Como uma “má notícia” dos EUA pode ajudar os mercados nesta sexta?

Economia norte-americana mostra ociosidade e Fed deve seguir com política expansionista

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Deixando de lado o clima de aversão ao risco e reagindo após treês sessão consecutivas de queda, o Ibovespa sobe 0,44% nesta sexta-feira (11), aos 67.325 pontos, às 11h47 (horário de Brasília), após o resultado abaixo do esperado da inflação ao consumidor nos EUA em julho, fator que eleva a probabilidade do Federal Reserve seguir com sua política monetária expansionista.

O CPI (Consumer Price Indexes) do mês passado marcou inflação de 0,1%, enquanto o mercado esperava crescimento de 0,2% para o período. Na avaliação de Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, apesar do mercado de trabalho norte-americano apresentar força, o resultado ainda não gera impacto concreto na inflação e “dificilmente deve gerar no curto prazo”. Segundo Vieira, o Fed deve elevar sua taxa básica de juros por volta do final do primeiro trimestre de 2018 e concentrar suas ações na redução de liquidez do programa de estímulos, que, segundo a própria Janet Yellen, deve ser bastante gradual.

Apesar disso, o mercado segue atento ao clima de guerra entre EUA e Coreia do Norte. Pela manhã, Donald Trump, anunciou que as instalações militares norte-americanas estão prontas para serem usadas em uma guerra contra a Coreia do Norte: “as medidas militares estão a postos caso a Coreia do do Norte aja com imprudência. Esperamos que Kim Jong-un encontre uma outra saída”, escreveu o presidente dos EUA em seu Twitter. Na noite da última quinta-feira (10), o presidente dos EUA afirmou que a ameaça de “fogo e fúria” feita à Coreia do Norte na terça-feira (8) talvez não tenha sido “dura o suficiente” e que se o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ordenar o ataque ao território norte-americano na ilha de Guam terá como resposta algo nunca visto antes

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Resultado Petrobras: decepção ou solidez?

A Petrobras (PETR3; PETR4) encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 316 milhões, enquanto os analistas de mercado esperavam por um lucro de R$ 1,186 bilhão. A receita recuou 6% frente ao mesmo período do ano passado, enquanto o Ebitda ajustado amargou queda 6,6% na mesma base de comparação. Apesar da queda na comparação anual e a reação negativa das ações, tanto o presidente da companhia, Pedro Parente, quanto os analistas de mercado elogiaram os números. Neste momento, as ações da estatal recuam cerca de 1%.

Parente afirmou que o lucro foi “bastante expressivo“ e só não foi maior por conta de fatores não recorrentes. Já os analistas do Itaú BBA destacaram os esforços da empresa em reduzir custos e o time do Santander apontou que os números operacionais foram sólidos, mesmo ficando abaixo das estimativas do banco devido aos resultados de exploração e produção mais baixos do que o esperado. Os analistas do banco ainda ressaltam que as vendas de ativos continuam sendo um catalisador importante para as ações e principal driver para o processo de desalavancagem.

Destaques do mercado
Do lado positivo, destaque para as ações da Kroton (KROT3), após o presidente da empresa, Rodrigo Galindo, afirmar em entrevista que a companhia irá focar em crescimento orgânico e aquisição de pequenas concorrentes. Na outra ponta, os papéis da Vale recuam na esteira do minério de ferro depois da China alertar sobre movimento “irracional” dos contratos futuros de aço.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KROT3 KROTON ON 15,80 +3,95 +20,18 77,31M
 CPLE6 COPEL PNB 26,01 +3,01 -1,26 3,65M
 BRFS3 BRF SA ON 40,17 +3,00 -16,75 32,61M
 JBSS3 JBS ON 8,10 +1,89 -28,72 5,69M
 FIBR3 FIBRIA ON 35,74 +1,16 +14,82 9,43M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VALE3 VALE ON 30,93 -1,81 +33,00 27,43M
 VALE5 VALE PNA 28,74 -1,41 +35,98 24,34M
 UGPA3 ULTRAPAR ON 68,77 -1,19 +1,84 4,87M
 PETR3 PETROBRAS ON 13,48 -1,03 -20,43 7,87M
 USIM5 USIMINAS PNA 5,83 -1,02 +42,20 16,65M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Meta fiscal e novas “ameaças”

