Entre a cruz e a espada: analistas ponderam queda da Selic e risco político nas recomendações de agosto

Itaú segue como a "queridinha" e uma varejista ganhou bastante espaço nos portfólios

Rafael Souza Ribeiro

Publicidade

Segundo o levantamento feito pelo InfoMoney com 15 carteiras recomendadas para agosto, a necessidade de aumentar o déficit dos atuais R$ 139 bilhões para pelo menos R$ 159 bilhões, que foi o limite do “rombo” das contas do governo no ano passado, está entre as preocupações de analistas de bancos de investimento e corretoras para este mês. De acordo com o time do BTG Pactual, a manutenção de Temer no poder após rejeitada a denúncia pela Câmara reduz a turbulência do cenário político, mas nada está resolvido, pois assuntos relevantes como a aprovação da Reforma da Previdência são uma incógnita mesmo com o placar favorável ao governo. Prova que a prometida calmaria ainda está longe, Rodrigo Janot deve apresentar em breve mais duas denúncias contra Temer pelos crimes de obstrução à Justiça e organização criminosa.

Apesar das incertezas no campo político, a expectativa de queda da Selic, com bancos de investimentos e consultorias econômicas projetando a taxa básica de juros fechando 2017 na casa de 7% ao ano, não foi ignorada pelos analistas e empresas que ganham com a queda dos juros – por terem uma estrutura de negócio alavancada – abocanharam o lugar de empresas com perfil defensivo: este foi o caso de Lojas Americanas (LAME4), que foi adicionada em 4 portfólios.

Como reflexo do giro das carteiras, a Weg (WEGE3), que em julho estava em 3 carteiras recomendadas, não está entre as recomendações em agosto. Segundo a XP Investimentos, uma das casas que retiraram o ativo do portfólio, a valorização de 7,6% no mês passado abriu espaço para uma realização de lucros e a entrada de ativos com maior potencial de retorno. No caso, os analistas colocaram no lugar da fabricante de componentes elétricos as ações preferenciais da Cemig (CMIG4), na expectativa de capturar os ganhos da menor percepção de risco do mercado com a companhia após anunciar seu programa de desinvestimentos avaliado em R$ 8 bilhões, que promete dar um alívio para o endividamento de curto prazo da empresa, e o ambiente regulatório mais favorável após o MME (Ministério de Minas Energia) propor soluções para o aprimoramento do marco legal do setor elétrico.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Itaú segue reinando e novo empate no segundo lugar

Segundo o levantamento do InfoMoney, Itaú Unibanco (ITUB4) segue como a “queridinha” dos analistas, com 11 recomendações, mesmo número de julho. O lucro líquido de R$ 6,17 bilhões no segundo trimestre, superando em 3% a expectativa do mercado, assim como a qualidade dos números, que surpreendeu de forma bastante positiva o BTG, mantiveram o maior banco privado do Brasil na liderança. Inclusive, o banco de investimento adicionou as ações preferenciais em sua carteira recomendada de agosto, dando como justificativa os bons números trimestrais, em especial a melhora dos índices de inadimplência.

O BTG também ressalta que, embora a gestão da companhia tenha reiterado seu guidance para 2017, indicando um lucro de R$ 24,4 bilhões (alta de 10% na comparação com o ano anterior), as estimativas apresentadas pela diretoria do Itaú podem ser consideradas conservadoras. Isso porque, um melhor controle de custos e maiores índices de cobertura no segundo trimestre dão ao banco conforto para apresentar dados sólidos ao longo dos próximos trimestres, adicionando potencial de revisão para cima das projeções.

Como em julho, tivemos um empate na segunda colocação: com 9 indicações, Petrobras (PETR4) e Lojas Americanas dividem a medalha de prata. De acordo com o BBI (Banco do Brasil Investimentos), apesar da estatal ser uma escolha mais arriscada, a recente recuperação da cotação do petróleo no mercado internacional, sob o ponto de vista das receitas, e o enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas globalmente, pelo lado das dívidas, tem proporcionado um momentum positivo para a companhia.

No caso de Lojas Americanas, além da perspectiva de queda dos juros, que traz uma menor pressão do lado do resultado financeiro, segundo os analistas da Citi Corretora, a empresa está bem posicionada para capturar uma recuperação na atividade econômica brasileira dada a presença nacional com oferta de produtos de baixo ticket médio, ou seja, com maior poder de absorção pela população em vista do seu menor valor agregado.

Confira as 15 ações com pelo menos 3 recomendações em agosto: 

Empresa Quantidade de recomendações
Itaú Unibanco (ITUB4) 11
Petrobras (PETR4) 9
 Lojas Americanas (LAME4)
 Cosan (CSAN3)
 Rumo (RAIL3)
 Embraer (EMBR3) 4
Klabin (KLBN11  3 
Iguatemi (IGTA3 3
 Ser Educacional (SEER3)  3
Vale (VALE3  3
 BB Seguridade (BBSE3)  3
 B3 (ex-BM&F Bovespa) (BVMF3)  3
BR Malls (BRML3  3
 MRV (MRVE3) 3
RD (ex-Raia Drogasil) (RADL3) 3

Fonte: Levantamento do InfoMoney com 15 carteiras de bancos de investimento e corretoras