Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana

Confira no que ficar de olho nesta segunda e na semana antes de operar na B3

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A sessão é de maior ânimo para os mercados globais com o maior alívio frente aos receios de uma guerra entre EUA e Coreia do Norte; por outro lado, os dados da China decepcionaram. Já por aqui, o mercado fica de olho na revisão da meta fiscal e nos obstáculos do governo para seguir adiante com as reformas. Confira os destaques: 

1. Bolsas mundiais

A sessão é de alívio para as principais bolsas mundiais, após quatro dias de baixa na esteira da tensão entre os EUA e a Coreia do Norte. O movimento ocorre após dois altos funcionários da área de segurança do governo americano, Mike Pompeo e H.R. McMaster, dizerem no domingo que um confronto militar com a Coreia do Norte não é iminente, apesar de apontarem que a possibilidade de guerra com o país é maior do que era há uma década. Eles tentaram oferecer garantias de que o conflito é evitável, mesmo tentando passar a mensagem de que apoiam as palavras duras de Trump em relação ao país asiático.

Já em artigo publicado ontem pelo The Wall Street Journal, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, e o Secretário de Estado do país, Rex Tillerson, afirmaram que o governo Trump vai continuar buscando soluções diplomáticas com o objetivo de garantir a “desnuclearização irreversível” da Coreia do Norte. “Os EUA não têm interesse numa mudança de regime ou reunificação acelerada da Coreia”, disseram no WSJ.

 Por outro lado, o dia é de queda para as commodities. O minério de ferro tem baixa após os últimos números chineses de produção industrial, vendas no varejo e de investimentos em ativos fixos decepcionarem. A indústria da China, por exemplo, produziu 6,4% mais em julho do que em igual mês do ano passado, mas analistas consultados pelo Dow Jones Newswires previam acréscimo de 7%. Já no varejo, as vendas cresceram 10,4% na comparação anual de julho, ante projeção de ganho de 10,9%. 

Às 8h10, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +1%

*FTSE (Reino Unido) +0,63%

*DAX (Alemanha) +1,19% 

*Hang Seng (Hong Kong) +1,36% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,88% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,98% (fechado)

*Petróleo WTI -0,66%, a US$ 48,50 o barril

*Petróleo brent -0,83%, a US$ 51,67 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -4,53%, a 527 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -0,64%, a US$ 74,71 a tonelada

2. Revisão de meta 

Entre toda movimentação em Brasília, três grandes eventos devem ser o centro das atenções dos investidores, como os grandes testes do governo no período. O primeiro, nesta segunda-feira, é a revisão da meta fiscal para 2017 e 2018. Nesta segunda,  O presidente Michel Temer e os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, terão hoje  a reunião final para definir em quanto vai aumentar a meta de déficit primário, com expectativa de que ela seja alterada de um déficit de R$ 139 bilhões para um rombo de R$ 159 bilhões em 2017. Para 2018 o dado deve ser revisado para R$ 159 bilhões negativos, ante o déficit de R$ 129 bilhões anunciado anteriormente. 

Outro evento bastante importante é o debate sobre a TLP, a nova taxa de juros para empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Segundo fontes disseram à Bloomberg, o governo mantém projeto da TLP,  após rumores sobre futuro da proposta levarem dólar a disparar e testar R$ 3,20 na sexta.  Vale destacar ainda que, por falta de quórum, a comissão especial que analisa a reforma política não conseguiu concluir a votação do parecer do relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), faltando votar três destaques. O colegiado volta a se reunir na terça-feira. A versão que for aprovada na comissão especial ainda terá que passar por dois turnos de votação no Plenário da Câmara dos Deputados e depois segue para o Senado. 