O governo adiou o anúncio da nova meta, e de acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, deve fazer o pronunciamento sobre o novo déficit na próxima segunda-feira junto com medidas de ajuste fiscal e de incremento de receita. Segundo uma das fontes ouvidas pela agência, o presidente Temer quer mais clareza quanto à arrecadação proveniente do novo Refis e equipe econômica deve apresentar proposta alternativa para ser analisada pelo Congresso. O governo ainda vai adiar reajuste de servidores públicos para 2019 e espera economizar R$ 9,7 bilhões com a medida em 2018; o reajuste estava inicialmente previsto para o início de 2018, além de pretender limitar o salário inicial de servidores públicos. Contudo, segundo informa o Estadão, o presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB-CE) disse a Temer que a revisão da meta enfrentará resistências no Congresso.

Entre outras dificuldades para o presidente, um dia após usar a votação da reforma da Previdência e da agenda econômica do governo na Câmara como forma de pressão, partidos do Centrão ameaçaram não barrar uma eventual segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente, diz o Estadão. O grupo quer que o governo redistribua os cargos na administração federal que estão nas mãos dos chamados “infiéis” para os que votaram majoritariamente para barrar a primeira denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista na Câmara, na semana passada. Além disso, informa a Folha, integrantes da tropa de choque de Temer na Câmara já avisaram ao presidente que não dará para votar a reforma da Previdência no prazo que o governo espera — até outubro.

Entre tantas notícias ruins para o presidente, houve uma boa para ele. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), negou a inclusão do presidente Michel Temer no inquérito que apura se deputados do PMDB formaram uma organização criminosa que atuou na Petrobras e na Caixa. A decisão também vale para os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).

  • Bolsas mundiais

    Pela quarta sessão seguida, o dia é de queda para as principais bolsas mundiais em meio à continuidade das tensões geopolíticas entre Estados Unidos e Coreia do Norte, enquanto o mercado busca por ativos com menor risco. Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a ameaça de “fogo e fúria” que havia feito à Coreia do Norte na terça-feira talvez não tenha sido “suficientemente forte”, levando os mercados de Nova York a registrar as maiores perdas desde 17 de maio. Também nos últimos dias, o regime norte-coreano ameaçou atacar o território de Guam, que é administrado pelos EUA.

Na Coreia do Sul, o índice Kospi caiu 1,69% hoje, a 2.319,71 pontos. Ao longo da semana, a desvalorização em Seul foi de 3,2%, a maior desde que uma proposta para a retirada do Reino Unido da União Europeia – o chamado Brexit – foi aprovada em plebiscito, em junho do ano passado. Já na China, os mercados aprofundaram as perdas, após reagirem de forma mais comedida nos dois pregões anteriores. Os principais índices europeus também veem suas ações em baixa, com queda mais comedida do alemão DAX. 

No mercado de commodities, o petróleo tem 2ª queda com volta do ceticismo sobre cortes da Opep; metais recuam em Londres e o minério de ferro tem forte baixa em Dalian

Às 11h47, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 (EUA) +0,39%

*Dow Jones (EUA) +0,27%

*Nasdaq (EUA) +0,61%

*CAC-40 (França) -1,06%

*FTSE (Reino Unido) -0,94%

*DAX (Alemanha) +0,06% 

*Hang Seng (Hong Kong) -2,04% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -1,59% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,05% (fechado)

*Petróleo WTI -0,43%, a US$ 48,38 o barril

*Petróleo brent -0,27%, a US$ 51,76 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -4,80%, a 536 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -1,94%, a US$ 75,19 a tonelada