Justiça manda prender principal aliado de Abilio na BRF; dividendo da Cielo, 4 balanços e mais no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (2)

Lara Rizério

Prédio da Cielo

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SÃO PAULO – A temporada de resultados segue sendo destaque no radar corporativo nesta quarta, com a repercussão dos números da Cielo, Transmissão Paulista e Arezzo. Atenção ainda para a J&F, que confirmou a negociação da J&F para a venda da Vigor, além do noticiário sobre BRF. Confira os destaques desta quarta-feira (2):

BRF (BRFS3)

De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, a Justiça Federal mandou prender o principal aliado de Abilio Diniz dentro da BRF, aumentando a pressão sobre a posição do empresário como presidente do conselho de administração da companhia. O  vice-presidente de Integridade da BRF, José Roberto Pernomian Rodrigues, terá de cumprir a pena de 5 anos e 2 meses de prisão em regime semiaberto, segundo decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo.

O desembargador Nino Toldo manteve a condenação em duas instâncias, mas aceitou mudar o regime inicial de cumprimento de pena de fechado para semiaberto. O executivo pode recorrer, mas terá de dar expediente e dormir na cadeia. A Folha informa que o caso não tem a ver com a BRF. Pernomian, ou JR, como é chamado, foi condenado por fraude na importação de computadores em 2007 e chegou a ser preso.

Ainda de acordo com o jornal, um grupo de acionistas da BRF prepara uma queixa de gestão temerária à CVM e à SEC, nos EUA. Eles devem pedir o afastamento de JR e também questionam a gestão da companhia, que de 2016 até março de 2017, perdeu R$ 658 milhões. A administração culpa a recessão e os efeitos da Operação Carne Fraca, da PF, que investiga desde março suspeitas de irregularidades e corrupção de fiscais. 

Já a BRF informou que o pedido de prisão de José Roberto não impede a atuação dele na companhia. “A BRF sempre teve conhecimento da situação do José Roberto, a qual não gera impedimento para sua atuação como
administrador”, disse assessoria em resposta à Bloomberg. A assessoria afirma que a empresa entende que se trata de um caso que “concerne a fatos ocorridos há mais de 10 anos, os quais não se relacionam às suas atividades atuais, nem interferem no trabalho dele na BRF. Havendo necessidade, a BRF tomará as providências cabíveis no melhor interesse dos seus negócios, nos termos da legislação e de seus políticas e normas internas”.

Já segundo a Coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, a prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, aumentou o incômodo do Conselho de Administração da BRF com as investigações envolvendo membros indicados pela Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. Antes de Bendine, que foi conselheiro da fabricante de alimentos até abril deste ano pela Petros, os ex-conselheiros Luis Carlos Fernandes Afonso e Carlos Fernando Costa, também indicados pela fundação e com os mandados encerrados em abril de 2015, já haviam sido citados como beneficiários de propina na delação de Joesley Batista, da rival JBS. A Petros destacou ao jornal que estuda a possibilidade de processos de responsabilização para tais executivos e que há uma nova política de seleção de conselheiros, que traz critérios de mercado e foi implementada neste ano pela nova administração da fundação. Além disso, afirmou ainda que possui excelente relação com a BRF. 

 

Cielo (CIEL3)
A Cielo registrou lucro líquido de R$ 994,3 milhões no segundo trimestre deste ano, uma alta 0,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando ficou em R$ 989,2 milhões. Já o lucro ajustado, que considera o resultado da Cateno, ficou em R$ 1,062 bilhão de abril a junho.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) da Cielo ficou em R$ 1,280 bilhão no período, queda de 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado. A margem Ebitda, por sua vez, ficou em 45,2% ao final de junho, aumento de 1,2 ponto porcentual em um ano. A receita operacional líquida da Cielo encerrou o segundo trimestre em R$ 2,831 bilhões, queda de 7,8% ante um ano antes, quando ficou em R$ 3,069 bilhões.

De acordo com o BB Investimentos, a primeira leitura é de um resultado trimestral negativo, com uma receita 10% abaixo do esperado pelos analistas do banco e 8,5% abaixo do consenso, enquanto o volume de transações financeiras ficou em linha com a previsão. “Mantemos nossa visão positiva sobre a ação, mas podemos ter subestimado em nossas estimativas o impacto de uma competição mais dura e devemos rever nossa projeção. No entanto, por enquanto, mantemos nossa recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado). Apesar disso, esperamos uma reação de mercado negativa na sessão”, afirmam os analistas. 

Já para o Bradesco BBI, o resultado foi em linha com o esperado pelo banco, mas com sinais de dias melhores. “Os principais destaques foram: 1) aceleração de volume impressionante, 2) maior spread de pré-pagamento, 3) orientação de custo revisada para baixo e 4) Aumento no payout para 70%.  Apesar do bom desempenho das ações recentes, acreditamos que uma melhor perspectiva para o 2SH7 poderia manter o bom impulso, justificando nossa classificação outperform”, afirmam os analistas. 