3. Dificuldades políticas

O governo tenta retomar a agenda econômica, mas segue com as dificuldades já reveladas na semana passada com a pressão da base aliada. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, insatisfeitos com o número de vetos feitos pelo governo à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018, parlamentares ameaçam paralisar os trabalhos da Comissão Mista de Orçamento (CMO), justamente quando a equipe econômica precisará contar com o colegiado para aprovar mudanças nas metas fiscais de 2017 e 2018. Em mais uma frente de disputa entre governo e Congresso Nacional, ministros também podem ser convocados a dar explicações sobre a decisão. Se a tramitação das propostas de alteração nas metas demorar, o governo terá de continuar “cortando na carne” até que o Congresso aprove a nova meta de 2017, que permita um déficit maior. Isso poderia prejudicar ainda mais a oferta de serviços públicos. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem alertado o governo de que só enviar o projeto de lei para a alteração da meta fiscal não basta para autorizar novos gastos: é preciso que a lei esteja aprovada.

Enquanto isso, a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, informa que aliados de Temer colocaram na ponta do lápis, neste fim de semana, a erosão do capital político do presidente após a denúncia de Rodrigo Janot ter sido barrada. E, nas contas de um deputado planilheiro, o governo tem apenas 150 votos certos em apoio às novas regras da Previdência.

Enquanto a turbulência política continua, o Estadão informa que Temer está disposto a fazer um teste parlamentarista em seu governo, no último ano do mandato. Temer quer incentivar campanha em favor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para adotar o parlamentarismo no País, a partir de 2019, contendo uma “cláusula de transição” que permita instalar o novo sistema no fim do ano que vem.

4. Agenda econômica da semana

Como costuma ser em meio de mês, a agenda de indicadores será mais tranquila nos próximos dias. No exterior, destaque para a ata da última renunião do FOMC na quarta-feira (16) às 15h (horário de Brasília). Dados do PPI e CPI na última semana vieram abaixo do previsto, condizentes com a visão de que o aperto monetário seguirá uma linha gradualista, favorável aos ativos de países emergentes, como o Brasil. Na China, saem já neste domingo, a produção industrial e vendas no varejo.

Internamente, destaque para os números de vendas no varejo e IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de junho, que será apresentado na quinta-feira (17), às 8h30. “Encerrando os dados relativos ao segundo trimestre do ano, o dado deve mostrar estabilidade ou leve alta no mês em relação ao anterior”, afirmaram os analistas da Rosenberg Associados. Na quarta ainda sai o IGP-10, com projeção da LCA de leve queda de 0,03% na comparação mensal. Em geral, a expectativa é de que números não alterem a percepção do mercado de que a inflação segue baixa e a atividade se recupera gradualmente, sem diminuir substancialmente o hiato do produto e sem reduzir o espaço para queda da Selic.

5. Noticiário corporativo

Em destaque no radar corporativo, a Vale faz teleconferência sobre processo de conversão de ações, às 10h, após informar que 84,4% das preferenciais serão convertidas em ordinárias. Atenção ainda no noticiário sobre J&F: segundo o Valor, a controladora da JBS negocia a Eldorado com o grupo indonésio APP. No radar de recomendações, a Suzano foi elevada de neutra para outperform e Fibria, de underperform para neutra pelo Bradesco BBI.

Já entre os resultados, a B3 registrou um lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 163,315 milhões no segundo trimestre deste ano, ante um prejuízo de R$ 114 milhões registrado no mesmo período do ano anterior, intervalo em que a BM&FBovespa registrou um perda contábil por conta da venda da integralidade das ações da CME, mas sem efeito caixa. Já a Cesp registrou lucro líquido de R$ 56,8 milhões no segundo trimestre de 2017, um recuo de 44% ante o anotado em igual intervalo do ano passado. A Azul, por sua vez, registrou prejuízo de R$ 33,9 milhões, queda frente o prejuízo de R$ 120,1 milhões registrados no mesmo período do ano passado. 

Para encerrar, no InfoTrade de hoje (coluna diária de análise técnica do InfoMoney), um alerta para os comprados nos papéis do Banco do Brasil (BBAS3) (confira a análise completa clicando aqui).

(Com Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.