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SÃO PAULO – Os pessimistas de plantão deveriam se preocupar não com o desempenho do mercado acionário norte-americano, mas com um iminente movimento nos preços dos títulos públicos. Essa é a avaliação de Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, a autoridade monetária dos Estados Unidos. Para ele, é nos bonds que está a real bolha, e, quando ela estourar, causará problemas a todos.
“Em alguma medida, as taxas de juros reais de longo prazo estão muito baixas e, portanto, insustentáveis”, diagnosticou Greenspan em entrevista à Bloomberg. “Quando eles se moverem para cima, o movimento deverá ser razoavelmente rápido. Estamos esperando uma bolha, mas não nos preços das ações, mas nos preços dos bonds“, explicou.
No mercado de juros, a relação entre yield e preços é inversamente proporcional: quando um sobe, o outro cai. Com as taxas nas mínimas, as expectativas são de que os papéis sofram uma desvalorização no preço. Quando mais longos, mais sensíveis eles podem ser às variações.
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“O verdadeiro problema é que, quando a bolha do mercado de títulos públicos entra em colapso, as taxas de juros de longo prazo vão subir”, observou o ex-chairman do Fed. “Estamos entrando em uma fase diferente da economia — em uma estagflação não vista desde a década de 1970. Isso não é bom para os preços dos ativos”.
Levando-se em consideração o modelo de Greenspan, a diferença entre o yield do S&P500 (4,7%) e dos títulos americanos de 10 anos (0,47%) é 21% mais elevada do que a média dos últimos 20 anos. O ex-presidente do Fed sustenta que, se os juros começarem a subir de forma célere, o mercado poderá abandonar o mercado acionário mais rapidamente.