A Cielo ainda informou que aprovou a declaração de dividendos intercalares. Os dividendos serão distribuídos no montante total de cerca de R$ 1 bilhão que somados, ao R$ 325,3 milhões que serão distribuídos a título de juros sobre capital próprio em 29 de setembro de 2017, conforme deliberado em reunião do Conselho de Administração realizada em 23 de junho de 2017, equivalem ao percentual de 70% do lucro líquido da companhia. Conforme destaca o BTG, sendo assim, o yield dobra para quase 5%, o que deve dar algum suporte para o papel nesta sessão. 

Os dividendos serão distribuídos aos acionistas nas proporções de suas participações no capital social da Companhia, sendo que não farão jus as ações mantidas em tesouraria. O valor a ser pago por ação é estimado em R$0,369244845 e poderá sofrer alteração em razão de negociações com ações em tesouraria pela Companhia, incluindo alienações para o cumprimento do programa de opções e ações restritas. O valor final a ser pago por ação será informado no dia 15 de setembro de 2017. Os dividendos serão pagos aos acionistas no dia 29 de setembro de 2017, com base na posição acionária de 15 de setembro de 2017. 

Arezzo (ARZZ3)

A  Arezzo registrou lucro líquido de R$ 39,3 milhões, alta de 29,9% na comparação anual, enquanto a receita líquida foi de R$ 328,9 milhões, alta de 11,2% na mesma base de comparação. O Ebitda subiu 22,7%, a R$ 50,3 milhões. 

De acordo com o Itaú BBA, o resultado foi sólido e em linha com as expectativas dos analistas do banco, embora com uma vendas nas mesmas lojas ligeiramente mais lenta do que a esperada. 

Transmissão Paulista (TRPL4)
A transmissora de energia Cteep teve lucro líquido de R$ 504,7 milhões no segundo trimestre, decorrente do impacto de R$ 389 milhões de indenizações da União pela renovação antecipada de contratos de concessão (RBSE). Excluindo esse efeito, o lucro líquido seria de R$ 115,7 milhões, aumento de 7,2% ante o mesmo período de 2016.

O resultado operacional medido pelo Ebitda somou R$ 772,7 milhões, alta de R$ 598,3 milhões, principalmente pelo efeito da remuneração do ativo de concessão do RBSE. Excluindo esse efeito, o Ebitda foi de R$ 183,2 milhões.

Segundo o BTG Pactual, o resultado foi mais forte que o esperado, ajudado também por uma reversão de provisão de R$ 15 milhões. Contudo, apontam os analistas, o balanço não deve fazer preço sobre o papel, com toda a expectativa em cima da discussão do RBSE. 

BTG Pactual (BBTG11)

O  BTG Pactual teve lucro líquido de R$ 502,6 milhões no segundo trimestre, metade do apurado um ano antes, em meio à forte queda das receitas, que tiveram baixa de 68%, a R$ 851 milhões. 

“As receitas foram impactadas pelo fraco desempenho da área de investment banking, onde tivemos baixos níveis de atividade”, afirmou o grupo no relatório de resultados. 

O investment banking teve receita 76% menor, enquanto na área de sales and trading a queda foi de 87%. Em gestão de recursos, houve baixa de 17% na receita, e na de gestão de riquezas (wealth management) houve retração de 84% na receita líquida. Já as despesas operacionais foram R$ 497,6 milhões, com baixa de 68% na comparação anual. A rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido do  foi de 13,3% no trimestre, com baixa de 6,1 pontos percentuais ante mesmo período de 2016.

 

J&F
Em comunicado divulgado nesta terça, o grupo mexicano Lala informou que concluiu o processo de negociação para a compra da Vigor Alimentos. O texto informa que a compra inclui também os 50% que a JBS tinha na Itambé. O Grupo J&F também confirmou. A transação será uma das maiores e mais importantes da história da indústria de lácteos do Brasil, diz o comunicado da J&F.

O grupo mexicano diz que a proposta feita pela Vigor será submetida à aprovação do Conselho de Administração da empresa. Embora a Lala não divulgue o valor da proposta, rumores apontam que o valor seja entre R$ 5,7 bilhões e R$ 5,8 bilhões, considerando o abatimento de R$ 900 milhões em dívidas da Vigor.

Segundo a Lala, a transação está sujeita à aprovação do Conselho de Administração e aos acionistas do Grupo Lala, com uma reunião marcada para 3 de agosto. Quando a compra for aprovada, será divulgado um comunicado com a reestruturação societária, o que poderá ocorrer dia 4.

Ainda sobre vendas da J&F, o jornal O Globo ressalta que, nesta quinta-feira, termina o acordo de exclusividade entre J&F e os chilenos da Arauco. Se o negócio não for concluído, a Fibria poderá fazer uma oferta pela empresa. A Arauco ofereceu R$ 14 bilhões pela Eldorado, considerando as dívidas de mais de R$ 8 bilhões da fabricante de celulose da família Batista, diz o jornal citando fontes não identificadas do mercado. A Fibria disse em nota ao jornal que já manifestou interesse nos ativos da Eldorado, mas não fez, até o momento, proposta vinculante pela empresa. O Grupo J&F disse que não comenta a venda de ativos além das informações públicas e respeita os contratos de exclusividade em andamento, segundo destaca a publicação. 

