Ibovespa dispara e negocia acima de 68 mil pontos: o “clima de paz” dominou o mercado?

Governo deve anunciar ainda hoje a nova meta fiscal para este ano e 2018

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em alta de 1,79%, aos 68.566 pontos, às 12h36 (horário de Brasília) desta segunda-feira (14), com o mercado reagindo positivamente ao clima de menor aversão ao risco entre EUA e Coreia do Norte e ignorando a derrota de Henrique Meirelles em definir déficits decrescentes para as metas de 2017 e 2018.

No mesmo momento, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 registravam baixa de 6 pontos, cotados a 8,08%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 operavam em queda de 5 pontos, a 9,41%. Além disso, o dólar futuro com vencimento em setembro registrava desvalorização de 0,50%, aos 3.189 pontos, próximo da mínima do dia em 3.186 pontos.

Depois de uma semana bastante tumultuada, o “clima de paz” domina os mercados após dois funcionários de alta patente da área de segurança do governo americano, Mike Pompeo e H.R. McMaster, afirmarem no domingo (13) que um confronto militar com a Coreia do Norte não é iminente, apesar de apontarem que a possibilidade de guerra com o país é maior do que era há uma década. Além disso, os investidores estão atentos ao cenário doméstico, principalmente ao rumo da meta fiscal.

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Meta fiscal: derrota de Meirelles?

Está marcada para hoje a definição da meta fiscal para 2017 e 2018. Michel Temer, Henrique Meirelles e Dyogo Oliveira vão realizar a reunião final para definir em quanto vai aumentar a meta de déficit primário. A expectativa agora é de que a meta para os dois anos seja alterada para 159 bilhões (antes, o mercado trabalhava com este número para 2017 e R$ 129 bilhões para 2018), mas este anúncio deve ser acompanhado medidas de ajuste fiscal.

De acordo Sabadell, gestor da GGR Investimentos, a alteração da meta fiscal se tornou inevitável diante da decepção na arrecadação e as dúvidas sobre o andamento da agenda de reformas, que sofreu grande revés e terá grande dificuldade para aprovação: “é certo que a tarefa se tornou muito mais complexa do que aparentava no primeiro trimestre do ano e vem aos poucos desgastando o ministro Meirelles, porém caso a retomada da atividade se mostre mais célere, a arrecadação deve ajudar a manter a situação sob controle enquanto as reformas sejam encaminhadas”.

Se confirmado, a manutenção do mesmo déficit por três anos consecutivos aumenta o risco de downgrade do rating do Brasil, além de sacramentar uma derrota de Meirelles, que lutava pela diminuição gradual do déficit. Na visão do gestor da GGR Investimentos, o risco de downgrade está mais ligado a questão de longo prazo do que propriamente um déficit em 2017/2018. É claro que os déficits de curto prazo não são boas sinalizações para o futuro, mas a questão imprescindível são as reformas, principalmente a da previdência: “sem estas reformas a trajetória da dívida se torna explosiva em pouco tempo e será certamente ponto extremamente negativo na avaliação das agências de rating. Caso as reformas estivessem bem encaminhadas, a nova meta fiscal poderia ser deixada de lado, mas dada a situação atual, pode sim influenciar a decisão das agências”.

Além disso, vale mencionar que parlamentares ameaçam paralisar os trabalhos da CMO (Comissão Mista de Orçamento), justamente quando a equipe econômica precisará contar com o colegiado para aprovar mudanças nas metas fiscais de 2017 e 2018. O motivo é a insatisfação com o número de vetos feitos pelo governo à LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) – ao todo, 47 vetos.

Destaques do mercado
No campo positivo, destaque para as ações da Copel (CPLE6), após a empresa desistir de uma oferta de ações. O único destaque negativo fica por conta das ações da Sabesp (SBSP3), que recuam após a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) divulgar os documentos preliminares da segunda revisão tarifária e os custos regulatórios ficarem menores do que o esperado pelo mercado.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CPLE6 COPEL PNB 29,60 +11,70 +12,36 30,91M
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 14,83 +4,81 +10,67 10,00M
 KROT3 KROTON ON 16,70 +4,31 +27,03 82,84M
 NATU3 NATURA ON 26,29 +3,71 +14,79 27,77M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 21,75 +3,08 +32,31 55,91M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SBSP3 SABESP ON 31,80 -3,78 +14,67 63,14M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Agenda econômica da semana

Como costuma ser em meio de mês, a agenda de indicadores será mais tranquila nos próximos dias. No exterior, destaque para a ata da última renunião do FOMC na quarta-feira (16) às 15h (horário de Brasília). Dados do PPI e CPI na última semana vieram abaixo do previsto, condizentes com a visão de que o aperto monetário seguirá uma linha gradualista, favorável aos ativos de países emergentes, como o Brasil. Na China, saem já neste domingo, a produção industrial e vendas no varejo.

