiscal

Divulgado às 9h pelo IBGE, o resultado das vendas do varejo mostrou avanço 1,2% em junho ante maio, enquanto os analistas esperavam alta de 0,4%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 3,0%.

Sobre a meta fiscal, o mercado ainda tem dúvidas sobre se o anúncio ocorrerá nesta terça-feira. A expectativa é de que o “rombo” para os dois anos seja alterado para um déficit de R$ 159 bilhões (antes, o mercado trabalhava com este número para 2017 e R$ 129 bilhões para 2018), mas este anúncio deve ser acompanhado medidas de ajuste fiscal.

De acordo com o jornal O Globo, a ala política do governo decidiu insistir com Michel Temer que o rombo precisa ser maior, de R$ 170 bilhões, e por isso a decisão foi postergada. Para aparar as arestas, Meirelles e Dyogo reúnem-se nesta manhã para discutir a situação fiscal do país com líderes de partidos da base aliada e com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Segundo o parlamentar, o encontro, na residência oficial da presidência da Câmara, tem o objetivo de esclarecer como aumentam as despesas e como o governo federal buscará as receitas.

Destaques da B3
Na ponta positiva, destaque para as ações da Kroton (KROT3), que ainda reagem positivamente ao sólido resultado reportado no segundo trimestre. Do lado negativo, atenção para Sabesp (SBSP3), reagindo aos fracos números publicados. 

Por falar em resultados, nesta terça-feira o InfoMoneyTV fará um “Comprar ou Vender” especial, com um resumo da temporada de balanços do segundo trimestre. O Comprar ou Vender é transmitido às terças-feiras ao vivo a partir das 15h (horário de Brasília).

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 17,07 +2,65 +29,84 66,82M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 16,73 +2,58 -3,33 7,28M
 BRML3 BR MALLS PARON 13,49 +2,43 +30,56 31,67M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 10,93 +2,15 +35,55 7,99M
 WEGE3 WEG ON 19,75 +2,07 +29,13 5,48M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 31,05 -3,69 +11,96 39,68M
 CPLE6 COPEL PNB 28,44 -1,90 +7,96 6,24M
 QUAL3 QUALICORP ON 35,10 -1,82 +86,40 50,38M
 BRAP4 BRADESPAR PN 23,53 -1,55 +62,37 12,07M
 VALE3 VALE ON ATZ 30,90 -1,28 +32,87 205,91M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Entrevista InfoMoney

A revisão da meta fiscal tem trazido uma dose adicional de nervosismo ao mercado, mas o déficit anual de R$ 159 bilhões ou mais pode não ser a pior notícia aos investidores. As sucessivas frustrações de receitas e o incontrolável crescimento das despesas obrigatórias evidenciam um ambiente persistente de dificuldades para equilibrar as contas públicas. Na avaliação do economista Felipe Rezende, em breve o governo terá de reverter parte da emenda constitucional do teto de gastos, promulgada há menos de um ano. Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, o especialista chama atenção para um cenário preocupante, no qual as possibilidades de cortes discricionários no orçamento estão chegando ao limite e a crescente disputa por recursos públicos entre os mais diversos setores em um momento de vacas magras para a economia cria um ambiente praticamente ingovernável.

Professor associado do Bard College e Levy Economics Institute, Rezende vislumbra um fracasso na estratégia política da equipe econômica do governo de promover maior eficiência na alocação de recursos públicos ao explicitar as disputas por nacos do orçamento, com os lobbies e corporações triunfando sobre áreas sensíveis para o desenvolvimento nacional. De um lado, reajustes salariais generosos e vultosos repasses para emendas parlamentares, enquanto de outro, carências de recursos em áreas como ciência e tecnologia, saúde, educação e infraestrutura. “O cenário de investimento hoje para o Brasil é muito ruim. Não há uma saída viável”, lamenta. [Para ler a entrevista completa, clique aqui].

Bolsas mundiais

As bolsas europeias sobem pelo segundo dia de alívio da tensão geopolítica que afetou mercados até semana passada, embora os ganhos sejam mais discretos nesta terça-feira. Já o dólar sobe ante maioria dos pares após William Dudley, diretor do Federal Reserve de Nova York, sinalizar nova alta de juros do Fed este ano. Ainda nos EUA, as vendas ao varejo em julho subiram 0,5% na passagem mensal, superando a estimativa de 0,3%.

Na Europa,  a economia alemã cresceu 0,6% no segundo trimestre e ficou praticamente em linha com o esperado pelo mercado (+0,7%). Enquanto isso, a inflação do Reino Unido subiu 2,6% em julho, valor semelhante ao projetado pelos economistas.

Às 12h25, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 (EUA) -0,04%

*Dow Jones (EUA) +0,12%

*Nasdaq (EUA) -0,06%

*CAC-40 (França) +0,42%

*FTSE (Reino Unido) +0,41%

*DAX (Alemanha) +0,13% 

*Hang Seng (Hong Kong) -0,28% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,44% (fechado)

*Nikkei (Japão) +1,11% (fechado)

*Petróleo WTI -0,78%, a US$ 47,22 o barril

*Petróleo brent -1,01%, a US$ 50,22 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,93%, a 530 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -1,38%, a US$ 73,68 a tonelada