Petrobras (PETR3;PETR4)

A Petrobras anunciou o corte dos preços dos combustíveis nas refinarias a partir desta quinta-feira (3), sendo 1,3% para a gasolina e 1,8% para o diesel.

A nova política de revisão de preços foi divulgada pela petroleira no dia 30 de junho. Com o novo modelo, a Petrobras espera acompanhar as condições do mercado e enfrentar a concorrência de importadores. Em vez de esperar um mês para ajustar seus preços, a Petrobras agora avalia todas as condições do mercado para se adaptar, o que pode acontecer diariamente. Além da concorrência, na decisão de revisão de preços, pesam as informações sobre o câmbio e as cotações internacionais. –

Hypermarcas (HYPE3)

A Igarapava Participações vai transferir ações que detém da Hypermarcas para seus atuais acionistas. Com isso, João Alves de Queiroz Filho passará a deter diretamente 21,42% da totalidade das ações, segundo comunicado. 

A reorganização “está em linha com a estratégia de gestão de participações acionárias detidas direta ou indiretamente” por João Alves de Queiroz Filho, “visando a simplificação de seu investimento” na Hypermarcas. João Alves de Queiroz Filho “sucederá a Igarapava em todos os direitos e obrigações previstos no Acordo de Acionistas da Hypermarcas. A Hypermarcas disse em outro comunicado que uma vez concluída a transferência de ações pela Igarapava, João Alves de Queiroz Filho se tornará acionista controlador direto. 

Oi (OIBR4)

A Anatel pediu a reformulação do plano de recuperação da Oi. Segundo divulgado pela agência em nota logo após a reunião que teve com o conselho da Oi e BNDESPar, a minuta do plano apresenta margem para questionamento sobre sua fiabilidade temporal e de garantias de aporte de capital, disse a Anatel em nota à imprensa sobre a reunião que teve com o conselho da Oi e BNDESPar mais cedo.

O conselho diretor da agência diz que entende ser necessário aporte efetivo de capital novo à empresa. Em relação aos créditos públicos, a agência disse que se submete aos preceitos legais que regem o tratamento diferenciado dos créditos públicos. A agência sujeita-se às teses jurídicas defendidas pela Advocacia-Geral da União e pela Procuradoria-Geral Federal, especialmente quanto à segregação de créditos por sua natureza, disse a Anatel. 

Gerdau (GGBR4)

O Conselho de Administração da Gerdau aprovou a mudança em remuneração de debêntures  emitidas pela companhia para 80% da CDI Andima Extra-Grupo, segundo comunicado à CVM. A medida atinge Terceira, Sétima, Oitava, Nona e Décima Primeira. A emissão de Debêntures e mudança vale a partir de 1 de setembro de 2017. 

Magazine Luiza (MGLU3)

Segundo informa a coluna do Broad, do jornal O Estado de S. Paulo, depois da avalanche política trazida pela delação de Joesley Batista, levar o Magazine Luiza a suspender sua oferta subsequente de ações (follow on), a varejista vai colocar a operação de cerca de R$ 1 bilhão na rua. A captação será principalmente primária e vai ser utilizada para elevar a liquidez na Bolsa e ajustar as despesas financeiras da companhia, hoje em nível maior do que de outros grandes varejistas. 

Cia. Hering (HGTX3)

A Cia. Hering anunciou que Rafael Bossolani assumiu a diretoria financeira da companhia; Frederico de Aguiar Oldani renunciou ao cargo. 

O Itaú BBA ressalta que essa mudança ocorre menos de um mês após as mudanças na área comercial da empresa. “Como as operações da Hering ainda não mostram sinais tangíveis de recuperação, um sopro de ar fresco pode ajudar, mas nós vemos as notícias como neutras”, afirmam os analistas. A companhia divulgará seus números hoje após o fechamento do pregão.

AES Tietê (TIET11)

A AES Tietê anunciou a compra de 3 SPEs de energia solar em Pernambuco, com capacidade total de 91MWp, para construir o complexo Boa Hora. A empresa vai pagar R$ 75 milhões e deve investir mais R$300 milhões. Conforme aponta o Credit Suisse, no começo do ano a gestão da companhia anunciou a sua intenção em diversificar sua matriz de geração com o objetivo de que 50% do Ebitda de 2020 seja de fontes não-hídricas.

“No entanto, apesar da empresa estar no caminho de entregar o crescimento que prometeu, o negócio foi muito pequeno. Somando os projetos Alto Sertão II e Boa Hora, eles devem representar apenas 20% do Ebitda de 2020 e, portanto, esperamos que movimentos mais relevantes aconteçam. Vale notar ainda que esses projetos, apesar de pequenos, têm aumentado a alavancagem da empresa”, apontam os analistas. 

 

(Com Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.