Internamente, destaque para os números de vendas no varejo e IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de junho, que será apresentado na quinta-feira (17), às 8h30. “Encerrando os dados relativos ao segundo trimestre do ano, o dado deve mostrar estabilidade ou leve alta no mês em relação ao anterior”, afirmaram os analistas da Rosenberg Associados. Na quarta ainda sai o IGP-10, com projeção da LCA de leve queda de 0,03% na comparação mensal. Em geral, a expectativa é de que números não alterem a percepção do mercado de que a inflação segue baixa e a atividade se recupera gradualmente, sem diminuir substancialmente o hiato do produto e sem reduzir o espaço para queda da Selic.

Agora pela manhã, foi divulgado o Relatório Focus, apontando que a mediana dos economistas consultados pelo Banco Central para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) saltou de 3,45% para 3,50% em 2017, mas se manteve em 4,20% no ano seguinte. Da mesma forma, as projeções para a Selic — a taxa básica de juros — seguiram apontando para 7,5% nos dois períodos.

Na China, a produção industrial de julho cresceu 6,4% frente ao mesmo período do ano passado, enquanto o mercado esperava 7,1%. As vendas ao varejo também decepcionaram, com crescimento de 10,4% no período, abaixo da previsão de 10,9%.

TLP: corrida contra o tempo
Outro evento bastante importante é o debate sobre a TLP, a nova taxa de juros para empréstimos do BNDES. Segundo fontes disseram à Bloomberg, o governo mantém projeto da TLP, que está em risco após Lindbergh Farias, presidente da comissão que estuda a proposta convocar a sessão de leitura do relatório apenas para quarta-feira (16), que até então era esperada para terça-feira (15). Com isso, ele atrasa o cronograma do governo em praticamente uma semana, já que é preciso seguir um prazo regimental antes de votar a pauta. A proposta da TLP irá caducar em 7 de setembro e o governo corre contra o tempo para conseguir aprovar o texto.

Richard Back, analista político da XP Investimentos, disse à Bloomberg que ainda há boas chances de aprovação, mas que a questão principal ainda é o calendário. O ideal, diz Back, seria o governo colocar sua força e conseguir votar na comissão mista já nesta semana.

Bolsas mundiais

Além da fala dos dois funcionários de alta patente da área de segurança do governo americano, em artigo publicado também no último domingo pelo The Wall Street Journal, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, e o Secretário de Estado do país, Rex Tillerson, afirmaram que o governo Trump vai continuar buscando soluções diplomáticas com o objetivo de garantir a “desnuclearização irreversível” da Coreia do Norte. “Os EUA não têm interesse numa mudança de regime ou reunificação acelerada da Coreia”, disseram no WSJ.

Por outro lado, o dia é de queda para as commodities. O minério de ferro tem baixa após os últimos números chineses de produção industrial, vendas no varejo e de investimentos em ativos fixos decepcionarem. A indústria da China, por exemplo, produziu 6,4% mais em julho do que em igual mês do ano passado, mas analistas consultados pelo Dow Jones Newswires previam acréscimo de 7%. Já no varejo, as vendas cresceram 10,4% na comparação anual de julho, ante projeção de ganho de 10,9%. 

Às 12h36, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 (EUA) +1,02%

*Dow Jones (EUA) +0,60%

*Nasdaq (EUA) +1,22%

*CAC-40 (França) +1,31%

*FTSE (Reino Unido) +0,69%

*DAX (Alemanha) +1,33% 

*Hang Seng (Hong Kong) +1,36% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,88% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,98% (fechado)

*Petróleo WTI -0,43%, a US$ 48,61 o barril

*Petróleo brent -0,54%, a US$ 51,82 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -4,53%, a 527 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -0,64%, a US$ 74,71 a tonelada